Manus Life - Segunda Temporada

O poder que exerce sobre mim


CAPÍTULO DEZ - O PODER QUE EXERCE SOBRE MIM

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"Não há nada em que paire tanta sedução e maldição como num segredo."

(Soren Kierkegaard)

Acordei com alguém me sacudindo, era Raissa. Olhei o celular e constatei que eram 7h15.

_Manu, acorda. Você está atrasada. _gesticulou.

_O quê? Logo, hoje? Por quê? _respondi, com sono.

Levantei-me rapidamente e fui correndo para o colégio. Estava de pijama por baixo, mas eu não me importava. A sorte era que meu cabelo ainda continha o penteado, mesmo estando um pouco desarrumado. Tive sorte, pois o portão ainda estava aberto quando cheguei.

~*~

_Não! _respondi ao ouvir o que a orientadora dizia.

_Mas, Manu, é preciso. Está peça não existe sem está parte, não entendes? _questionou, irritada. muito irritada.

_Então, porque você não escala a Bianca como minha dublê? _respondi, olhando para Matthew.

_NÃO! Você é a Catarina, Manu. É obrigada a cumprir com o seu papel. O que custa? É apenas um beijo técnico, criança. _começou, o rosto vermelho pela raiva _Não me diz que tem medo de beijar homens? É lésbica, por acaso? _depois de eu negar, continuou. _Então, não vejo problema algum de fazeres a cena. Vamos ao trabalho. _finalizou, acalmando-se.

Estava derrotada, teria que beijá-lo novamente. Eu mal conseguia encará-lo enquanto ficava com a Bianca, imagina fazê-lo depois de ontem? Não, eu tinha que fazer alguma coisa. Teria que adiar até o dia da apresentação, e depois não selá-lo. Ninguém ia cobrar mesmo, aliás, duvido que alguém saiba sobre a peça.

_Caros educandos, quero todos em frente ao colégio para um comunicado. AGORA! _gritou a diretora.

Eu esperei todos saíram para segui-los. Estava sem animo, mas feliz por ter adiado o beijo. Olhei para a frente e vi Matthew e a Bianca se beijando, algo que me causou náuseas. Deveriam proibir isto no colégio, mas a diretora dá a "desculpa" de que este é uma escola moderna. "Se minha única saída é esquecê-lo, irei fazê-lo." Pensei, magoada.

_Bom dia, alunos. Vim para lhes comunicar que hoje, sexta-feira, terá a viagem do terceirão. O local é o museu da língua portuguesa, uma área maravilhosa. Para quem perguntar, digo para não se preocuparem pois eu já avisei seus país está manhã. Todos aceitaram, por isso peguem todos os materiais para embarcaremos agora...

Ela continuou falando, aliás, nunca vi alguém tão falante. Não prestei atenção ao resto, pois fui correndo pegar os materiais. Arrependi-me de ter chegado cedo, pois Matthew estava lá. Seus olhos iam em minha direção, mostrando o quanto estava triste por ter me beijado.

_Espere, por favor, Manu. _disse, Matthew, quando eu estava saindo.

Eu não quis ouvir, não queria. Fingi que não o escutei e continuei andando, mas sabia que ele estava me seguindo. Dava para escutar seus passos atrás de mim, rápidos e fortes. Pegou-me pelo braço e me encostou na parede. Engraçado, como tudo acaba assim. Comigo trancada, próxima a ele.

_Solta-me. _respondi, ferida. Não queria mais esconder, mas eu tinha.

_Droga! O que aconteceu? Por que fingiu que não me ouviu? Não estou mais te entendendo, Manu. Explica-me direito, porque eu irei te escutar. _respondeu, segurando-me pela cintura.

_Por que você não me conta a verdade, em? Vive me maltratando, para depois pedir desculpa. Beija-me com vontade, para depois dizer que foi de momento. Se sabes que nosso assunto é inacabado, por que tentas dar a volta por cima? Não aguento mais essa máscara de indiferença e essa distância que existe entre nós. _completei, sabendo que não conseguia mentir ao olhar em seus olhos.

