Love Is Always Good

Things have changed for me, and that's ok


Things have changed for me, and that's okay

As coisas mudaram para mim, mas tudo bem

I feel the same, I'm on my way, and I say


Me sinto o mesmo,estou no meu caminho, e eu digo


Things have changed for me, and that's okay


As coisas mudaram para mim, mas tudo bem


Panic! at the Disco – That Green Gentleman


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Era o primeiro dia de aula. Um dia de mudanças. Eu não queria dar um passo para fora de casa, mas Spencer me obrigou.


Eu morava com ele, pois não tinha onde ficar. A mãe de Spencer havia me oferecido abrigo depois do acontecido. Aquela era minha segunda família.


– Vamos?

– Já que você me obrigou...

– Você precisa fazer alguma coisa, não sai de casa há muito tempo. Você tem que superar isso.

– Eu sei – sorri fraco.

– Vem, vamos.


Pegamos nossas mochilas e saímos de casa, rumo à escola. No meio do caminho, encontramos um amigo.


– Hey, bastardos!

– Bom dia pra você também, Brendon – Spencer respondeu

– Oi... – respondi em um baixo tom de voz.

– Poxa, Ryan, você ainda está triste?

– Como você pensou que eu estaria? Pare um pouco para pensar sobre tudo que aconteceu na minha vida durante todos esses anos, Brendon, aí você pode parar de fazer perguntas estúpidas sobre coisas óbvias.

– Nossa, Ryan, só perguntei para ter certeza.

– Agora você tem – sorri ironicamente

– Bem, como foram as férias de vocês?

– Foram legais. Viajamos para o México.

– Legal! Como é lá?

– Muito interessante e bonito. E a comida é maravilhosa. E as suas?

– Fui para Los Angeles, passar um tempo com meus avós.

– Legal.


Chegamos na escola e logo avistamos Jon, nosso outro amigo.


– Bom dia! – cumprimentou ele, com seu bom-humor de sempre.

– E aí, Jon

– Hey

– Oi.

– Vocês chegaram atrasados hoje. Vamos logo para a aula, já vai começar.


Nos dirigimos até a sala e sentamos um perto do outro. Logo, todos foram chegando, inclusive a professora.


– Bom dia a todos, eu sou Breezy, professora de matemática. Vejo que temos alguns rostos novos. Quem são vocês?

– Ian Crawford

– Dallon Weekes

– São alunos novos?

– Não, nós mudamos de turma.

– Ok. E você? – a professora apontou para um garoto bastante alto, de nariz grande e cabelos louros.

– Daniel Keyes

– Aluno novo?

– Sim

– Muito bem. Então, sejam legais com o Ian, o Dallon e o Daniel.

– Pode me chamar de Dan

– Ok. Bom, vamos começar a aula.


Após várias explicações sobre algum assunto no qual eu não prestei atenção, saímos para o intervalo de vinte minutos. Ficamos no pátio conversando sobre as férias. Eu não tinha vontade de falar, por isso fiquei calado o tempo todo, escutando tudo o que os outros falavam.


Fiquei cansado daquela conversa chata e me afastei. Pensei em convidar os alunos novos para se juntarem a mim.


Dallon’s POV:


– Ei, cara, o novo aluno está sem saber para onde ir. Por que não chamamos ele para se juntar a nós?

– Claro.

– Ei, Daniel! – gritei e o garoto me olhou de uma certa distância. – É, você mesmo! Venha aqui!


O garoto caminhou em nossa direção.


– Sim?

– Pode ficar conosco, se você quiser.

– Seria legal, obrigado.


Dallon’s POV Off.


Caminhei até o lugar onde os três estavam.


– Oi – cumprimentei. – Tudo bem para vocês se eu ficar aqui?

– Claro

– Sem problemas.

– Eu sou o Ryan, da mesma turma de vocês.

– Eu sou o Ian, esse aqui é o Dallon e ele, o Daniel

– Dan - corrigiu.

– Isso.

– Legal

– Desculpe a pergunta, mas você está sem amigos?

– Não. Acho que é impossível ficar mais sozinho do que eu já estou – eu ri.

– Como assim?

– Ah, algumas coisas na família.

– Seus pais se separaram?

– Não.


Hesitei em contar o que realmente havia acontecido. Após alguns segundos, me perguntando se deveria contar a verdade, resolvi que não precisava ter medo. Afinal, contar aquilo não era nada para mim.


– Meu pai morreu há alguns meses, e minha mãe... se matou – sorri triste

– Nossa... eu sinto muito

– Você está bem?

– Onde você está agora? Na rua?

– Sim, estou bem. Estou morando com um amigo. A vida segue, não é? Mesmo que seja sem quem você ama.

– É...

– Vamos mudar de assunto? – Dan sugeriu – Acho que falar sobre isso não vai fazer ele se sentir melhor.

