Make a Memory

Capítulo XXIII – Visita surpresa


... ...

—... Eu quero te fazer ainda muito mais feliz, Félix.

— Então faz.

...

Naquela manhã, acordei diferente. Acordei com um sorriso no rosto, acordei bem mais feliz. O amor da minha vida estava de volta aos meus braços, de onde não iria sair nunca mais.

Félix parecia dormir profundamente. Com certeza estava cansado depois da noite que tivemos...

... ...

Após ele me pedir para fazê-lo feliz, senti que ele estava totalmente entregue ao meu amor e a todo o prazer que eu queria lhe proporcionar.

“Então faz” ele disse. E eu fiz. Fiz de tudo para que ele se sentisse tão amado e desejado que não quisesse nunca mais fugir dessa vida. O Félix seria meu de novo, mesmo ainda não sendo completamente o meu Félix.

... ...

Levantei devagar para não acordá-lo. Era hora de avisar a família dele que ele estava comigo e estava bem. Combinamos isso depois de fazermos amor. Nossa noite foi bem memorável, embora ele não tenha conversado muito...

... ...

— Vem cá... – Puxei-o praticamente para meu colo e o abracei. – Foi bom?

—... Foi.

— Mesmo?

— Mesmo.

— Muito ou só um pouquinho?

Ele deu uma risadinha tímida. – Foi muito bom, carneirinho.

— Então... Não entendo por que essa carinha triste.

— Não é triste. É... É que eu tô sentindo uma emoção... Uma coisa tão boa, Niko... – Ele me abraçou mais forte e senti suas lágrimas em meu peito.

— Ei! Que foi?... Não acredito que está chorando. Desse jeito não vamos reviver nossa primeira vez por completo.

— Por que não?

— Porque depois que fizemos amor pela primeira vez... Quem chorou fui eu.

— Sério? E você chorou por quê?

— Por... Por tudo. Por estar com você... Por ter finalmente conseguido te conquistar. Por ter sido tão bom... Melhor do que eu imaginava! ... Sabe, eu tentei várias vezes te fazer dormir aqui e você nunca queria. Quando foi você quem me pediu, eu fiquei tão feliz, mas tão feliz que eu chorei de felicidade. Chorei por toda a sensação de felicidade e plenitude que você me proporcionou.

— Olha só... Agora sou eu quem está chorando... E justamente pelos mesmos motivos. Porque você me dá uma sensação de felicidade imensurável, carneirinho. E uma plenitude, uma paz...

— Ah, Félix, é lindo ouvir isso!... Como eu te amo!...

Niko, por favor... – Ele entrelaçou os dedos aos meus e, como se fosse um menininho carente e medroso, me pediu: - Por favor, fica assim comigo pra sempre. Não me solta. Não me solta nunca.

— Eu jamais vou te soltar, Félix.

— Me promete nunca me deixar sozinho?

— Prometo. Você não está sozinho. Você tem a mim, aos meus filhos... Nós vamos ser uma família, você vai ver. E você nunca, nunca mais se sentirá sozinho.

— Obrigado, carneirinho.

— Ei... Mas, você também tem outras pessoas que te amam, viu? Não viu como a Márcia cuidou de você? Ela te ama. O Jonathan também, a sua mãe, a sua avó... Todos estão bastante preocupados com o seu sumiço. Precisamos contar que você está aqui comigo.

— Eu sei que é preciso, carneirinho, mas eu... Eu não tô preparado pra falar com eles.

— Tudo bem. Se você quiser, de manhã quando a gente acordar eu ligo pra lá pra casa da sua mãe pra contar, pode ser?

Ele balançou a cabeça confirmando e se recostou mais em mim. Vi que ele já estava fechando os olhos de tanto sono e, então, deixei que ele dormisse nos meus braços, afinal, era o que eu mais queria. Mas, antes ele ainda me disse algo que me emocionou:

— Sabe que... De algum modo eu sei que você nunca vai me soltar. E eu te juro, carneirinho... Dessa vez eu não vou esquecer. Eu juro pelo nosso amor que não te esquecerei, nunca mais.

... ...

