Make a Memory

Capítulo II - Amor Verdadeiro


...

— E você, Félix? O que você sente pelo nosso filho? – Meu pai indagou e eu senti as mãos de Félix apertarem as minhas como num impulso.

Ele olhou para baixo, respirou fundo e voltou a olhar em meus olhos. Eu o senti mais perto de mim que nunca e uma sensação boa tomou conta do meu coração.

— Eu... Preciso ser sincero com vocês...

Fiquei me perguntando o que Félix queria dizer. Ele estava muito sério.

— Quando eu conheci o Niko meus interesses eram outros. Eu não queria saber de amor... Sequer acreditava que existia. Eu nunca havia conhecido alguém assim... Capaz de... De me amar como eu sou. – Vi Félix se emocionar e seus olhos encherem de lágrimas na minha frente. – Foi ele quem abriu as portas do meu coração. Se aproximou de mim sem interesse nenhum, mas... Mas, me conquistou assim de uma hora para outra. Quando eu percebi meu coração já acelerava feito louco perto dele e eu nem sabia por quê! Achei que estivesse ficando maluco, sei lá!... – Ele sorriu. – Achei que tinha salgado a santa ceia para me sentir tão... Tão estranho ao lado dele. ... Foi o carneirinho quem me ensinou a amar. Portanto, se o que eu sinto por ele não for amor, eu não sei o que é. Só sei que quero continuar sentindo.

Eu não tinha palavras para descrever o quão feliz eu fiquei com aquelas palavras. Emocionado, dei um abraço forte nele e queria permanecer em seus braços como se não houvesse amanhã.

— Oh, Félix! Te amo. – Sussurrei só para ele ouvir. Ele me abraçou de volta e não precisou dizer uma só palavra para que eu tivesse certeza que ele me amava também.

...

...

Algumas horas depois...

Infelizmente havia chegado a hora de meus pais irem embora. Nós os acompanhamos até o aeroporto e nos despedimos. Eu estava extremamente feliz com a boa impressão que eles estavam levando do Félix. Ele havia ganhado a simpatia deles facilmente! Também, como não amar o Félix?

Contudo, eu sentia que durante toda aquela manhã o Félix estava diferente. Apesar da conversa animada que teve com minha mãe e de demonstrar todo seu carisma, eu percebi que ele estava distante. Talvez estivesse triste com algo que não queria me dizer? Eu precisava saber.

— Papai, olha o tamanho daquele sorvete! – Jayminho apontou um sorvete enorme que estava no balcão da sorveteria do aeroporto.

— Aquele não é de verdade, filho, é só uma amostra. Mas, nós podemos comer um de verdade hoje, que tal? Nós três. – Fabrício havia ficado em casa com Adriana.

— Oba! – Ele comemorou.

— Vou comprar só porque seus avós disseram que você se comportou bem, hein? Você quer, Félix? – Quando virei para ele percebi o seu olhar preocupado. – O que foi?

— Hã? Falou comigo, carneirinho?

— Eu perguntei se você quer sorvete também, eu vou pegar um daqueles grandes para o Jayminho e para mim.

— Ah... Bom, se sobrar um pouquinho para mim depois de vocês avançarem para comer, eu quero. – Ele riu, mas eu vi que não era verdadeiro. Ele não estava bem.

— Jayminho, vai escolher o sabor que você quer lá com a moça da sorveteria que eu já vou pagar, tá?

Jayminho concordou e correu para lá. Félix e eu fomos andando na mesma direção, mas diminuímos o ritmo. Nós precisávamos conversar:

— Félix, você não me engana. Você não está bem. Está acontecendo alguma coisa?

Ele negou. – Não, carneirinho...

— Félix, olha pra mim. – Parei-o e ele me olhou. Senti que ele podia chorar a qualquer momento. – Me diz o que você tem. Eu sei que você não está no seu normal.

