Kuririn voava a toda velocidade, porém o monstro que os perseguia era muito rápido. Apesar de ser um, o homem sabia que era um dos comandantes de Freeza pelo modo que agia na vila. O garoto em seu colo olhava para trás por sobre seu ombro procurando algum sinal que o assassino de seu irmão pudesse estar cansado ou ficar para trás.

Droga, pensou Kuririn, estava com problemas. Ele desceu um pouco e passou a voar por entre uma cadeia de montanhas. Tentava usar as curvas para despistar o monstro, mas ele era mesmo muito veloz.

Dodoria teria de levar o garoto ao Imperador, por isso não ousou nenhum tipo de ataque. Temia matá-lo acidentalmente. O outro, ao contrário, teria uma morte lenta e divertida.

– Escute.- disse o terráqueo ao namekuseijin.- Segure-se em mim. Eu vou soltar você para ataca-lo, por isso segure com toda sua força.

O menino, assustado, obedeceu. Kuririn então aumentou muito a velocidade, além do que podia manter e virou-se. Lançou em direção ao monstro um feixe de luz muito forte que cegou o perseguidor momentaneamente. O humano, então, rumou até uma caverna em uma das montanhas e anulou seu ki. Ficariam ali até o monstro ir embora.

Dodoria gritou ao ser atingido. Uma forte luz ofuscou seus olhos cegando-o. A dor era intensa. O ataque, apesar de simples, era potente e certeiro.

Kuririn colocou o menino no chão e abraçou-o para que ficasse calmo e parasse de tremer. A caverna permitia uma visão relativa do que tinha do lado de fora, então o careca ficou de olho para garantir caso o monstro resolve-se investigar ali.

O Comandante ficou alguns minutos incapacitado por sua falta de visão. Aos poucos, enquanto ia voltando, passou a voar devagar procurando-os. Ia gostar muito de matá-los. Será que escaparam?, pensou. Não, ele não era rápido o suficiente.

– Apareçam!- gritou enfurecido.- Ou destruirei esse lugar!

O pequeno namekuseijin voltou a tremer, Kuririn apertou-o para lhe passar tranquilidade, porém também estava assustado.

Dodoria lançou uma bola de energia e destruiu parcialmente uma montanha. Iria atacar montanha por montanha para encontra-los se fosse preciso.

Kuririn não estava próximo do monstro, mas ele logo chegaria ali. Não podiam ficar esperando nessa caverna por muito tempo ou morreriam. Contudo, se saíssem seriam capturados. Dodoria continuou seus ataques, nunca destruindo as montanhas completamente. Se por não querer ou não poder, Kuririn não sabia. Quando estava muito próximo de onde estavam, o homem sentiu um ki se aproximando. Era forte e desconhecido.

O comandante não percebeu a presença do recém-chegado até que foi atacado. E agora, quem é esse?, pensou.

Era um nativo do planeta. A criança soltou Kuririn e exclamou aliviado:

– Nail!

Os dois assistiam enquanto Nail e Dodoria lutavam, ambos tinham níveis muito próximos e o vencedor seria aquele que cometesse menos erros. Kuririn, notando isso, deixou a caverna e foi ajudar o namekuseijin. Ambos passaram a atacar aquele assassino cruel.

Dodoria perdeu grande parte de sua energia e acabou despencando em um riacho que corria por entre as montanhas, estava cansado e ferido. Nail e Kuririn pousaram perto do monstro. Levantaram suas mãos e lançaram o último ataque. Nunca mais haveria vítimas de Dodoria.

A criança saiu de dentro da caverna e voando, para a surpresa do terráqueo, pousou ao lado de seus salvadores.

– Eu agradeço aos dois.- sussurrou. Estava muito triste pelos recentes acontecimentos e morte de seu irmão.

– Você é um dos guerreiros da Terra.- começou Nail para o humano.- Venha comigo, o Patriarca deseja vê-lo.

– Quem?- perguntou confuso.

