Sherlock estava lendo o livro de forma bastante interessada, leu a introdução e agora estava começando a ler as dicas, que eram pautadas em tópicos:

01. As pequenas coisas são as mais importantes.

Tente sempre mostrar a seu parceiro(a) que está feliz com as mínimas coisas que ele faz, um beijo de bom dia ou um chá que ele prepara. Para obterem momentos felizes, pouco basta. Um café da manhã na cama, uma caminhada no parque são bons exemplos.

A maioria das vezes que John fazia algum lanche para si ele fazia para Sherlock também e seu chá era delicioso, mas Sherlock nunca agradeceu nem elogiou... Nunca tinha pensado nisso.

02. Veja possibilidades onde os outros veem obstáculos.

Nem sempre as pessoas são de uma mesma cultura, religião ou gostam da mesma coisa, mas isso não é empecilho para que as mesmas fiquem juntas. O que deve haver é o respeito mútuo.

Ok! Sherlock já sabia que precisaria parar de falar mal das músicas, livros, filmes, séries que John gostava, pelo menos tentaria ficar quieto.

03. Senso de humor ajuda

Num relacionamento, um bom e saudável senso de humor torna mais alegres os dias comuns e diminui o fardo dos dias ruins.

Sherlock possuía senso de humor, é que John às vezes não entendia como um bom e saudável senso de humor.

04. Não depende do quanto você se esforça.

Dedique-se com lógica e bom senso, e não apenas com esforço. Do que adianta você enviar um caminhão de flores a sua esposa sendo que você mal conversa com ela dentro de casa? As pessoas que afirmaram estar fazendo um enorme esforço para melhorar o relacionamento tinham chances 33% menores de serem felizes do que as que afirmaram estar fazendo um esforço consciente para melhorar o relacionamento.

Ótimo! Sherlock nunca fez esforço mesmo, só iria mudar uma coisa ou outra em seu comportamento, isso não seria se esforçar... Seria?

05. Dividam as tarefas domésticas

Ninguém as elege como atividade predileta. Mas as tarefas domésticas precisam ser feitas. Os relacionamentos funcionam melhor quando ambos os parceiros reconhecem este simples fato e assumem uma parcela dessa carga de trabalho.

Essa dica talvez fosse a mais difícil para Sherlock, odiava ter que fazer coisas normais, nunca imaginou que iria um dia ter que lavar uma louça ou sair para colocar o lixo. Porém, se ajudasse na conquista de seu bravo soldado...

06. Procure a amizade de seu parceiro.

Se você desenvolver uma sólida relação de amizade com seu parceiro, terá a chance de reconhecer que as dificuldades resolvidas com amizade garantem a solidez de uma relação.

Amizade? Faziam mais de dois anos que eram amigos, Sherlock estava farto de amizade, ele queria mais o mais rápido possível.

Estava achando as dicas contidas nos livros fascinantes, apesar de serem dicas não tão difíceis de se deduzir para uma pessoa normal, para o detetive era a incrível descoberta de um mundo novo.

Desperto de seus pensamentos, Sherlock ouve alguns barulhos vindos da escada e apaga a luz do abajur.

John abre a porta totalmente desajeitado e com pressa e adentra o flat aos beijos com sua nova companheira, Sherlock percebe que ambos estão embriagados.

A companheira de Watson, entre beijos e amassos, estava levando-o para o sofá. John a impede, falando entre os beijos.

– Aqui não, vamos para meu quarto.

– Qual o problema de fazer aqui? – sua voz estava ofegante, numa tentativa de sexy que infelizmente falha.

– Não quero arriscar ser assistido por meu amigo. – falava se referindo a Sherlock. John nem havia notado sua presença no sofá.

Então os dois subiram para o quarto do loiro. Sherlock estava fervilhando de raiva, sentia seu sangue quente, se olhasse no espelho veria seu rosto todo vermelho e sua carranca de ódio que não fazia questão de esconder, imaginar John com alguém sempre foi difícil para Sherlock, mas ver era mil vezes pior, era como se seu coração fosse atingido com toda a força por uma agulha bem fininha.

O loiro nunca trouxe seus romances para o flat justamente porque Sherlock proibia, dizia que poderia atrapalhar se estivesse em algum caso relevante.

Minutos depois Sherlock se perguntava o porquê raios ouvia tantos grunhidos horríveis vindo da mulher no quarto, esses barulhos poderiam acordar a sra Hudson. Assim, foi para seu quarto e trancou a porta, e jurou para si mesmo que a partir do momento em que abrisse seus olhos pela manhã, tudo o que faria seria para conquistar o doutor John Hamish Watson para si.

