MacGyver

Eu devia ter ficado quieto


P.O.V. Bozer.

Eu devia ter ficado quieto. A mulher é uma louca.

Ela só come e dorme e tem velas pela casa inteira. E ervas, até erva do diabo.

O Mac está super feliz dela estar morando aqui. Porque ela é um super nerd igual a ele. Os dois falam a mesma língua.

—Acredita que ela consegue suprimir células cancerígenas usando erva do diabo?

—É. Suprimir células cancerígenas com erva do diabo é uma coisa que qualquer mulher sã, racional e bem ajustada gosta de fazer com o seu tempo livre.

Ela apareceu perto da lareira. Ela passou o dedo no entorno da lareira e começou a sair umas chamas azuis.

—É. Porque eu sou Caroline Bishop, essa mulher sã... racional e bem ajustada que você parece conhecer tão bem. Eu vi a minha família ser massacrada por caçadores de bruxas! Eu tenho problemas com confiança! Eu sou controladora... e paranoica... e isso está funcionando perfeitamente bem.

A minha cabeça parecia que iria explodir. Então, parou.

—Não irrite uma grávida, especialmente se ela tiver poderes mágicos.

Os celulares tocaram.

—É a Matty. Ela arrumou o último ingrediente para o seu feitiço.

—Então vamos nessa.

Ela enfiou um monte de velas e uma faca dentro duma mala e nós partimos para a sede da Fênix.

—Você queria um parente do Murdock. Aqui está.

—Uma criança. Meu Deus.

Ela passou a mão no cabelo, daquele jeito que ela passava quando algo não ia bem.

—O que foi?

—Oi. O meu nome é Caroline. Tudo bem?

—Que lugar é esse? Quem é Murdock?

—Não se preocupe. Você está seguro, mas preciso que seja corajoso agora. Está bem?

—Porque?

—Porque... eu vou precisar fazer um corte na sua mão. Vou precisar tirar um pouco do seu sangue. Tá?

—Pra que?

—Pra achar uma pessoa que eu to procurando. Você gosta de mágica?

—Sei lá.

—Eu vou fazer um truque bem legal. Espalhem as velas com simetria pela sala.

—Você vai ter um bebê?

—Vou.

—E que truque você vai fazer?

—Você vai ver. Vai ser legal. Olhe as velas.

Então, elas acenderam.

—Eu nunca vou me acostumar com isso.

—Você fez isso?

—Fiz. Coloquem o mapa encima da mesa. Estendam bem, nada de ranhuras. Para o meu próximo truque, eu vou precisar de um mocinho bem corajoso. Algum voluntário?

—Eu! Eu quero!

—Tudo bem. Um cortezinho na mão e você vai deixar o seu sangue pingar no mapa. Tá?

—Tá.

Ela cortou a mão do menino.

—Calma, deixa o sangue pingar bastante encima do mapa.

—Como é que isso funciona?

—É simples Riley, eu vou usar o sangue do menino para puxar energia para o feitiço de localização. Como eles são parentes de sangue, vai fazer a conexão ser mais forte. Phesmathos Tribun, nas ex viras... sequitas sanguines, amentos asten nirran... egapentos...

O sangue no mapa começou a se mexer.

—Caramba!

Então parou.

—Ai. Ele está ai.

—Mas, isso é só á mil quilômetros daqui.

—Eu sei. Ele esteve debaixo dos nossos narizes esse tempo todo, desgraçado. Vamos mandar uma equipe tática e...

—Espera, ele espera por isso. Talvez devêssemos ser mais inteligentes.

—Mais inteligentes como?

—Ir lá, sem de fato ir lá.

—Como?

P.O.V. Cassian.

Ela era mágica. Mágica de verdade.

Então, eu a vi tirar um livro velho da bolsa. Ela colocou o livro na mesa e as páginas começaram a se virar sozinhas, super rápido. Até parar.

—Projeção Astral.

—Projeção o que?

—Projeção Astral é um mito.

—Se liga, Macgyver! A garota é uma bruxa, virgem grávida!