Eu já ia discar o número da casa de Pilar quando tocaram a campainha. Estranhei que alguém viesse a minha casa assim tão cedo. E ao abrir a porta, estranhei mais ainda.

— Eron? O que faz aqui?

...

...

...

Aos poucos fui acordando com uma sensação de satisfação e leveza que eu não me lembrava de já haver sentido um dia. Provavelmente eu já havia sentido sim, na primeira vez que dormi nos braços do Niko.

Só que ele não estava mais lá na cama comigo. Devia ter acordado e levantado, afinal, ele tem os filhos também para cuidar, não sou só eu. Se bem que ele cuidou tão bem de mim essa noite. Cada minuto, cada instante com ele foi especial. Foi mais que especial, eu diria. Foi especialmente inesquecível.

É isso. Eu não podia me permitir esquecer tudo que senti essa noite...

... ...

—... Eu quero te fazer ainda muito mais feliz, Félix.

— Então faz.

Quando eu disse isso ele sabia que eu estava entregue. Totalmente entregue a ele.

O Niko começou com um beijo demorado, que se aprofundava mais e mais. Depois, entre beijos intermitentes, ele foi se ajeitando por entre minhas pernas. Eu passeava com as minhas mãos em suas costas e quando senti o que estava prestes a acontecer, o arranhei sem querer pela excitação que senti.

— Tudo bem? – Ele indagou. Eu quem o havia arranhado e ele ainda se preocupava comigo naquele momento.

Balancei a cabeça para afirmar que estava bem e levei minhas mãos para o forro da cama. Ele, por sua vez, continuou o movimento que já havia começado e não tinha mais volta. Cada toque seu me arrepiava por inteiro. As suas mãos em minhas coxas e a pressão que eu começava a sentir só faziam meu coração disparar mais e mais. Eu já estava suando, podia sentir minha pele cada vez mais quente. Eu agarrava com força o forro da cama, quase rasgando. Quando apertei os olhos, pelo nervoso ou pela ansiedade, sei lá, ouvi sua voz a me acalmar...

— Fica calmo, meu amor. Apenas relaxe. Pense que nós já fizemos isso antes. E assim como todas as outras vezes, tenho certeza que você vai gostar. Você confia em mim?

Abri os olhos e vi os dele me trazendo aquela paz inigualável. Como não confiar nele? Confirmei com a cabeça, pois minha voz sairia embargada naquele instante.

— Confia? – Ele soltou minhas pernas e pegou em minhas mãos, entrelaçando os dedos aos meus enquanto começava a me invadir. Voltei a fechar os olhos, soltei um gemido sem querer, mas ele calou os próximos selando meus lábios com os dele. Não sem antes concluir: - Então, deixa eu te dar meu amor, deixa eu te fazer muito feliz.

Pronto. Estava consumado. Ele me dominou e me tomou para ele e agora eu era só um escravo do seu amor.

Quando eu fugi, quando me senti perdido, foi porque antes me senti como que encurralado, dominado pela minha mente vazia de lembranças. Agora com o Niko, ser dominado era prazeroso, era uma sensação que eu estava gostando demais de sentir.

— Carneirinho... – Falei nem sei por que em meio a um gemido. E falei diferente. Talvez como eu sempre o chamava antes, quem sabe.

— Félix... Está bom assim? – Ele me perguntou começando a movimentar-se dentro de mim.

Tentei respirar fundo, mas o ar não vinha. Era incompreensível como eu já estava ofegante, mas, talvez fosse compreensível afinal... Enfim, eu não conseguia mais formar pensamentos racionais.

— E-Está. Continua, carneirinho.

— Quer que eu continue?

— Quero.

Ele continuou.

— Quer que eu vá mais rápido?

Ah, a sua voz!... Sua voz havia se transformado numa agradável canção sensual que me atraía, me hipnotizava, arrancava minha alma.

— Q-Quero.

Eu mal respondi e ele iniciou um vai e vem que fazia até a cama gemer, quanto mais eu. Eu estava como que flutuando, alcançando o paraíso... Mas, digamos que o som dos nossos gemidos, da nossa respiração forte e de nossos corpos se chocando não era lá muito puritano.

