NARRADO POR: TOMÁS.

Para, Tomás! Falou a minha consciência.
Me afastei dela, com o resto de força que me restava.
O que eu iria fazer? Não é certo.
Mas, eu estava louco pra da um beijo nela.
Tomás: Carla, me larga. Se você esta a procura de alguém, que tal procurar alguém da sua idade? Quem sabe na creche?
Carla: Mas, e você que ta...
Tomás: Será que você não entende? EU ODEIO VOCÊ.
Carla: O QUE?
Tomás: Ta surda agora? Não quero nem saber, fui.
Eu fui em direção da porta.
Carla: Espera, por favor.
Tomás: O que foi agora?
Carla: Eu... eu não quero ficar sozinha no escuro.
Tomás: A
wn, a bebê tem medo do escuro, é? Bom, to nem ai.

Carla: Mas, Tomás...

Tomás: Carla, eu não ligo, eu to nem ai, você não sabe o que significa ódio? Para de perturbar, para de encher o meu saco, vai arranjar um amigo pra você. Espera ai, você não tem amigos, você não tem ninguém.
Carla: Sai daqui agora! Esse é o meu quarto, e eu quero você longe dele. Eu quero distancia de você, prefiro me jogar da janela do que PERDER meu precioso tempo com você. SAI DAQUI AGORA!
Tomás: Com todo prazer.
Eu fui em direção da porta novamente, abri ela, e antes de sair eu disse:
Tomás: Cuidado com o bicho-papão.
Depois fechei a porta, e fui em direção ao meu quarto.
Me tranquei lá e me joguei na cama.
A pior pessoa do mundo deveria ser eu, eu me odiava.
Fui pra janela, tinha que me distrair, não podia ficar pensando nos meus sentimentos.
A rua estava escura, foi um blackout.
Ótimo, pra melhorar começou a chover muito forte, parecia que a chuva caia raivosa, tinha muitos trovões e relâmpagos.
A coisa que eu mais queria ela ir lá no quarto da Carla, pedir desculpas pra ela, e a abraçar.
Voltei a deitar na cama, não acredito que passei o dia com ela, mas acho que demorei umas 3 a 4 horas só no machucado dela.
Minha mente foi invadida pelas lembranças, sorri pelo nariz ao lembrar dela dançando loucamente linda, o formigamento que ela me deu ao me tocar, me lembrei do nosso quase abraço, do que eu senti a carreguei em meu colo.
Fui pra cozinhar lanchar, eu estava morrendo de fome.

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Eu que eu comi foi, bolacha com água, não da pra se fazer muita coisa no escuro.
Decidi ir pro meu quarto dormir, não tinha mais nada pra se fazer.
Joguei as coisas que tinha sujado na pia, ou pelo menos acho que foi na pia.
Meu coração dispara quando escuto um grito vindo do quarto da Carla.
Eu corri ate lá tropeçando em quase tudo. Apalpei a porta, procurando a maçaneta, assim que a encontrei, eu abri a porta desesperadamente.
Tomás: Carla?
Carla: Tomás, me ajuda aqui.
Tomás: Ta, o que aconteceu? Onde você ta?
Carla: To aqui encostada na parede.
Tomás: Ah ta, ajudou muito agora, porque só tem uma parede nesse quarto.
Carla: Tomás, seu idiota, segue o som da minha voz.
Tomás: Isso é coisa de casal.
Carla: Vem logo, idiota.
Tomás: Fica falando alguma coisa.
Carla: Ta bom.
Ela ficou em silencio.
Tomás: E ai?
Carla: Eu não sei o que falar.
Tomás: Fala qualquer coisa.
Carla: Na verdade todo mundo ama coisas clichês, até aqueles de coração duro feito pedra.– enquanto ela falava, eu seguia o som da sua voz - Vai dizer também que nunca quis receber uma ligação ou um sms no meio da noite?
Tomás: O que você ta falando?
Carla: Sei lá, eu li no tumblr, e to falando, você falou que era pra mim falar qualquer coisa.
Tomás: Ta, continua.
Carla: Um grito da chata da sua melhor-amiga te xingando também ajuda. Uma ligação uma hora qualquer ou um convite para se encontrar com pessoas que você ama. – Eu sentia que estava mais perto dela, sua voz foi ficando mais alta, eu apalpava as coisas, estava muito escuro, as janelas estavam fechadas com as cortinas, eu já tinha tropeçado umas três vezes. - Não precisa ser um eu te amo melancólico, um eu te odeio também demonstra amor. Coisas assim deixam qualquer um feliz, esquenta os mais frios e abalam os inabaláveis.
Eu desviei um pouco meu caminho, e fui ate a janela, eu coloquei a cortina de lado, e abri a janela.
Carla: O-o-o q-q-que você ta f-a-a-zend-o-o?
Tomás: Tendo um pouco de luz. Continua falando.
Não era preciso ela continuar falando, saia uma fraca luz da lua pela janela, dava pra me ver fracamente a sua silhueta. Mas, eu gostava de ouvir o som da voz dela.
Carla: Co-o-oisas as-s-ssim tira-a-am sorris-s-sos, mesmo que seja-a-a um so-o-orriso interno-o-o.

