Memories

Cap 1: E-mails


”Hey Naru!

Sou eu de novo.

Como você está? E aliás...por que eu ainda faço essa pergunta quando eu sei que você nem vai responder a esse e-mail?(¬¬’)

E não ouse me chamar de idiota porque isso foi uma pergunta retórica!!!

Bem, já vai fazer duas semanas que eu te mandei um e-mail, não é? É que ultimamente a SPR está bem agitada.^^

Temos recebido muitos casos nessas últimas semanas, e Madoka-san sendo do jeito curioso e entusiasmado dela, quer resolver todos os casos que recebemos, são nove no total.

Todos são muito interessantes, mas Madoka-san resolveu agendá-los de acordo com a seriedade deles. Semana passada resolvemos o primeiro caso, mas não vou narrá-lo nesse e-mail, porque tenho certeza que Yasuhara mandou os documentos sobre o caso, e você os leu Naru.

Agora estamos no meio do segundo caso, e antes que você ache que estou matando meu tempo de trabalho, saiba que aqui no Japão já é noite!!! E estou sacrificando meu precioso tempo de sono para escrever esse e-mail para você, mesmo sabendo que você nem vai responder!!!

Às vezes me pergunto se você pelo menos os lê...mas isso não vem ao caso! Independente do que você faça com eles, eu vou continuar escrevendo pra você até que você me responda! RSRS

Ah! Estou ouvindo John e Bou-san vindo, acho que aconteceu alguma coisa, então acho que esse e-mail termina aqui.^^

Vou voltar a escrever assim que possível Naru!^^

Bye, Bye.

Taniyama Mai.”

...

Os olhos azuis se fecharam e um sorriso discreto apareceu nos lábios do rapaz de cabelos negros quando ele terminou de ler o e-mail que sua assistente o havia mandado.

Oliver Davis, Shibuya Kazuya, Noll ou simplesmente Naru, estava sentado em sua confortável cadeira de couro negro, em sua sala no prédio da SPR, na Inglaterra mais conhecida como Society for Psychical Research.

Já se faziam 2 anos que ele havia voltado para Inglaterra depois de encontrar o corpo de seu irmão gêmeo mais velho, Eugene Davis. Entretanto mesmo depois do funeral de Gene, Naru permaneceu no país trabalhando na SPR.

Muitas vezes ele se pegou pensando em voltar para o Japão, de fato, ele havia gostado de ter seu próprio negócio, havia gostado de ter sua própria equipe, e acima de tudo havia gostado de ter Mai ao seu lado.

Eram nesses momentos que ele acabava desistindo da ideia de voltar para o Japão. Afinal, antes de ir embora, sua assistente havia se declarado a ele, e ele...bem...havia a rejeitado dizendo: “Eu ou o Gene?”

Como ele se arrependia dessas palavras só Deus sabia, pois mesmo ele tendo rejeitado Mai, a garota aparentemente havia pedido para Madoka seu e-mail para que ela pudesse manter contato.

Os e-mails de Mai começaram a chegar pouco mais de 4 meses depois dele ter partido, e desde então eles continuarão chegando com espaços de tempo de no máximo 2 semanas, e em poucos dias, esse ritual completaria exatamente 2 anos.

Pelo que Mai lhe escrevia, Naru podia se manter informado sobre o que acontecia na filial japonesa da SPR. Não que os relatórios feitos por Yasuhara Osamu não fossem bons, na verdade eram assustadoramente detalhados, mas eles continham apenas assuntos relacionados aos casos que Madoka escolhia, e por mais que Naru não admitisse, ele queria saber o que acontecia dentro de seu antigo prédio, um desejo realizado pelos e-mails de Mai.

Aparentemente, três semanas depois que ele e Lin voltaram à Inglaterra e Mori Madoka assumiu seus negócios, a mulher de cabelos rosados resolveu fazer algumas mudanças no ambiente de trabalho. Como por exemplo, pintar as paredes da sala de Naru de rosa, e mudar a disposição dos moveis da sala em que atendiam os clientes.

A antiga sala de Lin agora era usada por Yasuhara, que dividia seu tempo entre o trabalho na SPR e a Universidade de Tókio ou sua abreviação Todai.

Bou-san e Matsuzaki-san haviam ficado noivos, algo que Naru achou que nunca aconteceria por conta das constantes brigas entre os dois, mas segundo Mai, as brigas eram só um disfarce para não revelar os verdadeiros sentimentos que eles nutriam um pelo outro.

Hara-san ajudava nos casos da SPR o máximo que podia, pois mesmo com os laços que ela tinha com cada um do grupo, ela ainda era uma médium famosa e tinha seus trabalhos além dos casos em que Madoka trabalhava. Segundo Mai, ela e a médium agora eram boas amigas, mas Oliver acreditava que aquilo era apenas uma visão mais positiva da morena.

