Masquerade

I got a secret, can you keep it?


Tiffany Morgenstern

Não conseguia pensar para onde eu poderia ir. Minha mãe me disse que queria jantar a sós com meu pai hoje. Até dispensou os empregados. Drake estaria de plantão no hospital e Patrick só vem para casa para dormir. Era uma intimação: ela estava me enxotando de casa por uma noite.

– Você pode dormir na casa de Madison. Tenho certeza que vocês tem muito sobre o que conversar com essa fama toda agora que vocês tem.

Madison é provavelmente a última pessoa que eu quero ver agora. E também, eu tenho quase certeza que ela sabia que eu estava dormindo com o namorado dela esse tempo todo e não fez nada a respeito. Bom, talvez ela tenha feito, já que Bash não está mais comigo.

Não entendo como as coisas mudaram tão rápido. Estávamos tão unidos antes de começarem as aulas, dormíamos praticamente todas as noites juntos... eu falava que terminaria com Frank se ele me dissesse que ficaria comigo. Ele sempre tentava desviar o assunto... Eu devia ter percebido que Bash nunca largaria Madison.

Bom, Scarlett também não anda indo muito com a minha cara ultimamente. Ela anda bem estranha. Bash e eu não estamos mais juntos e Adam é um pervertido. Sexta de noite, com certeza ele está em algum lugar comendo alguma vagabunda. Só sobra Frank.

Estava tarde, mas não me importei de trocar de roupa. Simplesmente coloquei o moletom por cima da blusa e deixei meu cabelo preso em um coque mesmo. Não estava com frio nas pernas, por isso fui até a sua casa de shorts. A minha casa é uma da esquina, já a de Frank fica duas abaixo da minha, a última da quadra. Caminho calmamente até lá. As luzes da rua estão acesas e não há barulho de carro e nem nada. A maioria das luzes das casas estão apagadas.

Toco a campainha e quando penso em desistir, percebo que Ashley abriu a porta.

– Frank está lá em cima - ela fala com uma cara de sono. - Pode subir, Tiff.

Agradeço e subo as escadas sem fazer barulho. Vou até a segunda porta a esquerda, uma porta branca com maçanete prateada, e a abro.

É por isso que Frank nunca terminou comigo, penso. Ele estava preocupado demais dormindo com sua amante.

Há uma mulher branca e de cabelos negros e ondulados na altura dos ombros em cima dele. Ela parece me ver primeiro, porque seus olhos claros se encontram com os meus e ela dá um salto. Frank logo percebe minha presença e caminha até mim.

– Tiff...

Não estou triste nem nada. Não tenho sentimentos por Frank, é claro isso. Estamos afastados há tempos. Quando ele me pediu em namoro, estive pensando em fazer ciúmes para Bash, por isso aceitei, nunca gostei de Frank como deveria. Ele sempre esteve por perto, sempre foi um amigo e até conversei sobre algumas coisas pessoais com ele quando éramos mais jovens, porém eu não sei como e porquê ele gosta de mim. Bom, gostava, né.

Estou surpresa. Até um pouco magoada por estar sendo feita de trouxa, mas então percebo que o papel de Frank é ainda mais vergonhoso nisso tudo. Eu o traio há tantos meses e com seu melhor amigo... essa mulher com quem ele está agora não é nada. Nunca a vi na vida. Não me importa.

– Eu estou de saída.

Ele segura meu pulso com força.

– Você está me machucando.

– Deixe eu me explicar, Tiff...

– Não precisa, sério. Estamos afastados há tempo suficiente para perceber que nosso namoro já deu o que tinha que dar.

Ele parece surpreso com as minhas palavras.

– É sério isso?

– Sim. Não me importa com quem você está a partir de agora. Cada um segue seu caminho.

Forço um sorriso sem mostrar os dentes.

– O que você veio fazer aqui, afinal? - ele pergunta com calma, confusão e até curiosidade.

– Eu iria perguntar se eu podia passar essa noite aqui já que meus pais estão em casa, mas e...

– Você pode ficar - ele me interrompe -, se quiser, é claro.

– Eu acho melhor não.

Não me sentiria confortável, é claro. Como eu poderia? Tenho meu orgulho. Não ficaria sob o mesmo teto que meu atual ex-namorado e sua amante.

– Mas...

– Eu me viro.

§§§

Madison Hartfold

Enrolo o lençol em volta do meu corpo, mas percebo que deixei uma ponta solta quando Patrick me arrasta de volta para a cama.

– Hum, Patch, eu tenho que ir.

– Por quê? Você tem compromisso?

– Meu namorado está me esperando - minto. - Bom, meu noivo agora.

