Capitulo XIV – Dia De Mudança


Eu estava arrasada, andando pela Sunset Strip durante a noite. Minha roupa estava aos pedaços, não era difícil me diferenciarem de uma prostituta. Mas minha situação já andava ruim, o que aconteceria se eu fosse para casa? Provavelmente morrer espancada. Eu estava querendo morrer mesmo.


Eu nunca soube como Harris enganava minha mãe sobre meu trabalho no bar, mas aquela noite quando entrei em casa foi possível notar que minha mãe não sabia de absolutamente nada. Não podia culpa – lá uns anos depois descobri que ela sofria de transtorno bipolar.


Ela ficou assustada me perguntou se eu tinha sido estuprada por algum maluco na rua. Mas eu não conseguia dizer nada, eu apenas chorava. Quando ela disse que ia chamar o Harris (sim, o pilantra não estava em casa tinha inventado um congresso na puta que o pariu), eu quase morri. Me desesperei, balbuciei palavras inteligíveis e ela notou todo meu alvoroço. Ela achou melhor não chamar depois do meu ataque.


Harris passou uma semana fora. Durante essa semana minha mãe tinha me levado ao hospital e a policia para fazer os procedimentos padrões. Era padrão nada que não comprometesse mais minha dignidade do tamanho de uma formiga. O que mais me afetou foi quando uma policial fazia investigações sobre o ocorrido me fez a pergunta fatal, “Não foi a primeira vez?” eu desabei.


Era minha única chance de mudar minha vida. Fiquei pensando se não tivesse contado. Talvez eu estivesse morta. Eu não seria muito forte caso sofresse um abuso novamente. A policial comunicou a minha mãe. Minha mãe teve um choque. Ficou irada, depois acalmou, por fim viu que era mais inteligente agir por vingança.


Eu suava frio quando Harris voltou. Minha mãe fingiu que nada tinha acontecido. Ela e a policial haviam combinado varias coisas. Parecia que o pilantra já estava na mira da policia há um bom tempo. Naquele mesmo dia em que a policial revelou o pilantra do Harris, minha mãe me fez confessar tudo que Harris tinha aprontado comigo.


Minha mãe pirou novamente, mas dessa vez pirou em silencio. De dia quando Harris não estava em casa ela saia. Saia e só voltava tarde não me dava explicações e nem falava muito comigo. Eu pude notar medicamentos controlados na sua cômoda, mas nada que ela ingerisse em excesso. Ela estava se tratando de que?


Ela não me deixou ‘trabalhar’ para Harris durante umas semanas. Ela tinha arranjado um atestado falso de que eu estava com alguma virose infecciosa que deixou aquele porcalhão todo assustado. Ele não ficava nem no mesmo ambiente que o meu. Isso era maravilhoso.


...


Eu me lembro desse dia com perfeição ate hoje. Foi uma quarta feira. O Harris estava em congresso. Minha mãe me acordou de madrugada. Não entendi muito de inicio e depois vi malas. Minhas malas. Ela estava me expulsando de casa? Eu não tinha para onde ir. Ela iria comigo?


Entramos em silencio em um taxi e observávamos o amanhecer do dia. Fomos para um bairro ao centro de Los Angeles. Seguro, muito povoado, perto da policia e um tanto longe da Sunset Strip. Foi um alivio sair do subúrbio rico e sufocante.

Minhas mãe estava me preparando para o mundo. Me alugou um loft e proporcionou minha estadia com conforto e comodidade.


– Gostou? – Eu tinha amado e ela pode perceber isso olhando meus olhos. – Não se preocupe com gastos, todos esses anos eu sempre arranquei dinheiro do Harris não vai ser agora que eu vou parar. Então não se preocupe com as despesas. – Ela sorriu triste. Talvez ela tivesse lembrado-se dos meus relatos a todas chantagens que Harris fez comigo.


– E a senhora? – Ele não era um amor comigo, imagina com minha mãe. Ele batia nela.


– Eu já sou velha demais. Você tem toda uma vida pela frente. – Ela sorriu novamente, mas desta vez feliz. E me olhou de um jeito para que eu não insistisse no assunto.


Conversamos uma infinidade de coisas fúteis e desnecessárias. Conversamos sobre sentimentos. Viramos mãe e filha realmente.


...


Sem o bar meu contato com os músicos se reduziu a zero. Eu me concentrei em estudar e em poucos meses, devido ao meu desempenho brilhante, eu já tinha me formado.


Minha mãe não deixou que eu ficasse no ócio. Ela me pagou vários cursos. Fotografia (era muito divertido fotografar me sentia como no dia da gravação do clipe do Cinderella com todas aquelas câmeras e maquinas fotográfica), música (foi útil, aprendi a tocar o básico de piano e arranhar algumas notas no violão), modelagem (oh! Eu realmente acho muito diva as modelos, não conclui o curso, pois achei muito pesado, mas fiquei com bastante noção), culinária (os dias de macarrão e comida instantânea acabaram, agora eu era quase uma gourmet), corte e costura (minha verdadeira paixão, o curso eu segui por vários anos, eu economizava horrores costurando minha própria roupa e criando meu estilo).