Make a Memory

Capítulo XXX – Pedacinho


Na casa dos Khoury, César recebia uma visita.

— E então, Eron? Conseguiu o que eu pedi?

— Consegui, doutor César. Inclusive eu já trouxe aqui para o senhor os papéis da venda da casa. Pode ficar tranquilo, pois ela já tem um novo dono.

— Ótimo. Foi bom você ter sido rápido. Lembra aquilo que lhe falei?

— Claro que me lembro, doutor César. Eu não poderia esquecer...

— Eu já ia apressá-lo para fechar esse negócio o mais depressa possível. Eu ouvi uma conversa daqueles dois com a Pilar. Eles vieram aqui perguntar o endereço daquela casa.

— Ah, foi? Quer dizer que... Eles pretendem ir para lá, já?

— Eu não sei, nem quero saber. Pouco me importa os planinhos deles, o que me importa é que não vão concretizá-los. Quando chegarem lá na casa e verem que já tem alguém morando lá, vão ter que dar meia volta. Se aquele tal do Niko estava pensando que ia levar o Félix para longe e tomar conta da minha casa, se enganou redondamente.

Eron continuou fingindo imparcialidade, mesmo explodindo por dentro. Mesmo que César falasse mal de Niko, os planos do médico ajudavam os seus próprios planos a estarem cada vez mais próximos. Estava chegando a hora de ele tentar a última cartada para reconquistar a confiança de Niko e, talvez, o seu amor. Pelo menos, era o que ele imaginava e o que queria.

...

Enquanto isso, na casa de Niko...

— Preparados para a melhor viagem de nossas vidas?

— Sim! – Félix e Jayminho responderam ao mesmo tempo. Estavam todos felizes terminando de fazer as malas para a viagem à Angra dos Reis. O final de semana havia chegado e Niko havia explicado ao filho que eles iam conhecer a casa para onde poderiam se mudar em breve. Jayminho se lembrava de como Félix havia descrito a casa antes e estava adorando a ideia de conhecer finalmente o lugar.

Não só Jayminho estava ansioso, como Félix e Niko também. Cada um por seus motivos. Mas, havia dois motivos em comum para o casal. A possibilidade de ter um novo lar para aquela nova família que estava se formando, e a esperança de que lá as memórias de Félix voltassem. Niko não sabia bem por que, mas tinha um bom pressentimento quanto a essa viagem. Já Félix, não podia dizer o mesmo.

— Jayminho, vai ver se falta pegar alguma coisa no seu quarto, eu vou terminar de arrumar seu irmão, tá?

— Tá, papai.

Enquanto o garoto ia ao quarto, o loiro notou que seu amado estava com o pensamento distante e muito sério.

— Você está bem, Félix?

—... Estou.

— Mesmo? Você não falou quase nada desde que a gente começou a arrumar as coisas. Você só se animou mais quando estava brincando com o Jayminho, mas mesmo assim... Sei lá, te achei preocupado.

— Não, acho que estou só... Ansioso.

— Tem certeza? Eu te conheço, Félix...

— É... Pelo jeito eu não posso esconder nada de você, né?

— O que foi, hein? Me diz.

— Niko, você se lembra de quando eu disse que tinha a impressão de que nunca mais ia ver meu pai?

— Lembro. E acho que você não deve pensar essas besteiras.

— Não é besteira. Eu tenho mesmo essa... Sei lá, essa impressão, esse pressentimento, não sei!...

— Meu amor, pra você ficar mais tranquilo... Gostaria de ir vê-lo antes de a gente viajar?

— Eu... Eu quero. Quero me despedir dele.

— Ei... Não precisa ser uma despedida definitiva. Vê se convence ele a ir com a gente, ou, pelo menos, deixar a gente visitá-lo. Vocês não precisam se separar para sempre, nem devem. Apesar de tudo vocês são pai e filho e merecem outra oportunidade.

— Eu vou tentar conversar com ele.

— Ótimo. Vamos?

