Meet Me At The Pier
Sob o luar
– Namorando?! – Brunna gritou assustada quando eu a contei que estava namorando Mattew.
– É. eu estou namorando Mattew. – eu disse sorrindo.
Brunna se jogou em minha cama novamente e eu sentei-me e posição de índio.
– Agora você me surpreendeu. – ela disse me analisando. – O que você fez com meu amigo, hein Maria?! – ela disse rindo.
– Eu não sei. Eu só sei que estou muito feliz. Finalmente eu posso dizer que ele é meu. – disse com alegria evidente.
Brunna sentou-se na mesma posição que eu e me analisou.
– Me conta como aconteceu. – ela pediu apoiando os cotovelos em suas coxas e a cabeça em suas mãos.
Contei a ela tudo, desde aceitar o convite de Josh até o pedido de Mattew. Ela ouvia atentamente e parecia absorver tudo o que eu falava. À vezes sorria, mas mantinha a expressão séria.
– Você disse que foi tomar sorvete com o primo de Mattew? – eu acenti. – Eu imagino a cara de Mattew quando viu vocês dois. Eles se odeiam. – ela riu pelo nariz.
– Eu percebi a tensão entre os dois. Só não entendi o porquê. – minha expressão era confusa.
– É complicado. – ela sorriu sem mostrar os dentes.
– Eu acho que eu posso entender. Me conta. – me ajeitei na cama esperando que ela me contasse.
– Acho melhor você perguntar para eles.
– Eles não vão querer me falar – fiz bico.
– Então você vai ficar sem saber. – ela disse rindo e se levantando da cama. – Estou com fome. – ela passou a mão na barriga e arqueou as sobrancelhas.
– Veio aqui só para comer é? – disse me levantando também.
– Lógico. Ouvi dizer que sua tia é uma ótima cozinheira. – ela riu pelo nariz.
– Cara de pau! – disse rindo também e a puxando para fora do quarto.
Fomos até a cozinha e Alice terminara de preparar o almoço. Nos servimos e sentamos à mesa. Comemos em silencio. Alice serviu a sobremesa e Brunna quebrou o silencio.
– Maria, já contou para Alice que está namorando? – ela fez cara de inocente.
– Você está namorando, Maria? – minha tia quase cuspiu a sobremesa.
– Eu ia te falar... – eu disse. Corada.
– Quem é o sortudo? –ela perguntou se recompondo.
– Agora é que vem a melhor parte. –Brunna bateu as mãos animadamente. A minha vontade era de esganá-la até não sobrar mais pescoço a ser comprimido.
– M...Ma... – eu não consegui dizer. Minha tia olhava para mim, séria. Brunna tinha um sorriso irritante estampado no rosto.
– Com quem, Maria? – Alice perguntou novamente espremendo os olhos.
É agora que eu morro.
– Com Mattew. – disse rapidamente e fechei meus olhos com força.
Ouvi a gargalhada de Brunna e Alice tossir.
– Mattew Bükcler? – Alice perguntou com os olhos arregalados.
– É. – eu tentava não olhá-la.
– Desde quando Mattew Bükcler namora? – ela perguntou e Brunna riu pelo nariz.
– Desde ontem. Comigo! – eu disse irritada. Até minha tia! Por Deus, né.
Alice juntou-se a Brunna para rir e eu sentia minha pele do rosto queimar de irritação.
– Parecem hienas! – eu bufei, levantando-me da mesa, indo lavar as vasilhas.
– Desculpe-me Maria. Mas você me pegou de surpresa. – Alice se recompôs e levantou-se também.
– Bom saber a sua reação quando se surpreende. – sorri sarcástica.
– Não fica assim, Maria! – Brunna disse sentando-se no sofá da sala e ligando a televisão.
– Tudo bem. – sorri sincera para as duas.
– Fico feliz por você Maria. – minha tia me abraçou e deu um beijo em minha bochecha. – Só quero que tome cuidado para não se machucar. – ela sorriu e foi secar as vasilhas enquanto eu fui para a sala.
– O que está passando? – disse jogando-me no sofá e colocando meus pés em cima das coxas de Brunna.
– Jornal. – ela fez careta e eu ri. – Tem algum filme aí?
– Acho que Alice tem alguns filmes. – disse me levantando e indo até a estante. Peguei os filmes que tinha ali que não eram muitos e entreguei a ela.
– Romance, romance, drama, romance, comédia romântica, romance... Cadê os filmes de ação minha gente? – ela disse revirando os olhos.
– O que você tem contra romances? – eu perguntei fingindo estar ofendida.
– Tudo!
– Aff – balancei a cabeça negativamente.