—Eu sei Riley.

—O impossível é só questão de opinião.

—Eu não posso me projetar. Não grávida ou o meu bebê pode sofrer e até morrer. Posso projetar vocês, mas é um risco.

—Porque?

—Enquanto estiverem lá, serão como fantasmas. Ele não vai poder atingir vocês, mas o inverso também é verdadeiro. Não vão poder fazer contato físico com ele, mas vão poder interagir fisicamente com os objetos ao seu redor.

—Então, se ele atirar na gente, as balas não vão pegar na gente?

—Não. Vocês vão poder ser baleados, os espíritos ainda estarão ligados aos corpos. Se vocês forem baleados não vão sentir dor, vai parecer que a bala não pegou, mas pegou. Os seus corpos serão danificados. Quando vocês voltarem para os seus corpos... vão sentir dor. Então, não sejam baleados.

—Tudo bem.

—Deitados. Relaxem a mente e deixem eu entrar.

P.O.V. Jack.

Do nada, a gente tava na sala onde o Murdock estava.

—Funcionou?

—Eu não sei.

—Olha só se não são os meus amigos favoritos.

—É acho que funcionou.

P.O.V. Mac.

Ele pegou a arma e tentou nos acertar. Eu fiz uma granada e atirei nele.

Ele tentou acertar um soco no Jack, mas... o transpassou. Como se o Jack fosse um fantasma.

—Que... merda é essa?

—Eu virei um fantasma!

—Não, Jack. A Caroline falou que não poderíamos interagir fisicamente com o Murdock.

Só não contávamos com um visitante indesejado.

—Pai?!

—Cassian?

—Ai, que mancada da Caroline mandar o menino pra cá.

—Não acho que ela tenha feito de propósito. Mas, o Cassian e o Murdock são parentes. Talvez isso tenha acidentalmente projetado ele também.

—Você é o homem malvado que matou todas aquelas pessoas?!

—Que droga cara, deve ser horrível descobrir que o seu pai é um assassino de aluguel.

—Assassino de aluguel?!

—Jack, cale a boca.

Uma equipe tática invadiu e prendeu o Murdock. E então, nós voltamos para os nossos corpos.

—O que o menino viu?

—Tudo.

—Eu sinto muito Cassian. Não era pra eu ter mandado você. Eu devia saber que isso iria acontecer, ainda mais com a mão sangrando.

—O meu papai... matou os seus amigos?

—Matou. Eu sinto muito. O seu pai é procurado pelo FBI, CIA, por todos os órgãos do governo.

—E vocês vão prender ele?

—Vamos, mas eu vou dar um jeito do seu pai nunca mais machucar ninguém. E só prendê-lo não vai adiantar. Eu vou...fritar o cérebro dele.

—Tem a minha permissão. O... cara matou mais gente do que eu consigo contar. E ele armou pra cima de nós.

O Murdock voltou para a sua cela.

P.O.V. Murdock.

O meu filho me viu. Ele me viu tentando matar aqueles dois... desgraçados!

Uma garota grávida começou a espalhar plantas em volta de mim, eles tinham tirado a mesa. Eu estava sentado numa cadeira e algemado.

—Eu vou trazer o seu filho, assim vai ter a oportunidade de se despedir.

Ela tinha me amarrado com vinhas.

—Você sabe que... isso são vinhas certo?

—Pode se debater o quanto quiser Murdock. O feitiço não vai soltá-lo até eu ter o que eu quero.

Ela voltou e o meu filho estava com ela.

—Oi filho.

Ele olhava pra mim apavorado.

—Tá tudo bem. Ele tá bem preso. Contanto que fique desse lado do círculo, ele não pode fazer nada.

—Porque você fez aquilo pai? Porque você mata as pessoas?

—Porque as pessoas são hipócritas. Homens milionários me pagam milhões de dólares para matar suas esposas infiéis, seus rivais comerciais, mafiosos me contratam para se livrar de pessoas que os traem.

—Não importa que você matou pessoas, eu ainda te amo papai. E... a Caroline vai impedir você de machucar as pessoas.

