Medo de falhar

Primeiro acerto de contas


Após mais alguns minutos na sala, Sherlock estava caindo de sono então John o leva para o quarto, ambos ainda estavam bêbados e cambaleantes, como o moreno não tinha o costume de beber o loiro sabia que pela manhã ele estaria exausto e com dor de cabeça.

– Para onde está me levando? – Sherlock tinha uma voz manhosa.

– Para o quarto, você precisa descaçar.

John faz Sherlock se sentar na cama e tira seus sapatos e meias, o detetive tinha um pé delicado e macio, poderia ficar um tempão massageando.

Levantou-se do chão e encontra Sherlock se apoiando pelos cotovelos com o olhar fixo em seus olhos, o moreno tinha o rosto vermelho, os cabelos bagunçados e sua camisa social amarrotada estava com os dois botões de cima abertos, denunciando o tórax alvo. Estava lindo.

– Me beija, John.

Sherlock falava com uma voz rouca e sensual, isso provocava John de tal modo que não iria conseguir se segurar por muito tempo.

– Sh-Sherlock, acho melhor irmos dormir. – Engolia em seco.

Sherlock leva a mão do doutor a seu peito.

– Olhe como esta acelerado. Eu nunca imaginei que diria isso a alguém, mas eu preciso de você, John. Por favor. - o olhar de Sherlock era de suplica.

John não resistiu ao ver seu querido detetive nesse estado, tão angelical, tão sexy pedindo por ele. O puxa para um beijo, dessa vez acalorado e cheio de desejo. Joga o moreno na cama e sobe por cima, prendendo o quadril do mesmo entre suas pernas. John mordiscava o pescoço e o ombro de Sherlock que em resposta gemia alto, o moreno parecia ser muito sensível.

O loiro se ergue ficando sentado por cima de Sherlock com uma perna de cada lado em cima de sua cintura.

Devido aos beijos e as caricias trocadas John havia percebido que Sherlock não possuía muita experiência na arte da paixão. Será que o detetive nunca havia estado com alguém antes? Ele tinha bebido muito mais que John e se não se lembrasse de nada amanhã? E se Sherlock fosse... Não, John não poderia se aproveitar da oportunidade.

– John, você está bem? - o detetive o olhava preocupado, já que o loiro havia parado de beija-lo.

– Desculpe... Desculpe, Sherlock. E-eu não posso fazer isso, sinto muito.

Em questão de segundos John havia saído do quarto, deixado o amigo sozinho, confuso e bastante bêbado.

♥♥♥

Em seu quarto John repassava tudo o que havia acontecido entre eles. Sherlock era meio desajeitado com os toques e os beijos e se sentia meio perdido com as mãos. O amigo nunca mencionou nenhum caso amoroso ninguém em especial, até o momento. Mas Sherlock era tão discreto em tudo que fazia, não era a toa que John não se deu conta do que se passava com ele.

Pensando em tudo isso decidiu tomar um banho e tentar dormir. Amanhã os dois teriam o que conversar.

Do outro lado, Sherlock não sabia o que havia acontecido. Num momento John estava cheio de amor para dar e no outro de repente diz que não o queria mais. Será que havia se arrependido?

O que faria se seu soldado o abandonasse? Sua vida estava completamente entrelaçada a dele agora.

Ficar sozinho nunca foi problema para Sherlock Holmes, mas agora a solidão parecia insuportável.

Tentando com todas as forças arrancar esse turbilhão de sua mente, o detetive se encolhe o máximo possível na cama e se deixa levar pelo sono.

♥♥♥

Na manhã seguinte John acorda depois de um sonho esquisito que envolvi Sherlock com um galho de árvore na cabeça e lembra que hoje já era véspera de natal.

Nossa, tem acontecido tanta coisa nesses últimos tempos que me esqueci completamente.

Olha para o relógio e se assusta com o quanto havia dormido, não era a toa que sentia como se houvesse um buraco em sua barriga. Vai para a cozinha preparar o café. Será que Sherlock estava bem? Pensando agora, abandoná-lo daquela forma não foi muito gentil.

Prepara uma bandeja com torradas, um café bem forte e alguns analgésicos para Sherlock e deixa na mesa de centro da sala, pois sabia que iria precisar assim que acordasse.

Os fatos de ontem a noite ainda estavam muito presentes na cabeça de John, por isso decidiu que era melhor tomar um ar antes de encarar o colega de apartamento.

Caminhando pela rua, senta no banco de uma praça de frente para um lago.

Com os olhos fechados tentava botar seus pensamentos em ordem quando de repente alguém se aproxima.

– Ora ora, se não é o bom doutor.

– Mycroft!? - diz abrindo os olhos – O que faz aqui?

– Greg e eu estamos resolvendo algumas... pendências entre nossos trabalhos, mas acredito que já saiba.

– Sim, sim ele me contou.

– Pois bem, irei encontra-lo para um chá daqui a alguns minutos. Em finais de semana ele não costuma ser muito pontual. – diz olhando o relógio enquanto sentava ao lado de John.

John pensou em perguntar por que os dois estavam trabalhando num final de semana, mas depois do que ouviu do amigo ficou com medo da resposta.

– Não se preocupe com isso dr. Watson.

– Desculpe, como?

– Vejo que está preocupado, mas não precisa estar. Meu irmão é bem cuidadoso com as pessoas que escolhe, nunca duvidei disso.

– Perdão Mycroft, eu realmente acho que não entendi.

– Ora doutor, ambos sabemos que sim. Lembre-se que sou o irmão mais velho.

John corou com a possibilidade de Mycroft ter deduzido o que aconteceu entre ele e Sherlock ontem a noite.

