O melhor dia de minha vida. Disto não há dúvidas. Eu estava com quem eu amava e eu era correspondida. Todas as pessoas que me alertavam estavam erradas sobre ele. Talvez não sobre o que ele era, mas agora, Mattew é uma pessoa diferente, agora nós estávamos juntos e eu iria provar a todos que ele é um cretino. Mattew também tem sentimentos.

Já era madrugada quando Mattew me deixou em casa. Ficamos por um bom tempo nos beijando dentro do carro e por mais difícil que foi eu entrei em casa e ele foi embora. Fui para o meu quarto, tomei banho e dormi. Meus pesadelos deram lugar a sonhos maravilhosos, protagonizando eu e Matt.

(...)

Já era tarde quando eu acordei no Domingo. Alice já tinha preparado o almoço e se preparava para me acordar.

- Como foi o encontro?

- Maravilhoso. – disse abrindo um enorme sorriso. – Olha! – eu mostrei a ela a aliança.

- OMG! É linda! – Alice parece uma adolescente. – Mattew está me surpreendendo.

- Acho que está surpreendendo todo mundo. Ele disse que queria mostrar pra todo mundo que eu era só dele e que ele era só meu. – eu disse ainda animada.

- Mesmo assim eu ainda quero que você vá com calma. – ela ficou séria. – Eu não quero ver você sofrer.

Encarei-a, séria também. Começava a ficar irritante toda esta desconfiança em Matt. Ele pode mudar, não é? Ele é uma pessoa como qualquer outra, também tem sentimentos.

- Não se preocupe Alice. Mattew mudou. – disse ficando com uma expressão amena. Alice assentiu com um sorriso fraco no rosto.

Ajudei Alice a arrumar a cozinha e depois nós fomos assistir TV. Lembrei-me de que Alice parecia conhecer Mattew muito bem e que talvez ela soubesse do segredo de Matt e Josh.

- Alice – esperei que ela olhasse para mim. -, acho que você já sabe que eu sou amiga do Josh e que ele é primo de Mattew. Os dois parecem se odiar, você sabe o por quê?

Alice espremeu os olhos e pareceu desconfortável.

- Maria, esquece que eles não se gostam. É melhor do que entrar na estória novamente. – ela disse e voltou-se para a TV.

- Que estória? – ela continuou a me ignorar. – Alice!

- Maria, esquece isso. Curte o seu namoro e acredite quando as pessoas te falarem que é pra tomar cuidado. – ela disse e eu percebi que Alice não diria mais nada.

Algumas horas antes do sol se por, eu resolvi ir até a casa de Bianca. A rua estava cheia e como ela morava perto do centro, estava mais cheia ainda.

Bati a campainha e esperei que ela atendesse. Não demorou muito e Bianca abriu o portão de sua casa. Entrei, cumprimentei seus pais e nós fomos para seu quarto.

- Desembucha! – ela disse assim que entramos no quarto. Chamei-a de bruxa mentalmente, como ela adivinhou?

- Eu quero saber o motivo de Josh e Matt se odiarem. – disse fazendo bico e me jogando em sua cama.

- Hm. – ela ficou desconfortável igual a Alice ficara mais cedo.

- Você sabe, não é? – ela deu de ombros. – Bianca, você tem que me contar. Eu vou ficar doida! – fiz cara de cachorro sem dono na tentativa de fazê-la me contar.

- Eu não sei de nada, Maria. – a olhei e arqueei minhas sobrancelhas. –Tá, eu sei um pouco, mas eu não devo te contar Maria. – ela sentou-se de frente a mim. – Por que você não pergunta a Matt?

- Por que assim como vocês, ele não vai me responder? – disse irônica.

- Bom – ela deu de ombros -, eu acho que se você quer saber, quem tem que contar é ele ou Josh. Mas o certo seria o Mattew.

- É. –me dei por vencida. Ela também não iria me contar.

Ficamos conversando o resto da tarde e uma parte da noite. Mostrei a ela a aliança que Matt havia me dado. Bianca me surpreendeu em sua reação, quase roubou a aliança de mim.

Passava das dez da noite quando eu fui embora. Antes de entrar em casa eu ouvi alguém tocando violão e logo percebi quem era. Dei a volta em minha casa e sentei-me ao lado de Josh, mais uma vez admirada com sua voz.

- Oi! – ele disse assim que terminou de cantar. – Linda a aliança. – fiquei surpresa por ele percebê-la em meu dedo. Sorri sem graça.

- Obrigada. – agradeci e fiquei brincando com a grama.

- O que é? – perguntou e eu não respondi. – Vai me deixar falando sozinho?

- É que eu... Bom, você já se sentiu como se todos que você se importa estivessem escondendo algo de você?

- Maria, você não entende que te contar é fazer voltar ao passado, é fazer a nossa dor voltar? – Josh disse em uma voz doce, passando o braço por meus ombros e me trazendo para perto de seu corpo.

- Fazer a dor de quem voltar? Josh, eu não entendo porque vocês se odeiam. Isso não está certo. – disse olhando em seus olhos verdes.

- Maria... – acenei para que ele continuasse. – Eu não posso. – desviou seus olhos dos meus.