Ela falava batendo os dentes.
Tomás: O que você tem?
Carla: Nada, eu só to com muito frio.
Caminhei ate ela, e senti algo molhado e quente no chão.
Tomás: O que aconteceu?
Carla: Meu machucado ta doendo muito.
Tomás: Ta, vamos ver o que aconteceu. Vem cá – eu falei segurando um braço dela, que por sinal estava molhado.
Eu não entendi.
Enquanto ela mancava em minha direção, ela escorregou, no seu próprio sangue, caindo em cima de mim.
Eu a segurei antes que ela desse de cara no chão.
Tomás: Você ta bem?
Carla: Já estive bem melhor.
Eu passei meu braço em volta da sua cintura, coloquei o braço dela em cima do meu ombro, e fomos andando ate a cama dela.
Ate que eu tropecei em alguma coisa, e nos caímos, eu cai por cima dela.
Meu Deus!
Ela tinha soltado um gemido de dor quando o corpo dela bateu contra o chão, ou quando o peso do meu corpo caiu sobre o dela.
Eu podia sentir todo o seu corpo, sua forma.
Ela estava tremendo, molhada, e só de toalha...De novo.

Porque droga, ela tá SEMPRE de toalha?

Não sei por quanto tempo vou conseguir ser forte, era como se ela fosse “kripitonita” pra mim, ela era o meu ponto fraco.
Tomás: Por que você ta molhada?
Carla: Eu tava tomando banho.
Tomás: Você e doida? Nesse frio?
Carla: Eu precisava tomar bando Tomás.
O cheiro dela estava forte, mais forte que antes, ela estava mais vivo, eu podia sentir ate o cheiro do seu cabelo molhado.
Meu nariz inflamava, queimava a cada vez que respirava o seu cheiro, parecia que eu estava ficando bêbado dela, bêbado do cheiro dela, ela era um vicio.
Suas formas de mulher estavam se desenhando em meu corpo, eu podia sentir tudo, tudo mesmo.
O frio tinha ido embora, tudo o que eu sentia agora era calor, estava muito quente naquele quarto.
Eu sai de cima dela.
Eu não podia me descontrolar.
Tomás: E-Eu vou pegar alguma roupa pra você.
Como eu tinha visto o seu quarto de dia, eu sabia onde estava tudo.
Eu fui na direção do guarda-roupa sendo guiado pela fraca luz da lua.
Eu abri uma gaveta, e peguei a primeira coisa que eu vi, e joguei pra ela.
Ficamos ambos em silencio enquanto ela se vestia, eu praticamente grudei meu rosto no guarda-roupa, se eu virasse e visse alguma coisa, eu não controlaria mais, eu iria lá e agarrava ela.
Depois que ela se vestiu, eu a coloquei na cama. Ela dormiu, e enquanto ela dormia eu chamei a Dona Teresa, e ela chamou uns médicos, que fizeram o curativo certo.
A Dona Tereza tinha trazido umas velas pra gente.
Eu coloquei uma vela no seu quarto, outra na sala.
Olhei para o relógio eram 23:36h, eu achei melhor dormir também.

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NARRADO PELA CARLA.

Eu acordei com susto, tinha tido o sonho mais estranho da minha vida.
Um trovão e solto no céu, fazendo o maior barulho, eu tremi de medo, odiava trovões.
Sempre que tinha tempestade de trovões eu tinha minha irmã por perto, mais agora eu só tinha ele.
E ele me odiava, não me suportava.
Tudo bem, eu também não suporto ele, um cara medito, idiota, se achava o rei do mundo, simplesmente insuportável.
Era quase impossível viver com ele.
Eu iria me vigar, eu ia dar o que ele queria: guerra.
Muito fácil, bastava apenas eu destruir, o que ele mais gostava: o violão.
Eu peguei a vela, que não tinha ideia de onde tinha vindo, eu fui ate lá.
Meu pé estava bom também. O que tinha acontecido enquanto eu dormia?
Eu peguei seu violão e joguei ele no chão, uma, dois e três vezes.
Ele saiu desesperado dor quarto.
Tomás: O que ta acontecendo aqui?
Carla: O que foi? Eu não sou chata? – falei jogando o violão de novo no chão – Não sou insuportável? – joguei outra vez – Ninguém se importa comigo? – joguei outra vez.
Tomás: TA DOIDA, MENINA?
Carla: Sempre fui, mas, nunca demostrei.
Tomás: O... O QUE? MAS... O QUE?!
Carla: Acho que quebrou.
Tomás: O que foi isso? É o efeito do analgésico? Te drogaram? Você bebeu? O que foi?
Carla: E só quis me vigar.
Tomás: Quis se vingar né? Ah bom isso explica ada, Carla, corre antes que eu te mate.
Carla: Beijoooooooo.
Eu corri e me tranquei no quarto, voltei a dormir, afinal a vingança era doce.