Memórias

O Passado e o Presente de Collinsport


MEMÓRIAS

CAPÍTULO DOIS:


Esteve aguentando a cada som que o motor fazia, a cada pedaço de madeira que o chão soltava, e foi assim. Julia estava viajando em um barco velho e pelo que escrevo, pouco conservado. Pensava que quando chegasse a Collinsport, tudo iria valer a pena, por isso digo, só pensou.


O barco atracou. Poderia ouvir a cada som que a âncora enferrujada fazia ao encostar-se à água do mar. Finalmente, Collinsport. Buscou o que parecia ser um hotel, para primeiramente, se estabelecer. Recebeu um telefonema. Era sua tia:


– Querida, sinto por ser a que tem de te dizer isso, mas... Seu pai foi internado, ele está nas últimas...


– Não me diz uma coisa dessas, por favor!

– Todo mundo aqui está aflito, e só você que quer fazer medicina e acredito eu, que tenha algum conhecimento, possa ajudar. Portanto, quando você vai voltar?


Desligou o telefone. Não queria mais saber de Barnabas, e nem dos outros Collins. Porém, não achou nenhum barco para que pudesse voltar. Decidiu ficar mais um tempo. Apesar de ter deixado os Collins para o lado, ainda havia algo que a atraia, ela não conseguiu dormir, e manteve a paciência, até as cinco da manhã quando a pousada abria as portas novamente. Não se segurou apenas um instante, e correu para a biblioteca da cidade. Lá encontrou inúmeras variedades, desde um desenho pouco visível a um diário mal escrito. Porém o diário era de Barnabas, e certamente Julia não ia deixa-lo lá, aos mofos. Ficou lendo de um instante a outro, até então, o dia amanheceu. Julia pôs o diário dentro de sua bolsa, e correu em direção à falida fábrica, de onde a embarcação a esperava. Leu e releu a mesma página daquele diário, sem conseguir entender e ao mesmo tempo entendendo, a página dizia:



“Querida Angelique, não fique brava. Sei que não a amei o quanto pensava, e muito menos o quanto precisava. Mas entenda, não posso me comprometer com uma mulher de família mal falada, e você ainda limpa a minha casa, seria um escândalo atualmente, quem sabe eu volte para ficar com você? Algum dia voltarei e te darei todo o amor ao qual você merece. Não fique com raiva, ao longo de que Josette se ocupar aqui Liverpool, irei para onde você estar, porém, reze. Que o destino não nos separe... Nunca mais”.



Pôde ver que o próprio Barnabas ainda escreveu mais, porém o resto estava totalmente ilegível. Só não entendia o porquê de uma mensagem escrita para Angelique, permanecia ainda em seu diário. Fechou-o, abriu-o. Leu, releu. E não entendeu o resto do que lia, reconheceu o pequeno texto, porque o relacionava com todas as cartas escritas, que tinha lido antes de partir. E num piscar de olhos, o barco atracou:



– Srta. Salvatore?


– Isso.

– Seja bem vinda ao centro de Maine, a senhorita nos disse que queria ir a Lichfield, pois bem, daqui mesmo a senhorita aguarda e pega outra embarcação, que a levará para a capital e de lá, qualquer trem irá parar na estação de Lichfield.

– Eu sei muito bem como é o procedimento senhor, muito obrigada.

– Caso a senhora queira voltar...

Lembrou-se rapidamente de Barnabas, e repetiu tudo da mesma maneira como ele escreveu:

– Um dia voltarei.


ARTHUR C.