Lágrimas da Realeza

Capitulo Especial - Lá no topo ela brilha


Não sabia o que sentir em tal instante. Tantos pensamentos em sua mente a invadiam de certo receio sobre o trabalho a fazer. Estava mais calma, sim, sobre tudo o que acontecera, mas determinadas coisas influenciariam para sempre seu subconsciente, alterando alguns pensamentos, ou alguns dos seus próprios movimentos, inconscientemente, em algum instante. Era comum.

Tentou se focar na limpeza das peças, começou por algumas, mas sentia que naquela hora não estava produtiva o suficiente, que não estava capaz de fazer tal. Tentou lavar, depois, construir alguma das muitas maquinas parasitas controladoras de mentes que Hessonite á muito lhe tinha requisitado.

Sentia certa paixão naquilo… Mas naquela hora, simplesmente, não estava a conseguir… Sentia um vazio em si sem explicação.

Aproveitou a solidão, e olhou para os ecrãs flutuantes, as imagens do exterior receavam a sala da base, mas não a sua depressiva Jóia.

Tentou então procurar outra coisa que fazer, mais alguma coisa diferente. Uma distracção, um hobby, era, bem possivelmente, o que ela necessitava.

Hesitou um pouco, claro, tinha que cumprir seu dever, mas descansar, fugir da rotina, só esta vez, e possivelmente única oportunidade por agora, seria importante, uma oportunidade única. Talvez, não iria fazer assim tão mal, ou conquistar uma oportunidade dessas assim tão cedo.

Decidiu tentar construir algo novo, por algum motivo, lhe veio a mente mudar o circuito, e misturar peças que Hessonite não tinha misturado, quando ela lhe mostrara a construção da tal coisa controladora de mentes dos animais orgânicos.

Escavou a fundo no caixote, procurando alguma coisa fácil de desconstruir, e em otimas condições para usar, algo que desperta-se seu interesse, algo de seu gosto…

Até que achou uma caixa, de formato interessante, bastante familiar. Mas estava estragada, entre outras peças que, aparentemente, também se encontravam a muito quebradas e sem qualquer utilidade, por agora, visível, ou útil.

Pegou nela, analisando sua superfície. Lembrou-se de imediato da tal maquina, a tal sumida nestas descrições caixa, aquela que Hessonite lhe tinha pedido para guardar no interior de sua jóia… E como ela podia se ter esquecido assim dela?

Pérola Rosa contava inicialmente com imenso interesse em saber os segredos que aquilo continha, e como se pode esquecer de tal grande parte do tempo em que se manteve viva? Como se esquecera de algo que guardava no interior do seu próprio corpo?

Enfim… Invocou então o objecto. Depois de se certificar, claro, que estava totalmente sozinha, ao analisar o corredor e a entrada… Uma pequena escapadela da rotina não fazia mal, mas não queria escapar em frente a outras Jóias, pois ai sim as coisas podiam correr mal, principalmente se essa jóia fosse a sua própria Hessonite. Estava segura de abrir a caixa tecnológica, assim.

E então, procurou saber como ativar tal coisa. Segurou uma parte, clicou em alguns botões. Dominada pela curiosidade, seus movimentos rápidos tentavam ligar tal tecnologia o mais rápido possível. Até segurar e rodar uma determinada parte da caixa, mantendo a outra fixa. Aquilo foi o suficiente, para o objecto, envolto em luz, mostrar sua verdadeira forma.

Começou a flutuar no ar, e a demonstrar um painel holográfico com uma lista de coisas aleatórias, nada organizadas, mas era uma lista, muito grande. Pérola sabia que não teria tempo de explorar tudo, ou que podia ser apanhada em ficheiros que não era suposto esta ler. Então, sem saber exatamente como tal computador ou arquivo, ou sei lá o que era aquilo, funcionava, começou a clicar em botões aleatórios, tentando descobrir como mudar de página e ler outros títulos, sendo que os títulos atuais a serem ali mostrados eram apenas diários de bordo numerados, aparentemente antigos.