_Eu não sei, mas eu não consigo racionar perto de ti. Faço loucuras, para depois me arrepender. Quer saber? Beijei-te porque quis, digo, desejei te provar e o fiz. _disse sem desviar o olhar, nem por um segundo ele olhava para outro ponto.

Corei. Corei, porque parecia algo irreal. Como assim, ele me desejava? Não, o mesmo estava brincando comigo. Seu sorriso maroto não mentiam, mas seus olhos diziam o contrário. Ele não desviará um segundo, existia brilho dentro deles. Brilho do qual, reconheci ser de desejo.

_Eu... não acredito em você! _exclamei, tremendo.

_Se não acreditas, que queres que eu faça? _disse, aproximando-se.

Eu já podia sentir sua respiração no mesmo ritmo que o meu, mas ele não me beijou de imediato. Aproximou nossos corpos, encostando-me novamente na parede. Parou e selou minha bochecha, demoradamente. Passou para a testa, mas parou. Senti um frio quando o mesmo se afastou, olhando-me com tristeza.

_Droga! Não posso fazer isso, nunca. Esquece o que eu disse, não era verdade. Estava apenas brincando contigo, como sempre foi. Reconheça, Manu, eu nunca ia querer alguém como tu. _finalizou, novamente quebrando meu coração.

Fingi um sorriso, como sempre foi. Nada como por uma máscara, para esconder as dores sentidas. "nunca ia querer alguém como tu." Está frase rondava em minha cabeça, fazendo com que o sorriso fosse desmanchado. Ele tinha razão, sempre teve. Sempre havia dito isso, queria me prevenir, prevenir-me do pior. Eu sei, ele desejava que eu não me apaixonasse por ele. Era um eterno "quebra-corações", e nunca havia omitido isto.

_Eu sei..._respondi apenas, querendo continuar. Mas meu coração quebrado, não me permitiu que eu sibilasse alguma outra palavra.

_Alunos, comparecem ao ponto de partida, na frente da escola. Daqui dez minutos, estaremos realizando o sorteio das duplas. O ônibus partirá após as escolhas do casal. _comunicou a diretora.

_Vamos? _questionou Matthew, dando o braço para que eu o acompanhasse.

Era como se ele tivesse totalmente recuperado, sua expressão voltará a ser a mesma de sempre. Logo, Bianca chegou e o beijou. Olhou para mim e deu um sorriso.

_An, onde você estava, amor? _disse, somente para ele, ignorando totalmente a minha existência.

_Falando com a Manuela. _respondeu seriamente.

_Oh sim, diga-me uma coisa. Você se inscreveria para o rei do baile? _questionou, mostrava-se feliz.

_Depende... por quê? _retrucou, sempre com a expressão dura.

_Inscreva-se, amor. Porque eu vou ser a rainha, e quero você como meu parceiro. Tu sabes tanto quanto eu, que não há nenhuma menina que possa me vencer. _comentou, como se eu não estivesse aqui. _Sinto muito Manu, mas tu sabes que é verdade. Ficou ofendida? _finalizou, a expressão de superioridade em seus olhos.

_Não... longe disto. _responde, afastando-me.

_Matthew, eu já lhe disse para parar de andar com ela. Nós somos de mundos diferentes, aceite isto de uma vez. _respondeu alto, para que eu escutasse. O pior, é que ao me virar; notei que o mesmo assentia ao seu comando.

Pobre marionete. Não entendo como ele poderia se influenciar deste jeito, eu não o conheci assim. Sabia que o mesmo estava triste com isso, pois odiava ser dominado. Passei pelas salas e fui em direção a entrada do colégio. Procurei pela Nath e a achei aos beijos com o James, então fui a procura de Florêncio. Eu sentia a sua falta, pois fazia tempo que eu não conversava com ele.

_Oi, F. _comecei, sabendo que este era seu novo apelido.

_Hola, Manuelle. Por que não estais com o seu Matthew? _questionou, brincando também.

_Ele está com a sua namorada, Bianca. _respondi, rindo forçadamente.