O celular de Brunna toca e ela o atende com um sorriso no rosto. Acho que ela falava com um menino, pois o sorriso dela era malicioso e o brilho nos olhos dela também expressavam malícia.
– Tenho que ir. – ela disse assim que desligou o celular. – Depois a gente se fala. – Brunna se levantou e eu a acompanhei até a porta.
Ela se despediu de Alice, depois de mim e foi embora. Desliguei a TV e lembrei que não falava com Josh desde ontem depois de ele ter vindo embora sozinho. Precisava contar a ele a novidade.
Fui até o quintal e vi Josh sem camisa e tocando violão de costas para mim. Ele começou a cantar e eu fiquei perdida em sua voz, senti-me arrepiar e sorri por instinto. Ele cantava e tocava muito bem, parecia profissional. A música era tranqüila e confortadora. Aproximei-me dele sem deixá-lo perceber quem eu estava ali e também seus olhos. Josh parou de cantar imediatamente e colocou o violão no chão.
– Me deixa adivinhar... – ele colocou a mão sobre as minhas e foi até meu antebraço. – É a garota dos cabelos negros como o breu, dos olhos cor de mel que escurecem quando ela está com raiva por eu falar do meu primo otário. A garota dos vários sorrisos e que está me escondendo algo. – ele parou e voltou a apalpar minhas mãos. – Acho que é a menina ingrata que me deixou vir embora sozinho ontem. – ele fez bico e eu destampei seus olhos.
– Desculpe-me. – sorri torto.
– Tudo bem. – Josh deu um beijo em minha bochecha e sentou-se na grama novamente. Sentei-me ao seu lado. – Como você está? – perguntou-me sorrindo.
– Muito feliz. – disse sorrindo de orelha a orelha.
– E eu posso saber o motivo da sua felicidade? – Josh me perguntou ainda sorrindo.
– Ele me pediu em namoro! – eu disse sorrindo ainda mais. Josh desfez o sorriso e seu rosto ficou neutro.
Não entendi a sua reação. Ele devia ficar feliz por eu estar feliz, afinal, Josh era meu amigo, arrisco dizer que o melhor deles. Eu me sentia incrivelmente bem ao seu lado. Lembrei-me que Josh e Mattew não gostavam um do outro e imaginei que fosse por isso a sua reação.
– Que bom para você. – ele disse por fim, sua voz era irônica e agressiva.
– Você está bem? – perguntei com a cabeça baixa.
– Estou preocupado. – ele disse sem emoção.
– Preocupado? – perguntei confusa.
– Eu conheço Mattew o bastante para saber que ele tem segundas intenções com este namoro.
– Ele disse que me ama. – disse tentando mostrá-lo que não havia segundas intenções.
– Ele joga mais sujo do que eu pensava. – ele riu, nervoso.
– Isso não é um jogo Josh! Ele também tem sentimentos. – eu o reprimi. Ficando irritada com ele.
– Como você é tola por acreditar nisto. – ele riu de mim.
Me levantei muito irritada com Josh. Nem sei porque fui contar a ele que estava namorando com Mattew. Gastei meu tempo e ainda estraguei o resto do meu dia. Josh se levantou também e impediu que eu voltasse para casa.
– Desculpe-me, ok? – ele disse com uma voz forçada. – Eu só não quero que se machuque. – agora ele parecia sincero.
Respirei fundo e olhei em seus olhos.
– Tudo bem. – eu o desculpei, não queria ficar brigada com ele. – Não se preocupe. Eu não vou me machucar. – disse tentando convencê-lo, mas nem eu tinha certeza se iria me machucar com este namoro ou não.
Josh me abraçou e eu retribuí o abraço. O abraço dele era bom e o seu cheiro também. Nos soltamos e voltamos a sentar na grama. Olhei para o violão de Josh e lembrei dele cantando. Queria ouvi-lo de novo.
– Eu ouvi você cantando. – ele arqueou as sobrancelhas. – Canta para mim. – pediu sorrindo.
– Eu não faço shows particulares, mocinha. – ele apertou de leve o meu nariz e eu fiz careta.
– Então me conta por que você e Mattew não se gostam. – disse com expressão curiosa.
– Também não. – fiz bico. – Não adianta fazer bico. – ele ficou sério.
– Então canta para mim.
– É isso ou contar sobre eu e Mattew? – arqueou as sobrancelhas.
– Eu queria que fossem as duas opções, mas pode ser.
– Tudo bem eu canto. – Josh pegou o violão e eu fiquei animada.