Sem saber, de forma exata, como, só reparou numa opção de encontrar arquivo aleatório a ser mostrada no ecrã. Pérola não sabia onde tinha clicado para mostrar aquilo, mas manteve-se interessada, ao ver um pequeno texto, fotografia digitalizada de um raríssimo manuscrito, esculpido no ecrã. Tentou decifrar o que ali se escrevia. E Pérola quando deu por si, estava mergulhada em interesse, numa leitura fixa de tudo aquilo, absorvendo cada detalhe de tal história e saboreando tal velho conteúdo.

Lá no topo ela Brilha, era, aparentemente, o seu titulo, e, ao mesmo tempo parecia ser um diário, um pouco diferente dos típicos diários de bordo.

INTRODUÇÃO

Hessonite nem sabe o que me aconteceu naquela altura (começaram as palavras iniciais do texto que aos poucos se expandia em um universo único). Como amante da raça humana, posso dizer que foi maravilhoso. Estas criaturas são, encantadoras, e as vezes, eu gostava de ser tanto como elas. E pois bem, esta história, já fez mais de mil anos que, semana passada o fez.

Pelo que parece, os humanos celebram, nesta época do ano, um género de festividade chamada pela maioria dos humanos de, Natal, para eles muito especial. E eu posso dizer que, agora que vivi o que tinha que viver ao lado de alguns deles, sei bem o que significa, e além das crenças religiosas, é maravilhoso, e eu quero explicar certa coisa a quem alguma vez ler este diário meu.

E então, adoro contar histórias de forma igual, e pois bem… Agora realmente começara. O seu inicio poderá parecer meio duvidoso, pois fora inventado por mim tendo em conta o máximo de informações que eu recolhi enquanto estive envolvida no processo, a apartir de um certo momento que todos já sabem qual foi ou digamos, será, já descobrirão assim, rapidamente o que é o mais, como alguns humanos dizem, canon.

E assim, este meu começo fictício, se irá iniciar.

Era uma noite fria, como qualquer outra noite de inverno ali na aldeia remota no cimo da planície. O lugar não era alto o suficiente para neste nevar, mas continha um clima bastante agradável, de céu limpo, quase todo o ano, apesar de ser facilmente afectado pelas estações do ano, algo notório, sendo que a maioria das árvores contavam com os ramos nus, suas folhas estavam caídas, esperando em paz somente a próxima estação do ano para se regenerar.

Um rapaz, com pouco menos de dez anos, corria pelo prado, acabara de sair da escola, que ficava na aldeia vizinha, a alguns poucos quilómetros de distancia, ele chegara até ali sempre com a, a boleia de um conhecido, cada viagem durava cerca de 30 minutos.

Seu vestuário era pesado, o suficiente para combater o frio que invadia aquela madrugada, e em seu corpo se destacava um xaile encarnado, embrulhado por volta da cabeça, claramente desgastado. Era, possivelmente, uma das peças de roupa favoritas do rapaz. Além, da típica mochila escolar.

Estava sozinho, depois de atravessar o pequeno prado, quando chegou a aldeia, não pode reparar numa figura familiar saindo da loja única da localidade… Era seu pai, que, pelos vistos, saira mais cedo de seu trabalho de agricultor nos campos próximos. Afinal, estava demasiado frio para cuidar do gado a tempo inteiro, ou das plantações que davam no inverno.

Decidiu seguir este, para ver onde ele iria, com uma caixa de brinquedos na mão. Também contava com um saco recheado de frutas, frutas que caiam das árvores, tais como laranjas e tangerinas, nesta estação, mas essa parte não era importante.

