Love Chronicle

Alluring Secret pt. 6


Depois de suas palavras ásperas eu sabia que tinha perdido tudo. Fiquei sem nada. Um desespero começou a tomar conta da minha mente e me joguei ao chão.

Yana: O que eu fazia antes? Como conseguia arranjar esperanças? Eu reagia como quando tinha de recomeçar do zero? – apertei os lábios, em uma tentativa de conter aquela angústia. Mas isso não segurou minhas lágrimas e comecei a chorar, sentindo-me congelar. A neve começava a me matar aos poucos. – Como era minha vida antes do Syaoran? Como eu me relacionava com as pessoas? – senti o aperto do meu peito começar a se espalhar pelo resto do corpo. Dei um sorriso sarcástico. – Ah, sim. Eu nunca realmente tive alguém com quem falar. Minha vida antes do Syaoran era uma merda. – comecei a chorar mais forte, ficando quase sem ar. Uma enxaqueca estava impondo sua presença á minha cabeça. – E agora que a minha esperança se foi? E agora que eu não sou mais querida por ninguém? E agora? Fui deixada sozinha novamente? Meus pais sentem a minha falta? Será que sentem?

Ouvi um ruído e olhei pro lado. Uma projeção mostrava meus pais com a outra Yana. Ou melhor: com a Jahna. Mesmo se eu quisesse voltar agora, não poderia mais. Passara tempo de mais como Yana. Não conseguiria mais ser Jahna. Mesmo perdendo as memórias, minha essência continuaria. E se ela tentasse se perder, em agonia eu entraria.

Yana: Não, por favor não... – senti meu corpo começar a queimar. Estava congelando. Imagens inauguraram-se pela minha mente adormecida. Embaçadas, mas assustadoras. Eu me cortando enquanto ria alegremente; o sangue escorrendo, lento e preguiçoso...

Comecei a gritar.

Yana: NÃO! Eu não quero ficar sozinha! Não aceito ficar sem ninguém! Socorro! Alguém... por favor...

– Quando você irá aprender Yana?

Levantei um pouco os meus olhos, confusa e esperançosa.

Yana: Kurogane?...

Mas não era ele. Alguém vestido totalmente de branco, como a neve, estava a minha frente. Por baixo de um chapéu com rosas brancas, só um sorriso eu vi. Ele deveria parecer tranquilizador, ainda mais vindo de um ser com uma roupa branca. Mas isso só fez ficar ainda mais insuportável. Era a própria morte. Ou a bondade. Já que eu fui totalmente corrompida, os anjos e os seres puros devem me odiar.

– Ninguém nunca virá. Você já deveria ter aprendido que você está sempre por sua conta e risco. Não deveria... ou melhor, não poderia ter sido presunçosa a ponto de pensar que haveriam pessoas que ainda te amam. Alguém que viria por você.

O ser deu um risada límpida e clara. Atravessou o meu peito, e eu senti como se tivesse sido apunhalada. Pelo sorriso caridoso da criatura, eu sabia ser um vento de pureza. Conviver com algo bom só iria me fazer piorar. Sendo que eu me tornei escuridão para poder ficar ao lado da Luz...

– Amigos, amores, amantes, tanto faz. Você achou que eles ainda existiam. – a criatura me apunhalou na barriga com uma adaga totalmente branca com pontinhos azuis, que pareciam escrituras de língua élfica. Cuspi sangue. - E que durariam.

Yana: Não... eu não quero acreditar nisso... - uma ferida se abriu em meu peito. Por dentro só havia sombras. O sangue escorria e chispava, queimando na neve. Senti o calor do meu corpo indo embora aos poucos. – Syaoran... Por favor, mostre que a minha eu interior está errada. Mostre-me que pode existir felicidade no mundo. Que nem tudo vem com um preço. – Mas tudo já começava a ficar escuro, e uma angústia tomou conta de mim.

Cause all that is pure, white, beautiful!... – ela se virou pra mim com o belo rosto aparecendo, com uma pura raiva. A raiva divina.

Ela agarrou o meu queixo, enfiando as unhas na minha pele.- You turning in black, in darkness. – ela apertou mais forte e cuspiu as palavras, com a face contorcida em nojo. – It’s turning into you. – fechei meus olhos com força e comecei a chorar.

Syaoran... Syaoran...

–*-

– Yana. Yana. Yana.

Syaoran?... Você veio me resgatar?...