— Ah, era só o que me faltava! Meu normal? Qual é o meu normal, carneirinho? Não inventa ou eu vou sair bancando a egípcia aqui...

— Não tenta brincar agora que não dá certo. Eu já te conheço o suficiente para saber quando você está triste. Esqueceu que fui eu que enxuguei suas últimas lágrimas?

Acho que isso o tocou. Félix respirou fundo e finalmente me contou.

— Eu... Não estou assim tão triste, carneirinho. Pelo menos, não deveria estar, porque, afinal... Eu já estou acostumado mesmo...

— Brigou com seu pai?

— Como você sabe?

— Quando você fica com essa carinha e diz que já está acostumado, só pode ser isso.

— É. Isso.

— O que houve?

— É que... Quando eu vejo esses momentos de família como hoje, com você, seus pais, seus filhos... Eu fico pensando se eu serei capaz de um dia viver algo assim. E... Tenho minhas dúvidas.

— Por que diz isso? Você foi ótimo hoje, como sempre...

— Mas... – Ele tentou sorrir enquanto balançava a cabeça em negativo, pois parecia mais um sorriso de revolta. – Eu devo ter não só salgado a santa ceia como também servido sobremesa a Judas Iscariotes para merecer uma sorte dessas!

— Sorte? Do que está falando?

— Esse fim de semana o papi sentiu muita dor de cabeça e o Lutero teve que levá-lo ao hospital. Acabou que não foi nada demais, era uma reação normal depois de todos os problemas que ele teve. Só que... Disseram que ele ficou perguntando por mim.

— Ele perguntou por você? Como assim? Ele queria te ver?

— Não, não sei... Ele queria saber onde eu estava. Vovó disse que mami queria ligar para mim, mas ela a impediu, pois sabia que eu estava com você. Só que o pior disso tudo foi que o papi ouviu quando disseram que eu estava... Na casa do meu namorado.

— Ah... Entendi.

— Você sabe que eu já falei sobre você com ele, mas... Sabemos também que ele nunca vai aceitar.

— Eu sei.

— Ontem quando fui vê-lo, ele simplesmente não quis olhar na minha cara. Não quis que eu chegasse perto, não quis que eu o ajudasse com nada, me disse um monte de coisas, e ainda disse que se eu... – Félix engasgou com o choro que estava contendo. Enxuguei uma lágrima que escorreu em seu rosto. Ele respirou e completou. – Ele disse que se eu quisesse ficar na casa de outro homem que eu ficasse de vez, porque pra ele não fazia a menor diferença. Minha presença era totalmente dispensável e ele nunca me quis mesmo por perto, ele não... Não queria um filho como eu.

Mais uma vez ele segurou o choro que queria sair. Eu também já estava quase chorando, mas tinha que me controlar por ele e por Jayminho.

— Calma, Félix... Não chora, não quero te ver chorando... E olha, o Jayminho vai perceber e vai ficar triste por você...

— Não. Não, carneirinho, eu não vou chorar mais.

— Também não é assim, Félix, é bom chorar de vez em quando. Sabe, nos conforta...

— Mas, não. Eu não vou. Não mais. Eu... – Ele demorou um pouco, mas falou. – Eu já chorei essa noite...

— Você chorou?

— Muito. E não quero mais. Cansei. - Ele falou com uma determinação que me deixou temeroso.

—... Tá bem. Mas, saiba que se quiser chorar, você tem meus ombros. Se quiser enxugar as lágrimas, você tem minhas mãos. Se quiser um abraço, você tem meus braços. E se quiser apenas ouvir um “eu te amo”, você tem meu coração, Félix... E minha voz que nunca vai cansar de te dizer eu te amo.

Ele me olhou nos olhos e finalmente me mostrou seu belo sorriso. Pegou em meu rosto, suspirou e, de repente, me beijou. Deu-me aquele beijo carinhoso que eu tanto adoro, sem se importar com nada nem ninguém ao nosso redor. Para que se importar quando todo mundo pode ver o que é um beijo de amor verdadeiro?