Passadas algumas poucas ruas, o tal homem entro dentro de uma casa de carácter nobre. Era a sua moradia. Desconfiado do que o pai iria fazer, espreitou então pela janela da cozinha…

Os brinquedos que acabara de comprar, foram embrulhados, e, de seguida, colocados debaixo da árvore de natal, por ele. O pobre rapaz, se manteve estático, sem saber exatamente o que pensar, sentiu que parte do que conhecia era uma mentira. Foi então que reparou que a sua mãe estava atrás dele, observando o comportamento de seu menino.

Assustado, deu um pulo, a encarando.

— Querido, já voltou? Hoje veio cedo – Ela riu, tentando disfarçar o que aconteceu, o que ele acabou de ver – Vamos, entre antes que fiques doente, podes apanhar qualquer coisa má com este frio todo aqui fora.

E assim, entraram na casa logo em seguida.

Sem grandes conversas, ele dirigiu-se até outra secção, o pai estranhou o comportamento do filho sem nenhuma saudação, como era comum, mas ao ver um sinal gestual da mãe a distancia, já entendera o porque, e manteve-se quieto a ler o jornal.

O rapaz assim foi para a sala, estudando e fazendo seus deveres escolares, em silencio, sentado no sofá, mas prestava mais atenção a outra coisa do que propriamente aos cadernos, lápis, e livros que suportava.

Encarava pensativo a árvore enfeitada em cores e luzes, e as prendas recém embrulhadas pelo pai em suas mãos ali deitadas. A lareira e seu fogo aqueciam o local, mesmo ao lado. Reparou que a lenha já estava quase consumida, então, ergueu seu corpo cansado do sofá, para alimentar um pouco mais o fogo com alguns gravetos e ramos secos que eram guardados mesmo ali ao lado.

Curioso, aproximou-se da árvores, para satisfazer suas duvidas tremendas. E leu a etiqueta da prenda….

De: Pai Natal

Para: Seya (Sim, Seya era seu nome)

E o rapaz, ainda mais incrédulo ficou, não conseguindo acreditar. Algo em que este toda a vida acreditou ficara despedaçado em segundos. O pai Natal era uma mentira, suas renas, seu trenó… Tudo era mentira… Sempre foi… E como é que a pobre criança nunca tinha reparado? Por sorte, ou algum azar inconveniente, aquele dia mudara tudo… Ele sempre acreditara em tal história de homem gordinho que entregava os presentes a crianças bem comportadas… Mas ver seu pai colocar aquela prenda debaixo da árvore, e logo ler a etiqueta enganadora, fora um sentimento devastador.

A mãe, que sabia o que o rapaz pensava, apareceu á porta, de braço cruzado, com olhar pensativo.

— Estás pronto – Murmurou ela para ele de forma misteriosa.

E o rapaz, ainda incrédulo, a olhou, não entendeu.

— Como assim, mãe? – Manteve-se ainda mais confuso.

Ela sentou-se então no sofá, chamando o filho, para seu lado, que sentou-se também na superfície lisa do mesmo.

— Finalmente descobriu a verdade – Comentou tentando não demonstrar surpresa ou demasiada emoção. Suas palavras eram normais.

O rapaz baixou a cabeça, quase deixava uma lágrima escapar… Uma coisa daquelas, uma crença despedaçada…

— Aquilo foi comprado pelo pai… É tudo uma mentira – Completou o que sentia, e a mulher deu um olhar distante, que logo se alegrou.

— Não… Não é – Ela deu um sorriso, o rapaz arregalou os olhos, ainda sem entender, agora mesmo nada daquilo entendia - Agora, é a tua vez de seres tu, o pai Natal!

Mais confuso permaneceu, assim, agora, o que vinha a ser aquilo? O que tais palavras significavam? Se ele não existia, como ele seria essa tal, mítica pessoa?

— Deixe que te explique melhor, meu filho – Começou, a mulher – Eu sou o pai Natal. Teu pai é, tu és, também.

— Não entendo mãe…

— Seja bem vindo meu filho. – Ela riu – Teu dever actual como pai Natal, é escolher uma pessoa que gostes muito, e lhe oferecer algo que saibas que ela irá gostar.