Abri os olhos devagar, com medo de abrir os olhos novamente e ver que eu estava no mundo dos anjos para ser julgada. Mas, ao me virar pro lado, só o que vi era a Sakura me observando com um olhar preocupado. Suspirei. Então o Syaoran realmente não tinha vindo ainda, ou chegado. Não tinha nos salvado. Ou nos procurado. Na verdade, provavelmente ele está procurando. Só que pela Sakura, e não por mim.

Comecei a rir desgostosamente e a Sakura foi um pouco para trás, com as pupilas dilatadas. O que provavelmente aconteceu foi ninguém realmente ligar pro meu desaparecimento. Bom, eu não os julgava. Tudo bem, nós passamos por muita coisa juntos, e eles realmente se preocuparam comigo em alguns momentos. Sim, sim, disso eu não discordo. Mas, sinceramente, é claro que eles nunca aceitariam alguém impuro junto deles. Nunca aceitariam alguém que disse todas aquelas coisas cruéis sobre uma garota fofa e pura. É claro que eles não se preocupariam comigo nunca mais. E o porquê? Bom, na verdade a resposta é bem fácil: eles são os bonzinhos, “A Liga da Justiça”. Os bonzinhos nunca gostam dos que tem tendência a serem cruéis... humanos. Sim, não importa se eu caí do céu pelo Syaoran, se eu deixei minhas asas serem arrancadas por ele. Eu sou só mais um ser manchado em escuridão. Mais um ser sem salvação. Eles nunca me perdoariam.

“E o Kurogane? Ele já não matou um multirão de pessoas inocentes? Ele também é impuro!” , os mendigos que moram dentro da minha mente dizem.

Sim, ele é um ser impuro também. Mas ele já é apaixonado por outra... pela Tomoyo. Claro... agora eu lembro do anime/mangá... ele praticamente se joga aos seus pés e pede á ela que seja gentil. Como pude ser enganada por todo esse tempo? Por alguns dias de sossego e inocência, eu havia pensado que era única e importante para alguém...

“Fay e Aira?... Vai fia, abre os olhos pra vida! Óia nóis aqui, como mendingos na sua cabecinha confusa de merda, com roupas ruins e ainda por cima sem NUTELLA!!!!! Lembra lá daquelas musiquinhas de amorzinho que você ficava escutando com 11 aninhos! Tipo, sei lá cara, “more than this” e tuts tuts, sabe? Ai cara, qualquer coisa. Mas eu só sei que é muito irritante ser mendingo na sua cabeça. Você já é super baixinha e magra e mesmo assim não come. Assim não dá né? Somos pequeninos filhos de Hermes que precisam roubar, mas essas pessoas são tão pobres que até vem nos ajudar a procurar dinheiro e comida! Deuses, que horror!”

O Fay é só mais uma isca idiota dos vilões do mangá. Chocados? Bom, pois é. Novamente eu só estava me iludindo, querendo que a vida fosse melhor do que ela realmente é para seres como eu. E com a Aira principalmente... Sim, ela é de certa forma impura por ter ficado com todos aqueles garotos, mas isso é totalmente perdoável pelos anjos. Agora ela só queria se redimir, mostrando caridade por uma alma manchada pelo pecado... Sem nunca realmente se importar comigo, é só “eles, eles, eles” sempre. A garotinha daquela época nada sabia sobre se afogar em um mar de palavras afiadas. Aquela garotinha de nada sabia... E QUE VOCÊS MORRAM DE FOME! EU NÃO TENHO NUTELLA E VOCÊS TEM DE TER? AH, POR FAVOR.

E do Syaoran eu nem preciso dizer? Sinceramente, acho que nunca fui tão humilhada na minha longa existência. Eu caí direitinho. Eu quase acreditei que um ser puro e um impuro pudessem ficar juntos. Que pudessem ser amigos. Mas eu fui enganada. Uma vida toda dedicada á ele. O que são sonhos quando a pessoa que você mais ama te odeia? Do que adianta tentar ver algo bom em uma contínua agonia? Do que me adianta tentar achar a pureza em uma mancha negra? Eu sempre pensei que haveria salvação nele. Mas a verdade é que tal coisa não existe. Nem meus pais se lembram de mim, nem perceberam que estão com uma outra eu...

