Lucie

Está Tudo Acontecendo Rápido... Rápido Demais


Chegamos ao aeroporto e Sarah me envolveu em um abraço caloroso.

Ela não parava de olhar para Bruno... Nunca!

Noah parecia não ligar – ele era realmente namorado dela – ele só olhava para mim.

- Ei. – eu gritei, parando. Não sou santa. – Dá pra parar? Eu sei que Bruno é irresistível e gostoso, mas você, Sarah, pode pelo amor de Deus olhar e secar o seu namorado e não o meu?! E você Noah, deveria ter fantasias com a sua namorada, não comigo. – eu disse desabando nos braços de Bruno.

Não foi o tom certo, ainda era educado.

Bruno pressionou minha cintura contra seu corpo.

Sarah suspirou.

- Ai maninha, calma né? Só tô olhando para o seu namorado... Ele é muito bonito mesmo. – ela sussurrou.

Depois se virou para Noah.

- E tenho certeza de que Noah não fantasia com você. – ela disse séria.

Ah, que pesadelo.

Eu queria que Sarah voltasse agora mesmo para Portugal – ela trabalhava lá.

- Sarah... Você já escolheu o hotel em que vai ficar? – perguntei, educadamente. Era irritante não conseguir gritar de um jeito mal-educado com as pessoas. Numa parte era boa... pelo menos.

- Não. Pensei em ficar com vocês, sabe como é... – ela sorriu.

- Hm, acho que ambos teríamos mais privacidade morando em lugares diferentes. – disse sutilmente.

- Ok... Ok, nós vamos para o hotel que escolhemos. – ela bufou.

Eu bufei dessa vez.

- Olha, Lo. – ela disse bem séria. – Se não me quer aqui diga. Você é insegura?! Não se garante?!

Eu ri.

- Não sou insegura Sarah, e sim eu me garanto. O problema não é esse. Você o seca. Mamãe não te deu educação?! É óbvio que se Bruno fosse um desses… - pensei na palavra – pilantras, ele estaria nos seus braços em um segundo porque você o persuadiria até que ele não a aguentasse mais. Não sei por que você tinha que ser a piriguete da família.

Ela riu irônica e pegou na mão de Noah.

- Se não nos quer aqui, não vamos ficar.

- Ótimo. – eu disse marchando com Bruno de volta para o estacionamento.

- Lo... – ouvi Sarah dizer no fundo.

Não parei, até que Bruno freou.

Me virei.

- O que é?! – eu disse tentando ser rude, mas conseguindo o tom educado natural de mim. Ai, que droga.

- Não podemos brigar e brigar, né? – ela disse forçando um sorriso. – Quero ficar aqui com você. – ela olhou para Bruno. – Prometo não me meter com ele se isso e faz mais segura...

- MAIS SEGURA?! – eu gritei. – Eu o amo e ele me ama, nunca trairíamos um ao outro, não sou insegura. Você só fica por ficar, então nunca vai saber o que é amor. – eu disse marchando de novo para o estacionamento.

- Eu... Eu me desculpo. Vamos para o hotel e depois falamos com vocês... Tchau. – ela disse, indo na direção contrária para pegar o táxi.

No carro Bruno me perguntou:

- Não acha que foi mal educada com a tua irmã?

Eu bufei.

Depois comecei a chorar.

- Não fui mal educada com ela. Fui forte. – eu disse. – E mesmo que quisesse, não consigo ser rude.

Ele afagou meu rosto e tirou as lágrimas de minha face.

- Forte por quê?

- Porque tem que ser forte com a Sarah, entende? Sabe quantas vezes ela roubou alguma paquera minha? – ele fez uma careta para a palavra “paquera”. Eu ri em meio às lágrimas. – Sabe quantas vezes ela roubou a cena no meu aniversário? Sabe quantas vezes ela colocou a culpa de tudo em mim e eu me ferrei? Sabe quantas vezes eu desejei ser filha única por causa dela? Ela é... – a palavra fugia de mim.

Ele esperou.

- Ela é terrível, eu não a quero aqui. – suspirei e chorei mais.

Ele afagou meu ombro.

