Make a Memory

Capítulo XXII – Reviver


... ... ...

... - Fui lá buscar meu pai, tirei ele daquela casa horrorosa... Ele e o filhinho dele... Das mãos daquela mulher e, mesmo assim... Até agora... Nenhum gesto, Niko, nenhuma palavra de agradecimento... ... Acredita que hoje ele disse que ainda ama a Aline?!

— Acredito... Acredito Félix! Sentimento não tem explicação... A gente não escolhe quem a gente ama! Às vezes a gente tá com uma pessoa que a gente sabe que é a pessoa errada, até mesmo uma bandida, aliás, eu tenho certeza que seu pai sabe que ela é uma bandida... Só que no íntimo ele não quer admitir, por que o sentimento é mais forte! Entendeu?!

— Como um sentimento pode ser assim tão forte? Cegar a pessoa?!

— Você nunca teve um sentimento assim, Félix?

— Não, não dessa maneira, Niko!... Sabe, eu achei que eu amava a Edith, mas nunca com essa intensidade...

— Bi... Nem poderia né?! ... ... E nem... Nem com aquele Anjinho?

— Carneirinho, o Anjinho... Ele foi um oásis na minha vida!... Mas se você me perguntar dele, eu vou pensar só... No corpo dele! ... ... Acho que a gente tá falando de mais do que isso né?... Ei! A gente tá falando de alma! Não é?! Sei lá... ... Então essa conversa chega a você... A nós dois!

— Nós dois?

— Niko... Quando eu penso em você... Eu sinto que... Quando eu tenho que chorar, é você quem eu tenho que procurar! Quando eu preciso de alguém, é você quem me acolhe, quem me dá carinho! Quando eu penso em você eu sinto... Ai, uma coisa que, eu não sei, não consigo nem explicar...

— Não tenta explicar não, Félix! ... Sentimento não tem explicação... É assim mesmo... Só existe!

— Tô aqui dando voltas e voltas... Posso te fazer uma pergunta?

— Claro... Todas as que você quiser!

—... Eu posso dormir aqui hoje?

... ... ...

Fomos deitando na cama devagar à medida que ele me beijava. Sentir seu corpo pesando sobre o meu me fez pensar no último sonho que eu tive, ou melhor, na última recordação que veio à minha mente.

Estávamos na cama, nós dois, provando como éramos feitos um para o outro, trocando as mais intensas carícias, quando me dei conta que eu não havia lhe falado sobre essa lembrança. Eu ainda tinha muita coisa a falar com ele, mas isso em especial eu tinha que dizer antes do que estava prestes a acontecer entre nós.

— Niko...

— O que foi, Félix?

— É que... Eu preciso de te dizer uma coisa...

— O que é? Você não quer mais?...

— Não é isso. Eu quero, eu te quero mais que tudo. E quero te pedir uma coisa... É... Especial.

— O quê?

— Que a gente... Que a gente reviva a nossa primeira vez.

Sei que minhas bochechas ficaram vermelhas enquanto os olhos dele brilharam fitando os meus.

— Você... Se lembrou da nossa primeira vez?

— Eu acho que lembrei. Por isso eu quis que... Que você me trouxesse pra cá, pra o seu quarto, outra vez. Porque quando eu estava dormindo lá na casa da Márcia, eu sonhei com você. Eu sonhei com nós dois, juntos... Bem aqui... E eu só queria ser seu. S-Se nós... Se nós vamos fazer algo mais que só dormir juntos hoje... Eu queria muito reviver esse momento. Eu queria reviver a primeira noite que passamos juntos... Para assim, talvez, ser capaz de lembrar todos os momentos bons que tive com você.

...

...

Senti uma emoção muito forte tomar conta de mim quando ele me disse isso. Eu tinha razão em pensar que aquela noite seria como se fosse a nossa primeira vez outra vez. Era o nosso recomeço, afinal. E se ele estava me pedindo para relembrar esse dia tão inesquecível em nossas vidas... Claro que eu faria a sua vontade.

— Então, você quer fazer o mesmo que fizemos quando você me pediu para dormir aqui pela primeira vez? Quando você abriu seu coração pra mim e... E me disse que a gente estava falando de algo mais que corpo, a gente estava falando de alma... Não é? – Repeti o que ele me disse àquela noite para testar suas lembranças. E ele passou no teste ao completar:

— É. E essa conversa chega a você... A nós dois.