Certas pessoas nascem para sofrer, e eu sou uma dessas pessoas. Eu posso aceitar ou mudar a história pra melhor. Quem vai sair ganhando sou eu. Se eu me voltar contra todas essas criaturas perfeitas, eu irei vencer. Não vou nunca mais deixar com que sua pureza me fira. Até agora a única coisa que fui é uma garotinha fraca que queria fingir que não foi renegada por toda a sua vida. A partir do momento em que eu me apaixei por aquele humano livre de pecados... eu me tingi de negro. E não posso continuar fingindo que não estou envolvida pelas sombras. Que eu sou as sombras. Eu só tenho de esquecer e me entregar a esta sensação maravilhosa. Á esta escuridão que me convida. É só estender a mão...

_*_*_*_

Abri os olhos e vi uma garota com os cabelos curtos e dourados me encarando.

Sakura: Yana-chan... – ela veio até mim com as mãos levantadas. Arregalei os olhos e saí correndo. Não. Eu não irei deixar os puros me pegarem. Nunca! Nunca!!

Ela começou a recuar, pateticamente assustada. Sorri ao perceber que a minha aura vencia a dela. Comecei a girar alegremente.

Yana: Uwaaa!! Olha ali aquela macnchinha branca na parede! Parece um mini-bebêzinho nuvem! Cute-cute da mamãe! – mandei beijinhos pra ele enquanto ia em sua direção, passando carinhosamente a mão por cima do bebê-chan-lala-kawaii. – Eca! – saí correndo, sacudindo os dedos com desgosto. – Você é nojento bebê! Não te quero mais! – mostrei a língua. Olhei pra garota dos cabelos cor de mel me encarar assustada. Franzi o nariz em sua direção e ela engoliu em seco. – Coisas fofas, cadê vocês?! – ah que se dane, eu tenho mesmo é de esquecer os meus problemas! Porque isso é Hakuna Matata gente! QUE FOME!!! E pra esquecer isso? Rodopiar é a solução pra tudo! Então #PartiuRodopiarNaPrisãoRecalcadaQueNãoTemNutella.

Yana: I’m Mad Really Bad But Don’t My Mom And Dad! Não pera, eu não tenho pais… - dei de ombros e continuei rodopiando, até que eu tropecei e caí de bruços no chão. A Garota Dourada Irritante veio correndo na minha direção, mas quando eu comecei a rir ela parou de repente. Levantei me apoiando na parede, sentindo uma dor lancinante logo em seguida. Olhei excitada para o local de onde vinha a dor, e percebi o meu braço com um corte que sangrava. Dei gritinhos histéricos e suspirei. – Ah, como eu senti falta disso... – e – com muita calma pois o negócio agora é sagrado – levei minha boca ao corte. Que sensação maravilhosa... Olhei na direção da Dourada Irritante, que estava com o corpo tremendo e as mãos em concha em cima da boca, a face manchada em lágrimas. Sorri, lambendo os lábios.

Aira

Aira: Paçoca é bom! – apontei pro Syaoran que cantou alegremente.

Syaoran: Tcha laalalala. – me levantei e peguei na mão do Syaoran que a apertou e a acariciou, sussurrando algo como: sapinho fofo, sapinho fofo, eu quero você pra mim! Mas tudo bem, sapos podem ser fofos se forem igual a minha maravilhosa e cheirosa mão.

Aira: Y-a-ki-so-ba-é-bom!!! – juntei nossas cinturas e começamos a rebolar e a cantar.

Syaoran: Tchururururu!

Aira: Toda comida, deve ser aproveitada! – prolonguei a última sílaba e o Syao-chan juntou as mãos como se estivesse rezando e cantou em contínuo “ooohhh”. – Senão você não irá aproveitar, a, vi-da!!!!!

Syaoran e Aira: TCHAAARAAAAAAM! – e começamos a pular, e a pular, e a pular, e... ai minha cuca, açúcar não se foi feito para balançar... há não ser que ele esteja dentro de uma coruja, só que eu sou uma lesminha não uma coruja, então... Olhei pro rostinho do Syaoran que estava lutando corajosamente contra o Kurogane e sorri. Ele é tão fofinho! Vou roubar ele pra mim. Tão novo... e inocente, não sabe dos paranauê da vida. Ele nem sabe o quanto a paçoca pode ser complexa. Canta a música, mas não sabe de nada inocente.

Olhei pro lado e vi o Fay, brincando com dois bolinhos de arroz. Me sentei no colo dele, me aninhando. Peguei um dos mochis e ele começou a cantar baixinho no meu cabelo.