_É um homem de sorte. Se eu tivesse chance, ficava com ela. É uma moça para casar, uma ótima mulher. Muito boa. _declarou, mulherengo como sempre.

_E eu? Como fico nesta história? _questionou, fingindo estar magoada.

_Vira freira. Todos nós sabemos, que tu és destinada a santidade. _respondeu, com uma falsa seriedade.

_Oh sim, senhor Flor. Se for deste jeito, o seu destino é ser um cafetão nas intensas ruas de São Paulo. _retruquei, rindo muito.

_Ia gostar muito deste trabalho, nada o que reclamar. _comentou, piscando para mim.

_Olá, Manu. _cumprimentou Hélio, ao se aproximar.

_Olá. _respondi, sorrindo.

_Oh céus, e só existe ela neste lugar? _perguntou F., fingindo estar ofendido.

_Alguém que vale a pena cumprimentar, sim. _comentou, cortando meu amigo.

_Então, em primeiro lugar, ela não deveria nem ter te cumprimentado. _declarou, rindo logo em seguida.

_Bem, daremos inicio ao sorteio. Ele será por ordem de chamado, ou seja, o primeiro com o segundo e assim por diante. Abigail e Anastácia... Manu e Matthew. _comentou.

Bem, desta eu já sabia. Não tinha como não ser, existia apenas eu e ele com a letra M nesta escola. Eu tinha avisado que a cidade é pequena? Pois é, ela é. Sentamos no banco rapidamente, mas eu não tinha coragem de encará-lo. Se ele quisesse me ignorar, assim o farei.

_Manu, por favor, me desculpa? _comentou, encostando no meu braço.

Demorei muito para respondeu, mas ele me olhava com uma olhar que dava pena. Repetia intensamente, "por favor, desculpe-me", e eu não podia recusar. Ainda o amava, e isso era o que mais me feria.

_Desculpar...? O quê? _perguntei, desentendida.

_O meu jeito, e principalmente a forma como a Bianca falou de você. Eu não acho que devemos nos distanciar, aliás, eu gosto muito de andar contigo. _confessou, tentando sorrir.

_Eu sei, mas você tem que dizer isto a Bianca, e não para mim. Não pode aceitar tudo o que ela diz, porque eu sei que tu odeia ser dominado. Droga! Por que está deixando que ela te fala de marionete? Diga-me, que eu estou te escutando. _dedilhei, cansada.

_Acha que eu não sei? Eu já lhe disse mil vezes, mas ela insiste em mandar na minha vida. Só continuo com ela porque a amo, porém estou me cansando de seus falatórios. Preferia muito mais alguém como você, do que uma mulher linda; mas dominadora. _aquilo me destruiu.

O que ele queria dizer, com "alguém como tu"? Ele estava dizendo que preferia uma mulher submissa ao homem, mas feia? Não, nunca poderia tolerar. O mesmo acha que brincando deste jeito, pode continuar sendo meu amigo.

_Por favor, pare com isto. _sussurrei com esforço, lágrimas querendo sair de meus olhos.

_Parar com o quê? _questionou, preocupado.

_De ferir meus sentimentos, pare com isto. Achas que é quem? Suas palavras me machucam, principalmente a forma como me chamas. Sei da minha aparência, mas não precisa escancarar aos quatro ventos. _confessei, muito irritada.

Pegou meu queixo com as mãos, virando meu rosto para ele. Secou as lágrimas que corriam em minha face, sorrindo. Não sei o que achava graça, mas nunca vi um sorriso tão acesso em seu rosto.

_Hei, Manu, vejo que você não sabe o poder que tem sobre mim. _ sussurrou, olhando em meus olhos. _Eu nunca te achei feia, só normal, apenas isto. Afinal, eu gosto de sua aparência, feiosa. _finalizou, rindo de minha expressão.

_Meu amor, venha aqui. _gritou Bianca.

Novamente fomos interrompidos, bem, pelo menos eu soube que ele gostava de minha aparência. Mas, o que ele disse em "Vejo que você não sabe o poder que tem sobre mim"? O que realmente significava? Não sei, mas um dia irei descobrir.