– O Patriarca.- respondeu o menino.- O deus desse planeta!

– Ah!- exclamou entendendo.- Vamos lá então. Eu sou Kuririn!

– Dendê!- apresentou-se a criança.- Esse é Nail, o protetor e guerreiro do Patriarca.

O namekuseijin mais velho acenou com a cabeça. Os três, então, partiram voando a uma velocidade não chamaria a atenção, mas não lenta também.

##############################################

Goku e Vegeta chegaram ao local onde estavam reunidas as cinco esferas. Era um campo aberto com montanhas ao longe. Ali estavam uma gigantesca nave e um grande número de soldados. Nenhum dos dois sentiu a presença de alguém com um poder que se destacasse.

– Você queria um plano?- perguntou Vegeta, sua atenção no cenário à frente.

Goku olhou-o curioso. O mais velho estava sorrindo de uma forma que sempre lhe deixava preocupado.

– Eu entro na nave e corto a comunicação dos computadores de bordo, enquanto isso você pega as esferas.

– Parece bem fácil!- concordou animado.

– Antes temos que lançar uma energia para destruir os scouters desses soldados.- continuou Vegeta.

Ambos, então, aumentaram seu ki repentinamente e lançaram em direção ao exército. Os soldados ficaram tontos pelo impacto e explosão de seus computadores visuais, Vegeta e Goku aproveitaram a distração para lutar.

Rapidamente o exército foi vencido. Apesar do grande número, não eram fortes e nem rápidos o bastante para os dois sayajins. Além disso, com a falta de comunicação não tinham como pedir ajuda.

– Pegue as esferas!- gritou Vegeta enquanto entrava na nave.

– Nos encontramos no local onde deixamos a nossa nave!- disse Goku já pegando uma.

Vegeta parou ao ouvir um estrondo. Ao olhar para trás viu Kakaroto coçando a cabeça meio desnorteado com aquela expressão de bobo que tanto lhe irritava.

– O que foi agora?- perguntou.

– Puxa, essas esferas são muito pesadas!- riu.

Realmente, sua paciência era curta. Vegeta foi para perto do mais novo olhando-o com raiva.

– Pegue algumas então!- disse após pegar uma e constatar que era impossível ele sozinho levar todas.- Eu levo mais depois.

– Eu acho que não há necessidade.- começou Goku sério.- Só não podemos deixar ele reunir as sete, se levarmos uma as outras não terão utilidade.

Vegeta concordou com a cabeça. Talvez Kakaroto não fosse tão idiota quanto achava.

– Tome cuidado!- despediu-se Goku já voando em direção ao local em que esconderam a nave em que tinham viajado.

Vegeta bufou. Era o Príncipe dos Sayajins! Kakaroto era quem devia tomar cuidado. O guerreiro entrou na nave de Freeza, há anos não via uma nave do Império. Enquanto passava pelo corredor pensava que talvez cortar a comunicação seria o suficiente. Pode ser que precisassem dela para sair de Namekusei se algo desse errado ou usarem as câmaras de regeneração.

Entrou na sala do computador de bordo, não parecia que grandes mudanças ocorreram. Com uma única bola de energia garantiu que a comunicação fosse cortada. Os computadores ao lado ficaram parcialmente chamuscados.

Agora era sair dali levando uma ou duas esferas.

##############################################

Piccolo encarava os soldados mortos. Eram muitos, mas não estavam preparados para um guerreiro de seu nível. Estava preocupado, o planeta parecia ter iniciado uma reação contra a destruição de sua vegetação pelos atos do exército. Cada vez mais o ar ficava mais pesado e a luz proveniente das estrelas diminuía ao adentrar na atmosfera fazendo com que ficasse mais frio e escuro. Temia que essas mudanças fossem irreparáveis e Namekusei iniciasse um processo de autodestruição.

Sentiu um ki se aproximando. Nem se virou, sabia ser Bardock. Mas onde estaria Kuririn?