Algum tempo depois, chegavam à casa dos Khoury. Niko ficou esperando no carro com os filhos enquanto Félix desceu para conversar com o pai. No quarto, porém, deu de cara com Eron.

— Você aqui?

— Eu sou o advogado do doutor César, caso não se lembre.

Félix, como sempre não gostando nada do jeito debochado de Eron, fingiu de novo que se lembrava de tudo, como da última vez que falou com ele.

— Claro que eu me lembro, lacraia. Lembro muito bem. Mas, agora dá licença que eu quero falar com o meu pai a sós.

César se pronunciou. – Eu não tenho nada para falar com você, Félix!

— Mas, eu tenho que falar com o senhor e não vou sair daqui até falar. Portanto, peço que o seu advogadozinho se retire se não quer que eu mesmo o tire daqui.

— Eu só saio se o doutor César pedir. Não é confiável deixar você sozinho com ele. Ele não pode se defender.

Eron achou que aquilo ia abalar Félix já que para ele Félix se lembrava de tudo que tinha feito e isso soaria ofensivo, mas quem acabou se ofendendo com aquela frase foi César.

— Eu ainda posso me defender muito bem, Eron. Saia daqui.

— Hã? M-Mas...

— Nem mas, nem meio mas. Saia. Eu vou ouvir o que ele tem a dizer.

A satisfação de Félix foi tão grande por saber que o pai o queria ouvir que ele acabou olhando para Eron com a cara cínica que ele costumava fazer. Eron não tinha como duvidar que a memória do seu rival havia voltado.

— Está bem, doutor César. Eu já vou. Com licença.

Eron saiu, entretanto, aproveitou que não tinha mais ninguém para ficar ouvindo a conversa atrás da porta.

— Pai... Gostei de saber que você quer ouvir o que tenho a dizer e...

— Está errado, Félix. Eu não quero te ouvir. Mas, já que se deu ao trabalho de aparecer, fale logo e saia também.

Eron riu atrás da porta enquanto lá dentro Félix respirava fundo para não se deprimir.

— Tá bom, eu serei rápido. Pai, o... O meu noivo está esperando lá fora e a gente vai...

— O seu o quê?

— O m-meu noivo.

— Noivo? Não, definitivamente não tinha como ser mais ridículo! Eu devia ter te mandado sair antes de abrir essa boca.

— Não precisa falar nada, só me escuta, por favor. Ele, eu e nossos filhos, nós vamos viajar hoje, vamos à Angra dos Reis...

Ao ouvir isso Eron saiu de lá imediatamente para comprovar se Niko estava mesmo lá fora com os filhos. Ao ver que era verdade, foi embora depressa, pois sabia que a hora certa de pôr seu plano de vingança em ação havia chegado. Enquanto isso, dentro do quarto, a discussão continuava.

— Você enche a boca para falar “nossos filhos”? Não existe filhos, vocês são dois homens, isso é a coisa mais asquerosa que...

— Pai, só me escuta, por favor! Eu não quero levantar a voz, eu não quero brigar, eu não quero sofrer mais do que já estou sofrendo...

— Ah, então está sofrendo? O que foi? Viu que essa vidinha nojenta que você leva só ia te levar ao sofrimento, como eu falei?

— Não. Não é nada disso. Com o Niko eu sou feliz, completamente feliz. Eu sofro por outros motivos. E um desses motivos é o senhor.

— Eu?!

— É. O senhor... E eu. Eu sinto que... Que não vamos mais nos ver, pai.

César estranhou aquele comentário, mas continuou a discussão. -... Eu disse que não quero mais te ver enquanto você estiver com essa invenção de namorado e de filhos...

— Não é mais namorado, é noivo. E nós dois vamos nos casar. E eu vou viver o resto da minha vida com ele.

— E era isso o que queria me dizer? Se for, saia.

— Não. Não é só isso. Eu queria te dizer que eu... Eu te amo, pai. Eu te amo.