Ele passou pra dentro do círculo e me abraçou.

—Eu também te amo filho.

—Hora de ir. Levem o menino daqui. E que Deus me perdoe por isso.

Ela começou a derreter uma pulseira de metal. Então, molhou os dedos no metal quente.

—Isso vai... doer, demais.

Senti os dedos dela nas minhas têmporas e a dor era insuportável.

P.O.V. Riley.

Eu queria ser tão fodona quanto ela. O feitiço que ela fez no Murdock, foi a coisa mais super fodástica que eu já vi.

—O que está fazendo com ele?!

—Estou fritando os miolos do Murdock! Ninguém disse que seria bonito.

Então, finalmente acabou.

—Ele tá morto?

—Relaxe, só queimei a parte consciente. Ele vai acordar, eventualmente. Mas, vai passar o resto da vida comendo de canudinho e fazendo xixi na fralda. Não vai conseguir falar mais direito, comer, beber, ele é basicamente um vegetal agora. To com fome.

Ela é assustadora.

—Ela é assustadora. Ela acabou de fritar os miolos de alguém e sai cantando e dançando. Ela fala como se nem ligasse.

P.O.V. Matty.

Ela limpou a sala e os agentes levaram o Murdock ou o que sobrou dele para a ala hospitalar.

—Eu tenho que ir. Tenho uma consulta médica.

—Mas, não pode dirigir.

—Eu sei. Isso é uma droga. Mas, eu vou de ônibus.

—Eu... posso te levar.

—Sério? Eu não quero abusar não.

—Imagine.

—Tudo bem então.

P.O.V. Bozer.

Eu não acredito!

—Alguém mais notou o Mac ficando nervoso e jogando charme para a virgem bruxa grávida?!

—O MacGyver sempre foi fora da caixa em todos os aspectos. Desde que eu o conheço.

—Eu sei. Conheço ele desde o jardim.

P.O.V. Caroline.

O MacGyver é muito gentil, talvez gentil demais. Eu acho ele uma gracinha.

Assim que nós chegamos no consultório médico alguns dos pacientes começaram a tirar fotos.

—Porque estão tirando fotos da gente?

—Não estão tirando fotos da gente, estão tirando fotos de mim. As minhas vizinhas fizeram um site na internet pra me zoar. Caroline, a virgem. As pessoas me param na rua e pedem para eu abraçar elas. Fotos e algumas tem medalhões com aquela foto montagem do site.

—Que foto montagem?

—Elas me botaram uma aureola! Eu sou a bebedora de tequila número um lá do meu bairro. Eu costumava beber até desmaiar ou vomitar ou os dois! É meio que sacrilégio colocar uma aureola em mim.

—Você não é alcoólatra é?

—Não! Eu só, tinha problemas para aceitar ser... o que eu sou. Eu não queria. Velas, sangue, ervas. Eu não queria nada disso.

—Quando você descobriu...

—Dezoito anos. Eu encontrei outra e ela me ensinou tudo o que eu nunca tive ninguém pra me ensinar. Genevieve Dupress. Eu meio que sempre fui sozinha.

—Sinto muito.

—Eu também.

—Caroline Bishop!

—Sou eu. Quer entrar?

—Tá.

A minha médica me falou que as borboletas na minha barriga, eram o bebê chutando.

—Você quer sentir?

—Ah, tá.

P.O.V. Mac.

Eu senti a criança chutar e desejei que ela fosse minha. Que esquisito.

—Ei MacGyver! O que que te deu?

—Nada.

—Sei.

—Vocês já querem saber o sexo do seu bebê?

—Quero.

—É uma menina.

—Menina, primogênita e sangue do meu sangue. Ninguém segura ela.

—Vocês querem levar a foto?

—Quero. E ele não é o pai. E não... estamos juntos.

Ela falou aquilo meio que em tom de decepção.

—Oh. Amigos então.

—Isso.

De novo a decepção.

—Meus parabéns.

—Obrigado.

Nós saímos do consultório e voltamos pra casa.