Luar

Ilha Luane


Capítulo 3 – A ilha Luane
Quando cheguei em casa com a minha tia, já era tarde fiquei no café até fechar, não queria deixar minha tia sozinha. Então fiquei até terminar o horário de serviço.
– Gostou do café? Eu fiz algumas mudanças desde a última vez em que você veio. – Na ultima vez que eu tinha vindo, o café tinha estilo anos 80 com garçonetes de patins e musica rolando o tempo todo.
– Sim, ficou lindo com esse tema havaiano. Foi uma mudança radical!
– É, mas às vezes mudanças são boas. Tem horas que a gente tem que quebrar a rotina. E é por isso que eu tenho uma surpresa.
Ela saiu da sala e foi para a garagem, e voltou com a caixa da barraca de camping que eu tinha visto mais cedo.
– Vamos acampar!- disse ela toda entusiasmada com a surpresa.
Eu já sabia sobre o acampamento, mas eu não ia estragar a felicidade dela. Ela sempre fica tão entusiasmada quando alguém fica feliz com suas surpresas, que eu não seria capaz de dizer que já sabia então sorri e disse:
– Que legal! Onde vamos acampar?
– Amanhã na ilha Luane. Espero que não se importe, mas eu chamei o Lola e a família dela para ir com a gente.
– Tudo bem. São quantos?
– Ela, o Will e a Vick. A gente vai sair daqui as 10 da manha, então é melhor irmos dormir.
– OK, boa noite.
– Boa noite.

Eu acordei era umas oito e meia, fui para a cozinha comer alguma coisa antes de me arrumar.
Minha tia já estava lá quando desci. Estava com uma caixa térmica colocando garrafas de água e alguns sucos, ela detestava refrigerantes dizia que eles destruíam nossos órgãos e ainda não tinha um gosto melhor que o de um suco natural feito na hora.
– Bom dia.
– Bom dia. – disse ela. – Vou colocar na bagagem suco de abacaxi, tudo bem para você?
– Sim, é o meu favorito.
– Era o da sua mãe também. É incrível como vocês são parecidas.
Eu não me lembrava muito bem dela, a perdi muito cedo, mas adorava ser comparada a ela. Acho que é porque não a conheci direito e queria descobrir coisas que eu tinha em comum com ela, era uma maneira de me aproximar dela mesmo sem poder. Tia Beck deve ter percebido minha nostalgia.
– Sua mãe gostava muito dessa ilha, sabia?! Às vezes ela passava mais tempo naquela ilha do que em casa.
– Meu pai nunca me falou de como era a vida deles antes de se mudarem.
– Ela gostava muito do mar. Raramente passava um dia sem ir nadar, e quando meu pai colocava ela de castigo, ela fugia pela janelinha do sótão. Uma vez quase quebrou a perna, mas quando fomos ver parecia uma torção.
– Então minha mãe era arteira?
– Muito, mas sempre se safava. Ela tinha uma ligação especial com aquela ilha. Era como se a ilha a chamasse... mas isso já está parecendo papo de maluco, não?!
Eu sabia que doía para a tia Beck falar sobre isso, ela era muito ligada a minha mãe, elas estudaram juntas mesmo tendo um ano de diferença, tia Beck repetiu um ano porque pôs na cabeça que queria ser pintora e ficava desenhando a aula toda.
Depois de tomar um café e comer um pedaço de bolo, subi para me vestir e arrumar a mochila para o acampamento. Íamos passar só uma noite na ilha, eu estava ansiosa para conhecer o lugar que minha mãe passava a maioria do tempo quando era jovem.
Eu estava muito feliz com essa historia de acampamento. Se ao menos eu soubesse o que aconteceria nessa ilha.