Diante do silêncio de César, Félix continuou:

—... Eu tive vontade de te dizer isso, não sei por quê. Também não esperava uma resposta sua, porque já vi que o sentimento não é recíproco. Eu só queria que a gente se desse bem... Eu queria muito que a gente se desse bem, que você aceitasse vir com a gente, para eu cuidar do senhor, lhe ajudar... Mas, parece que isso é impossível, não é?... Então... Tudo que me resta é me despedir do senhor.

— Era isso? Então, adeus, Félix. – Foi tudo que César disse, da maneira mais fria possível, pelo menos, aparentemente. Mas, o filho balançou a cabeça discordando.

— Não. Não. Não é “adeus, Félix”. Está errado, pai.

— O que você queria? Um abraço, um “boa sorte”? Eu não vou desejar nada disso para você.

— Não precisa. Não precisa me desejar nada, eu sei que eu ficarei bem ao lado do Niko. Mas, a quem o senhor deve um adeus, não é a mim.

— É a quem, então?

— Ao Cristiano.

Novamente César permaneceu em silêncio, agora surpreso e sem compreender o que o filho queria dizer. Mas, Félix sabia muito bem o que dizia. Era o que ele estava sentindo no fundo do seu coração, durante todo esse tempo e mais ainda após ouvir uma breve conversa entre seu noivo e sua mãe...

... ... ...

—... Este é o endereço, Niko, tome. – Pilar entregou um papel para Niko. – Acho ótimo vocês quererem ocupar aquela casa. Ela é grande, espaçosa, muito bonita. Vai ser muito boa para os seus filhos.

— E mais que isso, Pilar, acho que essa casa pode representar um grande passo nas nossas vidas. – Pegou na mão de Félix. – Não é, meu amor?

— É, carneirinho. – Ele concordou.

— Vamos? Eu preciso passar no restaurante ainda...

— Ah, já vão? – Pilar indagou. – Fiquem mais um pouquinho.

— Não vai dar, Pilar. Temos mesmo que ir agora. Ainda vou ao restaurante antes de buscar o Jayminho na escola.

Eles levantaram para ir, mas Félix pediu: - Deixa eu ir ao banheiro rapidinho antes de irmos.

— Tá, vai lá.

— É... É por ali, né?... – Félix perguntou apontando para um lado.

— É sim, meu filho, pode ir. – Pilar afirmou.

Assim que Félix se retirou, o noivo e a mãe começaram a conversar sobre ele. Ao perceber isso, Félix parou num canto escondido para ouvir o que falavam.

— Ele está tão diferente, Niko. Até parece outro.

— Ele é outro, Pilar. Não é aquele Félix que conhecemos.

— Por que diz isso? Ele está diferente com você?...

— Mais ou menos. Eu sei que ele me ama tanto quanto antes... Mas... Não é igual, sabe?

— As confusões em sua cabeça o afetaram bastante, não foi? Ainda me dói pensar que ele... Que ele ficou achando ser o irmão...

— Sabe, Pilar, às vezes eu sinto que o Félix está preso... Preso dentro dele mesmo. Ele não age como costumava agir, ele se mostra mais tímido, mais quieto, está pensativo demais o tempo todo. ... Não é ele. É um pedaço dele. Aquele homem é só um pedaço do meu Félix.

— E mesmo assim você pretende se casar com ele, Niko?

— Eu o amo, Pilar. Eu amo esse pedacinho do Félix dentro do Cristiano.

— Ele ainda pensa ser o...

— Não. Ele sabe quem é. Ele só não sabe como ser quem é. Por isso, eu acho que ele continua sendo outro.

— Você deve ajudá-lo muito, Niko. Ele precisa tanto de você...

— E eu preciso dele. Não sabe o quanto preciso. E mesmo não sendo ainda, e talvez nunca mais, o homem completo pelo qual me apaixonei, eu vou continuar completamente apaixonado pelo pedacinho que resta do meu Félix.

Após ouvir isso, Félix tratou de voltar rápido para a sala para se despedir de sua mãe e partir. Partir pensando muito no que havia ouvido.

... ... ...