– Falando em noivo, que ideia ridícula foi aquela?

– Coisa da cabeça do Bash. Ele quis noivar, eu aceitei.

– Nós não estamos mais no século XIX, pelo amor de Deus. Que coisa mais retórica.

– Eu não podia recusar, não é mesmo? Qualquer coisa poderia estragar nosso plano.

Ele sorri para mim.

– E quando iremos executá-lo?

– Em breve, prometo.

– E o que está faltando?

Deposito um beijo rápido em seus lábios e caminho até o banheiro sem o lençol para não haver pontas soltas dessa vez.

É isso: eu tenho que cortar as pontas soltas. É o que está faltando.

E eu vou começar por Tiffany.

§§§

Sebastian Scotterfield

Me sinto meio deslocado. Aquelas mulheres não eram meu estilo. Meu estilo? Não é óbvio? Loiras, pequenas, jovens... tipo Madison e Tiffany. Esse é o meu tipo.

Ali as mulheres eram lindas, sim, espetaculares, mas nenhuma me chamou a atenção de uma forma diferente.

Vejo uma mulher mascarada e isso sim me chama a atenção. Sua máscara negra que deixa visível apenas seus olhos e é ornamentada me intriga. Seus cabelos não são claros, tem um tom de castanho claro, mas ela é bem bonita e há algo nela... é como se eu já a conhecesse há muito tempo.

Me aproximo, mas ela se afasta. Percebo com o passar dos minutos que ela está me evitando. Tenho quase certeza que ela também me conhece.

Me aproximo sorrateiramente dessa vez, a pego pelo braço e a puxo para me encarar.

Não é preciso retirar sua máscara para que eu a reconheça. O desespero nos seus olhos verdes diz tudo.

– Vamos conversar em outro lugar - Scarlett rosna e me puxa para o quarto mais próximo, trancando a porta.

§§§

Tiffany Morgenstern

Caminho pela Times Square. Apesar das luzes ligadas e dos telões sempre movendo suas imagens, a avenida parece vazia, o que é uma surpresa. Olho para o celular no meu bolso. Três e quinze da manhã.

Decido parar no hotel mais próximo quando meu estômago começa a roncar, mas assim que entro no restaurante do hotel, sinto tudo embrulhar dentro de mim. Imagino coisas nojentas e sinto vontade de botar tudo pra fora.

Corro para o banheiro e vomito. Sinto fortes pontadas no meu abdômen até desmaiar de dor.

§§§

Scarlett Wilkins

– Você não pode contar para ninguém.

– Por quê?

Vasculho a minha mente atrás de algo.

– Porque eu não contei para Madison do seu caso com Tiffany.

– Eu não estou mais com Tiffany, eu fiz o que você pediu.

– Sim, mas Maddie terminaria com você de qualquer jeito se soubesse.

– E o que faz você pensar que ela já não sabe?

Franzo a testa. É óbvio que ela não sabe, está claro. Maddie, apesar de bem controlada, é muito sentimental em relação à Bash e aos amigos de verdade. Nunca simplesmente ficaria com ele e conviveria com Tiffany se soubesse.

– Ela nunca aceitaria.

– Ela aceitou.

Não consigo esconder minha surpresa.

– O quê?

– Madison descobriu do meu caso com Tiffany e ainda assim aceitou se casar comigo. É surpreendente o que o amor faz com as pessoas, não é mesmo?

Balanço a cabeça.

– Ela nunca...

– Não se preocupe com isso, Scarlett, seu segredo está seguro comigo.

Ele me beija a bochecha.

– Por enquanto - completa.

Caminho até ele e o arrasto para o centro do quarto.

– Tire Adam daqui, por favor. Ele não pode saber...

– Por que você está fazendo isso, afinal?

– Não é da sua conta.

– Ah, fala sério, Scarlett. Se eu vou guardar um segredo, eu preciso saber o porquê dele existir.

– Você não pode simplesmente ser um bom amigo como costumava ser e guardar o segredo da garota agora órfã que você viu nascer?

– Então é isso? Você está se prostituindo por rebeldia? Por que seus pais morreram?

Não aguento aquilo. Ele realmente... não, não era possível que Bash realmente... sinceramente, isso é ridículo. Eu o odiei naquele momento. Ele não tem direito algum para falar sobre os meus pais. Odiei mais a mim mesma e a minha boca grande, que soltou:

– Você é realmente retardado o bastante para achar que eu me prostituiria por que agora sou órfã? Por rebeldia ou até por diversão? - rio desprezivelmente. - Eu fui vendida pelo meu querido pai.