Brown-san havia voltado para a Austrália pouco tempo depois dele ter retornado para seu país, mas o padre permaneceu pouco tempo no pais natal, pois seu único objetivo era poder se transferir permanentemente para uma igreja japonesa para que ele pudesse continuar perto de todos da SPR.

E quanto à Mai, ele não sabia muito. A garota não falava muito sobre ela nos e-mails que enviava, talvez porque ela achasse que contar sobre ela não fosse muito importante, e se fosse isso, a Taniyama não sabia o quanto estava enganada.

Com o pouco que ela falava de si mesma, Noll apenas sabia que a garota se formaria naquele ano e que queria estudar parapsicologia, mas nenhuma faculdade por perto tinha tal curso, logo o objetivo da garota era entrar na Universidade de Tokio para estudar o folclore japonês junto de psicologia.

Oliver só voltou a abrir seus olhos quando batidas na porta de sua sala chegaram aos seus ouvidos. Ele fitou a tela de seu notebook e rapidamente fechou o e-mail para abrir um documento sobre um caso que ele aceitará a poucos dias.

–Entre.-o moreno falou assim que verificou que seu notebook estava “em ordem”.

Pela porta do escritório do rapaz passou Koujo Lin, que não conseguiu esconder um pequeno sorriso que brotou no canto de seus lábios quando verificou que o filho de Martim Davis e Luella Davis estava com o notebook ligado a sua frente.

Lin sabia que Naru preferia ter os documentos sobre casos no papel em vez de lê-los em telas, então por mais que o filho dos chefes tentasse esconder o fato de que lia os e-mails que Mai mandava colocando documentos sobre casos na tela do computador, ele jamais o enganaria.

Naru percebendo a mudança na expressão do tutor resolveu iniciar um dialogo.

–O que quer Lin?-perguntou com sua voz calma e monótona de sempre.

–Madoka me enviou uma foto.-o chinês disse mexendo em algo no tablet que tinha em mãos.

–É algo relacionado ao caso que ela aceitou?-indagou Oliver arqueando uma sobrancelha. Estava desconfiado de que sua antiga professora enviaria uma foto sobre algo sério.

Lin olhou do tablet para Naru e vice versa antes de simplesmente dizer:

–Estou mandando a foto para seu e-mail.

E assim se retirou da sala, provavelmente temia que a fúria do rapaz fosse voltada a ele quando visse a tal foto.

Uma luz alaranjada piscou no canto da tela do computador de Oliver, o que fez ele desviar sua atenção da porta que era fechada pelo assistente para a tela, Noll clicou sobre a luz que piscava anunciando que algo chegará em seu e-mail.

Assim que clicou na luz, a pagina de seus e-mails se abriu, revelando que apenas a mensagem/foto que Lin não havia sido aberta ainda. Clicando sobre o assunto “FOTO”, uma nova página se abriu, mostrando um arquivo anexado e logo abaixo uma mensagem de Madoka que havia ficado salva depois de Lin ter encaminhado a foto.

“Sei que ainda faltam cinco meses para seu aniversário Noll, mas estou dando um presente adiantado para você. E quem sabe você não fique com vontade de voltar para o Japão.^^ Todos estão com saudades!

Com carinho,

Mori Madoka.”

Por alguns segundos Oliver encarou a mensagem, será que ele deveria mesmo abrir a foto que viera anexada com a mensagem de sua professora?

Aquilo estava muito suspeito, mas seu lado cientista estava curioso sobre o que poderia ser a tal foto, e então, levado pelo lado da curiosidade, Noll abriu o anexo. Depois do que ele havia dito para Mai antes de voltar para Inglaterra, abrir o anexo havia sido a segunda coisa da qual ele mais se arrependerá.

A foto mostrava Mai deitada em um sofá usando uma camisola azul claro que ia até o meio de suas coxas, algumas mechas dos cabelos castanhos que agora chegavam até o meio de suas costas caiam delicadamente pelo rosto adormecido e ao lado da adormecida garota estava Madoka sorrindo e fazendo um “V” com os dedos.

Os olhos de Naru se estreitaram perigosamente, o que Madoka estava tentando fazer? Deixá-lo com vontade de tocar uma garota que ele não poderia ter depois das palavras cruéis que ele dissera à pouco mais de 2 anos?

Os orbes azuis então voltaram-se para a mensagem anexada junto a foto.

“E então? Ficou com vontade de voltar?”

–Se eu voltar para o Japão agora Madoka, definitivamente será para matar você.-Naru disse com a face calma, mas com os olhos queimando em raiva.

Continua...