Fay: Eu sou um bolinho de arroz! – ele pegou o dele e fingiu beijar o meu. Dei uma risadinha e me aconcheguei mais nele. Meus peitos fazem boing boing boing, minha barriga faz, plup plup, e a minha língua faz... – meus amiguinhos me chamam de brócões! – ele resmungou um “seria brócolis? Ou Fred? Ah, não lembro.” – E minha perninhas vieram bem depois! – olhei assustada pra ele. – Porque porque? Porque eu sou um bolinho de arroz! – ele continuou a cantar, e meus olhos já estavam marejados bem no começo mas, quando ele anunciou que o bolinho não tinha boquinha pra sorrir... eu comecei a chorar. – O-o-o que foi? O que eu disse?

Aira: ELE NÃO TEM BOQUINHAA NÃO TEEEM!! PORQUE ELE NÃO TEM BOQUINHA??? Ele não pode andar, dançar... ele só pode se comunicar por meio das bolinhas de queijo do seu cérebro sem gosto... BOLINHO DE ARROZ É RUIM!!! COITADO DELE! Como eu sou sádica, corpulenta, mocreienta! – funguei fazendo um estardalhaço. – BOLINHO NÃO MERECE ISSO!! – comecei a chorar mais forte. – BOLINHO PARA PRESIDENTE!!

Bom... melhor voltarmos um pouquinho no tempo, porque a situação dessa aí tá tensa. Talvez eu narre um pouquinho também... a mais gloriosa dessa história! Hohohoho!

Yana: Não, eu sou a mais gloriosa, volte pro seu cantinho porque a minha magnitude engole o seu brilho okay? Okay. Sim, eu estou flertando comigo mesma, me deixa.

Estávamos andando em silêncio, indo para a casa do Presidente, como o Syaoran planejou. O próprio parecia muito compenetrado lendo o livro que eu havia lhe dado. Eu o disse que eu negociei com uma moça por ele, mas é claro que foi roubado; só que, olhem pra essa carinha fofuretes dele! Ele parece tanto com uma garotinha fofa que o Fay estupraria!

(Fay: Hum...

Aira: Fay, isso não foi uma ideia, mantenha seus pensamentos pervertidos longe do Syaoran.

Fay: Posso usa-los com você, então?)

Não posso corromper a pureza bela e feminina que nele existe! Oh, como este mundo é cruel para uma pessoa boa como eu? Por que será que não existe só clones meus por aí? O mundo seria tão mais magnífico e vitoriano! Oh! Este mundo não é nada vitoriano!

Kurogane: O que há com a Peituda ali?

Fay: Quem sabe ela só esteja tendo um ataque eplético. – O Kurogane olhou esquisito pro Fay.

Kurogane: Como assim “só”?

Fay: Por que se fosse um ataque por falta de vitorienidade no mundo seria pior, acredite. – ele olhou pra Aira, que o encarava. Ele fechou a cara. – O que foi agora? – ela trincou os dentes e tacou uma bolinha de neve na cara dele.

Aira: A sua existença Fay! Ela torna o mundo pior! Seu pedaço de merda! Sai da minha frente! – e mostrou a língua, tomando a liderança rebolando. O Fay suspirou e continuou a andar olhando pros flocos de neve que caíam, enquanto o Kurogane olhava inquisador para aqueles dois. Tinham engolido muita neve com xixi? Eles estavam muito esquisitos. O Syaoran parou de ler o seu livro por um momento e foi até a garota que andava decidida á sua frente.

Syaoran: Você está bem Aira-chan? – balancei a cabeça pros lados, tentando parar de chorar. Por que o Fay tinha de mudar o jeito de me tratar tão derepente? Será que ele não entendia o quanto era difícil me separar dele? Que eu estava fazendo isso por um bem maior do que beijos e carícias? Qual era o problema de esperar? Eu estou esperando! Eu espero a minha vida inteira por tudo! Estou esperando pelo momento em que o tenha de volta, em que eu seja útil, em que eu consiga achar a Yana. Em que eu consiga achar a minha irmã. Esperando pelo dia que ela me perdoe... O Syaoran passou o braço pelos meus ombros e trouxe a minha cabeça deitada na sua (sim, eu sou mais alta que ele agora). Sua mão acariciou o meu braço. – Todos nós temos as nossas lutas Aira-chan. E você não tem de lutar sozinha. Você tem amigos agora. Você tem a Yana-chan agora... – chorei um pouco mais, ao lembrar que ela poderia estar morta neste momento. Jogada em algum beco, com sangue á sua volta, respirando entrecortadamente. E em seus últimos momentos ela iria olhar para o céu e dizer:­ “ Eu te odeio Aira Youri”.