- Eu já estou cansada disso! – disse nervosa. – Tudo bem! – me levantei e fui em direção a minha casa.

- Maria!

- Eu já disse Josh, está tudo bem. – sorri sarcástica.

- Ah eu tenho que parar com isso! – ouvi Josh reclamar. – Eu te conto.

Voltei para o lugar onde Josh estava. Seus olhos estavam aflitos e a boca fazia uma linha reta sobre o rosto. Olhei-o e sorri, tentando fazer com que ele não desistisse.

Josh pegou em minhas mãos e nós andamos até uma praça em direção contrária ao centro da cidade. A praça estava vazia, típico, a esta hora da noite. Nos sentamos e olhamos um para o outro.

- E então?

- Calma! Deixe pensar por onde começar. – esperei e a expressão de Josh estava assustadoramente séria.

Pensei no que seria esta estória. Por que todos temem em falar nela? O que teria de tão ruim nisso?

- Você sabia que Alice teve uma filha, não é? – eu acenti.

Alice teve uma filha, Isabel. Ela teria a minha idade se não tivesse morrido há três anos. Eu não sabia muito sobre ela, lembro de minha mãe ligando para tia Alice e a confortando, mas foi só.

- Isabel, Mattew e eu éramos melhores amigos. Nossos pais eram muito unidos e fomos criados juntos, praticamente irmãos. – a expressão de Josh continuava séria, mas em seus olhos via-se a tristeza daquela lembrança. – Depois de grandes, nós continuávamos melhores amigos, mas eu me apaixonei e este foi o erro. – vi uma lágrima sair dos olhos de Josh.

Ergui uma de minhas mãos para afagar seu rosto. Josh segurou minha mão junto a seu rosto e fechou os olhos. Outra lágrima caiu.

- Bom, eu me declarei pra ela e me surpreendi quando ela disse que sentia o mesmo. Nós começamos a namorar e até aí tudo bem. – seu rosto parecia mais ameno.

Josh pareceu perceber a pergunta que eu estava prestes a fazer. “O que isso tem a ver com o ódio que você e Mattew têm um pelo outro?”

- Mattew sempre teve fama de pegador, desde pequeno, ele era rodeado de meninas. Mattew também era egoísta, até hoje é, mas agora não tanto. Quando nós começamos a namorar, ele não gostou, disse que ia acabar com a nossa amizade, aprontou muito para que nós terminássemos. Nós continuamos a namorar, mas um ano depois nós terminamos e eu descobri que ela gostava de Mattew. – o rosto de Josh adquiriu uma expressão que me dava medo. – Eu me senti enganado, traído, desolado. Ela havia me enganado quando disse que também me amava. Matt teve razão, minha amizade com Isabel se encerrou ali e ela dizia-se inocente. Mattew ficou do meu lado. – ele deu um meio sorriso.

Eu sorri, sem entender.

- Depois de um tempo eu descobri que ele também era falso. Mattew e Isabel mantinham um relacionamento escondido e eu descobri da pior maneira possível. Eu tinha ódio dos dois agora, e meu ódio aumentou quando eles começaram a namorar. Eu continuava amando Isabel, eu ainda tinha planos para nós dois, eu ia perdoá-la, nós íamos ser felizes juntos, mas tudo acabou. Meus sonhos, meus coração se partiu.

Eu o olhava atentamente.

- Eles pareciam felizes juntos e eu percebi que não adiantaria em nada eu ficar sofrendo, ela parecia ficar feliz com ele e isso era o suficiente para eu ficar feliz também. Quando se ama é assim, não é? – ele perguntou para si mesmo.

Josh parou por alguns instantes. Olhou-me como se para ter certeza de que eu queria que ele continuasse.

- O problema é que Mattew não ama, eu não sei por que ele queria namorá-la. E assim como fazem com você, muitas pessoas a avisaram para tomar cuidado, mas ela não deu ouvido e se entregou ao amor. E para completar o clichê, ela se machucou, Mattew a machucou, ele provou que todos estavam certos. – Seu rosto estava molhado pelas lágrimas e eu não sabia o que falar. Eu não acreditava naquela estória.

- Josh... – ele me interrompeu.

- Eu não precisava contar a estória toda, mas eu quero que você pense nisso Maria. Ele vai te magoar. – Josh parecia desesperado.

- Ele mudou Josh. – eu disse colocando minhas mãos em suas bochechas.

Josh deu um riso nervoso e me olhou perplexo. Tirou a minhas mãos de seu rosto com violência e me olhava com raiva.

- Você é tola Maria! Tola! – ele se levantou.

- E VOCÊ QUER QUE EU FAÇA O QUE? – o olhei com a mesma raiva. – EU O AMO, JOSH! E EU ACREDITO NELE SIM, EU ACREDITO PORQUE AS PESSOAS PODEM MUDAR.

-VOCÊ SERÁ COMO A ISABEL, TODOS TE AVISAM POR ISSO. MAS VOCÊ ACREDITA NELE NÃO É, É CLARO! MATTEW MUDOU JOSH! – ele gritou a última frase imitando a minha voz. - Só fique sabendo de uma coisa. Quando você perceber que nós estamos certos, será tarde demais.

Josh se virou e foi embora, deixando-me na praça, sozinha e com os olhos repletos de lágrimas.