Ouvi-lo repetir tais palavras, foi de uma surpresa e uma emoção sem tamanho. Era a prova de que o meu Félix estava voltando, e eu precisava apenas ajudar a resgata-lo uma vez mais.

— N-Nós dois?

Ele me mostrou seu sorriso mais lindo. Era visível o quanto ele também estava feliz por estar retomando suas memórias. Foi assim, sorrindo, que ele me mostrou que estava de volta para mim, definitivamente.

— É verdade, Niko?... É verdade que eu te disse isso um dia? Que quando eu tenho que chorar... É você quem eu tenho que procurar. Quando eu preciso de alguém, é você quem me acolhe, quem me dá carinho. Quando eu penso em você... Eu...

— Você sente algo que você nem sabe explicar. Não era isso que você ia dizer?

—... Não. Isso eu já disse antes, não disse?

—... Disse.

— Agora eu já sei explicar. Ou, pelo menos, eu sei nomear o que é isso que eu sinto quando eu penso em você. ... É amor.

De onde tinha vindo essa confissão?! Meu coração se sentiu pleno, mergulhado na mais profunda felicidade, ao mesmo tempo em que meus olhos se encheram de lágrimas e minha cabeça não conseguia entender como ele era capaz de me dizer a mais bela das palavras: Amor. Amor... Mesmo sem saber que já me amava, mesmo sem saber que já tinha me dito isso antes, mesmo sem saber tudo que a gente já viveu... Ele me falou de amor.

— A-Amor?... É amor, Félix?... V-Você me ama?

— Eu... Sim, te amo. Eu te amo, carneirinho. – Ele afirmou com uma certeza que me arrepiou. Foi um arrepio tão bom!

Choro e risada era uma coisa só em mim. A felicidade, a realização... Tudo se misturava, era fantástico! Eu já havia sofrido tanto pelas condições do Félix que aquele momento era quase que inacreditável! Eu, que já havia lhe explicado tantas vezes sobre sentimentos, agora não sabia sequer como reagir diante de algo assim tão inexplicável.

— Você me ama mesmo? Como... Como pode saber que me ama? Você ainda nem recorda tudo que a gente já viveu, tudo pelo que a gente passou, tudo que a gente teve que enfrentar... As alegrias, as desavenças, nossas briguinhas, nossas noites nessa cama... Você ainda nem se lembra de... De como a gente é feliz quando a gente tá junto, assim, como agora. ... Como é que você sabe que me ama?

Sim, eu ainda estava incrédulo depois de tudo. Como evitar? Mas, ele tratou de me arrebatar de vez, ao responder:

— Como eu te amo, eu não sei. Eu só te amo. Mas... Sentimento é assim, não é? Não tem explicação... Só existe.

Pronto! Ele havia arrancado o meu coração de uma vez por todas para guardar consigo eternamente, e eu continuaria vivo, pois o amor seria o bastante para preencher meu peito.

...

...

O Niko tinha razão. Eu não sabia como amá-lo ou por que o amava. Mas, apesar de tudo eu sabia que o que sinto por ele é amor. E nós já não podíamos mais ficar só sentindo... Tínhamos que viver aquele amor completamente.

— Félix! Você não sabe o quanto eu esperei para ouvir isso de novo!... – Ele se abraçou a mim chorando muito. Parecia que não ia mais conseguir parar. Ele não precisava me dizer mais nada. As suas lágrimas e toda aquela emoção eram suficientes para me mostrarem que o sentimento que havia entre nós dois era mesmo inexplicável de tão grande e bonito que era.

Fiquei fazendo um cafuné nele até ele parar de chorar. Enquanto isso eu admirava a beleza daquele corpo seminu acima do meu corpo, e pensava no que viria a seguir.

— Niko...

— Hã?

— Então?...

— Então o quê? – Ele levantou a cabeça para me olhar.

— Você... Vai me mostrar como foi a nossa primeira vez?

Seu corpo estava tão junto ao meu que eu juraria que podia sentir o seu coração batendo acelerado. Acho até que eu podia. Ou talvez fosse o meu que ansiosamente aguardava o próximo passo que ele daria.

Ele não disse mais uma palavra sequer. Para quê? Ele apenas me olhou nos olhos e disse tudo, tudo que eu precisava entender.