Ele permanecia com os dedos entrelaçados aos meus. Era a única coisa que eu conseguia sentir além daquele prazer intenso tomando conta de todo meu corpo.

— C-Carneirinho!... Car...neiri...nho...

Eu sussurrava seu nome em meio aos gemidos. Eu até tentava me conter, nem sei por que ainda tentava, mas não conseguia de qualquer maneira. Eu tentava me soltar de suas mãos, mas ele não deixava. Ele mantinha meus dedos entrelaçados aos dele e tudo que eu podia fazer era apertar suas mãos com força e desejar que aquele momento não acabasse. Desejar também que ele não me soltasse nunca mais.

... ...

Definitivamente eu não conseguia tirar aquela noite da cabeça. Que bom! Eu tinha certeza, de todo o coração, que aquela memória eu jamais apagaria. Sobretudo quando nós dois chegamos ao ápice de tudo ao mesmo tempo...

... ...

— C-Car...neirinho...o...

— F-Félix... Félix...

Vi seus olhos se fecharem com força antes dos meus fazerem o mesmo gesto involuntário. Suas mãos apertaram ainda mais as minhas, o seu corpo tremeu, e ao sentir seu jorro quente em mim eu também me desfiz, numa avalanche de sensações que fez o meu corpo vibrar junto do dele.

Após o êxtase veio a calmaria. Os segundos de silêncio que se seguiram pareceram demorados demais para tanto que eu tinha para falar. Falar tudo que senti, o quanto gostei. Mas, ele mesmo quebrou o silêncio ao sair de mim dando um profundo suspiro de satisfação, tão igual ao que eu dei, e me abraçar com braços e pernas, sorrindo ao me girar na cama para ficar por cima dele.

— Vem cá... Foi bom?

—... Foi.

— Mesmo?

— Mesmo.

— Muito ou só um pouquinho?

— Foi muito bom, carneirinho. – Fui totalmente sincero. Aquilo havia sido mesmo maravilhoso demais. Muito mais do que eu poderia imaginar. Chegava a me emocionar.

— Então... Não entendo por que essa carinha triste.

— Não é triste. É... É que eu tô sentindo uma emoção... Uma coisa tão boa, Niko... – Abracei-o sem conseguir mais segurar as lágrimas teimosas que insistiram em cair. Achei que eu estivesse sendo bobo por ter aquela vontade de chorar logo depois de fazermos amor, mas ele, mais uma vez, me acalentou.

— Ei! Que foi?... Não acredito que está chorando. Desse jeito não vamos reviver nossa primeira vez por completo.

— Por que não?

— Porque depois que fizemos amor pela primeira vez... Quem chorou fui eu.

— Sério? – Perguntei enxugando as lágrimas. – E você chorou por quê?

— Por... Por tudo. Por estar com você... Por ter finalmente conseguido te conquistar. Por ter sido tão bom... Melhor do que eu imaginava! ... Sabe, eu tentei várias vezes te fazer dormir aqui e você nunca queria. Quando foi você quem me pediu, eu fiquei tão feliz, mas tão feliz que eu chorei de felicidade. Chorei por toda a sensação de felicidade e plenitude que você me proporcionou.

— Olha só... – Quem diria! Agora era eu quem estava sentindo tudo isso, sem sequer recordar que já o havia feito sentir as mesmas coisas. Eu precisava dizer isso. – Agora sou eu quem está chorando... E justamente pelos mesmos motivos. Porque você me dá uma sensação de felicidade imensurável, carneirinho. E uma plenitude, uma paz...

— Ah, Félix, é lindo ouvir isso!... Como eu te amo!...

Ouvir o “eu te amo” dele me levava a outro patamar da existência. Levava-me a um lugar onde só existíamos nós dois e o mundo era bonito e todo nosso. Creio que, em resumo, me levava para dentro do meu coração.

— Niko, por favor... – Eu tinha que pedir-lhe isso. Entrelacei os meus dedos aos dele repetindo seu gesto de antes e pedi: - Por favor, fica assim comigo pra sempre. Não me solta. Não me solta nunca.

— Eu jamais vou te soltar, Félix.

— Me promete nunca me deixar sozinho?

