P.O.V. Marie Jeanne.

Neville e eu estamos namorando a mais de um mês agora.

—Com licença, eu sou...

—Emily Danman. E o que você quer?

—Eu sou cientista e gostaria de saber se vocês não querem...

—Ser cobaia de laboratório? Não.

—Por favor, se nós trabalhássemos juntos. Imagine os progressos que poderíamos fazer.

—Não. Nós não queremos nada disso. Sempre vão haver pessoas como você querendo explorar a gente. E quem nos garante que não está aqui á mando do seu governo para nos transformar em armas ou em sushi? Para descobrir as nossas fraquezas e tentar nos matar? Vá embora.

—Eu fiquei realmente fascinada. Suas habilidades são incríveis. Vocês são seres incríveis! Adoraria saber como funcionam.

—Quer saber como funciona?

Perguntou Neville com raiva. Então... ele correu.

—Você não pode correr mais que nós!

Ele arrancou um poste de eletricidade que estava parafusado no chão e jogou do outro lado da rua.

—Você não pode lutar contra nós!

—Neville!

Ele chegou bem perto dela.

—Somos os predadores mais perigosos do mundo. Porque tudo o que há em nós é convidativo, a nossa aparência, o som da nossa voz e até o nosso cheiro.

—Eu tenho uma proposta para você Doutora. Me prove que não trabalha para o governo, me prove que não está afim de nos matar e talvez possamos trabalhar juntas.

—Não pode está falando sério!

—Estou. Agora podemos usar a ciência abertamente á nosso favor. Talvez possamos ajudar os recém criados á controlar a sede, os impulsos, as emoções. Talvez até criar um substituto saudável de sangue.

—Mas, temos as bolsas de sangue e ninguém morreu por aquela coisa.

—Eu sei. Mas, acho que eles merecem uma chance, mas se eu descobrir que está tentando me enganar... que Deus tenha piedade da senhora pois eu não terei.

—De acordo. Vou provar que minhas intensões são boas e ai podemos trabalhar juntas.

—E eu quero um documento que prove que terei meus direitos garantidos. E concerte o poste Neville!

Nós concertamos o poste juntos e o concreto da rua.

—Perfeito.

Depois que ela me provou que não estava trabalhando para o governo e que fizemos um documento que provava que seríamos parceiras e que eu também levaria crédito pela pesquisa. Eu aceitei a proposta e assinei o documento e ela também.

—Nossa! Esse laboratório é incrível.

—Que tal começarmos com o básico?

—O básico?

—Amostras de sangue e saliva.

—Tá bem. Só... tenha cuidado com o sangue. Não o deixe largado por ai. E a saliva também. Minha saliva tem... anticoagulante.

—E como você sabe?

—Porque quando eu mordo uma gazela a ferida não fecha. O sangue não estanca. Então, acho que tem algum tipo de anticoagulante na minha saliva.

—Vamos descobrir.

P.O.V. Doutora Danman.

Ela estava certa. A saliva dela tem mesmo propriedades anticoagulantes para que quando se alimenta o ferimento que faz na vítima não feche.

Então, eu coletei o sangue dela. Quando olhei o plasma sanguíneo, havia algo que brilhava nele.

—O que?

—Venha ver.

Ela olhou pelo microscópio.

—Midiclorianas. Todas as bruxas tem midiclorianas. Quanto maior a contagem midiclorial, mais poderosa a bruxa.

—E como você sabe?

—Temos amigos em todos os lugares. Policiais, bombeiros, advogados e até mesmo médicos.

—Você quer dizer seres sobrenaturais.

—Isso.

—Os lobisomens realmente se transformam toda a lua cheia?

—Se ativarem a maldição... sim.

—Maldição?

—A história dos lobisomens começa mil anos antes da cidade de Nova Orleans ser fundada. Duas tribos rivais decidiram combinar o seu poder, eles acharam que se unindo em paz entrariam numa nova era de harmonia. Um casamento foi arranjado. Dois bruxos poderosos, unidos para criar um Coven unificado. Um casamento cerimonial que os unia a todos como um. Literalmente.

—E algo deu errado imagino.

—Sim. Este casamento gerou uma criança e por nove meses os anciões da tribo visitaram a mãe, usando magia para conceder a criança grande poder, esperando que o recém nascido se tornasse um símbolo de paz e prosperidade. Mas, eles não faziam a menor ideia do que estava trazendo para este mundo. Ela foi chamada de Inadu e logo ficou claro que ela era mais forte do que qualquer um podia ter imaginado. E que ela ainda assim tinha uma fome insaciável por mais poder. E foi assim que a Hollow nasceu.

—Hollow? E o que isso tem a ver com os lobisomens?

—Estou chegando lá. Conforme ela crescia ela só queria mais poder, Inadu canalizava a vida em todas as suas formas, ela praticava expressão. Pior que magia negra. Expressão é canalizar o poder de sacrifício humano, é uma escuridão, um mal que não pode existir neste mundo sem engoli-lo, consumi-lo por inteiro. Sua fome era insaciável. Ela amava o medo que ela inspirava nos outros, seu povo a conhecia como sendo implacável, sem sentimentos, vazia. Até que essa se tornou a característica que a definia e eles começaram a se referir a ela por esse único traço. The Hollow. Ela os matou, matou a todos. Não porque a feriram ou não foram gentis, ela os matou por diversão.

—E?

—Tudo começa e acaba na linhagem. Tudo se resume á linhagem. Foi a única coisa que funcionou contra ela.

—Como assim?

—Quando o mal de Inadu se tornou grande demais para suportar, as tribos se uniram para derrotá-la. Os anciões das tribos conseguiram capturá-la usando nós místicos, mas ainda assim Inadu era muito forte. A morte pareceu ser a única solução. E é aqui, neste ponto da história que começa a história dos lobisomens. Como eu disse, a morte parecia ser a única solução. Quatro dos mais fortes anciões , cada um embebeu parte de sua magia num machado poderoso e quando a arma estava pronta eles o deram para a mãe dela, aquela que lhe deu a vida para ser aquela que lhe tiraria a vida. Mas, antes que ela pudesse matar sua filha, Inadu lançou um feitiço final, um empoderado pela sua própria morte. Uma maldição que recaiu sob todos os que estavam presentes aquela noite. Ela a atou a lua cheia, assim uma vez por mês eles teriam que se transformar na mesma besta que usaram para caçá-la. O lobo.

—A Hollow criou a maldição do lobisomem. Mas, porque é uma maldição?

—Porque quando eles se transformam tem que quebrar cada osso do seu corpo. Você já quebrou um osso doutora?

—Já. E doeu muito.

—Sim. Deve ter doído mesmo.

—Vamos fazer uma tomografia computadorizada do seu cérebro.

—Tá bem.

Ela conseguia acessar cem por cento de sua capacidade cerebral. A zona morta, não era morta.