No quarto de César, Félix continuava:

— É ao Cristiano que o senhor deve um adeus. Todos esses dias ao lado do Niko eu venho descobrindo cada vez mais e mais quem é o Félix. Mas... Eu sinto que ainda não sou ele. Eu sei que eu não sou como o Félix sempre foi, que não sou aquele que todo mundo conheceu, eu sei que estou diferente, que sou diferente, mas... Eu não sei ser de outro jeito. Eu me sinto tão confuso, tão... Perdido. ... Porque, no final das contas, eu cheguei a uma conclusão... Eu não sou o Félix. Eu ainda sou o Cristiano brincando de ser o Félix. E isso só porque eu descobri que o Cristiano morreu e que o Félix, na verdade, sou eu. Só que não, sabe? Ainda não sou eu. ... É complicado demais para entender, nem eu entendo. Mas, no meio disso tudo, eu também descobri outra coisa... Que todo mundo quer o Félix. Todo mundo ama o Félix. E pelo que eu já soube, parece que o Félix nunca se sentiu amado. ... Quantos erros eu cometi!... Mas, é a hora de mudar. E se eu nunca recuperar as memórias do Félix, eu farei novas memórias para mim. E a partir do momento que eu aceitei me casar com o Niko, que eu aceitei unir minha vida a dele, quem disse sim não foi o Félix, foi o Cristiano, fingindo ser o Félix. ... Portanto, pai... Se para eu seguir sendo feliz com a vida que eu tenho agora e com o meu amor eu preciso ser o Félix... Eu seguirei sendo o Félix. Para sempre. E ninguém nunca mais voltará a ver o Cristiano. Por isso que é a ele, a esse seu filho que você perdeu, que você deve um adeus. E se você não pôde se despedir dele na primeira vez que o perdeu... Se despeça agora, pai. Se despeça de mim... Porque essa é a última vez que o Cristiano fala com você.

Cada palavra que saiu da sua boca saía engasgada com a dor que apertava seu peito. Seus olhos já não podiam ver direito de tão embaçados pelas lágrimas. E César, praticamente sem enxergar agora também por conta das lágrimas, com muita emoção se despediu, finalmente, do seu primogênito.

—... Adeus, Cristiano.

O filho se dirigiu à porta. Mas, antes que pudesse sair, ainda pôde ouvir o pai lhe dizer:

— Eu também te amo... Meu filho.

Ouvindo isso, ele se debulhou em lágrimas e saiu correndo de lá, para se confortar nos braços do seu amado.

...

No carro, Félix entrou rápido e, chorando, se abraçou com o Niko.

— Amor, o que foi? O que você tem?

Jayminho, vendo a cena, também se preocupou. – Papai Félix, tá chorando por quê?

Embora sofrendo por dentro com tantas dúvidas que pairavam em sua mente por causa das palavras do pai, Félix enxugou as lágrimas, respirou fundo e lhes mostrou um sorriso.

— Não é nada. Eu estou bem.

— Tem certeza? – Niko insistiu. – Brigou com o seu pai, foi isso?

— Não, não, dessa vez a gente não brigou, não. Só conversou. – Ele parou por um instante refletindo sobre toda a conversa com o pai e disse: - Agora vai ficar tudo bem. A partir de hoje, seremos a família que você quer, Niko. E eu serei o homem que você deseja. Eu farei de tudo para ser o seu Félix... Por completo.

Niko não entendeu o que ele quis dizer já que não sabia que Félix havia ouvido sua conversa com Pilar no outro dia, mas sorriu aliviado por ver o amado mais calmo e deu partida no carro.

— Então, vamos visitar nossa futura casa?

— Vamos! – Jayminho respondeu com entusiasmo e todos eles partiram rumo à esperança de uma nova vida.

...

...

...

Horas depois...

Paramos para comer num pequeno restaurante já em Angra antes de irmos até o endereço onde ficava a nossa possível futura casa. Eu estava ansioso para conhecê-la e o Jayminho também. Ele era só alegria, falando o tempo todo e brincando com o irmãozinho. Por outro lado, o Félix estava diferente desde a conversa com o pai. Eu não podia deixar de notar o meu amor distante, calado. Eu daria tudo para ler seus pensamentos e saber resolver suas aflições. Aproveitei um instante em que o Jayminho ficou distraído olhando o mar pela janela do restaurante para falar com o meu noivo.