— Prometo. Você não está sozinho. Você tem a mim, aos meus filhos... Nós vamos ser uma família, você vai ver. E você nunca, nunca mais se sentirá sozinho.

Era tudo que eu precisava ouvir.

— Obrigado, carneirinho.

Ele ainda me convenceu a falar com minha família pela manhã. Aceitei, não tinha outro jeito. Apesar de ainda não me sentir muito à vontade para falar com eles, era necessário conversarmos. Ainda existia uma grande confusão em minha mente para que eu pudesse ter paz. Por isso o colo do Niko era tão bom pra mim... Porque me trazia essa paz que eu precisava. E se eu tinha certeza de uma coisa apenas na minha vida, era do amor do Niko. Do amor do meu carneirinho cujo qual eu não poderia esquecer nunca mais.

— Sabe que... De algum modo eu sei que você nunca vai me soltar. E eu te juro, carneirinho... Dessa vez eu não vou esquecer. Eu juro pelo nosso amor que não te esquecerei, nunca mais.

... ...

Lá estava eu com a alegria de ter novas memórias. A imensa felicidade de ter algo para recordar que me fazia permanecer deitado naquela cama, sorrindo sozinho, esperando que meu carneirinho voltasse. Porém, ele não voltou. E eu descobri porque quando ouvi vozes na sala.

— Eron? O que faz aqui?

Eron? Não, não podia ser! Levantei da cama, peguei ligeiro a minha roupa e me vesti, abrindo uma fresta da porta para ouvir melhor.

...

...

Eu não fazia ideia o que significava a visita do Eron, mas não estava gostando nada. Ainda mais porque me preocupava o Félix acordar a qualquer momento.

— Niko, desculpa vir tão cedo. Te acordei? – Ele foi entrando.

— É... Não, eu já estava acordado...

— Ah, bom. É que você ainda está de pijama. Quer dizer, só com a calça do pijama... E, por sinal, você fica tão bonito assim.

Ele não fazia ideia de como me incomodavam seus elogios. – Tá... Eron, quer me dizer o que veio fazer aqui?

Quando virei de costas para fechar a porta ele acabou notando uma coisinha.

— Niko, suas costas estão arranhadas. O que foi isso?

— Hã? Ah... Ah, isso? É... Eu caí. Caí quando o chão do restaurante estava molhado.

— Nossa! Eu já ia te perguntar se um gato te arranhou, parecem unhas...

— É... Não importa, né? Me diz logo o que você veio fazer aqui.

— É que eu pensei muito em você nesses últimos dias, Niko. Eu sei que a última vez que nos vimos não foi lá muito... Amigável. Mas, eu vim te pedir desculpas se te magoei de alguma forma ou se disse alguma coisa que você não gostou.

— Eron, em primeiro lugar, você me magoou de todas as formas, tá? Mas, isso é passado. Em segundo lugar, sim, você disse coisas que eu não gostei. Por exemplo, quando você insinuou que o Félix nunca vai se recuperar para voltar pra mim.

— Eu sei o que eu falei, Niko, e por isso eu vim. Eu te peço desculpas, de verdade. Aquilo foi um momento de raiva, tenta me entender...

— O que eu deveria entender?

— Deveria entender que eu me importo muito com você e...

— Ah, é, se importa muito... Bastante! Olha, o nível de importância que eu tenho pra você é lá no alto, tipo Monte Everest!

— Niko, não seja assim. Você nunca foi sarcástico. Claro, deve ter aprendido com o Félix.

— Ei! Vai falar mal do meu namorado na minha frente de novo?

— Não, não... Perdão. Mas, enfim... Eu vim aqui justamente para falar dele.

— Falar o quê?

— Niko, já faz o quê... Umas quarenta e oito horas que ele sumiu? Ele fugiu da casa dos Khoury, desapareceu sem deixar nenhuma pista, você não acha isso muito estranho?

— Não tô entendendo aonde você quer chegar.

— O Félix estava sem memória, não estava? Estava achando ser o Cristiano, não estava? Então?

— Então o quê?

— Ele pode ter ido a qualquer lugar, ter feito qualquer coisa! Você não entende, Niko?

— Não, definitivamente não estou entendendo nada que você quer dizer.

