Infância. Um período da vida realmente difícil para mim. Eu não era como as outras crianças. Quase não podia sair de casa; meus pais eram ausentes. Somente aos cinco anos de idade eu conheci um garoto que se tornou meu melhor amigo.

Mãe. A minha era ausente. Passava quase o dia todo fora de casa. Eu tinha que ficar sempre na casa de meu amigo. Ele era praticamente minha família, e eu passava muito mais tempo com a família dele do que com a minha própria. Muitas vezes eu sentia falta dos meus pais. Na maioria delas, na verdade.

Pai. Eu não sabia bem o que significava. Seria alguém que cuida e ama você? Se fosse, o meu não se chamava pai. Ele também era ausente na minha vida. Era um alcoólatra. Todas as noites chegava bêbado em casa. E me batia. Me batia muito. Eu não podia fazer nada, pois era apenas uma criança indefesa, e minha mãe quase nunca estava em casa para impedi-lo de me agredir.

Estava se tratando, ele. Ficou lá por alguns meses. Eu o desconhecia. Aquele monstro que habitava nele havia ido embora. Mas o imprevisto aconteceu. Nunca se pode prever o fim.