Ao me beijar delicadamente senti uma excitação tomar conta dos nossos corpos que pediam um ao outro, se moldando num encaixe perfeito. Aquele beijo tão suave, tão simples, contrastava com o fogo intenso da paixão que queimava nossa pele em cada centímetro onde a gente roçava um no outro. Onde foram parar nossos pulmões? Pois o ar já nos faltava...

...

...

Eu não conseguia mais respirar... E daí?! Ele podia me tirar todo o ar dos pulmões que eu seguiria beijando-o, matando toda a imensa saudade que eu estava dele. Saudade dos nossos beijos, saudade das nossas carícias, saudade dos nossos corpos se querendo, saudade dos nossos corações batendo forte que de tão sincronizados parecem ser um só.

— Félix... – Falei num suspiro ao largar sua boca. – Quer que tudo seja igual a nossa primeira noite, não quer?

— Quero, Niko. Eu quero.

— Então... Eu vou pegar uma coisinha pra você. Mas, tenho que te pedir algo, algo que você não pode deixar de fazer durante toda a noite para ela ser perfeita.

— O que é?

— Por favor, só me chama de carneirinho. Só assim, como você sempre me chama. Principalmente quando a gente faz amor.

Ele sorriu para mim e aceitou. – Tá certo... Carneirinho.

Esbanjando tanto charme assim, o que mais eu faria senão sorrir também e enchê-lo de beijos? Mas, antes...

— Eu vou pegar uma coisa pra você, você precisa usar.

— Tô ficando nervoso, carneirinho.

— Calma, eu já volto. Eu tive uma ideia para fazer dessa noite o verdadeiro momento revival da nossa primeira vez.

...

...

Niko foi depressa pegar algo e eu não podia negar que eu estava ficando cada vez ansioso. De repente ele vem com uma cueca preta. O que é isso? Todo mundo gosta de me dar cuecas de presente?

— Veste isso, Félix.

— Por quê?

— Porque é sua. Você esqueceu aqui. Eu a achei no banheiro depois que você sofreu o acidente. Eu a usava para me lembrar de você...

— Como assim você a usava?

— É... Não como você deve estar pensando! Eu só olhava pra essa cueca e pensava em você, pensava em te ver usando... Enfim. Veste, vai. Você estava com uma cueca preta na nossa primeira noite.

— Ah é? Tá. – Peguei-a e fui tirando a outra quando notei o olhar do Niko fixo em mim. – Hum... Você vai ficar olhando?

— O quê que tem? Já te vi pelado várias vezes.

— Mas... Você já tinha me visto pelado antes da nossa primeira vez, por acaso?

...

...

Eu entendi muito bem o que o Félix queria. Ele queria que aquele momento fosse realmente uma nova primeira vez para nós. E era, pelo menos, para ele. Era compreensível a importância que aquilo tudo tinha para ele e eu estava disposto a tornar aquele momento em uma nova memória que, dessa vez, ele jamais iria esquecer.

— Vai lá vestir isso no banheiro, vai. Eu quero te ver.

Ele foi. Apesar do seu pedido e da sua determinação em realizá-lo, ele ainda tinha um ar de timidez que me encantava. Aproveitei para também vestir a minha cueca branca. E ele então saiu, com aquela cueca preta que me pedia para tirá-la.

— Era assim, Félix... – Fui chegando mais perto. – Era assim que a gente estava. Eu de cueca branca e você de cueca preta, combinando com a roupa, claro, porque você é assim...

— Assim como?

— Vaidoso.

— Ah!... Pensei que a cor fosse para combinar com a personalidade.

...

...

Ele me olhou estranho, obviamente sem compreender o que eu tinha dito. Mas, tinha tudo a ver. Ele de branco, como a mais pura luz que me iluminava para me tirar da escuridão. Escuridão que já cobriu minha alma um dia, mas que agora eu sabia que já não existia mais. E o Niko era o responsável por isso.

— O que quer dizer, Félix?

— Deixa pra lá. Então... O que... O que fizemos depois de ficarmos assim, só de cueca?

Ele me deu um sorrisinho que era a mistura perfeita entre inocência e malícia. Quanta perfeição! E aí ele olhou fundo nos meus olhos e falou antes de eu sentir suas mãos pegando as minhas e me guiando para a cama:

— Eu vou te mostrar.

...

...

Guiei-o até o lado da cama, mas pedi: - Fica de pé. Eu também quero reviver desse momento, tanto quanto você.

Dali em diante, o controle do corpo estava a cargo do coração.

