Mais lindo que a Lua

Capítulo 1: Victória Lyndon


P.O.V. Victória.

Eu sou uma desastrada. Eu sempre fui desastrada. Eu tentei atravessar o lago pelas pedras, juro que tentei, mas então... splash!

—Droga!

Eu nadei com muita dificuldade graças ao enorme vestido com várias camadas de tecido e me arrastei pra fora.

—Droga! Eu to ensopada!

P.O.V. Robert.

Ela se estabacou. Vi-a se arrastar para fora do lago e começar a torcer a barra do vestido e vi que ela não usava meias e isso me proporcionou uma bela visão de suas panturrilhas torneadas.

—Robert! Robert eu sei que está ai!

Eu congelei. Sabia que nunca havia a visto em parte alguma.

—Robert saia, saia onde quer que esteja. Não me faça ir atrás de você.

—Como quiser milady.

Ela deu um berro.

—Quem diabos é você?!

—Eu sou Robert.

—Não, o senhor não é o Robert.

—Permita-me descordar.

—Bom, você não é o meu Robert.

—E quem é o seu Robert?

—Ahm... que lhe interessa?

—Bem, considerando que estas terras são minhas e a senhorita está ensopada com a água do meu lago então... sim me interessa.

—Não. Qual é amor, não diga que achou que eu iria cair nessa? Vossa Senhoria é um homem velho, casado.

—Eu sou o filho do dono da propriedade.

—Então, não é o dono da propriedade.

Disse ela presunçosamente apontando o dedo pra mim.

Nós conversamos até sermos interrompidos por uma risada de bebê.

—Ah, acordou foi? Sua sem vergonha. A sua mãe se estabacou dentro do lago, teve que nadar com esse vestido que pesa uma tonelada e você nem se mexeu. Agora decidiu acordar.

—Você é casada?

—Eu já fui. Mas, o meu marido... ficou doente e morreu.

—Meus pêsames.

—Já faz algum tempo.

—Se sois uma viúva então...

—Porque eu não to de preto? O meu marido morreu já faz um tempo, não vou passar minha vida inteira chorando. Ele morreu, mas eu não.

—E?

—E que... a vida continua. Sou a senhorita Lyndon.

—Muito prazer senhorita Lyndon. Eu já ouvi esse seu sobrenome antes...

—Meu pai é o vigário.

—Ah, sim. O novo vigário.

—O seu nome é mesmo Robert?

—Sim.

—Imagino que o filho do Marquês deva ter uma série de nomes.

—Sim.

—Coitada de mim, só tenho dois.

—E quais seriam?

—Victória Mary.

—E a sua filha?

—Marie-Jeanne.

—Você não fala como nós.

—Não sou britânica. Eu fui adotada.

—Mas, você fala inglês.

—Isso é meio óbvio né?

Eu ri.

—E a senhorita está apreciando a vida aqui em Bellfield?

—Não é ruim. Eu gosto do silêncio.

—Diga-me, quem é o seu misterioso Robert?

—Porque quer saber?

—Porque talvez eu tenha que lhe causar sérios danos corporais.

Ela riu.

—Robert Beachum é um menininho de oito anos de idade. Ele me convenceu a pescar no lago, mas... parece que ele não vem. Eu odeio pescar. É uma crueldade sem tamanho. Ver o peixinho agonizando até a morte, sufocando.

Ela fez uma careta como se sentisse nojo.

—E como se chamava o seu marido?

—Alec Fiorentino. Ele era italiano. Mas, a mãe era francesa. Eu tenho que ir. Hoje é lua cheia, faça um favor a si mesmo e... fique em casa. Tranque as portas e as janelas.

—Acredita na besta?

—Acredito. Há mais entre o céu e o inferno do que se imagina.

Ela pegou aquela estranha cadeirinha onde a criança estava sentada e saiu caminhando balançando a cadeirinha.

P.O.V. Victória.

Mais um lobo demoníaco. Eles não aprendem mesmo. Nem mesmo depois do massacre em Gevadaun.

Agora terei que forjar uma arma para matá-lo e depois sair para caçá-lo.