— Mas onde está o pai Natal verdadeiro? – Ele continuo a perguntar confuso, insistindo na questão.

A mulher, exitou um pouco com aquilo, mas decidiu prosseguir ainda mais para não deixar o filho totalmente desanimado.

— Nós todos somos ele - Continuou, apesar da criança ainda não estar convencida do argumento – Como achas que numa única noite, ele consegue dar tantos presentes ao redor do mundo a tantas pessoas queridas de diferentes idades?

— Ainda não entendi… Não existe renas voadoras? Nem elfos ou duendes que constroem brinquedos, nada?

A mulher, abraçou o rapaz.

— SHHH – Mandou o mesmo ser silenciado – Não destrua nosso segredinho, sim, eles não existem realmente, mas foi uma forma de esconder nossa identidade. Ser pai natal, é uma tarefa difícil, uma identidade secreta, e muito especial. Ninguém pode saber o nome real de quem deu o presente a alguém, e é ai que o nosso lado pai natal entra. E tu meu filho, estás finalmente pronto para adotar este papel.

— Mas, porque ninguém pode contar? Como assim eu é que sou esse senhor do natal? – O rapaz permanecia confuso ainda o bastante.

A mulher, impaciente, deu-lhe uma resposta final.

— Faça como eu lhe disse. E suas respostas serão respondidas. E tudo será revelado com o seu tempo. E nunca mais falaremos sobre isto. Boa sorte com sua nova missão!

E a mulher, simplesmente saiu da sala, com um pequeno sorriso rasgado nos lábios.

O jovem não estava nada convencido daquilo. Mas, porque não tentar? Fechou seus livros escolares. Saiu á rua.

Estava a anoitecer, o tempo parecia ainda mais frio. Mas a sua roupa era quente o bastante para suportar aquilo, e o frio refrescava sua mente. Caminhou, tentando processar o que descobriu a pouco. A pobre criança, tinha um sonho destruído, ou parcialmente. Mas, o que sua mãe lhe queria dizer com tais palavras?

Distraído nos pensamentos, encarava o chão a cada passo que realizava, até que acabou embatendo em alguém, outra pessoa que passava na rua. Era uma jovem, de idade semelhante a ele. Ambos caíram. E ergueram seu corpo logo em seguida. A menina parecia tímida com a ajuda nobre do rapaz. Ele sabia quem era.

Era uma jovem tímida, e pobre. Conhecida por ser a mais pobre da aldeia, pouco se sabia sobre sua família. A menina, fazia o que podia para sobreviver com a família, trabalhando desde muito cedo ao fazer uns serviços aleatórios, com os pais, em algumas casas por ai.

Depois de encarar a cara do jovem… Ela, assustada, começou a correr, o rapaz, para lhe pedir as imensas desculpas, foi atrás dela, quase como impulso, ela que entrou numa casa velha, descaída, que se localizava no outro extremo da rua, uma das ultimas casas da aldeia.

Entrou e trancou a porta. Curioso, o rapaz olhou pela janela partida o interior, para ver se conseguia ainda chamar a atenção da menina para seu pedido. A casa estava negra, suja, cheia de teias de aranha, e o mais importante, que se realçava, era a inexistência de coisas remetentes ao natal. As decorações natalícias não invadiam as paredes, e nenhuma arvora esperava ser recheada de presentes no grande dia, a casa estava normal, comum, como qualquer outro dia comum do ano, e muito diferente das restantes casas que se aprontavam em decorações de esbelto brilho e cor para tal época especial.

E assim, o rapaz reparou que podia entrar, a janela estava destrancada. Ele sabia que a menina sempre se fechava no quarto, e os pais vinham tarde devido ao imenso trabalho por uns trocos, a maioria para pagar dividas pesadas do que propriamente para comer. Mas ele não o fez. Em vez disso, teve uma ideia.