Por uns instantes fui ao céu e voltei. Me senti repleto de amor, mesmo quando ele me largou.

Ouvi Jayminho nos chamando, peguei na mão de Félix e nós três fomos fazer uma festinha do sorvete para congelar de vez qualquer tristeza.

Ao voltarmos para casa, mandei Jayminho ir tomar um banho antes do jantar e fui ver como estava meu bebê.

— Oi, Adriana! Cadê meu fofinho?

— Ele tá dormindo, seu Niko.

— Deixa eu ver meu filhote... – Cheguei perto do berço e chamei Félix enquanto Adriana saía do quarto. – Ele não está lindo? – Falei baixinho como pai coruja que sou.

— Está a sua cara, carneirinho.

— Você acha mesmo?

— Eu já te disse mais de cem vezes que ele é igualzinho a você, portanto, claro que é lindíssimo.

Agarrei-me ao braço dele e dei-lhe um beijo no rosto em agradecimento.

— Sabe o que eu fiquei imaginando desde ontem quando você me falou sobre seus planos? O dia em que formos morar todos juntos, como uma família. E meus filhos vão te chamar de pai.

— Me chamar de pai?... – Ele indagou com o olhar fixo em Fabrício.

— Sim, Félix. Você não quer que eles te chamem assim um dia? Se seremos uma família, eles também serão seus filhos.

— Sabe... Eu também imagino esse dia, carneirinho.

— Sério, Félix? Você faz ideia do quanto isso significa para mim?

—... Para falar a verdade, não sei se consigo mensurar o quanto isso significa para você, Niko. Você sabe que eu nunca fui muito família...

— E daí? Eu já te disse que a gente faz uma família se quiser, e a minha já está feita e... Você já entrou.

— Já?

— Claro que já! Os meus filhos te adoram e eu te amo. O que mais é preciso?

Félix olhou para o lado e eu soube que ele queria me dizer algo.

— Félix... O que mais é preciso? Me diz.

— Eu... Não sei... Não sei como te dizer...

— Me dizer o quê? – Peguei em sua mão.

— Olha... Vamos sair daqui para não acordar o mini-carneirinho. Vamos. – Ele me puxou até meu quarto. Chegando lá, fechou a porta e começou a falar.

— Carneirinho, eu tenho que te dizer uma coisa, é importante.

— O quê? Você não me ama o suficiente para formar uma família comigo, é isso?

— Não, criatura, não é nada disso!...

— Então?... Fala que me ama.

— Oi?

— Fala que me ama, Félix! – Fiquei de pé na frente dele, encarando-o. Eu precisava ouvir aquilo. – O que pode ser mais importante para você me falar do que falar que me ama?

— M-Mas... Carneirinho, não...

— Você não sabe se me ama, não é? Por isso você não diz...

— Eu, eu sei, criatura, eu...

— O que você sabe?

— Eu sei que te amo! – Ele falou de supetão. Nós dois ficamos parados nos olhando. Eu não esperava que as palavras saíssem assim tão facilmente. Não sei o que se passava com ele, mas eu me senti tão bem ao ouvir aquelas palavras! Era como se uma explosão de felicidade, euforia e tudo que há de bom tomasse conta de mim.

— Repete. – Pedi.

Ele demorou uns segundos, mas repetiu as palavras mágicas.

— Eu sei que... – Ele respirou fundo e falou. – Que eu te amo, carneirinho.

— Fala de novo.

— De novo? Ah, não...

— Mais uma vezinha! Vai.

— Ah, não, carneirinho! Já chega.

— Não, Félix! Por favor...

Ele riu. – Só porque eu não resisto a essa carinha de carneirinho sem dono você se aproveita. Ok... – Dessa vez ele me olhou bem nos olhos e, muito sério, falou com todas as letras. – Niko... Eu te amo.