- Eu sei que não foi mal educada, só te provoquei. – ele soltou um risinho malicioso.

- Idiota. – eu disse rindo.

Adormeci em seu ombro, esperando que Sarah fosse obra de uma fantasia estúpida da minha mente.

Ouvi risinhos histéricos de Sarah.

- Ai Bruno, você é um palhaço. Esse vídeo tá muito bom... – eu a imaginei mudando o tom e pronta para sentar no colo de Bruno.

Dei um pulo.

- Sarah?!

- Hm... Bruno me chamou para mostrar esse vídeo. Na verdade eu vim aqui te ver, mana... – ela sorriu. Estava sentada ao meu lado.

Queria arrancar aqueles dentes da boca dela.

Porém, sorri de volta.

- Ótimo... – disse me espreguiçando.

Não, nada estava ótimo. Sarah! VAI EMBORA!

Sarah sorriu de novo para mim.

- Irmã... Eu sei que sempre fui uma idiota com você nesses anos em que estivemos juntas e que sempre roubei de você suas paqueras... – Bruno fez uma careta de novo para a palavra. – Bruno me contou o que você disse para ele. – xinguei Bruno de todos os nomes que se é possível pensar. Filho de uma...

- Calma, Lo. – disse Bruno, sorrindo para minha provável expressão de ódio.

- Calma? Por que contou a ela?

- Ela é sua irmã e tem que resolver isso.

- Idiota. – eu murmurei.

Sarah olhou para mim, ansiosa.

- Sei também que você não me quer aqui. Quer que eu vá embora ou simplesmente morra. – uma lágrima fugiu de seus olhos.

- Não. Não quero que você morra. – eu disse com uma voz suave. Isso a fez sorrir.

- Me desculpe. Eu realmente pensei em tirar Bruno de você, mas... Ele a ama e nem se eu fosse mais bonita que você conseguiria.

- O quê? – se fosse mais bonita que eu? Ela já não é?

- Você sabe... Você sempre foi a mais bonita da família, então eu lhe roubava tudo que tinha para... Me sentir melhor. – ela disse envergonhada.

- Quer dizer que o motivo de você ter quase estragado toda a minha vida... – quase porque eu tive uma vida feliz com a minha mãe e meu pai. – foi inveja?

Ela assentiu. Eu corei.

Ela corou em seguida.

- Você... – eu comecei, mas não consegui terminar.

- Bem... – ela sussurrou. – Vou deixar você descansar e depois falo com você, tá meu amorzinho? Me desculpa por tudo... – ela beijou minha testa e se foi.

- E eu vou tomar um banho, sabe... – disse Bruno.

- Não, nada disso mocinho! Seu dedo-duro!

- Desculpa. – ele riu.

- Vai tomar seu banho.

- Sem castigos? – ele perguntou confuso.

Eu ri.

- Rá! Claro que vão ter castigos. E muitos. – eu dei um sorriso malicioso.

Ele mordeu o lábio inferior.

- Se forem os castigos que estou pensando... – ele tremeu e gemeu. – Ui. – eu ri.

Deitei de novo, tentando me lembrar do que aconteceu antes de adormecer. Não consegui. Levei as mãos ao rosto e cobri meus olhos. Eu não estava no quarto como havia imaginado, eu estava perto da piscina, numa espreguiçadeira.

Tá... Hm... Sim, quando cheguei tomei um banho e depois me troquei. Me sentei em uma espreguiçadeira para ler um livro, mas o deixei de lado e tomei meu suco... Depois eu dormi.

Ah, tá explicado.

Abri os olhos lentamente e vi Noah na minha frente.

Dei um pulo de susto.

- Acho que devo falar com você também. – ele disse sorrindo.

Os cabelos louros estavam molhados e ele estava molhado. Os olhos verdes cintilavam para mim.

- O que quer? – perguntei.

Ele era bonito. Lindo na verdade. Mas Bruno... Bruno era a pessoa mais linda que eu já vi na vida... Ele é. E eu o amo. E ele me ama. Me derreti só de pensar nele.

- Seu aniversário passou e soube que você comemorou com Bruno... – ele sorriu. – Mas esqueci de te trazer meu presente. – ele me entregou uma caixa pequena.