Dei uma risadinha enquanto tentava parar de chorar. A Yana não é a sua irmã Aira. Nem todo mundo por quem você se apega irá te odiar no final. Nem todo mundo...

Syaoran: Que frio, não é mesmo? Estou com a sensação estranha de que a minha cabeça está congelando... – olhei para o seu cabelo e gritei.

Aira: Um bicho! Um bicho!!

Syaoran: Ahn? – ele ficou coradinho. – Tem um animal na minha cabeça?! – comecei a sacudir minha cabeça.

Aira: Uma lesma nojenta! Tira daí! Ai que horror, eu coloquei meu cabelo nisso! – ele começou a tatear o cabelo bagunçado em exasperação. – Mais pra esquerda! Não, pra direita! Aí! – ele tocou no bichinho branco e eu ouvi o Fay gritar.

Fay: Não toca nisso! Ah, que nojo! – ele deu uns pulos na direção do Syaoran e começou a balançar a cara dele. – Saí daí bicho esquisito! O cabelo do Syaoran-kun é muito sedoso pra você estragar!

Kurogane: Parem de bichisse e retirem logo daí!

Aira: Não! Não na minha direção! – o Fay deu um riso maligno e começou a correr com o Syaoran no meu sentido. Senti um calafrio dos pés á cabeça e saí correndo. – Não Fay, para com isso, eu morro de medo!

Syaoran: Nossa, está tudo tão embaçado! Que boneténho aquilo ali pulando parecem dois coelhinhos fofos... – vi com o canto do olho o Fay acariciando a bocheha do Syaoran.

Fay: São só os peitos da Aira Syaoran, só os peitos da Aira. – derepente o Syaoran começou a gritar.

Syaoran: Tem um treco vindo na nossa direção, fujam! – comecei a olhar pros lados tentando entender do que ele estava falando. MOKONA! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO VOANDO QUE NEM O SUPER-HOMEM? Não pera, acho que é só o vento... ELE NÃO PODE SER O SUPER-HOMEM E EU NÃO! REVOLUÇÃO! JUSTIÇA!

Kurogane: Vocês são todos uns gays! – ouvi o som de espada sendo desembainhada. Ele tem uma espada e eu nunca roubei? Como assim?!

Fay: Quando você roubou uma faca, Kuro-wan? Kowaii!

Kurogane: Eu não sou Kuro-wan coisa nenhuma seu boiola! – ele começou a correr atrás do Fay.

Fay: É sim, a Yana te chama assim, porque eu não posso? – ele começou a blasfemar. – Ah sim, é porque ela é a sua protegida não é? To sabendo Kurogane! “Você não encontra uma garota como ela em toda a dinastia!”. Nha, KA-WA-II Kuro-chan apaixonado! – era uma vez Kurogane apaixonado! Estava andando pela rua quando foi atropelado... KUROGANE AMASSADO!

Aira: Que fofuretes Kuro-chan! Quando vai pedí-la em casamento?

Syaoran: Está tudo muito borrado, será que vocês poderiam parar de falar disso? Acho que vou vomitar... – o Fay soltou um gritinho gay. To sabendo Syaoran, mentiu que ia vomitar só pra que nós não shippemos KuroYana né não? Inocente...

Fay: Vomite longe de mim! – e soltou o Syaoran (que estava verde) escalando uma árvore.

Aira: Não o largue assim, coitado! – virei-me na direção oposta e fui correndo na direção dele, me tacando em seus braços e o abraçando. O Kurogane começou a empurrar a árvore em que o Fay estava, só que o Mokona pulou de dentro da minha roupa pra cara dele, que começou a golpear tudo às cegas. ELE ESTAVA NA MINHA ROUPA? TARADO! TARADO!

Syaoran: Obrigada Aira-chan... – e me abraçou de volta. Mas pera...

Aira: Fay, me diz que você tirou o bicho da cabeça dele... – ele fez umas piruetas na árvore e sorriu marotamente.

Fay: Na verdade... Não!

Aira: Kyah! – me soltei bruscamente do Syaoran, perdendo o equilíbro, pulando de uma perna para a outra de costas.

