P.O.V. Victória.

Esse molequinho e a vadia da mãe dele já estão me dando nos nervos! Eles sempre arrumam um jeito de me culpar por tudo.

Mas, a gota que faltava para o meu copo transbordar foi quando eu descobri que Neville bateu em Marie Jeanne.

Ela já está com sete anos. Mesma idade do pequeno demônio.

Estava acontecendo um baile e era a oportunidade perfeita.

Eu entrei no salão chutando a porta, literalmente.

—Senhorita Lyndon eu...

—Cala a boca!

Ela ficou chocada.

—Quem você pensa que é para se dirigir a mim assim?

—E quem você pensa que é pra me rechaçar? De agora em diante, eu não me escondo mais de ninguém, especialmente não de uma dita Lady Hollingwood.

Eu fiz os ossos dela quebrarem, ela caiu de joelhos no chão.

Fiz as portas se fecharem e trancarem. Marie estava comigo.

—Vocês nobres metidos. Vocês nos exploraram, nos ofenderam e nos humilharam pela última vez.

Quando eu vi o Neville sorrindo malignamente para mim eu olhei para a minha filha.

—Vai lá querida. Coloque tudo pra fora.

Quando ela liberou o seu poder... todos os nobres foram ao chão e como a Lady Hollingwood e o pestinha estavam na frente, atingiu eles em cheio.

—Muito bom.

Lady Hollingwood se levantou e tentou me atacar. E eu dei uma baita duma surra nela.

—Vadia! Metida! Egoísta!

A cada tapa, a cada soco que eu dava nela eu dirigia-lhe um insulto. E quando eu acabei ela ficou descabelada, ensanguentada, caída no chão e humilhada.

—Eu vou... te destruir.

—Não. Você vai morrer.

Eu virei a mão e quebrei o pescoço dela.

—Pronto Neville. Agora, sou responsável por você e você vai saber como é comer o pão que você amassou. Porque não vou mais te fazer comida, já que os meus ovos estão sempre frios de mais e o meu chá está sempre quente demais... você vai fazer sua própria comida de agora em diante.

—Eu sou seu superior!

—É? É mesmo? Então você é um bruxo de sexagésimo septingentésimo primeiro grau?

—Eu sou nobre.

—Ah, mas não é mesmo. Nem sabe o significado da palavra nobre. Você é um pirralho, egoísta, metido e ingrato. E se encostar um dedo na minha filha de novo, eu vou acabar com você moleque.

P.O.V. Robert.

Estamos todos feridos e chocados. Ela e a filha assassinaram Lady Hollingwood.

—Vai lá querida, aproveite a festa.

—Oba!

—Eu te proíbo. Ei! Eu disse que te proíbo!

Marie nem deu ouvidos á Neville. Ela e a mãe se serviram de doces e todos os quitutes da mesa. Depois que elas comeram, elas começaram a dançar.

Não era como nenhuma das danças que eu já tenha visto. Ela tinha bastante giros, elas dançavam de mãos dadas. Deslizavam, batiam as palmas das mãos e mexiam os quadris.

—Que obscenidade!

—Como pode uma criada tratar seu senhor assim?

Era como se elas se enfrentassem usando a dança. Mas, depois elas começaram a dançar juntas e a cantar.

Haviam passos de balé clássico que eram muito bem executados. Chegou a um ponto em que os convidados até ficaram quietos para vê-las dançar.

Então, Neville atirou uma torta que atingiu a cara de Marie Jeanne. Para nossa surpresa, ela revidou. Pegou uma torta e jogou em Neville.

—Guerra de comida!

Eu decidi me juntar á brincadeira. Peguei uma torta e atirei na cara de Victória e ela jogou a torta na minha cara de volta.

Todos os convidados ficaram lambuzados de comida, mas esse foi o baile mais divertido em que eu já estive.

O festejo só acabou quando o sol nasceu.

Apesar do cadáver da Lady Hollingwood ter ficado estatelado no salão ninguém parecia se importar com ele.

Quando o festejo acabou, Victória arrastou o corpo de Lady Hollingwood para fora do salão e atirou-o na cova recentemente cavada. No túmulo dela.

E a enterrou.

—Adeus vadia Hollingwood.

—Mas, e o funeral?

—Pra que funeral? Ela tá morta. O espírito já deixou o corpo, ela não pode mais ouvir nada.

Ela levou Neville e a filha para cima.

P.O.V. Neville.

Minha mãe morreu. Ela nem teve um funeral.

—Eu vou buscar água no poço e vocês vão tirando as roupas e coloquem ali naquele canto.

Essa serva insolente vai ver só.

A filha dela obedeceu, mas eu esperei ela chegar pra jogar as roupas na cara dela.

—Muito bem Neville, não vou lavar suas roupas. E nem mais ninguém vai.

—Entrem na banheira para poderem se lavar.

—Eu vou tomar banho primeiro. Eu sou o senhor.

Ela colocou a filha na banheira e me colocou junto.

—Eu quero tomar banho primeiro! Sozinho!

Como resposta ela começou a nos esfregar.

Depois de ser ignorado e esfregado ela colocou uma roupa limpa em mim. E pegou as roupas da filha e as levou para a lavanderia.

—E as minhas roupas?!

—Você não colocou as suas roupas naquele canto como eu pedi e se as roupas não estão naquele canto, elas vão continuar aqui no banheiro sujas. Boa noite crianças.

O tempo foi passando e ela não deu trégua.

Ela não fazia o meu café e os meus servos não me serviam nem com ameaça de demissão. Tive que aprender a cozinhar para não morrer de fome e a coisa era difícil.

—Então Neville, para que isso acabe você só tem que fazer uma coisa.

—O que?

—Pedir desculpas.

—Me desculpe.

—O que? Eu não escutei.

—Me desculpe!

—Ah! Melhor. Seja bom com os outros e eles serão bons com você.

Ela fez pra mim uma omelete e me serviu.

Então, apareceu uma luz e ela disse:

—Finalmente. Hora de ir pra casa. Adeus Neville. Seja gentil e grato com aqueles que te cercam.

P.O.V. Robert.

Eu as vi entrando na luz. E sumindo.

—E então tio Rob? O que aconteceu depois disso?

—Eu tenho procurado uma maneira de ir para onde quer que a luz as tenha levado.

Então, depois que o meu sobrinho Nicholas dormiu eu fiquei acordado.

—Um passarinho verde me mandou pra levar você.

—Quem é você?

—Sou sua fada madrinha. Eu sou desastrada e acidentalmente te fiz nascer no século errado.

—O que?

—Você pertence aos dois séculos. O século 14 e o vinte e um. Mas, ir para o século vinte e um é uma passagem só de ida. Você largaria o seu título, a sua riqueza, toda a sua vida? Só para estar com Victória?

—Sim. Largaria.

—Então, aperte os cintos!

—O que?

Aquela mulher agarrou na minha mão e eu vi aquela luz e as coisas ficaram... muito diferentes.