Coloquei-a do meu lado.

- Hã, obrigada, acho que Sarah tá te esperando. – ou seja, cai fora daqui, pensei em dizer.

Ele sorriu e se aproximou de mim. Estava a um centímetro – e tudo ocorreu rápido demais.

Dei um tapa em sua cara.

- Você tem problemas?! – eu gritei.

Bruno olhava da porta e só o vi correr e jogar Noah na piscina. Ele pulou também.

Estavam lutando na água. Iam se afogar.

- Parem! – eu gritei, mas fui ignorada. Entrei na piscina para que pudesse apartar a briga. Afastei os dois e empurrei Noah para o outro lado da piscina. – Vai embora, Noah. – eu disse.

Ele saiu da piscina, pegou um molho de chaves e saiu murmurando algo.

Bruno me abraçou.

Saímos da piscina e eu me deitei na espreguiçadeira.

- Hm... – eu disse, mexendo no meu celular. – Amor, eu vou ter que ir para o hotel, hã, ajudar Sam na recepção. Ela ficou doente. – eu disse ao ler as mensagens da minha melhor amiga.

- Tudo bem, te deixo lá. – ele disse gentil.

Chegando lá, ele conversou com Sam pelo telefone – eu o fiz ligar para confirmar que era verdade.

- Te amo e te vejo depois. – eu disse sorridente.

Ele sorriu e me beijou.

- Também te amo, little bunny.

Encarei as papeladas na minha frente com uma careta.

John se aproximou.

- Quanto tempo, hein. – ele sorriu. – Passou seu aniversário, não pude te entregar seu presente... E daqui a pouco você tem que apresentar a sua peça de teatro. – ele sorriu.

Sorri de volta.

- Hm, mas o problema é que eu deixei o presente em casa. – ele disse envergonhado.

- Sem problemas. – eu disse sorrindo. – Pode me entregar depois... Se quiser.

Ele piscou para mim e saiu.

Encarei a papelada de novo.

Organizei tudo do jeito que Sam me orientou.

Quando terminei minha respiração estava entrecortada e difícil, e eu estava suando – que nojo.

Meu cabelo estava grudado na testa e ainda assim John me disse que eu estava linda.

John se aproximou de mim, pronto para me ajudar nos últimos papéis.

- Então... – ele disse, organizando as folhas. – Você vai vir para o aniversário da Sam?

- Aniversário da... – me interrompi. – Ai meu Deus, eu me esqueci do aniversário da Sam. Sou a pior melhor amiga do mundo. – eu disse pronta para chorar.

- Calma. – ele riu. – É só daqui duas semanas. E você anda tão ocupada com o Bruno. – ele ficou sério.

Eu pigarreei.

- E aí, alguma garota na jogada? – perguntei para ele.

- Sim... Uma que é inalcançável e insubstituível. – ele olhou sério para mim. – E uma que gosta de mim, mas é irritante. – ele disse rindo.

- Eu conheço?

- Sim...

- Qual o nome dela?

- Anne. – meu coração martelou em meu peito.

- Eu odeio essa garota. Ela tentou separar Bruno e eu e... Você não vai sair com ela. – me senti autoritária. Não, pera, eu fui autoritária.

Ele riu.

- Tá com ciúmes?

- Sim, você é meu amigo. – ele pareceu se decepcionar com a palavra “amigo”. Apenas amigo. – E ela é uma víbora.

Ele sorriu.

- Então acho que vou com ela. – ele riu.

- Você não faria...

- Ah, eu faria sim. – ele me interrompeu.

Mordi o lábio inferior.

- Seu idiota.

Ele riu.

- Por quê? – perguntei meio segundo depois.

- Vou te irritar até você me beijar. – ele disse piscando para mim.

- Ótimo, vou morrer irritada. – eu disse mostrando a língua para ele. Ele apertou minha cintura.

- Acho que não. – me deu um beijo na bochecha e saiu.

Suspirei fundo. John era um idiota ao quadrado.

Bruno buzinou na frente do hotel.

- Tchau gente. – eu disse jogando o avental de Sam para o lado e correndo para Bruno. Meu Bruno.