P.O.V. Robert.

Começamos a conversar enquanto... apagávamos os vestígios.

—Quem escolheu o seu nome?

—Meu pai queria Victória e minha mãe queria Mary então... Victória Mary.

—E os seus pais?

—Minha mãe chamava Claire e meu pai Luiz.

—O que é isso na boca dela?

—Uma chupeta.

—Sua irmã disse que a ideia de casamento não lhe agrada.

—Não nesse século. Essa coisa de submissão marital... não é comigo. Se eu quiser um chefe eu arrumo um emprego.

—Você não é a favor da submissão marital?

—Nem de longe. Meus pais tinham uma vida boa, minha mãe ficou comigo em casa até eu ter idade suficiente para ela voltar a trabalhar. Ela tinha um emprego e o meu pai trabalhava em casa. Bolsa de valores. Eles eram companheiros. Meu pai sempre foi fã de artes marciais, ele gostava muito. Minha mãe gostava de academia. Correr, levantar peso, polichinelo. Ela foi líder de torcida.

—Líder de torcida?

—É. Na escola. Eu fui ginasta até o ensino médio, além da ginastica eu fazia boxe, karatê, judô, jiu-jisto. E assim vai. Também gosto de ioga.

—Ioga?

—É. Ajuda a manter o tônus muscular. Me deixa fisicamente forte. Ajuda na flexibilidade também.

—E o que mais seus pais te ensinaram?

—Eu fui pra faculdade. Fiz tradução intérprete, sou poliglota. Eu falo inglês, francês, espanhol, português, japonês, italiano, mandarim e chinês. Agora estou... estava aprendendo a falar búlgaro e russo. Quando voltar pra casa vou precisar de uma revisão.

—Acha que a praga já cedeu?

—Só você vai saber a verdade. Nunca ouve praga alguma, eu nunca fui casada. O pai da Marie-Jeanne era meu namorado, meu... pretendente acho que vocês chamariam assim. Eu era uma tola apaixonada pela ideia do amor, mas Alec pegou o que queria e me abandonou no segundo em que descobriu que eu estava grávida. Ele simplesmente foi embora.

—Eu lamento.

—Eu não. Eu tive a Marie-Jeanne então... nem foi tão terrível assim.

—Ele realmente a abandonou?

—A ideia é essa. Mas, você não pode contar isso pra ninguém. Algumas coisas não mudam não importa o século em que esteja. As pessoas adoram julgar, apontar o dedo. Se soubessem que eu nunca me casei... chamariam a minha filha de bastarda. Eu tenho amigas que já se casaram e se divorciaram várias vezes, elas tem vários filhos um de cada casamento, um de cada pai e... isso meio que é normal de onde eu venho, mas aqui? Nossa! E eu ainda sendo filha do vigário? Me mandariam pra fogueira e o homem que me acolheu, um homem que é vigário porque realmente tem vocação, sua reputação seria destruída.

—Quando você nasceu?

—Dia 19 de julho... de mil novecentos e oitenta e nove.

—O que?!

—É verdade. Eu sou uma viajante. E a minha filha também. Eu não sei porque viemos pra cá, mas... eu quero muito descobrir.