Syaoran: Tirem logo isso da minha cabeça! O mundo está todo amarelo e cheio de pontinhos... – as bochechas dele inflaram! Ele vai vomitar! Fujam para o infinito e além!

Kurogane: Sai da minha cara!

Fay: KUROGANE, EU SOU O SEU PAI!!! – e começou a respirar roboticamente. O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI??

Mokona: Puu! – e pulou pro meu rosto. Oh... isto não é nada vitoriano.

Kurogane: Eu vou cortar esse bicho fora do seu cabelo! – e praticamente se tacou em cima do Syaoran, que gritou em desespero (provavelmente o Kurogane é muito pesado, vem aqui querido que eu te dou umas dicas de como emagrecer e ainda preservar as curvas dragonianas).

Syaoran: Kurogane-san, dame!... – eu retirei o Mokona do meu rosto (que saiu voando) no mesmo momento em que o Fay caiu da árvore em cima de mim e nós saímos rolando. Batemos na perna do Kurogane, que escorregou e... cortou uma parte do cabelo do Syaoran, que se levantou perguntando se tinham conseguido tirar, mas cambaleou e caiu em cima do Kurogane, que caiu em cima de mim, que estava em cima do Fay... que começou a espernear e a dizer que era muito belo pra morrer. O Kurogane voltou a dizer pra ele parar de bichisse, o Syaoran disse para tomarem cuidado com o livro na mão dele, eu estou enlouquecendo, tem neve, tem gritos, não TEM PORRA NENHUMA VITORIANA POR AQUI até que... chegamos na frente de uma mansão e eu bati a cabeça em algo duro... Meu último pensamento foi que deve ter sido na cabeça do Kuro-lala... Esse cabeçudo deveria usar pra quebrar nozes...

–*-

Bateu a cabeça em algo duro, na CABEÇA do Kurogane, sei... hueheuheu

(Aira: Que isso, narradora? Meu Deus, leva tudo na malícia, cadê a inocência desse mundo?)

Acordei e estava sendo carregada por um tarado vestido de preto.

Aira: Socorro! Socorro! Um tarado! BOLINHO DE ARROZ ME AJUDE! USE O PODER DAS SUAS PALAVRAS NUNCA DITAS CONTRA ESSE TARADO! SYAORAN ME SOCORRE COM O TEU CABELO QUE NÃO PARA NEM COM GEL! SOCORRO! – o moço me deu um tapão na cabeça. - NÃO ESTRAGA MEU CABELO NÃO! ELE JÁ TA RESSECADO POR CULPA DESSE FRIO! CADÊ MINHA CHAPINHA? CADÊ HEIN? NUM TOQUE EM MIM MERO MORTAL! COM SEUS MICRÓBIOS EU PASSO MAL! –virei poeta - Socor...

Kurogane: Sou eu sua vaca, meu Deus, para de ser possuída por Hera. – Que?! Não pera, é o Kuro-lala? Porque ele está vestido como um tarado? (roupa coladinha no corpo, hum-hum dilichia) Poder ir parando com essas zuera, Zeus ta vendo, Zeus vai contar pra Yana! Mas como assim ele sabe sobre Hera? ESTE NÃO É O KUROGANE! É UM CLONE TARADO! Pulei de seus braços e enfiei os dedos nos seus olhos, fazendo ele dar um grunhido (ui, que macho, nem grita, humilha mesmo vai) e caí magnificamente em pé no chão (batendo a cabeça com força em uma pilastra – de onde isso surgiu? – mas isso não vem ao caso).

Aira: Como você sabe sobre os deuses? Você não é japonês? Como conseguiu ouvir minha conversa secreta com a Yana? – ele entreabriu os olhos, parecendo muito irritado. – E Kurogane, pare de fumar, seus olhos estão todos vermelhos! - ele revirou as duas bolotas vermelhas em seu rosto e do nada pulou na minha direção! Eu disse que era um clone tarado! Socorro!! Só que ao contrário de pegar nos meus peitos como eu pensei que faria, ele só (só? Como assim “só”, Aira de um passado distante? Eu não vim do futuro pra aguentar essas coisas não!) deu um tapão na minha bochecha. Itai! Vai ficar marca, socorro.