Meu coração deve ter parado por um instante. Talvez fosse minha alma alcançando o paraíso, não sei... Eu só sabia que tinha que tomar aquele homem para mim naquele instante e fazê-lo repetir mais e mais que me ama.

Agarrei-me ao seu pescoço e beijei sua boca com vontade. Caímos na cama meio desajeitados, mas eu não estava nem aí. Eu só queria aquele homem para mim, me provando todo aquele amor.

— Ei, oh, carneirinho, espera! Que fogo é esse, criatura? Escuta! Você nem me deixou falar o que eu queria te contar...

— Não importa!

— Como não importa? Você nem sabe o que é...

— Não importa! Nada importa! Você não vê? Félix... Acabei de te ouvir dizer que me ama!... Nada é mais importante que isso, entende?

Acho que ele entendeu, pois desistiu de falar o que quer que fosse e me puxou para um beijo. Agora um beijo voraz, daqueles que me tiram o fôlego, como só o meu Félix sabe dar.

Eu já estava ofegante e pronto para passar uma noite incrível com ele quando nos lembramos de que ainda era muito cedo. Eu tinha que preparar o jantar, pôr o Jayminho na cama, o Fabrício ainda ia acordar umas duas ou três vezes antes de dormir mesmo, e ainda tínhamos algumas horas antes de podermos ficar trancados no quarto. Entretanto, eu lhe dei um ultimato:

— Muito bem, Félix, eu vou ficar quietinho e calmo agora. Vamos passar um bom momento em família essa noite, mas depois, prepare-se... Você é todo meu.

Félix riu alto e sugeriu: - Sabe o que vamos fazer, carneirinho? Antes de você me ter todinho... – Nós dois rimos com o trocadilho. – Eu vou ficar brincando com os meninos enquanto você faz o jantar, ok? Vamos treinar esse negócio de família só para ver se eu me encaixo bem.

— Acredite mais em você, Félix. Claro que você se encaixa bem. – Olhei-o de cima a baixo de forma bem maliciosa. – Em todos os sentidos. – Ele retribuiu com um sorriso e me deu um tapinha na bunda antes de sairmos do quarto.

— Ah! Adoro um carneirinho ousado!

— Eu sei que adora.

...

...

Passamos o resto da noite juntos. Não tinha um só dia em que eu não ficasse mais e mais encantado com o Félix. Além de um namorado maravilhoso, eu sabia que ele seria um excelente pai para os meus filhos. Isso ficava evidente cada vez que eu, enquanto preparava o jantar, espiava da cozinha e via os meus três amores brincando juntos. O Félix, às vezes, era mais criança que o Jayminho. Eles se divertiam e o Félix sempre ensinava alguma coisa para ele. Nem o próprio Félix percebia o quanto era bom para eles... Para nós.

E quando ele cuidava do Fabrício então? Eu só faltava babar. Ele trocava as fraldas, dava mamadeira, o ninava e o mimava com tanto carinho quanto se fosse eu.

Meus meninos não poderiam ter um futuro pai melhor.

Eu, em meu silêncio, agradecia com todas as forças e a todas as forças por ter posto o Félix no meu caminho. Com ele eu realizaria meus maiores sonhos... Uma família completa e uma vida só de amor.

Após o jantar, me juntei a eles nas brincadeiras que foram até a hora de Jayminho dormir. Fui pôr meu filhote mais velho na cama enquanto Félix tratava de balançar meu bebê pra lá e pra cá até fazê-lo cair no sono. Deu certo. Sempre dava. Fabrício dormiu e parecia sonhar nos braços de Félix como se estivesse nos braços de Morfeu.

Estando as crianças dormindo, era a nossa vez de brincar.

Começamos namorando no sofá e logo eu o lembrei: - Lembra que eu disse que você seria todinho meu hoje, Félix?

— Lembro sim, mas é claro.

— Então? Você vem? – Levantei e fui em direção ao meu quarto. Estendi a mão para ele e ele não hesitou em pegar.

