Memórias

O Surpreendente Jantar


MEMÓRIAS

CAPÍTULO SEIS:

Um tempo passou. Julia mantinha-se em uma relação firme com Edgard. Tudo estava bem, até o seu vizinho havia parado de tentar seduzi-la. Porém esteve tão nervosa nos últimos dias, pois sua sogra viria jantar em sua casa, e ela não sabia o que fazer. Ligava para Edgard, ninguém atendia. Correu para cozinha e preparou rapidamente uma carne ao molho que sua mãe a tinha ensinado, e foi ler mais outra página do diário de Barnabas:

“Hoje irei oferecer um jantar à toda a cidade, para apresentar a minha nova amada: Josette. Estive um tempo preocupado, porém pensei em uma frase que meu pai havia dito-me: Barnabas, nós não fomos feitos para agradar a ninguém. E foi com base que nos princípios dele, montei um jantar. Pedi para Angelique vir, sabia que seria um incômodo, mas quis ser educado, afinal eu sou um Collins. Servi vários pratos, e todos foram muito bem elogiados, mas claro, havia uma cidadã indesejada que não elogiou, muito pelo contrário, jogou o prato no chão: Angelique. Pensei que queria apenas chamar a mínima atenção (pois estava demasiada intimidada), porém, ela quis chamar muito mais. Percebi quando a mesma pediu para servir as taças de vinho, e colocou algum tipo de pó em um copo, ao qual foi servido para Josette”.

Ficou confusa. Queria saber o que aconteceu com Josette, porém podia sentir um cheiro de queimado que vinha da cozinha. Era a carne. No momento queria se matar, porém controlou-se. Pegou algo instantâneo no congelador e pôs no forno, mal esperava para que a comida estivesse pronta logo. Porém neste exato momento, a campainha tocou. Por sorte, era o carteiro. Havia chegado uma carta, enviada por uma tal de Nina, sua irmã. Poderia ler no envelope: Só abra com a presença da mamãe. Porém estava tão ansiosa que não aguentou, rasgou-o e começou a ler, notou que só havia um pequeno texto ao qual explicava que ela chegaria em apenas uma semana. Ficou pensando por um instante, mas desta vez, lembrou-se da comida que havia no fogão. Tirou e a ao mesmo tempo em que botou o prato sobre a mesa, a campainha toca novamente. Eram os Hoffman, não só a mãe de Edgard e o próprio, o pai também. Explodiu, internamente, claro.

- Então você é a tão aclamada Srta. Salvatore?

- Sim.

- Eu soube que você é uma pessoa extremamente dedicada...

- Faço o máximo que posso.

- Muito bem.

Ficou pensando por um instante, podia ser uma pessoa extremamente dedicada, porém avoada, também. Acordou.

- Quase que me esqueçam. Queiram sentar aqui, por favor.

- Mas que comida é esta?

- Deixem-me explicar. Eu estive...

- Nem mais uma palavra! Iremos sair agora para um restaurante, e por minha conta. – falava a mãe de Edgard, a sorrir.

Julia sorriu. Esperava uma senhora rígida e chata que não parava de se gabar sobre o seu próprio filho. Enganou-se. Estava impressionada de como eram simpáticos e respeitosos ao mesmo tempo. Já estavam a sair quando a mãe e a tia de Julia chegaram em casa:

- Porque estão a sair? – Dizia a mãe de Julia.

- Então mãe... Sabe aquela carne que você deixou para eu cozinhar? Ela queimou. Estávamos indo à um restaurante...

- Era provável. Mas venham e sentem-se novamente. Espero que possam aproveitar o tempo para se conhecerem enquanto eu faço a minha especialidade...

- Tem de pagar por essa especialidade no final? – Falou a mãe de Edgard já rindo.

Todos riram.

- Claro que não.

Esperaram até a famosa especialidade de a senhora Salvatore sair. Enquanto isso a mãe de Edgard não parava de questionar Julia:

- E então Julia, o que pretende cursar na faculdade?

- Medicina.

- É uma longa caminhada. Não acha?

- Acredito estar bem focada.

- E eu também.

A especialidade chegou, e todos comeram a vontade, chegaram até a conversar, quando de repente escutaram um barulho (como uma explosão) que vinha da cozinha. Correram, e quando lá chegaram encontraram a mãe de Julia caída no chão coberta de sangue, por sorte, não morreu. Edgard ajudou Julia a cuidar dos graves ferimentos e a botaram para repousar. Em seguida Julia foi até o local do incidente para arrumar as coisas destruídas e afetadas. Quando tudo ficou organizado novamente, todos voltaram a conversar, inclusive a mãe de Edgard com as suas perguntas:

- Hoje foi um dia muito relaxante, apesar do incidente. Obrigada por ter nos chamado.

- Foi um prazer!

Receio que ficaram sem graça. A mãe de Edgard olhou Julia nos olhos, fez um gesto com a mão e continuou a andar. Mal chegou na porta, virou e disse:

- E então? Quando irão se casar?

Julia já envergonhada, respondeu:

- Em breve.

ARTHUR C.