Passeei com minhas mãos massageando sua pele, dos braços aos ombros e pescoço. Cheguei ao seu rosto e o puxei para dar-lhe o beijo mais sensual possível.

...

...

Que beijo era aquele que estava me fazendo flutuar sem sair do chão?

Minhas mãos não sabiam para onde se encaminhar, então as coloquei nos quadris do Niko, puxando-o devagar para mais perto ainda de mim. Mas, ele fez o movimento contrário. Ele se encostou à parede e me puxou com força, com pressa. Nossos corpos se colaram e eu, sem querer, mas querendo, pressionava-o contra a parede, apertando-o, sentindo cada centímetro de seu corpo em pura excitação.

...

...

O que estava tomando conta de nós naquele instante era um tesão inigualável. Eu já podia sentir o quanto o Félix não ficava indiferente às minhas carícias. E eu ainda queria mais, muito, muito mais.

— Sabe o que a gente fez depois?... – Indaguei com um sussurro ao seu ouvido.

— O quê? – Ele me perguntou no mesmo tom.

Com as minhas mãos em seu peito agora, o fiz dar dois passos para trás. Apenas o espaço necessário para que eu pudesse me agachar à sua frente. Ele me olhou com uma carinha assustada, como se no seu íntimo já soubesse o que eu ia fazer. Claro que sabia. E era isso mesmo que eu ia fazer. Se eu não podia levar sua mente às memórias, eu a levaria à loucura. Quem sabe assim, no êxtase das emoções, ele teria um caminho para o retorno de suas lembranças.

...

...

Ele ficou me encarando por todos os segundos em que abaixava a minha cueca. Meu sexo ereto pulou para fora pedindo por seus carinhos. Ele pegou, olhou e encostou a boca, me fazendo sentir como se uma corrente elétrica atravessasse todo meu corpo. Esse choque bom se transformou numa sensação maravilhosa quando sua boca e suas mãos começaram a trabalhar.

Minhas pernas ficaram bambas. Meu coração já não tinha mais um ritmo a seguir, era um descompasso total. Minha cabeça era uma nuvem de intenso prazer. Eu me segurei nos cabelos dele, e senti uma das melhores sensações do mundo quando me vi com os dedos em meio aos seus cachinhos dourados.

— Que cabelo macio que você tem! – Parecia bobo exclamar isso em pleno o sexo, mas para mim cada mísera sensação era muito importante. Tudo aquilo eu sentia como se já tivesse vivido. E era bom, bom demais! Era bom porque eu sabia que já tinha vivido aquilo e não queria parar de viver.

...

...

Eu olhava para ele de vez em quando e ele me dava sua melhor expressão de prazer. Aquela que minha libido mais gostava. Que lindo!

Quando senti que ele chegaria ao orgasmo só com aquilo, parei. Ainda estava longe de acabar.

— P-Por que parou, Niko?

— Ei! Combinamos que você só ia me chamar de quê?

— Carneirinho.

— Então, me chama... Me chama de novo e me pede o que você quiser.

...

...

O que era aquilo? Que poder era esse que ele tinha sobre mim? Poder de me hipnotizar ao me fazer olhar para o verde daqueles olhos apaixonantes.

— C-Carneirinho... – Engraçado como ele não estava fazendo nada e mesmo assim conseguia me deixar completamente sem fôlego e sem noção. – Carneirinho...

— Pede, Félix, pede o que quer. Você... Você sonhou com a nossa primeira vez, não sonhou?

— Sonhei.

— E você lembrou algumas coisas que fizemos, não lembrou?

— Lembrei...

— Sim. Só que sonhos nunca são tão completos quanto a realidade. Você quer mesmo reviver tudo?

— Quero.

— Tem certeza?

— Eu nunca tive tanta certeza na minha vida. E acho que nem antes, nessa vida que eu sequer me lembro, eu nunca devo ter tido tanta certeza do que eu quero quanto agora.

Eu tinha que ser sincero, então deixei meu coração falar e agir por mim. Eu o puxei para mim dessa vez, e concluí:

— Eu quero você, carneirinho. Eu te quero agora. E eu serei seu.

...

...

Achei que meu coração fosse sair pela boca com o pulo que deu quando ele me puxou e me disse que seria meu. Mas, se meu coração saísse pela boca seria para ele como sempre, pois eu não esperava o beijo ardente que ele me deu após isso.