Entramos no quarto já tirando as roupas do caminho. Eu queria sentir aquelas mãos grandes e suas carícias na pele e sabia que ele queria o mesmo. Pude sentir o volume em suas calças ao colarmos os corpos e me arrepiei de prazer por antecipação.

Félix sempre tomava conta da situação, mas nesse dia, ou melhor, nessa noite, estava se deixando guiar por mim. Eu não podia me queixar, afinal, gosto de estar no controle de vez em quando.

— O que você quer hoje, Félix?

— Eu quero o que você quiser, carneirinho.

— Ótimo.

Já que ele estava tão entregue, peguei suas mãos e coloquei-as nos meus ombros. Segurei na cintura dele e me agachei lentamente, olhando em seus olhos. Ficou claro o que eu queria fazer.

Ele não tirou os olhos de mim enquanto eu o chupava. Ele ainda estava com as calças nas pernas. Assim acho mais excitante. Provavelmente ele também já que, cada vez que eu levantava os olhos, via Félix com uma expressão de total prazer, seu peito subindo e descendo com a respiração descompassada, sem falar nos gemidos que vez ou outra ele soltava e me deixavam com ainda mais desejo.

Como estava de pé, às vezes ele segurava na minha cabeça para não desequilibrar. Puxava de leve meus cabelos ou arranhava minhas orelhas como se fosse um gatinho. Era meu gato àquela noite. Eu o estava saboreando faminto, como se fosse a última transa. E ele se desfez na minha boca após um longo gemido de satisfação.

— Ei, Félix... – Levantei limpando os cantos dos lábios. – Estamos só começando.

Ele ainda respirava rápido, estava suando, mas voltou a fazer aquela cara de safado que me enlouquece e colou a boca na minha. Ele queria sentir seu gosto em mim, eu sabia. Nossas línguas travaram uma breve batalha em que nós dois sairíamos ganhando, enquanto nos direcionávamos a cama.

Como ele sentou primeiro no colchão eu fiquei por cima. Ele deitou e observou: - O quê? Eu ainda estou de calças?

— Eu resolvo isso agora. – Puxei a calça e a cueca dele retirando-as das pernas. Ele empurrou com os pés para saírem de vez.

— Agora é sua vez, carneirinho. Tira daquele jeitinho que eu gosto, vai.

Tinha um jeitinho de eu tirar a roupa que o Félix adorava. Eu fazia cara de inocente e, como quem não quer nada, tirava devagarzinho as calças de costas para ele. Tirei tudo virado de frente para o meu guarda-roupa. Peguei na gaveta de baixo um preservativo e o ouvi gritar quando me agachei.

— Uh! Carneirinho, quase vi até seu apêndice agora!

Virei para ele segurando o preservativo com os dentes e falei:

— Você ainda não viu nada.

Voltei para a cama já tirando a camisinha da embalagem e me posicionando por entre as pernas dele.

— O que você quer, Félix? – Repeti.

— Eu quero... O que você quiser, carneirinho... Carneirão, neirão, neirão... – Ele cantarolou me fazendo rir.

Ele já estava tendo uma ereção de novo, e eu... Já não conseguia mais me segurar. Estava pronto.

— O que você quer? – Perguntei mais uma vez da maneira mais sensual que podia.

— Eu quero... Tudo. – Ele me respondeu no mesmo tom.

— Tudo? Não é mais o que eu quiser?

— Não... Porque agora sou eu que quero. Tudo.

— Você quer?... Tudo?

— Tudo. – Ele mordeu os lábios, pois eu já começava minha investida. – Vai, carneirinho... Eu quero tudo.

— Quer tudo é? E quer saber o que eu quero?

— O quê?

— Eu quero... O que você quer. – E o penetrei de uma vez. Ele abriu a boca num gemido mudo.

— Doeu?

Ele balançou a cabeça em negativo e pediu: - Continua. Se mexe.