– O namekusejin líder daquela vila está morto.- disse o sayajin ao chegar.- Ele me deu a esfera.

Piccolo virou-se e viu a grande bola dourada em suas mãos.

– Eu não sinto o ki de Kuririn.

– Eu o perdi há algum tempo.- murmurou Bardock.- Mas ainda sinto sua presença no planeta. Deve estar anulando o ki o bastante para passar despercebido.

Piccolo concordou com a cabeça, o outro estava certo. Kuririn estaria bem.

– Devemos voltar e esperar os três.- começou Piccolo.- E achar um local seguro para essa esfera.

Bardock encarou a bola em suas mãos. Era grande e pesada, seria difícil esconder algo assim, mas conhecia um método que poderia ocultá-la dos equipamentos do Imperador. Freeza não detinha mais o controle da situação, isso animava-o.

Os dois iniciaram um voo lento, não sabiam se ainda existiam soldados com scouters.

##############################################

Já era noite no planeta Shoys. Soldados do Império iam e vinham atentos ao menor movimento. De alguma forma o guerreiro conseguia anular seu ki, uma habilidade desconhecida por eles. Os escravos estavam agitados, sabiam que algo iria acontecer.

Aproveitando-se da escuridão, uma figura movia-se por entre as pedras a certa distância da concentração dos escravos. Vestia-se de negro, o traje era o mesmo dos sayajins e do resto do exército, apenas a cor era outra, já que a original de sua raça era azul. No lugar do colete com ombreiras uma leve malha verde comprida até as coxas servia de colete ou camisa sem mangas, quase um roupão, presa por um cinto preto. Na cabeça um capacete com uma antena que anulava a eficácia dos scouters dos soldados, uma técnica eficiente para esconder qualquer coisa.

O exército apenas podia vê-lo com os próprios olhos, não tinha como os computadores visuais auxiliá-los se não havia como encontra-lo. Até aquele momento nenhum integrante do Império jamais o viu frente a frente, talvez por isso os soldados tinham um pouco de medo desse fantasma que agia aproveitando-se da escuridão da noite

Rapidamente, o Grande Sayaman derrotou os soldados que estavam ali, seu poder era muito grande, o exército não tinha chances. Abriu a porta do prédio onde estavam os escravos e ajudou-os a entrarem nas naves roubadas no dia anterior à partida de Freeza à Namekusei. Deu as coordenadas de planetas na Galáxia do Sul em que Freeza não tinha o domínio e que estariam relativamente seguros do Império.

Os nativos agradeceram emocionados, aquele guerreiro arriscava-se tanto por eles e por outros escravos. Era uma luz de esperança em meio a sombras, dor e morte. As crianças olhavam-no admiradas, ele era o seu herói!

O Grande Sayaman aceitava o aperto de mão dos mais velhos e acenava como resposta aos tímidos gestos dessas crianças, sabia que era o único em condições que lutava por eles e isso era uma responsabilidade que o preocupava, se fosse pego quem os ajudaria? Precisava tomar cuidado e garantir que pudesse continuar para ver o olhar de alegria desses meninos e meninas. Ou talvez, porque lá no fundo, gostaria que alguém lutasse por ele para salvá-lo também.

Ao ver a nave partir, Gohan retirou o capacete. Sentia-se feliz em ajuda-los. Afrouxou as pernas falsas para parecer mais alto, aquilo incomodava e o deixava mais lento, mesmo assim era útil para o disfarce e até hoje nenhum soldado passou perto de captura-lo. Caso alguém lhe visse, não suspeitariam por sua altura e não seria descoberto.

Trocou a roupa e a escondeu dentro do capacete que diminuía até parecer uma bola com duas alças, era uma espécie de pulseira ou relógio. Tinha desde pequeno e havia uma inscrição. Não sabia o que era, mas ajudava-o a esconder coisas em pequenos frascos que havia dentro.

A inscrição era: Capsule Corp.