Lembrou das palavras da mãe, ele achava que sabia as respostas agora, ou parecia saber, tentaria fazer seu papel de pai natal como ela lhe dissera, só para buscar o significado de tal. Então, apesar de existir lobos e vários animais perigosos no exterior aquela hora, correu para a floresta no exterior da aldeia, em busca de uma boa árvore, para começar.

Agora, é que vem a parte mas interessante da história. E a possível versão mais fiel a realidade.

Ele procurou, procurou, até achar a árvore de forma perfeita que encontrou, pegou no machado, e eu só senti uma coisa em minha perna.

Eu me virei para ele. Eu gritei. Ele gritou. ASSUSTADOS!

— A ARVORE É UMA SENHORA??? – A voz do rapas ecoava em pânico entre as árvores.

Pelos visto, ele tinha confundindo, no meio daquela escuridão, meu cabelo com uma boa árvore que desejava cortar e levar. Eu estava a fazer uma pausa de uma missão. A General Garnet e a minha linda Hessonite estavam bem mandonas e ocupadas ultimamente, e eu só queria relaxar o trabalho de colonização do planeta. Aproveitai para me aproximar da aldeia humana para estudar os comportamentos deles melhor.

— Calma ai pequeno – Começai – Eu não te vou comer.

— Uma árvore mulher que ainda sabe falar?? – Disse o jovem impressionado.

— Eu não sou uma árvore – Eu dei uma pequena gargalhada – Sou uma Jóia, uma raça viajante do espaço, nós e vocês humanos fomos grandes parceiros e aliados no passado.

— Sim… Jóias… - O rapaz deu um sorriso empolgado – Eu ouvi falar, mas nunca tinha visto uma. Vocês colonizam planetas e fazem coisas interessante com magia!

— SIM! – Eu respondi, exibindo alguns dos meus poderes – Então jovem humano, porque deu com machado em mim? Sua sorte é que eu sou pacifica, se não, eu tinha retribuído o golpe ou ido reclamar a teus pais!

— Desculpa… Desculpa senhora árvor… ALIEN! – E ele realizou uma vénia como modo de perdão – Eu confundi teu cabelo verde com uma árvore. Procuro uma para fazer uma surpresa ao ajudar uma amiga com espírito natalício.

Na altura parei um pouco, minha curiosidade foi maior que qualquer coisa.

— Eu não entendi nada mas… Ajudar em que?

— Ela e a família são bem pobres… Eles nunca celebram o natal e passam sempre o dia fora a trabalhar o dia inteiro, sem relaxar nem nada – O rapaz baixou a cabeça, meio triste, depois de explicar – Eu gostava de mudar isso e de lhes dar um natal diferente.

— Eu não faço a mínima ideia sobre o que tu estás a comentar mas eu acho que posso ajudar no que puder! Eu amo humanos e quero conhecer mais sobre vocês!

— Sério? - O rapaz ficou com os olhos brilhando com tal informação – Muito obrigado senhora árvores falante!

Eu não sabia o significado de nada daquilo, não sabia o que era Natal nem nada, mas se aquele pedido implicasse uma maior aproximação dos humanos! Ai sim falavam minha jóia! Além disso, nunca tive tanta aproximação de um humano assim, e eu senti certa relação com aquilo. Esse tal Natal era dentro de duas semanas, o suficiente para preparar tudo com antecedência. Eu estava empolgada, ele também estava, e senti que acabara de ganhar um novo amigo.

Ele me levou para sua casa e me apresentou a sua família. O pai me estranhou, mas a mãe sabia que tinha relação com alguma coisa relacionada com aquela conversa toda de pai natal, papai noel, santa claus, ou sei lá o nome que os humanos davam aquele velho gordo mitológico. Eu ouvi histórias sobre ele, além da lenda das árvores, o conto do nascimento do filho de uma coisa chamada deus e outras coisas. E cada coisa me encantava aos poucos. Aquela estadia com os humanos começava a dar um bom lucro. Eu começava a amar cada vez mais a sua complexidade.