Comecei num movimento leve de vai e vem. Segurei em suas mãos, pois ele já ia levá-las ao seu próprio sexo ereto, mas eu disse: - Não, agora não, não quero que termine tão rápido.

Ele concordou com a cabeça e ficou calado por uns instantes, apenas curtindo meus movimentos, gemendo baixinho, quase um ronronar. Mas, o Félix sempre quer mais...

— Por que tão lento, carneirinho? Desse jeito nunca vai conseguir fazer comigo o que eu faço com você.

— Ah é? – Ele estava me desafiando, para o nosso próprio bem, claro. – Você vai ver se eu não consigo. – Inclinei meu corpo para junto do dele e falei baixinho: - Eu vou te fazer gozar loucamente e você nem vai usar as mãos.

Ele ficou boquiaberto e logo abriu um largo sorriso. – Mesmo é? Hum... Quero só ver.

— Vai ver e sentir, meu bem. – Então, levantei de novo o corpo e acelerei. Nossos corpos se chocavam, o calor era meio que transmitido de um para o outro, era muito bom... E eu não soltava suas mãos, ele estava no meu domínio.

— Q-Quem é que d-diz “não para” agora? Hein, Félix?

E ele me respondeu com a voz entrecortada:

— N-Não para... Carneirinho! N-Não p-para-a...

...

...

...

Na manhã seguinte...

Despertei deitado em seu peito. Olhei para aquele rostinho lindo e lembrei os momentos que havíamos passado juntos horas atrás. Como esquecer? Ele havia conseguido o que queria. Me fez enlouquecer de prazer nessa cama e não soltou minhas mãos um segundo sequer. Quem diria que o carneirinho é um amante tão fabuloso?

Acordei sentindo os dedos dele outra vez entrelaçados aos meus e pensei: - Ele nunca vai me soltar. – Sorri em silêncio com essa possibilidade, afinal, eu não queria mesmo que ele me soltasse jamais.

— Carneirinho... Ei... Hora de acordar... – Chamei-o baixinho ao pé do ouvido. Ele começou a se mexer até que despertou.

— Félix? Que horas são?

— É melhor você mesmo ver, já sei que vai reclamar por ter acordado muito tarde...

Ele olhou rapidamente para o relógio, já preocupado por estar se acordando tarde demais. Só que eu o enganei, ainda não era nem sete horas.

— Ai, Félix, que susto! Pensei que já tinha perdido a hora...

— Imagina, carneirinho... Eu nem sei como acordei primeiro que você, estou tão cansado...

— Por causa da noite de ontem?

— O que você acha?

Ele sorriu lindamente para mim... Aquele sorriso que tem o poder de derreter meu coração. Não resisti. Tratei logo de dar-lhe o primeiro beijo do dia.

— Vamos levantar? – Ele indagou.

— Se você me soltar agora...

Ele soltou minhas mãos, porém me abraçou forte e me beijou com paixão. Eu retribuí, óbvio, já que beijá-lo e estar com ele se tornou meu hobby favorito, quase meu vício.

Levantamos logo senão não sairíamos daquela cama nem tão cedo. Mas, o carneirinho tinha que ir trabalhar, mesmo sendo segunda-feira, para compensar o final de semana que não foi, então tomamos uma ducha e fomos tomar o café da manhã.

Passei mais alguns momentos naquele clima de família como o carneirinho gosta. Ele acordou Jayminho para ir à escola, depois Fabrício se acordou chorando com fome e foi a vez de dar atenção a ele... Pronto. Era o momento paternal do carneirinho e havia chegado minha hora de ir embora. Se eu pudesse ficaria para sempre... Mas, infelizmente eu devo ter salgado a santa ceia ou cometido pecados mais graves para sempre ter que voltar a triste realidade. E o pior é que eu realmente havia cometido erros muito graves no passado que nunca seriam apagados. O que eu não daria para esquecê-los!

...