Já era de manhã na casa dos Medeiros, Marta já estava arrumada e com as malas prontas, eram 6:30am, ela não queria enfrentar uma despedida, mas foi inevitável, já que seus filhos já estavam acordados.

Ela desce as escadas e se depara com os filhos.

Clara - Mãe? Porque essas malas?

Lucas - É mãe, aonde tu vai? - ele estava confuso.

Marta - Eu vou voltar pra Petrópolis!

Pedro - Oque? Como assim voltar pra Petrópolis?

Lucas - Mãe! Não você não pode fazer isso!

Clara - Mãe...

Ver os filhos assim partiu o coração de Marta. Quando o Comendador a exilou pela primeira vez na mansão em Petrópolis, ela havia ficado somente um mês lá, mesmo assim, era visitada duas vezes na semana pelos filhos, ficar longe da mãe era quase impossível para eles, que apesar das besteiras que ela já havia feito, Lucas, Pedro e Clara amavam Marta incondicionalmente, ela foi quem criou eles quase sozinha, já que José Alfredo estava sempre viajando. As brincadeiras de boneca com Clara ( que ela não gostava muito, mas acabava cedendo), as várias vezes que ela separou aquela briga de irmãos, entre Lucas e Pedro... estavam todas naquele apartamento, apesar de em Petrópolis, a família já ter vivido momentos inesquecíveis.

Marta - Não tornem as coisas mais difíceis pra mim - ela se junta aos filhos.

Lucas - Nós nunca nos separamos, mãe...

Clara - Teve aquela vez que você foi pra Petrópolis, mas não pensei que isso ia se repetir....

Marta - Eu também não, mas as coisas não estão fáceis, se eu ficar aqui, vou acabar me machucando...

Pedro - Mas a senhora sempre foi tão forte... porque isso agora?

Ela se lembra do que havia dito a José Alfredo na noite anterior.

"Mas chega um momento que a pessoa não aguenta mais ser forte!"

Nesse momento ela se senta no sofá, e deixa uma lágrima cair, aquela que havia segurado a semanas. Lucas, Clara e Pedro se juntam a ela.

Clara - Não faz isso com agente, mãe...

Marta - Me desculpem, por favor...

Pedro - Por quanto tempo a senhora vai fica lá?

Marta - Se eu pudesse, para sempre...

~~ Pra sempre é muito tempo? ~~

Lucas - Você teria coragem?

Marta - Vocês iriam sempre me visitar, né?

Clara - Sempre...

Marta - Meus queridos, eu prometo, prometo, prometo... que sempre mando o Briguel vir buscar vocês!

Pedro ri - Como se nós fossemos crianças...

Lucas - Eu sou uma criança - ele dizia levantando a mão num tom irônico.

Todos riem.

Marta - Você sempre vai ser, Lucas. Sempre...

Marta se levanta.

Já está na hora de ir, eu marquei de me encontrar com a senhora que cuidou da casa pra mim. - ela diz pegando as malas.

Lucas - Eu vou te visitar sempre la.... mamãe.

Ouvir o "mamãe" vindo de Lucas partiu seu coração em milhões de pedacinhos, ele era aquele pedaço especial do fruto do amor dela e do Zé. Foi aquele filho que ela quase morreu no parto, e ele também. Os dois enfrentaram aquela barra juntos, e vê-lo vivo, para ela, era uma vitória.

Marta se aproxima de Lucas e deposita um beijo na testa de seu filho.

Eu amo você, amo todos vocês!

Ela pega as malas e vai pro carro. Os irmãos se abraçam ao ver a mãe ir embora.

Marta entra no carro e segue para Petrópolis.

José Alfredo presenciou a cena toda, ele estava ali escondido na escada, onde ficou comovido, e quase deixou as lágrimas caírem.

"Porque eu fiz isso? Porque eu fui tão burro? Meus filhos... eu não sabia que os afetaria tanto... mas pelo menos eles se despediram da Marta, eu não..." pensava.

