Luz dos olhos

Capitulo 2 - Mas te vejo e sinto o brilho desse olhar


[Carla]

Cheguei a casa e meus pais não estavam, lembrei-me que hoje é o aniversário da minha mãe. Imediatamente, liguei para o meu pai e pedi para trazer coisas para eu fazer um jantar de comemoração, ele adorou a ideia e disse que ia chamar uns amigos. Logo ele chegou com as coisas que faltavam e liguei o som alto e comecei a fazer o jantar.

Meu pai reclamava algumas vezes da música muito alta, mas ele gosta de Nando, Lulu, Titãs, Tiago Iorq e muitos outros da minha playlist. Decidi fazer um escondidinho de carne de sol, salada verde, um bolo de chocolate com doce de leite.

Não perguntei ao pai quem ele tinha chamado, mas sei que provavelmente meus tios, um casal amigo deles e a Neide, a Neide! Será que o Tomas vem junto? Bem que ele podia, passar a noite desfrutando da presença dele! A aparência dele me atrai, ele é o tipo de garoto que chama atenção onde passa, é alto, seus olhos e cabelos são castanho escuro, ele não é magricelo, mas também não é fortão, isso, definitivamente, me atrai.

Quando olhei o relógio, vi que já era 18h e minha mãe chegaria as 19:30, tudo já estava pronto, menos eu. Fui ao quarto para tomar um banho e trocar de roupa, afinal, os convidados já iam chegar.

[Tomas]

Depois do encontro com a Carla, almocei e passei a tarde tentando tocar violão, porque a Carla, provavelmente, estava bem inspirada por está ouvindo e cantando bem alto Nando, Lulu, Titã e muitos outros, pelo que vi ela tem um ótimo gosto musical. Quando o relógio marcou 18:15 minha tia chegou e veio me avisar que íamos a um jantar de um aniversário da amiga dela e íamos sair umas 19:20, eu concordei e fui me arrumar, durante o banho cantarolei várias e várias vezes uma das musicas que a Carla ouvia a tarde cuja eu não sei o nome...

Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
E acordei nesse mundo marginal

Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar que me acalma
Me traz força pra encarar tudo

Como de costume, antes do horário marcado eu já estava pronto e logo depois minha tia saiu do quarto. Eu vesti uma calça jeans e uma camiseta pólo azul marinho, minha tia estava com um vestido florido até o joelho e pude perceber o quanto ela se parece com a minha mãe, me bateu uma saudade enorme.

— Vamos? – Ela sorriu

— Vamos, a Senhora está linda!

— Onw, meu principezinho! Você também!

Saímos do apartamento e fui em direção ao elevador, mas minha tia me chamou a atenção:

— Ei – vir-me-ei – O jantar é aqui! – Sorri sem graça e a ficha caiu, estávamos indo para o apartamento da Carla, ou seja, eu vou ter uma chance de conversar um pouco mais com ela.

Minha tia bateu na porta e um homem que me é familiar, Luiz, aquele que encontrei no dia que cheguei, abriu a porta e nos convidou para entrar. O apartamento era bem decorado, tinha um lustre em cima da mesa de jantar que estava bem arrumada, sentamos no sofá e percebi os porta-retratos que estavam repletos de fotos da Carla.

— Boa noite, gente! – Uma voz contagiante disse e logo vi quem era, Carla estava com um short e uma blusa folgada de mangas e mostrava um grande sorriso e, involuntariamente, sorri de volta quando nossos olhares se cruzaram.

— Boa noite – Todos falaram ao mesmo tempo e a Carla veio até mim.

—Olá! – Abriu um grande sorriso

— Olá, moça! Você canta muito bem, sabia? – ri debochadamente

—Ai meu Deus! Você me ouviu? – ela começa a ficar vermelha e esconde o rosto.

Mas te vejo e sinto o brilho desse olhar – Cantei tão ruim quando ela e imitando a voz dela e ela soltou uma risada gostosa.

— Para, Tomas!

E nossa conversa foi fluindo e riamos muito e eu a zoava. De repente, as luzes se apagaram e a Carla, inesperadamente, me abraçou tão forte que eu nunca fiquei tão feliz em ter ficado escuro, depois de um tempo, todo mundo gritou “SUPRESA” e as luzes se acenderam e percebi que não tinha faltado luz ou nada parecido. Carla soltou-me e foi de encontro a mãe e não voltou mais para os meus braços.

O jantar foi agradável, estava muito gostoso e quase não acreditei quando a Carla disse que ela tinha feito, rimos muito durante o jantar e quando acabou ficamos rindo na sala com o pai da Carla contando piadas. O celular da Carla tocou e ela foi até a varanda para atender, depois de uns 7 minutos, ela voltou com um sorriso e disse:

— Gente, a noite está ótima, mas eu vou sair agora com uns amigos, espero de verdade que vocês tenham gostado do jantar porque fiz com todo carinho!

