Medo de falhar

Planos e descobertas


É claro que Sherlcok tinha planos para tirar essa tal Sarah do caminho, sabia muito bem o que fazer para arruinar um encontro do loiro quando o detetive precisava dele para algum caso, mas dessa vez teria que fazer de forma diferente. John não poderia perceber. Sentia-se mal em mentir para ele, mas não queria levantar mais outra discussão com seu médico do exército, ultimamente viviam brigando.

John estava na sala em sua poltrona lendo um de seus livros de medicina quando Sherlock aparece.

– John, o que fará esta noite?

– Irei sair com Sarah. – diz sem tirar os olhos do livro.

– Ótimo! Traga ela para cá, podemos jantar.

– Deus! Por que eu faria isso? Se esqueceu de como você tratou ela esta manhã? - diz tirando seus olhos do livro e os voltando para Sherlock.

– Exatamente por isso! Gostaria de me desculpar e aproveitar para conhecê-la, não é isso que os amigos fazem? – No sorriso de Sherlock podia-se notar a leve sombra da maldade.

Para John esse Sherlock não estava nenhum pouco parecido com o Sherlock convencional.

– Bom, Sherlock.. Nós reservamos um restaurante esta noite...

– Perfeito! Me de o número que eu ligo para conseguir mais um lugar.

– Não, você não entende...

– Não entendo o que, John? – Sherlcok mal deixava o pobre John falar.

– O que quero dizer é que este é um restaurante chique e...

– Não tem problema, podemos colocar tudo na conta de Mycroft. Por favor John, sei que agi mal e gostaria muito de consertar isso, quero ser um bom amigo para você, assim como você é para mim. – Termina mostrando um sorriso de orelha a orelha.

John estava achando aquilo tudo muito estranho, será que o moreno estava tramando algo?

– Eu não sei Sherlock, não quero assusta-la, e demorei muito para conseguir uma reserva neste restaurante... – John olha para Sherlock, que estava fazendo uma cara de cachorro sem dono.

John da um longo suspiro.

– Ok Sherlock, podemos ir todos juntos desde que consiga um lugar para você, eu não vou esquentar minha cabeça com isso.

– Não se preocupe John, isso será fácil. – diz Sherlock muito satisfeito, foi mais fácil do que imaginou. A barraca já estava armada.

♥♥♥

Sherlock e John estavam sentados na mesa do tal restaurante super chique, esperando por Sarah. John trajava uma camisa social azul e uma calça social preta, seu cabelo estava molhado pelo banho e bem alinhado, Sherlock o achava lindo quando ele se vestia formalmente e decidido a usar as dicas que havia aprendido no livro, comenta.

– Você está muito elegante vestido assim, John. Ressalta sua beleza. – diz com sua voz de sempre.

John se assusta com o comentário.

– Minha beleza? Sherlock, o que quer dizer? – John não mal conseguia acreditar no que estava ouvindo, estava sentindo suas bochechas queimarem aos poucos.

– Quero dizer que gosto de como sua camisa destaca seus olhos e cabelos claros e como sua calça faz o contraponto em todos esses pontos, achei que você estivesse pensado nisso quando escolheu a roupa.

– Bom...Na verdade não – John pigarreia – mas, obrigado... Você também está muito... elegante, mesmo sempre estando vestido assim. – John se sente desconfortável ao dizer isso.

Sherlock estava todo de preto, com suas roupas costumeiras, hoje não havia trago seu sobretudo e cachecol.

– Então você sempre acha que estou elegante?

– O que? Não, não quis dizer isso... quer dizer, você sempre está arrumado, mesmo em casa..

– John, em casa eu fico de pijama.

Sherlock estava adorando o rumo daquela conversa, estava adorando ver seu John todo desconcertado e corando tão violentamente, nunca o viu tão lindo.

– Eu... Eu... – John tentava concertar o que havia dito.

Neste momento Sarah aparece em frente a eles.

– Olha quem chegou. Olá, Sarah! – Sherlock se levanta para cumprimentar Sarah.

– Ah, olá querida! – John se levanta e beija Sarah. Sherlock revira os olhos.

– Bem, eu não sabia que o sr. Holmes viria. Agora entendi porque você não respondia as minhas mensagens – diz lançando um olhar a Sherlock, que apenas sorria.

– Deus! Eu fiz isso? Droga. Me perdoe Sarah, eu não havia percebido. Venha sente-se.

John chama o garçom, que estranhou um jantar romântico a três. Eles pediram os pratos, John pediu vinho também.

– Me desculpe querida, eu não avisei porque Sherlock queria fazer surpresa, ele gostaria de se desculpar por hoje cedo. Não é, Sherlock?

– Claro que sim! Perdoe-me, eu não deveria ter sido tão rude... Bom, agora como já são águas passadas John me disse que você trabalha no mesmo hospital que ele. – Sherlcok se volta para Sarah.