Ele pensou um pouco e começou a cantar uma música romântica. Fiquei um pouco sem graça com o significado da música, Josh percebeu e riu pelo nariz. Ao final da música Josh levantou meu rosto e riu da minha cara, que estava corada pela música. Apesar da timidez eu não pude deixar de contemplar sua voz e o seu talento como músico.
– Você é engraçada. – ele disse por fim.
Revirei os olhos e fiz careta para ele. Josh riu deixou o violão de lado.
Passamos o resto da tarde conversando. Josh cantou mais algumas músicas e até tentou me ensinar a tocar um pouco de violão, mas nós preferimos deixar para outro dia, eu não levava muito jeito para aquilo.
No final da tarde, me despedi de Josh e fui me arrumar. Mattew me buscaria às sete horas da noite e já passavam das seis. Tomei banho e vesti. Prendi algumas mechas de meu cabelo, me maquiei e sete horas eu já estava mais que pronta.
Ouvi a campainha tocar e desci correndo. Alice não estava em casa, deixei um bilhete para ela e fui atender a porta.
– Oi! – eu disse assim que abri a porta.
– Oi, amor. – Mattew puxou-me pela cintura e beijou meus lábios. – Você está linda. – disse com voz rouca em meus ouvidos.
– Obrigada. Você também está. - Olhei-o de cima a baixo.
Entramos no carro de Mattew e ele dirigiu em direção ao parque da cidade. O parque ficava distante de nossas casas, próximo a Praça do Cáis, que tinha um visual totalmente diferente das festas de sexta-feira. Mattew estacionou e nós saímos do carro.
– Visitar o parque à noite?
– É. Não é tão incomum aqui na cidade. – ele disse se aproximando de mim. – Na verdade, é a melhor hora. – Mattew disse e beijou o alto de minha cabeça.
O parque estava bem iluminado, era um tipo de parque ecológico, tinha um bosque em seus arredores e o rio da cidade sumia ali. Não havia muitas pessoas, apenas alguns casais.
Mattew segurou em minha mão e fomos andando por uma trilha dentro do bosque. Andamos por um bom tempo, eu vi alguns animais pelo bosque, que apesar de parecer selvagem estava bem iluminado por luzes artificiais e pela Lua.
– Já estamos chegando? – perguntei a Mattew com o cansaço evidente em minha voz.
Mattew parou e olhou para mim.
– Estamos quase chegando. O cansaço vai valer à pena. Prometo! – ele me deu um selinho, e voltamos a andar pela trilha.
O fim da trilha já era visível e eu me animei, mas Mattew nos fez desviar da trilha e adentrar para a parte densa do bosque. Aproximei-me dele, com medo de andar por ali – estava escuro e os barulhos dos animais (que eu achei bonitinho enquanto andávamos pela trilha) me fazia estremecer. Andamos por mais alguns minutos e chegamos em uma cerca. Mattew disse que teríamos que pular, ele me ajudou e do outro lado não tinha mais bosque, era um desfiladeiro.
– Ande com cuidado. – Mattew me alertou e segurou minha mão firmemente.
Caminhamos pelo pequeno espaço entre as rochas e o precipício e chegamos a uma ponte, a atravessamos e entramos em uma pequena mata. Eu já estava morta de cansaço, meus pés doíam e eu não agüentava mais andar.
– Chegamos! – Mattew exclamou alegre quando saímos da mata.
Era uma clareira que terminava na ponta de uma montanha. Mattew me guiou até lá e eu concordei com ele. Todo o cansaço para chegar ali valeu à pena.
A vista dali era surpreendente. Dava para ver toda a cidade e o mar mais a frente. O rio que cortava a cidade estava logo a baixo, no inicio da montanha e a lua parecia estar a nosso alcance.
– É lindo, não é? – Mattew passou o braço por meus ombros.
– É maravilhoso. – eu sorri
– Esta é a razão do nome da cidade. É a parte mais iluminada de toda a cidade. A mais bonita também. – ele falava animado. – E agora a melhor parte. – Mattew virou-se para mim e fitou meus olhos – Eu quero oficializar o nosso namoro. Quero que todos saibam que você é minha e que eu, finalmente, sou apenas seu. – Tirou uma caixinha de seu bolso e a abriu, mostrando as duas alianças que preenchiam o seu interior.
– S-são lindas. – eu disse com meus olhos lacrimejando.
– Não mais que você. – Mattew disse e colocou uma delas no meu dedo. Peguei a outra e a coloquei nele. – Eu te amo. – nos beijamos.
Enquanto o beijava pensei no que Josh havia me dito hoje à tarde, sobre Mattew estar jogando, sobre Mattew ter segundas intenções. Sorri em pensamento. Josh estava errado. Mattew realmente havia mudado.
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