A sensação de que haviam arrancado o chão de debaixo dos meus pés voltou. Mas, não era como se eu caísse num abismo sem fim como quando recebi a notícia do acidente. Não... Agora era como se eu pudesse voar e alcançar o céu. E essa sensação tão boa era somente por um motivo: porque o meu Félix, o verdadeiro e único, o meu amor, estava de volta.

Ele tomou meus lábios como se tomasse a última gota de água do deserto. Ao me soltar, me senti nas nuvens. Era como se eu pudesse mesmo voar em seus braços.

Era a hora de fazer a vontade dele.

— Deita. – Pedi.

...

...

Ele pediu e eu obedeci sem titubear. Ele, ainda de pé, puxou a cueca de minhas pernas. Pronto. Agora eu estava completamente nu, a sua espera. Totalmente entregue ao que ele quisesse fazer de mim.

Ele engatinhou na cama, vindo por cima de mim. Eu já nem sentia mais as batidas do meu coração, só sentia que ele estava eufórico, ansioso e apaixonado. Combinação perfeita para não se ter mais controle sobre nada.

...

...

Félix foi encaminhando as mãos para os meus quadris de novo. Me tateando por cima do tecido da cueca ele ia me descobrindo e eu, ia enlouquecendo. Já não estava mais resistindo, mas ainda me restava a última dose de controle para pensar em mais uma coisa...

— Espera. Antes eu mesmo vou tirar a minha cueca, tá?

— T-Tá.

Levantei e fui até de frente do meu guarda-roupa. Fiquei de costas para o Félix e fui tirando a cueca bem devagar. Lembrei que ele adorava quando eu fazia desse jeito, e esperei que ele lembrasse também.

Vi de lado que ele não parava de me olhar. Seu olhar era fixo, enigmático... Eu queria muito saber se ele estava se lembrando de algo naquele breve instante. Mas, lembrando ou não, fiz igual à última vez. Ao passar a cueca pelos joelhos, me abaixei esperando ouvir aquele grito animado dele. Mas, tudo que ouvi foi o silêncio.

Ele ficou calado. Achei que minha tentativa havia sido um fracasso, ele não recordaria daquele episódio de intimidade entre nós. Conformado, passei a cueca pelos meus pés e voltei para a cama.

Novamente engatinhei por cima dele, e ao chegar mais perto e começar a beijá-lo, ainda perguntei:

— Gostou do meu mini strip-tease só pra você?

— Gostei. – Ele deu uma risadinha e acrescentou: - Quando você se abaixou, eu... Nossa! Quase vi até seu apêndice, carneirinho.

— C-Como é? – Nossa! Como aquelas palavras me surpreenderam! Ele repetiu exatamente o que me disse da última vez!

— É... Eu só... – Ele riu de novo e mordei os lábios. – Eu quis dizer que foi... Inusitado.

—... Ah... Tá. – Fui sincero. – Sabe, é que... Você adora quando eu faço isso. Eu achei que talvez você pudesse se lembrar de uma cena como essa, de antes...

Foi aí que ele me olhou nos olhos e falou: - Quem disse que eu não lembrei?

Aquela afirmação me arrepiou dos pés à cabeça. – V-Você lembrou?

—... Quando você começou a tirar a cueca, veio um flashback à minha mente. Eu te imaginei tirando toda uma roupa... Te vi... Assim, todo sensual... Eu tive certeza de que já tinha te visto assim antes, carneirinho. Não foi só minha imaginação, foi uma lembrança, eu sei que foi.

—... Foi. – Confirmei emocionado. – Eu adoro me mostrar sexy pra você. Porque você gosta de mim como eu sou.

— E você também gostou de mim como eu era, não foi, carneirinho? Porque eu posso não me lembrar de toda a nossa história... Mas, se tem uma coisa que eu sei é que você é quem me faz feliz.

—... Eu quero te fazer ainda muito mais feliz, Félix.

— Então, faz.

...

...

Dei a deixa para que ele me fizesse sentir aquilo que um dia eu já havia sentido e não recordava como era. E se eu não recordasse mais, este momento seria uma nova memória.

Aliás, já estava sendo memorável. Eu não poderia me permitir esquecer as horas junto do meu carneirinho. Ele me despertava todos os sentidos. Seu cheiro, o sabor dos seus lábios, o calor da sua pele, sua voz que às vezes sussurrava algo incompreensível em meio a declarações de amor que me faziam perder o fôlego... E ainda estávamos só começando.

...