O rapaz, queria ajudar com comida, olhou a saca de fruta da época que o pai trazera da sua quinta, quando saira da loja local, e teve uma ideia. Um bolo com aquelas frutas parecia uma oferta otima, e tinha ingredientes o suficientes para criar algo grande, cujas fatias fossem bem duradouras, no máximo uma semana de comida rentável.

Com a minha ajuda, e ajuda da mãe e do pai, assim o fez. Quanto mais velho aquele tipo de bolo, mais delicioso era para os humanos ou algo assim de acordo com o que eles comentavam. Eu nem sabia o que era um bolo, por isso, naquela tarde, foi só desgraça naquele sitio chamado cozinha, pelo menos por parte das minhas mãos.

Ele também foi a uma loja, onde comprou vários brinquedos e lembranças, tanto para a menina, como para os seus pais, além de decorações natalícias. Mais perto do dia, fizemos mais comida, o suficiente para um grande banquete.

Até chegar o famoso dia 24, chegamos ao lado da casa da menina para preparar tudo. Por sorte, não estava ninguém lá dentro.

— Ei, faltou uma árvore – Eu comentai para o rapaz.

— A árvore vai ser tu – Ele riu, ao tentar abrir a janela para assaltar, literalmente, a casa – Ou pensa que eu te pedi ajuda para nada? Eu sei que vai resultar.

— SIM! EU SOU A ARVORE DE NATAL!

Eu não negai, muito pelo contrario, amei tal ideia louca. E assim, preparamos tudo. Limpamos ao máximo a casa, usamos as decorações, e eu, como árvore, cheia de brilho, enfeitai e dei bem mais alegria a tudo aquilo. Permaneci imóvel, pelo menos até chegarem. O rapaz, ficou a observar tudo, escondido no exterior, através da janela.

— Alguém invadiu nossa casa – Ela comentou aos pais, depois de abrirem a porta pela primeira vez.

E eu não entendi bem a felicidade que eu vi. Eles se desfizeram em lágrimas com a magnifica surpresa. Ao verem muita comida e doces em abundancia em cima da mesa, um pequeno saco com dinheiro que ajudaria uns bons meses, e, ainda, o que mais realçou, as decorações da casa. E… Meu corpo, em brilho e luzes cintilando, recheado de presentes aos meus pés.

Eu me aproximai deles. E entreguei cada coisa a família com calma.

A menina foi a primeira a pegar em seu presente.

De: Pai Natal

Para: Nina

Foi o que a etiqueta descrevia em uma letra bonita.

— Devíamos perguntar os motivos de um alien estar aqui? – Pediu a mulher ao marido, incrédula.

— Não, vamos aproveitar este momento – Disse ele, chorando baba e ranho ao me abraçar, e a segurar os presentes.

O rapaz finalmente tinha descoberto o significado de ser pai natal, ao observar o sorriso da menina e a felicidade de toda aquela família com o que acabara de receber em surpresa.

Naquela noite, aquele rapaz, e eu, fomos o motivo de trazer aqueles pobres tanta alegria. Eles não paravam de se rir com as minhas piadas! SE bem que para muitos, eu só sei dizer grande parte do tempo, merda mesmo. Eu acho?...

Durante uma parte da noite, a alegria era tanta, que nós acabamos por até mesmo cantar uma musiquinha… Música que eles cantaram quando começaram a enfeitar meu corpo e cabelos com mais decorações que tinham guardadas em uma caixa, repletos de espírito natalício, aproveitando o momento. Uma estrela foi colocada no todo da minha cabeça. Eu era a árvore, e tinha aprendido que para vários humanos e suas crenças, enfeitar uma árvore representava construir um símbolo do universo e céu cheio de estrelas, e honrar os entes queridos que á muito se perderam.