– Eu...

– Apenas deixe.. acontecer.

John agora fitava o chão, se sentia meio desconfortável falando sobre isso, principalmente com o irmão de seu companheiro, mas o que poderia fazer? Decide arriscar

– O Sherlock. O Sherlock já esteve com alguém antes? – diz com uma voz firme olhando para Mycroft.

– Nunca. Uma vez ele chegou perto, mas conseguiu desvendar a picaretagem e colocou o sujeito pra correr, eu me diverti muito na época. – disse com um sorriso nostálgico.

– O que aconteceu?

– Meu irmão sempre foi precoce em sua inteligência e habilidade, muito sugestivo para os interesseiros, não acha?

– Entendo.

– Por isso digo que confio em meu irmão, acredito na escolha dele. Oh! Ali está ele – Mycroft acena para Lestrade que caminha até eles.

– Bom dia meninos! John, como vai? Conseguiu chegar em casa são e salvo?

– Sim, já tive noite piores. – Dizia John, sorrindo.

– Antes que eu me esqueça, já tem lugar para passar o natal?

– Na verdade estava pensando em passar em algum bar de esquina.

– Ótimo, então poderíamos nos juntar para uma ceia, Mike também disse que ficaria em casa. Traga Sherlock será divertido ter os irmãos juntos. – Seu olhar foi de John para Mycroft, que revirou os olhos.

– Obrigado pelo convite, só não garanto a presença de Sherlock.

– Ah mas acredito que você consiga convencê-lo, hm? – Disse dando uma piscada para John, que corou um pouco.

– Bom, agora vamos Mike? Até mais John, espero vocês para a ceia.

♥♥♥

Quando John chega em casa decidido a conversar com o amigo, encontra a bandeja com as torradas intactas, o copo de café pela metade e a embalagem do analgésico vazia e Sherlock dormindo no sofá da sala.

Achou a situação engraçada, o único detetive consultor do mundo, um homem cheio de certezas e respostas derrubado por uma ressaca do dia anterior.

Nesse instante Sherlock acorda, seu cabelo estava uma bagunça, seu rosto alvo estava com marcas da almofada e seus olhos estavam tão apertadinhos que pareciam lutar contra a luz. Além de seu pijama que estava todo torto.

– Que dor de cabeça terrível!

– Sherlock Holmes tendo sua primeira ressaca. Quem diria? - John não conseguia esconder um sorriso.

Sherlock o fita com um olhar nada amigável.

– Ok, não está mais aqui quem falou.

John tentava quebrar o gelo, mas o clima sempre voltava a pesar.

– Encontrei Mycroft e Greg, eles nos convidaram para passar o natal com eles.

– Meu irmão passando o natal de bom grado com alguém, essa é inédita.

– É, Greg está conseguindo mesmo fazer milagres com seu irmão.

O silêncio voltou a reinar. O olhar dos dois sem querer se encontrou, Sherlock desviou os olhos na mesma hora, mas John conseguiu notar apreensão e ansiedade ali. Por fim deu um longo suspiro e começou a falar.

– Sherlock, precisamos conversar.

Sherlock voltou o olhar com total atenção.

– Eu sei que ficou desapontado por ontem, por isso quero me desculpar e esclarecer as coisas.

– P-por favor, John. Não vá embora, eu não suportaria. – Sherlock dizia com uma pontada de desespero na voz, mas do que gostaria de demonstrar.

– Não. Não é claro que não, Sherlock. - John foi em direção ao mais alto se sentando a seu lado, segurando sua mão. Não sabia de onde o moreno havia tirado essa ideia.

– Olhe pra mim. É claro que eu não vou sair daqui, eu só quero esclarecer o ocorrido, ok?

Sherlock apenas balança a cabeça concordando.

– Ontem nós acabamos bebendo demais, as coisas não poderiam ter avançado muito mais do que foi, eu me senti muito envergonhado quando me dei conta do que estava fazendo me desculpe por isso. Quero que saiba que em nenhum momento eu quis me aproveitar ou algo assim.

– Então era isso? Você achou que estava se aproveitando de mim? - agora Sherlock parecia mais relaxado.

– E não estava? Não percebeu o que estávamos prestes a fazer? Eu não queria me aproveitar da situação.

– Mas eu queria você, John. Pela primeira vez na minha vida eu implorei.

– E eu fico muito feliz de saber que foi por mim que você se esforçou tanto. Foi maravilhoso estar com você que até parece que estou sonhando. Mas Sherlock, não podíamos ter ido tão longe.

– Eu não entendo John, se você também me quer...

– Você merece mais, Sherlock. – dizia enquanto afastava um cacho rebelde de seu rosto. – Com você eu quero que seja especial e principalmente quero que você esteja sóbrio em sua primeira vez. – John agora sorria, se referindo a bebedeira.

– Mycroft. Aquele filho da mãe me paga...

– Não foi Mycroft. Achou mesmo que não fosse perceber que era virgem? Você mal sabe beijar.

Sherlock o olhava emburrado e John ria.

– Não fica assim, será um prazer dar um dar um jeito nisso.

Então, puxa o moreno emburrado para um beijo carinhoso e sem pressa. Quando se desgrudam para respirar John se lembra da ceia e trava uma batalha incansável para convencer Sherlock a se trocar para irem.

♥♥♥

Sherlock e John estavam na frente da casa de Greg, quando ele e Mycroft atendem a porta.

– Feliz Natal! Entrem vamos, está congelando ai fora!

– Feliz Natal, Greg. Feliz Natal, Mycroft.

– Feliz Natal, John. Irmãozinho.

Sherlock passou por Mycroft revirando os olhos. Seria uma noite longa.