— Ai, Niko... Quero dizer que o Félix achando ser o Cristiano pode ser o que ele achar que pode ser, entendeu? Você e eu conhecemos o Félix, mas não conhecemos o Cristiano.

— Ainda não entendi, Eron.

— É mais simples do que parece, Niko. Você sabe, eu sei, todo mundo sabe das barbaridades que o Félix foi capaz de cometer no passado...

— E daí? Ele se arrependeu...

— E daí que ele até pode ter se arrependido, mas se ele esqueceu que é o Félix, ele se esqueceu desse arrependimento também, entende? Portanto, agora como Cristiano ele pode cometer as mesmas atrocidades, Niko!

Eu não estava querendo acreditar no que ele estava falando.

—... Espera...

— Não, me escuta até o fim. Eu vim aqui porque eu pensei nisso tudo e quero aproveitar agora que ele desapareceu para te proteger.

— Me proteger? Me proteger de quê?!

— Dele! Eu sei que você deve estar procurando por ele, e que se você achá-lo você não vai hesitar em trazê-lo pra aqui, pra sua casa.

— E o que tem se eu trouxer ele pra cá?

— Você não vê? Você tem duas crianças aqui, você tem um bebê que precisa de cuidado, de atenção. E que você não pode deixar a mercê de alguém que já foi capaz de jogar a filha da própria irmã numa caçamba de lixo.

Aquilo já era demais. O que mais me deixava aflito não eram as palavras toscas do Eron, era o fato do Félix ouvi-las e acabar se confundindo todo de novo.

—... Eu não acredito!... Eu não acredito que você veio aqui na minha casa, essa hora da manhã, só para tocar nesse assunto, Eron!

— Desculpa, Niko, mas é preciso falar que...

— É preciso nada! Para de falar besteira! E para de pedir desculpa também, já cansei das suas desculpas.

— Niko, se acalma, por favor, e pensa bem. O Félix é um perigo. É até melhor pra você que ele tenha desaparecido. Talvez... Pensa bem, talvez ele nunca mais apareça.

Não podia ser! Quanto mais eu encarava o Eron, mais sentia nojo de cada palavra que saia da sua boca. Quanto mais o tempo passava mais eu me perguntava como tinha conseguido conviver com ele por tantos anos.

— Eu... Eu... Eu vou fazer de conta que não ouvi o que você disse. Eu vou fazer de conta que você nunca veio aqui me importunar a essa hora da manhã, Eron. Porque você vai sair agora mesmo do mesmo jeito que entrou.

— Niko, Niko, eu só quero seu bem, tenta me entender!

— Não, não vou entender porcaria nenhuma! Você não sabe o que diz! Agora sai. Vai!

— Eu posso até ir embora, Niko. Mas, eu vou continuar te protegendo...

— Não preciso da sua proteção!

— Ok. Ok, eu vou. Mas, pensa. Pensa direito no que eu estou te falando. Se você chegar a encontrar o Félix, ele não pode vir pra cá. Pensa nos seus filhos, pensa na família que você tanto me dizia que queria ter. Pensa neles.

— É justamente pensando neles que eu vou voltar com o Félix, Eron. Pode escrever isso. Eu vou voltar com ele e ele será um segundo pai para os meus filhos.

— Você deve estar louco, Niko.

— Se vai me ofender é melhor sair agora!

— Niko, pensa! Pensa com a cabeça uma vez na sua vida!

— Tá me chamando de burro?

— Não! Eu só quis dizer que... Que você pensa com o coração e não com a razão. Me escuta... O Félix agora só te traria problemas. Ele já te traria antes mesmo de perder a memória, eu tenho certeza, mas agora... Agora ele sequer se lembra de você, Niko! Vocês já podem até ter conversado, até ter ficado juntos de novo, mas e aí? Isso serviu pra quê? Ele foi embora, fugiu e te deixou aqui sofrendo. Você e toda a família Khoury, estão lá sofrendo por ele. E ele? Onde ele está?

Foi nessa hora que meu coração quase parou e eu poderia apostar que o do Eron também com o susto ao ouvirmos a voz do Félix, que saiu do meu quarto dizendo:

— Eu estou bem aqui, lacraia.

...