– Boa ideia – Ian concordou.

– Ei, a professora de matemática é muito gata, vocês não acham? – Dallon sorriu maliciosamente e todos rimos.

– Eu não estou nem aí desde que ela ensine bem

– Eu não estou nem aí desde que ela seja bonita – Dallon completou, arrancando risadas de todos novamente.

– Eu nem olhei para a cara dela. Não prestei atenção nem na metade da aula.

– Melhor ainda, assim ela fica toda pra mim.

– Dallon, ela deve ter uns vinte e seis anos. E você tem dezoito.

– Era brincadeira. Você acha que eu sou o que para pegar a professora? Deus me livre. Ela é linda, mas sem chances. Até porque eu sofreria graves conseqüências se tentasse chegar a um metro dela.

– Ryan! – alguém chamou, e logo identifiquei Brendon. – Onde você estava?

– Eu estava aqui

– Ficamos preocupados

– Tão preocupados que nem notaram quando eu saí

– Ryan...

– Não tem problema, Brendon. Ninguém nunca se importou com o que eu faço ou sinto, eu já estou acostumado.

– Claro que se importaram, Ry, e ainda se importam.

– Oh, é mesmo? Então me explique o motivo da minha mãe ter dado um tiro na própria cabeça na cozinha quando eu ainda estava em casa, sendo que ela não estava com problema algum.


Dallon e Ian se entreolharam. Os dois assistiam a discussão, parecendo surpresos com o que eu havia acabado de dizer. Dan estava e cabeça baixa, mas ouvindo atentamente.

– Você não tem explicações, não é mesmo? – eu disse, e Brendon permaneceu calado. – Então não venha aqui falar que as pessoas se importam comigo sem antes ter uma explicação para tudo. Agora eu agradeceria se você saísse daqui.

– Se é o que você quer...


Brendon deu a volta e se afastou de nós.


– Desculpem por isso

– Não, está tudo bem. Sem querer ser chato, mas acho que você devia voltar para os seus amigos. Não vai ser legal se voe abandonar eles para ficar conosco.

– É, talvez você tenha razão.

– Nós conversamos outro dia. Tchau, Ryan.

– Tchau. Fiquem bem, ok?

– Você também!


Me virei e vi os três acenando. Cheguei perto de Spencer, Jon e Brendon, que evitava olhar para mim.


– Oi

– Oi

– E aí

– Eles são legais?

– Quem?

– Os garotos novos, é claro.

– Ah, sim. São. O Dan é um pouco tímido, mas logo ele se enturma.

– Seus novos melhores amigos?

– Não seja bobo, Spencer. Vocês sempre vão ser meus melhores amigos. Mas os caras são legais e divertidos, e estão meio sozinhos.

– Eles têm um ao outro

– Ah, Spencer, deixa de ciúmes. Tenho certeza de que se vocês conhecessem eles, iriam amá-los.

– Aposto que sim – Spencer ironizou

– Agora teremos que voltar para a aula.

– É, vamos lá.


Chegamos na sala e logo depois, o professor de história entrou. Ele começou falando seu nome e o que estudaríamos ao longo do ano. Depois disso, não prestei atenção em nada.


Dallon jogou uma bola de papel na minha cabeça, creio que para eu acordar dos meus pensamentos. Olhei para cima e vi o professor me encarando sério.


– Ross! – Ele exclamou

– Sim?

– Você está sendo chamado na sala da diretora.


Todos me encaravam quando saí da sala, em silêncio. Caminhei um pouco pela escola até chegar na diretoria.


– Ryan! Que bom que veio. Entre e feche a porta, por favor. Então, vamos direto ao assunto: eu soube de uma coisa que aconteceu na sua família há uns meses atrás. Está tudo bem com você?

– Está – Afirmei, rápido, pois aquilo me irritava. Não falavam sobre outra coisa comigo. Era sempre a mesma pergunta e a mesma cara fingida de que se preocupava comigo. Eu já estava farto daquilo.

– E você gosta de ficar com a família do Spencer?

– O Spencer é quase um irmão pra mim. Eu cresci com ele. Em nenhuma família eu poderia estar melhor do que com a dele.

– Eles nunca fizeram nada com você? Nunca te machucaram?

– Sem querer faltar com respeito, mas eu já fui machucado fisicamente o bastante durante esses anos, a senhora não acha?


A diretora franziu o cenho, me encarando aflita. Ela sabia sobre a minha família.


– Bem, pode voltar para a aula, Ryan. Não quero mais tomar seu tempo. Se precisar de qualquer coisa, fique à vontade para passar aqui. Boa aula.


Saí da sala, silenciosamente, da mesma forma que entrei. Finalmente aquela conversa ridícula havia terminado. Entrei na minha sala e novamente todos estavam me encarando, sérios.