Make me Smile

Capítulo 21 - Passeando Pelo Passado


– Porque está nevando hoje? Ontem mesmo estava sol. – Lila questionou perto da janela de seu quarto, enquanto a guerreira Sif alisada sua espada.

Ágda havia acabado de sair do quarto não fazia dez minutos, era sempre muito capacitada e focada em seus deveres de dama e criada. Havia trazido o café da manhã, assim como trouxera seu jantar na noite passada. Lila negou comparecer no mesmo local de Odin. É, ela não foi mesmo com a cara do velho. A dama trouxera um lindo vestido que Frigga fez questão que vestisse para seu passeio, era vermelho com detalhes em dourado. Tinha mangas, o que Lila achou perfeito.

– Skadi. – a guerreira simplesmente disse. Rockwell arqueou a sobrancelha, interrogativamente. – É a deusa do inverno, deve ter acontecido alguma coisa, ou ficou irritada.

– Sei. – respondeu. Dois toques foram ouvidos, fazendo a porta se abrir. Lá estava novamente Ágda. Ela avisou que Frigga estava a sua espera na entrada do palácio, junto com o príncipe Loki. Porque Loki estava indo? Pensou. Lila seguiu a criada, enquanto Sif apenas se despediu com um aceno na cabeça, dizendo que conversaria com a mesma, mais tarde. Assim que chegou ao hall de entrada, lá estava a Rainha com seu belo sorriso delicado e cheio de ternura. Loki apenas lançou um olhar indescritível e tinha um livro em mãos. A morena presenciou uma carruagem, puxada por cavalos e um guarda comandando. Abriu a boca surpresa com o que via. – Sério? Uma carruagem? Eu pensei que isso só existia em contos infantis.
Ágda riu com seu comentário.

– Rainha Frigga. – acenou com a cabeça, enquanto se aproximava.

– Delilah, está encantadora. Está nevando, então trouxe essa capa á você. – Frigga entregou uma capa branca que outra criada segurava, com algumas pedras azuis, na qual a morena pôs rapidamente.

– Obrigada. –agradeceu. A Rainha foi a primeira a entrar, fazendo Loki e Lila terem uma conversa silenciosa de olhares e expressões irônicas e sarcásticas.

A viagem foi longa, silenciosa e entediante. Lila permanecia o tempo inteiro olhando pela janelinha, as pessoas da cidade; o lugar, porém sua diversão acabou assim que começara a ver apenas árvores cobertas pela neve. Loki lia um livro que carregava, alternando olhar para a moça a cada minuto. Lila fitou uma cabana simples, um pouco grande, na medida em que se aproximavam.

Assim que o guarda abriu a porta para que descessem, ela foi à primeira. Agarrou-se a capa, devido a brisa fria que a atingiu. Começou a caminhar vagarosamente até o local; a porta abriu-se em um rangido e Lila pode ver claramente a sua antiga casa. Havia duas poltronas espalhada pela sala; umas prateleiras com livros escritos em runa. Lila se aproximou de uma estante, pegando o livro que estava aberto em uma página qualquer, fascinando pela sua escrita complexa e as imagens.

– É uma língua élfica. Deve-se ter sido escrita em Alfheim, pelos Elfos da Luz. – explicou Loki de maneira sutil e totalmente surpresa. Delilah olhou pelo canto dos ombros, encontrando-se com as órbitas que eram tão intrigantes e tempestuosas. Lila soltou o ar, se dirigindo a Loki em seguida.

– Onde seria meu quarto? – perguntou, mudando o ramo do assunto. O moreno permaneceu em silêncio, e começou a caminhar pelo móvel. Parou em frente a uma porta que já estava entreaberta. Lila empurrou levemente, estudando o local. Tinha uma cama simples; o guarda-roupa; alguns colares e joias espalhadas pela penteadeira. Uns livros estavam em cima da cama, junto com um punhal de prata. – Acho que isso pertence a mim.