— Filha, por que você não leva o Tomas com você? Acho que vai ser bom já que ele ta chegando agora e também acho que ele vai gostar mais do que ficar com um bando de velhos aqui – A mãe da Carla sugeriu, rindo.

— Ah, Se ele quiser, eu vou adorar! Vamos, Tomas?

— Claro – falei um pouco envergonhado

— Ótimo!

E me levantei, falei com minha tia, peguei a chave e saí. Quando saímos do apartamento, ela disse:

— Tomas, vamos para a praia! Acho melhor você vesti uma bermuda.

— Tudo bem

E nos dirigimos ao meu apartamento, fui rápido para o quarto e vesti uma bermuda, troquei a blusa e calcei um chinelo e lembrei-me de um detalhe, meu violão. Voltei à sala e perguntei:

— Carla, o que exatamente vamos fazer?

— Tipo um luau, por que?

— Posso levar meu violão e minha gaita?

— Você toca, Tomas? – ela disse empolgada

— Sim – falei envergonhado

— Claro que você tem que levar!

Sorri e peguei meus instrumentos e fomos para a garagem, ela seguiu até um carro e o abriu, entramos e ela começou a dirigir, não demorou mais que 10 minutos para chegarmos ao canto da praia que, por certo, ela tinha marcado. Descemos e fomos até um grupo que estava na areia, sentados ao redor de uma fogueira e tinha um garoto tocando violão.

— Oi gente!! - todos viraram e responderam

— Oi Carlinha!

— Gente, esse aqui é o Tomas, ele é o meio novo vizinho e trouxe-o para conhecer você, já que ele é novo na cidade! Esse é o Diego – Carla apontou para um garoto com jeito de mauricinho e baixo que acenou para mim- Esta é a Roberta – Apontou para uma garota baixinha, com cabelos cacheados e de cara fechada – Este é o Pedro – Mostrou um garoto alto, moreno e forte – Esta é a Vitoria, namorada do Pedro – mostrou uma garota magra que estava sentada ao lado do Pedro e suas mãos estavam entrelaçadas – E, por ultimo, mas não menos importante, Alice – Ela apontou para uma garota com um rostinho de boneca que lançou-me um sorriso encantador.

— Oi gente – Falei meio tímido

— Então, vai ficar só com o violão na mão ou vai tocar com a gente? – falou Pedro

— Tocar, claro.

Então sentei ao lado da Carla e bem em frente da Alice que não parava de olhar para mim, depois de 1h paramos de tocar e o Diego me perguntou:

— Então, Tomas, por que se mudou para o Rio?

— Ah, é porque eu quero ser musico e la em Vila Velha não tinha muitas oportunidades e minha me chamou para vir morar com ela aqui e assim teria mais chances.

— Sei, que bom cara! Você já tem alguma musica autoral?

— Tenho!

— Ah, toca ai, Tomas! – Falou a Alice lançando-me outro olhar sedutor

—Outro dia – Eu não estava preparado para tocar minha musica na frente daquelas pessoas que eu mal conhecia

— Você tem quantos anos, Tomas?

— 17

— Ahhhhh, pirralhinho!!!! – Falou a Carla bagunçando meu cabelo

— Que é, garota? E você tem quantos anos por acaso?

— 19! Na verdade, todos aqui têm menos o Pedro que tem 21 e A Roberta que tem 17 também.

— Tudo bem!

— Então, vamos, Tomas?

— Vamos! – falei levantando e a ajudando a se levantar.

— Carla, você pode me deixar em casa?

— Claro!

E então fomos para o carro e a Alice sentou na frente com a Carla e eu atrás c os instrumentos, olhei a hora e era quase meia-noite.

— Obrigada, amiga! Não queria ficar de vela!

— Que isso, amor! Vela?Pera, quer dizer que o Diego e a Roberta...

— Bom, nada oficial ainda, mas acho que rola.

— Tomara! Para ver se o Diego deixa a Roberta mais doce

— Amiga! Acabei de olhar aqui e esqueci minha chave e acho que minha mãe já ta dormindo e não quero acordá-la, algum problema de eu ir dormir lá?

— Que isso, Alice! Tudo bem

E fomos direto para o nosso condomínio. Chegando lá, subimos e na porta me despedi delas.

— Então, obrigado, Carla! Boa noite! – Fui até ela e dei um abraço e um beijo em sua bochecha. – Boa noite, Alice! Foi um prazer conhecê-la – Fui até ela e dei um abraço

—O prazer foi meu, Tomas – E lançou-me outro olhar, até que a Carla limpa a garganta e diz:

— Vamos, Alice?

— Claro

Fui direto para o meu quarto e um pensamento veio a minha cabeça: o olhar da Alice, mas outro também veio: O sorriso da Carla.

O que está acontecendo?