Uma música esquisita, que eu tentai o mais fiel possível descrever, sem acrescentar quase nenhum novo ponto, esquisita, mas que para tais pessoas contavam com um final muito especial. Aquela família fora bastante importante para mim. Passei muito tempo ao lado deles, talvez, até demasiado. Aprendi coisas incríveis sobre os humanos. E ao analisar o contexto de tal musiquinha, pode conhecer um pouco mais as motivações da pobreza e sofrimento deles. Apesar de que muita coisa eu claramente não entendi e nunca entendi… Talvez, nem nunca irei descobrir nem enteder, mas tal pode não ser importante… Pois faz parte do passado, e tenho certeza que eles vão ou devem estar em um bem sitio melhor agora… Juntos…

Lá no topo ela em constante, brilha

Estrelas do outono caem com o vento

E assim, nós juntas, a situação fica

E no verão mergulhar oceano imenso

Enche nossos corações de intriga

É o ciclo, ciclo da vida

Ciclo sem fim

Primavera cai florindo o campo

E meu coração com o teu

Assim, aqui, antes, no gelo, fica…

Substituído por

Nova geração florescendo.

Mas!

Sem tristeza, vivo o presente

Aproveitando cada momento

No teu embalo quente

E a cada segundo que

Lei está em frente

Nossa natureza sempre sente

Lá no topo ela em constante brilha

E é assim, e assim é, sempre será

O ciclo

Ciclo sem fim

O valor da vida

Pois lá no topo, esta vida,

em constante brilha

Em constante

Sempre termina

Mas!...

Em constante

Sempre fica

E esta cena, esta parte especial do inicio de tudo, fora uma das maiores coisa que podia ter acontecido a mim.

Tendo em conta o sucesso que levou, eu e o rapaz continuamos a fazer isto aquela família, durante uns longos anos. O rapaz nunca revelou a menina e seus pais que ele é que era o tão misterioso pai natal, apesar da existência de muitas desconfianças. Até que, misteriosamente, o rapaz teve uma acidente de carro, parou ao hospital e nunca mais voltou.

Isso fora depois de uns bons 10 anos, e fora quando a jovem só descobrira que o autor daquelas celebrações era ele depois dele ter desaparecido… Foi um tanto trágico…

Enfim…

CONCLUSÃO

Existem algumas coisas que eu nunca entendi lá muito bem. É uma história simples, genérica, cliché, repetitiva… Mas afinal coisas assim por vezes tem impacto forte, e muito, não é?

Mesmo depois do desaparecimento do meu melhor amigo e companheiro humano, eu decidi continuar aquelas celebrações nos tempos livres. Descobri aos poucos mais sobre a vida e o ciclo de vida humano, ao ver durante tanto tempo, a menina a ter filhos, e depois, esses filhos, terem filhos, que mais tarde também contaram com seus próprios filhos. Acompanhei tal jornada durante várias gerações. Eu era a árvore magica deles, que falava e brincava, e ria, e dizia piadas… E foi um prazer muito grande acompanhar inúmeras gerações do ciclo de vida humano, de tal forma que as praticas iniciais e aquela própria música, acabaram uma tradição entre eles. Tradição única, muito especial.

Uma coisa simples com tanto impacto, e isso foi maravilhoso… Até para mim. Eu sei que esta história podia estar melhor, e não contar com descrições genéricas e essas coisas, mas eu fiz o meu melhor, e espero que todos entendem o valor de tudo isto…

A medida que as gerações nasciam, pareciam se separar cada vez mais, e então, eu não podia atender tanta família separada num único dia… Infelizmente, aos poucos fui deixando minha presença nas épocas festivas. Apesar deles ainda manterem bastante as tradições individualmente. E os mais novos ainda esperarem o retorno da engraçada senhora árvore falante que mais tarde, acabara só uma lenda que mais ninguém acreditaria com o tempo… Talvez, a história original do tal pai natal também contou com uma origem assim….