Definitivamente o detetive não estava tendo uma boa noite de sono esses dias, não conseguira dormir muito bem na noite anterior devido a espera pelo loiro e os barulhos vindos do quarto do mesmo. Ainda estava com sono, mas decidiu sair da cama. Dando alguns passos depois de sair de seu quarto se depara com John e uma moça de cabelos loiros muito claros, eles pareciam aflitos a chegada de Sherlock que ficou por alguns segundos analisando a situação, devido a sua roupa e cabelos desalinhados e seus sapatos de salto médio em mãos a moça deveria ter acordado agora, se vestido rapidamente e levava os sapatos nas mãos para não fazer barulho. John também mostrava sinais de que tinha se vestido na pressa, estava segurando a porta para que ela passasse.

– Ora, ora John, você vai deixar sua visita ir embora sem antes me apresentar? – Sherlock disse com um pequeno sorriso irônico no rosto, jurava pelos deuses que estava tentando se controlar.

– Ahn... Bem, Sherlock.. Esta aqui é a Sarah, ela é amiga da Joanna, a enfermeira que trabalhava comigo no antigo hospital. – John fala totalmente sem graça pela descoberta de Sherlock.

Sherlock se apressa e aperta a mão de Sarah, enquanto a estudava profundamente: recentemente formada e contratada para trabalhar no mesmo hospital de John, tímida, estudava muito, gosta de romances e sair para bares ao final do expediente de trabalho, não praticava relações sexuais a mais de três meses.

– Prazer Sarah, Sherlock Holmes.

– P-Prazer sr. Holmes! Bem, perdoe-me, mas já estava de saída... – Fala totalmente corada e sem graça.

– Ah é? Pensei que agora não houvesse mais motivos para sair tão apressada. – Sherlock estava sentindo uma raiva absurda, principalmente de si mesmo que não conseguia se controlar.

– Por favor, Sherlock! – John estava olhando Sherlock de forma repreendedora. – Venha Sarah, eu a levo até lá em baixo.

Droga John, logo hoje que acordo com disposição para te conquistar você me aparece com essa.

Logo John volta para o flat.

– O que foi isso Sherlock? Por que fez isso com ela?

– Isso o que John? – Sherlock fazia uma cara de desentendido.

– Sherlock por favor, esse papel não combina com você. – John falava com uma voz que começava a se alterar.

– John, eu te avisei desde o início que não gostaria que você trouxesse ninguém para casa... – John corta Sherlock completando a frase.

– ...enquanto você estivesse em um caso. Pois é, mas você não está então, não há problema algum!

– Então porque queria esconder de mim que ela estava aqui?

– O qu...? Esconder de você? Sherlock, não seja absurdo, Sarah é extremamente tímida, ela não queria incomodar e muito menos que você a visse por timidez, por mim não teria problema nenhum em apresenta-la a você.

Sherlock desvia o olhar do amigo, ficam assim por alguns segundos.

– Sherlock, o que está acontecendo? – John agora fala com uma voz mais amena, podia-se notar preocupação ali. - Faz quase um mês que Lestrade não aparece com um caso novo e você se quer escolhe um dentre milhões no que estão em seu e-mail.

John para de falar, esperava uma resposta do moreno.

– Não está acontecendo nada de mais John, apenas queria tirar um tempo para descansar e estudar meus casos antigos. Estou estudando métodos novos e aplico as teorias em cima deles para ver se daria certo, estou bastante empolgado, se quiser posso até lhe mostrar. – Sherlock deixou a magoa de lado para vestir sua máscara da mentira para convencer John, não poderia deixar o médico continuar desconfiando de sua atitude, a partir de agora teria que mostrar confiança, mesmo que não se sentisse confiante.

John lança um olhar desconfiado, porém, cede.

– Ok, se você diz... Mas por favor, deixe de ser você pelo menos quando Sarah estiver aqui, sim?

Sherlock olha para o loiro franzindo o cenho e quando abre a boca para retrucar, John fala.

– Não adianta fazer essa cara Sherlock, Sarah é uma garota muito especial e não quero que ela se magoe por suas besteiras, por favor, você faria isso por mim?

– John...

– Por favor, Sherlock.

Sherlock da um longo suspiro e se volta para a janela. – Se é isso que quer, tudo bem...