– Ahn... Sim, comecei lá há alguns meses depois dele. – O desconforto de Sarah estava visível para todos.

– E quando vocês começaram a se envolver sexualmente?

Sarah engasgou com a água que bebia.

– Sherlock! – John fala exasperado.

– Falei algo errado? – Sherlock fingiu inocência com a maior cara de pau. – Perdão! Então como posso definir a relação de vocês? Pois sei que ainda não definiram algo concreto, não é verdade?

Neste momento o garçom aparece trazendo os pedidos.

Passaram o jantar inteiro conversando, John e Sarah falavam sobre o trabalho e alguns pacientes em comum, e a todo momento em que Sarah olhava ou tocava em John Sherlock a ameaçava com os olhos.

– Bem, preciso ir ao banheiro, já volto. Sherlock, peça a conta, por favor – diz John se afastando da mesa.

Sarah lançou um olhar de desespero para John que simplesmente estava alheio a tudo. Seria a oportunidade perfeita.

– Me diga Sarah, o que vê no John?

– Como? – Sarah era um misto de surpresa e choque.

– Eu não gosto de me repetir, então vou ser bem claro. John é a melhor pessoa que você teve o desprazer de conhecer. Você e ele nunca darão certo porque eu estou aqui e enquanto eu estiver aqui, posso garantir que a senhorita não vai querer estar também. – Sherlock falava baixo, com uma de suas vozes mais ameaçadoras.

– P-Por que faz isso, sr. Holmes? O que eu fiz contra você? – Sarah estava tremendo.

– Oh Sarah, não se sinta especial. E por favor, pare de formalidades, me chame de Sherlock.

– Eu vejo que ele gosta muito de você, Sherlock. Ele não merece que você o controle desse jeito, acredito que o John saiba decidir o que é bom para ele...

– Não, ele não sabe.

– E quem você supõe que seja bom pra ele? Você? – Sarah agora fala com desdém.

Sherlock não achou que Sarah seria capaz de algo que o surpreendesse, mas a verdade é que ele estava abalado. Neste momento eles avistam John ao longe.

– Me perdoe, Sherlock, mas eu não irei desistir dele assim tão fácil. – Sarah diz segura de si, indo ao encontro de John.

– Bom, vamos então. Sherlock, já pediu a conta?

– Hnm? Ah não, eu e Sarah estávamos conversando e acabei esquecendo, falha minha. Vão indo, eu alcanço vocês. – Sherlock deixaria tudo na conta de Mycroft.

Após deixarem Sarah em um taxi, John e Sherlock adentram em outro.

– E então, o que achou?

Sherlock estava tão preso em seus pensamentos que nem ouviu John.

– Sherlock?

– Hm? Você disse alguma coisa?

– Perguntei o que você achou do jantar.

– Ah, isso... bom, bom. – Sherlock apenas queria voltar a seus pensamentos.

– E... – Pigarro – O que achou da Sarah?

Agora Sherlock olha para o loiro. Ah, como John tornava as coisas fáceis.

– Bem... Nada de mais.

– Como assim? Nenhuma dedução, nenhuma coisa para me alertar?

– John... Eu não quero influenciar suas decisões. – Sherlock sabia bem como manipular John.

– Você não influencia nada, Sherlock. Quero apenas sua opinião de amigo.

– Já que insiste... Sarah não tem o costume de tomar banho e nem escovar os dentes pela manhã, quando muito irritada ela bate, se mostra tímida no início, mas depois se revela violenta e possessiva, dois se seus relacionamentos foram terminados por acessos de raiva repentinos. Acho que não preciso continuar. – Sherlock estava feliz por não ter mentido para seu John... Pelo menos não tanto.

John estava perplexo.

– Como você soube de tudo isso?

– Muito simples em suas mãos eu pu... – Sherlock é interrompido pelo taxista.

– Chegamos!

♥♥♥

Finalmente chegam no 221B, Sherlock vai para a cozinha dar continuidade a uma experiência que envolvia olhos humanos superaquecidos. John se sente cansado do dia agitado, pega seu notebook e sobe para seu quarto. Toma um banho quente e liga seu computador, o colocando em uma pequena mesa de frente para a janela. Queria procurar um artigo que havia lido a não muito tempo e que não conseguia achar novamente.

Começou digitando o nome nos sites de busca e nada, depois se lembra de procurar no histórico. Começa a busca por uns três dias atrás.

– Manejo de antitrombótico periprocedimentos em pacientes com AVC.

– Gato de Schrödinger.

– Novidades no controle glicêmico de diabéticos que farão revascularização miocárdica.

– Relacionamentos.

– Como iniciar um relacionamento.

Como iniciar um relacionamento? Não me lembro de ter procurado por isso... A não ser que... Sherlock!