— Não vai me falar o que aconteceu?

— O que aconteceu quando?

— Quando você foi falar com o seu pai. Félix, eu não sou bobo. Eu te conheço melhor que ninguém e sei que você está tentando mostrar que não está triste, mas está. O que foi que aconteceu, hein?

Ele deu um suspiro profundo e eu percebi que ele precisava desabafar.

— Ele disse que me ama.

Aquilo me surpreendeu.

— O seu pai disse que te ama? Que... Que bom, Félix! Uma vez você me contou que ele nunca tinha te dito que te amava...

— Mas, não foi pra mim, foi para o Cristiano.

Não compreendi aquele comentário.

— Como assim?

Ele me olhou muito sério e falou:

— Niko, eu também não sou bobo. Eu ouvi quando você disse a minha mãe que eu não era o homem completo que você conheceu, que eu era agora só um pedaço dele.

— Ah, Félix... Desculpa se eu te magoei de alguma forma, não era minha intenção...

— Eu sei. Você é muito bom, Niko, e eu sei que você me ama... Mesmo que seja só um pedacinho de mim.

— Não! Não, meu amor, eu te amo por inteiro, eu te amo por quem você é, eu amo você...

— Mas, eu não sou inteiro. Eu não sou aquele que você ama. Não completamente. Entende?

— Não.

— Você estava certo. Eu ainda sou só um pedaço do homem pelo qual você se apaixonou. Eu não sou o Félix que todos conhecem, que você conheceu. Eu sou... Alguém... Alguém tentando ser o mais próximo possível do Félix.

Eu nem soube mais o que dizer diante disso. Ele estava sendo totalmente sincero comigo e consigo mesmo. Eu não podia questioná-lo mais do que ele já se questionava. Mas, uma coisa apenas eu podia perguntar...

— Só me diz uma coisa... Você tem certeza do que vamos fazer?

— Está falando sobre nos casarmos?

— Estou. Você quer mesmo se casar comigo? Está seguro do passo que vai dar?

— Niko, eu quero. De verdade. Eu quero muito ficar com você para sempre. Só me perdoe por eu não estar conseguindo ser mais aquele homem que eu fui, aquele que você quer, que você gosta...

— Eu gosto de você! Vê se entende uma coisa... Você pode ser só um pedacinho do Félix que eu amo... Mas, o meu amor é completo. E é completamente seu. Portanto, mesmo que você seja ainda só um pedacinho... Eu estou aqui para te ajudar a juntar todos os outros pedacinhos de você.

Apertamos as mãos e eu o lembrei:

— Lembra que eu sempre estarei com você, nunca vou te soltar.

— Carneirinho, eu juro que nunca vou me esquecer disso. Eu também não vou te soltar.

Após esse desabafo e o almoço, partimos em direção à nossa nova casa. Era hora de conhecermos nosso futuro lar. Eu desci com o Jayminho do lado e o Félix vinha logo atrás com o Fabrício nos braços. Contudo, ao chegarmos lá...

— Ué! Parece que tem gente lá dentro. Será que o caseiro? – Eu me perguntei enquanto Félix me olhava sem entender nada. Como Pilar nos havia dado uma cópia da chave, abri a porta e entrei na frente.

Eu logo falei alto para caso tivesse alguém ali: - Olá! Tem alguém em casa? – Ouvi os passos de uma pessoa se aproximando. Pensei se tratar do caseiro, porém a voz me soou estranhamente familiar.

— Quem está aí? – Gritaram. E eu respondi:

— Eu sou Niko, estou com Félix Khoury aqui. Somos os novos donos da casa. – Eu não estava mentindo. Era o que pretendíamos ser, até a tal pessoa aparecer...

— Novos donos? Estão enganados. Essa casa já tem um novo dono.

...