Tom estava me esperando na porta da delegacia.

- O que aconteceu? – perguntou ele.

- Um taxista, assassinado, não vão mais me incomodar.

Ele notou a foto em minha mão.

- Porque você está segurando uma foto do Paulo?

Paulo? Ah, então o nome do “João” era Paulo.

- Você conhece ele?

- É o meu melhor amigo, você pode me explicar mas que merda está acontecendo?

Melhor amigo? Merda.

- Precisamos descobrir em que hospital ele tá.

- Porque ele tá no hospital? Porque você sabe mais sobre ele do que eu?

- VAAAAAAI! LIGA PRA ELE!

Ele não tocou no celular, então eu mesma peguei o celular do bolso dele.

- Alô?

- João? Quer dizer ....Paulo?

- Não, aqui é mãe dele.

- Sra. Mãe do Jo- Paulo – gaguejei – em que hospital ele tá?

- No Hospital Dezenove de Abril.

- Tá eu to indo aí.

Virei –me para Tom:

- Vai, vamos logo!

- Vamos pegar um taxi.

- Tá louco? To com trauma de taxi.

Ele riu. E eu saí andando.

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Paulo estava dormindo, quando foi acordado por um forte barulho de sapatos de salto, e uma voz escandalosa:

- Saí da minha frente! – a voz dizia – Me deixar passar porra! Puta que o pariu, é uma bosta esse hospital! Não me deixam passar!

- A senhorita tem que fazer o cadastro.

- Cadastro o seu cu! Me deixa passar, saí!

Esse comportamento educado significava uma pessoa, Gabriela. A porta abriu:

- Cadê?

- Eu to aqui – respondeu ele.

- Você tá bem? – ela diminuiu o tom de voz.

- Tô, eu só preciso de um rim.

- Eu vou fazer o teste.

- Não precisa.

- É minha culpa.

- Que? Se tá louca?

- Eu te larguei sozinho naquela rua, e aí te atropelaram.

- Gabi, não delira, foram dias depois daquilo.

- Tem certeza?

- Absoluta.

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Então não era minha culpa, senti o peso sair das minhas costas, que alívio. Estava pronta para responder Paulo quando Tom entrou pela porta:

- Você não pode simplesmente sair entrando num hospital desse jeito!

- Vocês se conhecem? – disse Paulo.

Fudeu, eles eram melhores amigos, fudeu.

- Eu queria te apresentar – ele me pegou pela cintura – minha namorada.

Namorada? Agora a gente namorava? Eu achava que eram ficadas ocasionais, mas se ele preferia desse jeito.

- Que? – Paulo parecia confuso.

- Sim, eu por algum motivo da humanidade consegui uma garota linda assim.

Eu corei, e Paulo como resposta para Tom pegou o abajur que estava sem eu criado mudo e arremessou na direção dele.

- PAROU – eu disse quando notei o vaso na mão de Tom.

- Tom, você pode nos dar licença um instante? – perguntei

- Claro, amor – porque ele fizera questão de me chamar de amor? Nem pra facilitar, né?

- Paulo.. – comecei - a gente não tinha nada juntos.

- Eu gostava de você – ele não olhou nos meus olhos.

- Paulo, me ouve por favor, eu acho que você consegue alguém melhor pra você.

A Fê ia ter que fazer isso por mim. Eu anotei o telefone dela em um post- it e grudei em seu criado mudo.

- Eu vou ser uma irmã pra você agora, entendeu?