Medo de falhar

As verdades sempre chegam


Sherlock havia bebido metade de uma garrafa quando John chegou em casa, estava nitidamente alterado.

– Peguei na casa da sra. Hudson.

– Você roubou bebidas da sra. Hudson? – John não sabia se ria ou se protestava.

– Foi um empréstimo, John.

– O que diabos está acontecendo com você, Sherlock?

– Experiência.

– Você está se embriagando para uma experiência? – fala o loiro, incrédulo.

– Sim, e para que mais seria?

Não sabia o porquê, mas John não acreditava totalmente no amigo.

– Que seja... Mas se quisesse beber deveria ter saído comigo e Greg.

– Se fizesse isso não poderia calcular a velocidade em que as moléculas de etanol chegam a minha corrente sanguínea e como elas agem na hipófise.

– Ok! E como está se saindo?

– Eu ingeri 400 ml de conhaque em 50 minutos, em 10 ou 20 minutos terei um resultado mais completo.

– Wow, vá com calma, não quero ter que cuidar de ninguém vomitando. – John que havia se juntado ao lado de Sherlock no chão se levanta.

– Aonde vai?

– Vou na cozinha pegar uma cerveja pra te acompanhar, já que provavelmente essa será a única chance de beber com meu melhor amigo.

Sherlock esperou John voltar e se sentar novamente a seu lado.

– E como foi com Gavin?

– Greg! Divertido. Conversamos sobre várias coisas. Seu irmão e ele tem se encontrado com frequência. Os dois estão resolvendo burocracias entre o governo e a Scotland Yard, você sabia disso?

– Tenho motivos para saber das companhias do meu irmão? – Sherlock estava com uma voz engraçada.

– Ok!

– E Sarah?

– O que tem?

– O que vai fazer agora que está sem ela?

– Tentarei evitar gente maluca.

Os dois riram.

Ficaram em silencio por alguns minutos, cada um apreciando suas bebidas e a companhia um do outro. Sherlock virava mais uma dose de seu drink então decide quebrar o silêncio.

– John, o que é o amor?

O loiro considera a pergunta, levando um tempo para responder.

– Bom... É um sentimento muito bonito, é gostar muito de outra pessoa de forma a querer e fazer o bem para ela e não esperar nada em troca. É compreensão, amizade, respeito multo. Enfim, o amor faz as pessoas mais fortes e mais felizes.

– Você já amou alguém?

John muda sua expressão em segundos.

– Sim. Há muito tempo. – O loiro aparecia incomodado.

– O que aconteceu?

– Ela era muito diferente de mim... Começou a fazer coisas que simplesmente não me incluíam, mas como disse, foi há muito tempo.

Sherlock ficou em silêncio.

– Sherlock, gostaria de te perguntar uma coisa, promete que vai me responder com sinceridade?

– Talvez. – Disse Sherlock tomando outra dose.

– Você está apaixonado?

Se não fosse o efeito do álcool que o havia deixado mais leve, Sherlock teria corado.

– Não quer responder?

– Isso faz alguma diferença pra você?

– Mas é claro que faz. Não estamos falando de uma pessoa qualquer estamos falando do grande Sherlock Holmes.

– Então é isso? Só é relevante porque se trata do ‘grande Sherlock Holmes’? – Sherlock falava com uma voz amarga, fazendo aspas com as mãos no ar.

– Não, é claro que não. O que houve, Sherlock? Você parece meio... sentimental.

Sherlock da um longo suspiro, John fazia perguntas complicadas e estava difícil raciocinar devido a efeito do álcool.

– Eu ingeri uma quantidade considerável de álcool, Jonh. Pode parecer estranho, mas, ele também me afeta.

– Tudo bem. Mas você ainda não respondeu minha pergunta.

– Se você chama o processo químico estúpido que nosso corpo é capaz de realizar de estar apaixonado. Sim, eu estou.

John já desconfiava, mas ouvir da boca de Sherlock era diferente.

– Meus parabéns, isso é uma coisa muito boa. – John tinha um tom triste.

– Isso está me consumindo, eu não consigo pensar não tenho interesse em outros casos... Quando essa onda de sentimentos vem eu não sei o que fazer. Tudo isso me deixa confuso e sinto uma dor aqui. – Sherlock levou a mão ao peito, apertando. – Eu não quero mais ficar assim, John. – Sherlock estava mal, a bebida só era um reflexo do que ele sentia.

O detetive estava assustado e pela primeira vez sem saber o que fazer, dava um aperto no coração vê-lo assim.

– Então porque não se declara? É muito mais simples, eu o ajudo se precisar. – John tentava acalmar o amigo.

– Olhe bem para mim, John. Que pessoa em sã consciência iria se interessar por uma aberração como eu? – Sherlock nunca se deixou atingir pelo que as pessoas diziam ao seu respeito, mas dessa vez parecia que o álcool havia feito se esquecer de vestir sua armadura.

– Oh Deus, eu sabia! Sabia que havia algo errado. – fala mais para si do que para Sherlock.

John se ajoelha de frente para o amigo, segura o rosto de detetive em suas mãos, firmemente.

– Sherlock, nunca mais diga isso, ouviu? Nunca mais.

Sherlock olhava para baixo.

– Olhe para mim. – Ordena John. – Por favor.

Sherlock ergue o olhar, John percebe o quanto o amigo estava fragilizado e isso o mata por dentro.

– Nunca, nunca permita que alguém o deixe feri-lo assim. Você é genial, a pessoa mais inteligente e interessante e especial que eu conheço e por nada nesse mundo você deve se sentir assim. E se essa pessoa sortuda de quem você gosta desprezar você, saiba que ela é uma completa estúpida, não merece sua atenção. Você merece alguém que te faça feliz. Me prometa isso.

– John...

– Ah Sherlock! Como eu queria ser a pessoa por quem você está apaixonado. Queria muito. Nunca iria deixar ninguém te fazer mal, nunca iria abandoná-lo, nunc... – É interrompido pelos lábios de Sherlock nos seus.

O ato de Sherlock deixa o loiro sem reação por alguns segundos. Sherlock separa os lábios e o olha receoso, será que tinha feito algo errado?

John o encara e devolve o beijo cautelosamente, o detetive tinha os lábios macios e quentes, não resiste e pede acesso a boca do amigo, devagar. Suas línguas se tocam e começaram uma dança tímida e desajeitada que aos poucos foi ganhando mais profundidade, John guiava o beijo e o moreno tentava acompanha-lo. Mesmo em meio ao gosto da bebida, Sherlock tinha um gosto delicioso.

O beijo foi se tornando cada vez mais intenso, Sherlock puxava John para mais perto fazendo este unir as pernas em torno de sua cintura e sentar em seu colo. O moreno envolve suas mãos na cintura do mais baixo enquanto ele segurava em seu pescoço e tocava seus cachos. Sherlock nunca havia tido um contato assim tão íntimo, nunca havia estado com ninguém antes.

Quando o ar falta, eles se desgrudam e com as testas coladas, John diz:

– Então, esse tempo todo foi eu? – Sussurrava para o moreno.

– Sim John, sempre foi.