– Era sua arma preferida. – concluiu o Deus, fitando-a.

O tour pela casa não durou muito tempo. Lila olhou os quartos das irmãs, Lorelei e Amora, onde não encontrou nada que lhe chamara atenção. De volta para o palácio, Frigga parou na cidade, onde vários asgardianos lhe fazerem reverência. Uma menininha ruiva cutucou o vestido de Delilah, fazendo-a automaticamente virar-se e abaixar-se na sua altura. Tinha no máximo seus sete anos.

– Alteza. – ela reverenciou.

– Não precisa disso. – Lila respondeu, abrindo um belo sorriso. – Qual seu nome?

– Britta.

– Pois bem, o que posso fazer por você, Britta? – questionou. Ela era fofa, as sardas davam um contraste com sua pele branca, junto com o cabelo ruivo trançado.

– Mamãe sempre contou histórias de você quando eu era pequena. – ela soltou uma risada, tocando delicadamente os fios negros da moça. – Você é tão bonita. Quando eu crescer eu quero ser igual a você! – exclamou determinada.

– Quando você crescer, irá ser exatamente como você. – a deusa abriu um sorriso. Viu que a garota segurava algumas flores, então escolheu uma vermelha, levitou-a no ar e colocou na orelha da pequena. – Você também é tão bonita.

– Obrigada. Eu vou contar para a mamãe! Ela não vai acreditar! – e saiu saltitando e correndo na multidão.

Quando levantou-se, percebeu Frigga e Loki a encararem. Lila corou um pouco, envergonhada. Voltaram para o palácio enfim. Loki acompanhava a moça até seus aposentos, que no momento estava um profundo silêncio agonizante.

– Você demonstrou muito carinho pela a criança. – Loki quebrou o silêncio.

– Eu contemplo a pureza delas, o modo de pensar, tudo. As crianças são especiais, perdoam rápido aquelas brigas infantis e nunca veem maldade ou pessimismo nas coisas. – suspirou, enquanto vagava pelo corredor.

– Você seria uma ótima mãe. – Lila cogitou que o que Loki dissera foi sinceridade, ou estava sendo irônico como sempre.

– É,talvez. Pena que nunca terei uma experiência como essa. – ela lembrou-se de uma conversa com Steve no Instituto Xavier, cujo assunto era o mesmo. Em falar em Steve, como era que ele estaria? Delilah abriu a porta de seu quarto, pronta para dizer um ‘’ Até mais Loki’’. Porém, teve um leve susto assim que viu uma velha mulher, aconchegada em sua cama. As vestes maltrapilho, a aparência e a expressão de velhice.

– Soube que procurava por mim, Delilah. Sou Urd, agora, dê-me sua mão para revelar seu passado.

[...]

Era oficial, Delilah entrou em pânico. Olhou para os lados, perguntando-se o que diabos estava fazendo novamente naquela cabana. E então viu. Viu três garotas e uma delas chorava incessantemente. Viu uma mini Delilah de uns quatorze anos, consolando a ruiva que tinha no máximo onze anos.

– Mas... Porque a mamãe foi embora? Ela não gostava da gente? – questionou a mini Lorelei.

É, ela nunca nos amou. Por isso foi embora! – grunhiu Amora, que tinha uns quinze anos.

– Amora! – a pequena Lila tentou reverter a situação. – Não se preocupe, Lore. A mamãe pode ter ido embora, mas ainda somos uma família, certo? Nem eu, nem Amora iremos te abandonar.

– Você foi uma boa pessoa. – e de repente, Urd apareceu do lado de Lila, que estremeceu com o susto. – Com certeza, era diferente das suas irmãs. E não se preocupe, ninguém irá nos ver, somos como fantasmas.

Delilah viu um borrão, fazendo a imagem a sua frente desaparecer, e formar outra. Agora estava na cidade, procurou a si mesma, e percebeu Singrid e Lorelei vendo joias. Já eram mulheres.