Zé desce para o café, estavam todos reunidos na mesa.

Clara - Você tá contente, pai?

Zé - Contente porque?

Clara - Por ver a minha mãe se auto-exilar, era tudo oque você sempre quis.

Pedro - Ele deve tá bem feliz...

Lucas - Gente não começa, vamos ficar todos de boa hoje, já não basta a mãe ter ido pra Petrópolis.

Clara - Concordo.

Zé - Eu já tô indo pra empresa, bom dia a todos!

Todos - Bom dia...

Bruna - Mas gente, a tia Marta foi embora?

Pedro - Ela não foi embora, vai vai passar um tempo em Petrópolis.

Bruna - Ah, vou sentir falta dela.

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Na Império.

José Alfredo estava sentado na sua mesa relembrando a cena de Marta com seus filhos, mas é interrompido por Josué, que chega na sala.

Josué - Comendador?

Zé - Ah, pode entrar Josué.

Josué - Você tá precisando dos meus serviços?

Zé - Tô, to sim, quantas horas são?

Josué: 10:17, porque?

Zé - Nossa, o tempo passou rápido...

Josué - Oque?

Zé - Nada, nada... eu preciso que você me leve pra Petrópolis, agora, já!

Josué - Ta bom...

Zé sai sem dizer nada a ninguém.

Ele segue pra Petrópolis.

Os filhos de Zé Alfredo e Maria Marta chegam na empresa, perguntam pelo pai e não têm respostas, eles ficam confusos, mas continuam o trabalho.

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Passaram - se 1:30, José Alfredo já se encontrava no portão da mansão da esposa. Ele a vê saindo na varanda e a grita.

"MARTA!" - ele acena.

Marta - Zé?!?! Oque você tá fazendo aqui?

Zé - Se você abrir aqui eu te explico!

Marta abre o portão pra Zé.

Agora você pode me dizer oque veio fazer aqui?

Zé - Calma, vamos dar uma volta por esse jardim e dai nós vamos conversando.

Eles vão caminhando pelo imenso jardim.

Zé - Você pode me explicar oque foi aquilo com nossos filhos?

Marta - Você sabe muito bem que eu sou durona, mas em relação aos meus filhos...

Zé - Você se derrete com eles.

Marta - Não diria assim.

Zé - Ver você e o Lucas me deixou meio que... magoado.

Marta - Espero que você se machuque com essa magoa porque foi tudo culpa sua!

Zé - Marta, eu não estou aqui pra brigar, somente pra conversar..

Marta - Então tá bom né..

Zé - Eu sempre percebi que você sempre bancou o Zé Pedro, mas nunca tinha visto esse afeto seu com o Lucas... porque?

Nesse momento os olhos da Imperatriz estão cheios de lágrimas.

Marta - Porque... porque ele é um pedaço importante do nosso amor, foi o nosso último filho, e que eu quase morri no parto, porque você estava sempre viajando.

O coração de Zé aperta ao ouvir aquilo.

E... no momento em que eu estava naquela sala, entre a vida e a morte, não só eu, mas meu filho também... eu não tinha você pra segurar minha mão e dizer que tudo vai ficar bem e que eu ia sair daquela.... eu não tinha forças pra falar, mas eu lembro que a única coisa que eu pensava era "Salvem o meu filho, e diz pro meu marido que eu amo ele, pra ele cuidar bem das nossas crianças", mas por uma força, eu consegui sair daquela, não sei como.

Zé interrompe a caminhada e olha pra Marta.

Quando eu soube que você e o Lucas estavam entre a vida e a morte, eu fiquei maluco, e quando eu vi nosso filho lá... me deu um alivio, e quando eu entrei naquele quarto, e te vi dormindo, foi mais uma conquista, foi uma sensação ótima ver que eu não tinha te perdido.

Marta se emociona, e não segura as lágrimas, mas é emparada, por um abraço de Zé Alfredo. Ela fica confusa, mas retribui o abraço.

Bons tempos... pensavam os dois, como um só.