Os meus deveres como Joia, também não me permitiram continuar mais com tais tarefas. Principalmente com uma humana, descendente da tal menina, que se mostrou interessada, até demasiado em nossos trabalhos na colonização do planeta, a medida que nos expandíamos e nosso território destruía cada vez mais terras, florestas, e cidades humanas…

Não sei os planos de Morgana, e as vezes, eu me sinto culpada por uma humana ter-se envolvido tanto na nossa sociedade assim… Afinal, fui eu que depois de tantos anos junto com os seus descendentes dei a ideia… Mas emfim… Não sei o que vai acontecer de agora em diante já que temos dificuldades com ela e com uma outra rebelde…

Só queria deixar isto registado. O valor desta magnifica mas simplória história. E o impacto e contexto que ela deu em mim, e sempre teve em mim. É incrível o poder que isto tem nos humanos. E magnifico todo o contexto lindo que eu consigo tirar de tudo isto…

Tanta coisa difícil de explicar e bastante repetitiva que eu aqui descrevi, mas enfim, só queria me expressar, ou tentar, algo que nunca fui exatamente boa sobre…Dá para notar tal, certo?... Deixar isto aqui registado…. Hoje em dia ainda penso no olhar brilhante daquela família pobre ao entrar dentro da casa e ver os enfeites pela primeira vez. Um momento realmente mágico, inesquecivelmente magnifico… E de todo o convívio que tiveram… E de toa a atenção e amor que me ofereceram…

Pouco conhecem ou conheciam este meu lado, sempre escondi meu contacto direto com os humanos assim… Mas se tem alguém que eu acho bem mais importante que os humanos para mim, é a Hessonite, que me acompanha sempre e sempre me apoiou em tudo… Eu gostava de ter feito com que ela se aproxima-se dos humanos mas ela nunca os entendeu… Ela nunca entendeu esse meu lado… Espero que um dia ela entenda… Espero que ela um dia compreenda tudo isto…

E já agora…

Hey Hessonite XLN, se tu ler isto aqui algum dia. Beijinhos fofos ai na sua bunda ♥

— Esmeralda Corte AT4 da Interface PDPCH

Pérola ao ler tal texto, de certa forma, sentiu-se relaxada, e mais importante, realizada. Não entendia muita coisa do que fora descrito naquelas páginas, não sabia o que era esse tal senhor pai natal, nem o que era natal, nem praticamente nada do que ali foi descrito, palavras bem complicadas de decifrar para ela. Mas sentiu que tinha entendido o essencial, e aprendido o essencial, mensagens importantes, com aquela história, um contexto único e belo naquelas palavras bem escondido. Algo que levaria para sempre consigo, um gesto bonito, um sentimento, uma motivação profundamente boa.

Sentiu passos a caminharem no corredor, naquela direção. Portanto, desligou e guardou o tal computador de imediato, como Hessonite lhe tinha deixado. Felizmente, acabara de ler tudo, mesmo a tempo, antes da nova presença chegar. E estava renovada para prosseguir seu trabalho naquela sala da base. Para fingir que estivera sempre a trabalhar a tempo inteiro desde que ali entrara, pegou de imediato nas peças que limpava anteriormente áquele dia, espalhando todo o caixote onde as mesmas se guardavam, no meio do chão em sua frente, quase como um caos, para se manter atarefada a arrumar tudo, um pequeno disfarce discreto.

Mas sempre mantinha o significado de tudo o que lera em mente, a cada movimento atencioso que realizava com os seus dedos perante as peças ali espalhadas. E, principalmente, tinha em mente o nome encontrado no final do texto.

Deu um sorriso ao pensar que conheceram um pouco, ou quase muito sobre ela… A autora de tudo aquilo, a pessoa que, quem quer que fosse, e onde quer que estivesse naquele instante, vivera tal magnifica experiencia durante tanto tempo, e que, apesar de simplória escrita, a descreveu com certo esforço, atenção, e principalmente, bastante carinho em cada palavra ali, realizada, carinho em cada palavra e frase manobrada com cautela, apesar de não ser a melhor do mundo.

A pessoa que ali entrara era Jaspe, para lhe nobremente ajudar.