O que acha desse, Singrid? – Lorelei, segurava um colar com pedras avermelhadas. Ela colocou em frente ao pescoço – Eu gostei.

– Hm, combina com seu cabelo. – soltou um riso, indo até a banca, pegando um colar de pedras azuis. – Eu prefiro esse. O que acha, Idália?

– Combinaram com a senhoritas, estão lindas. – concluiu Idália, a velha mulher, que cuidava da banca de joias. As duas se entreolharam e riram. – Desculpe perguntar, mas hoje a irmã mais velha de você não veio? Ela sempre está na cidade.

Ah, Amora? Ela deve estar dando um jeito de encontrar o Príncipe Thor. – Lorelei revirou os olhos. – Se bem que ele é lindo, e...

– Lorelei! – Singrid protestou rindo, batendo levemente no ombro da irmã. – Você pode ficar aqui alguns minutos? Irei procurar Amora, daqui a pouco já irá anoitecer. – a ruiva assentiu. – Certo, até mais Idália. – a velhinha se despediu.

Lila observou Singrid se distanciar, e bateu a curiosidade enorme de segui-la. Olhou automaticamente para Urd, como se pedisse permissão, e a guardiã assentiu.

– Vá. – disse apenas.

A mulher correu até Singrid, quase a perdendo de vista. Viu-a levantar o capuz da capa negra, enquanto olhava os lados a procura da irmã mais velha. Assim que virou a rua, Singrid deve ter pressentido algo, pois virou para trás numa expressão estranha de estar sendo seguida. Ela está sendo seguida, por você, Delilah! Pensou. Logo voltou a caminhar novamente, todavia começou a falar.

– Que eu saiba não sou a única que tem poder de manipular a mente em Asgard. Seja quem for, apareça. – ordenou, com uma voz calma e passiva.

– Definitivamente, eu não tenho nada a ver com você. – Lila comentou para Singrid, que agora estava parada esperando alguma ação.

Singrid. – Loki saiu de um beco escuro, com um sorriso divertido no rosto. Singrid franziu o cenho. – Eu soube sobre você e seus poderes psíquicos. Achei interessante.

– E teve a audácia de me seguir? – ela riu, mostrando os dentes. – Eu não mordo. Enfim, a que devo a honra do Príncipe Loki? Afinal, não é todo dia que uma asgardiana qualquer, é seguida por alguém da realeza.

– Receio que não. – ele pressionou os lábios, num sorriso ácido. – Já andou de cavalo? – questionou, vendo que a moça a sua frente arqueou a sobrancelha, continuou. – Me encontre aqui, amanha de manhã.

– Eu sinto que isso não foi um pedido, e sim uma ordem. Você pode ser um maníaco, eu não posso confiar em uma pessoa que acabei de conhecer.

Simples... Não confie. – o sarcasmo na voz de Loki era notável. Singrid riu, retirando o capus da cabeça.

Acredite, eu não confio.

Lila novamente viu tudo virar um borrão. Assim que piscou os olhos, estava em seu quarto, respirando ofegante. Olhou para Urd que permanecia sentada em uma poltrona.

– Você estava muita cansada, viajar no passado requer muita energia. Daremos outro passeio, amanhã. – em um piscar de olhos, a velha havia sumido.

– Essa mulher é estranha. – alegou Lila, a si mesma. Estudou o quarto, se levantando da cama em seguida. Olhou para a janela e viu que as estrelas já estavam no céu escuro dominado pela noite. – Como será que todos vocês estão ai em Midgard? Cara, eu preciso parar com isso. É Terra, Delilah!

Dois toques foram ouvidos. Lila murmurou um ‘’entra’’.

– Boa noite, Delilah.

Loki estava com os lábios curvados em um sorriso sarcástico, deveria saber que Lila estava começando a ganhar sua memória de volta.