Kurogane: Ela não conversa só com você as coisas, okay? – ele suspirou e começou a andar. Segui-o. – Se bem que ela disse que era confidencial. Me espanta que tenha contado pra você. – trinquei os dentes e dei um chute em suas costas. Ele gemeu e se virou pra mim, com as mãos estendidas para o meu pescoço (oh my gah, o Kuro-chan vai me matar). Dei um tapa nelas.

Aira: Eu sou importante pra ela! – olhei pro chão, começando a sentir lágrimas escorrerem. – Eu sou sim... Não existe só você Kurogane! Só porque ela gosta de vocês dois não significa que eu não valha nada... Agora a Yana foi embora e todos derepente lembram que eu existo! Se bem que vocês na verdade continuam me ignorando! - olhei com raiva para aquele rosto que não demonstrava sentimentos e me irritei dando um pulo pra conseguir dar um tapa em seu rosto. Nível hard ativado. - Enquanto a Yana estava aqui, você e o Syaoran ficavam de birra, magoando-a pra ver quem a conseguia primeiro! - ele fez uma cara brava, mas eu me interpûs - Deixe-me terminar! Aí, por causa das coisas idiotas que acontecem com vocês e garotas, a Yana ficou ferida por dentro! Ela não aguentou mais! E agora ela sumiu, e bem... eu tenho de consolá-los, tenho de continuar forte! Idaí se o Fay não me ama o bastante para continuar comigo mesmo depois do que eu o contei? Idaí não é mesmo? Os sentimentos da Aira não importam! Ninguém pensa que ela está se despedaçando por trás de um sorriso! Ninguém pensa que ela sente falta da Yana! Ninguém nunca se importa! Todos simplesmente... ignoram a Aira... - olhei pro chão, perdendo a força e abaixando o braço. Será que sempre... sempre será assim?

Kurogane: Baaka! - e me deu um tapa na testa. – Para de gritar você não está na sua casa. – Cavalo detectado.

Aira: Itai! – olhei-o com lágrimas nos olhos.

Kurogane: Você acha que se nós não nos importássemos com você, eu já não teria te enxotado, sua chata? - arregalei os olhos.

Aira: Mas vocês...- ele enfiou o dedo na minha testa com força, semicerrando os olhos. Ko-kowaii...

Aira: Itai. – semicerrei os olhos do mesmo jeito. É briga é? Eu ganho nesse jogo de quem fecha os olhos primeiro! MUAHAHAHA.

Kurogane: Não é a Yana que manda no grupo, sabe? Se eu quisesse, eu já teria te deixado ferida sem te matar e tacado pela janela como chiclete mastigado. - ele estralou os dedos. ELE TACA CHICLETE PELA JANELA? MAL-CRIADO!

Aira: NANI?? - olhei mortalmente pra ele. Quem esse moço ACHA que é?! Mas ele só riu e passou a mão rudemente pelo meu cabelo. Itai... Demo, nanka... yasashi... Esse tsundere! Shippei com a Yana agora. LIVRE SOU! LIVRE SOU! ESTOU LIVRE PARA SHIPPAR!!

Kurogane: E que negócio é esse hein? Você gosta da Fay? É isso mesmo? Confessou assim, fácil? – senti meu rosto esquentar.

Aira: Você está pensando errado...- comecei a enfiar um dedo na testa dele e a balançar a outra mão em movimentos circulares em frente aos seus olhos. - Você está imaginando coisas! Eu não disse nada! Tu pode ir parando por aê! Relaxa brother... - enfiei a unha na sua testa (difícil, porque ele é tão alto? Meus pés estão doendo, socorro, SYAORAN TASKETE!!) e ele colocou a mão na minha bochecha com força para retrucar (ara, tarado) quando do nada o Syaoran e o Fay brotaram das paredes. SYAORAN AO RESGATE! (imagina Syaoran de sunguinha. Yana, me desculpe, mas ele fica dilichia. O que será aquela aura do demônio ali no canto... Sebastian? Ou não... Socorro). O Syaoran começou a rir, mas, diferente do que eu pensei, o Fay paralisou e ficou pálido. Derepente seus olhos pareceram mais pontiagudos e sombrios. Ele me encarou, sério.

Fay: Então você já está partindo pro Kurogane, han? – senti meu coração ir parando e eu voltei a minha posição normal, olhando pra ele sem querer entender o que ele estava dizendo. Não pode ser isso. – E eu que pensei que fosse algo real, mas antigos hábitos não se consegue mudar não é? – mas o quê? Senti algo dentro de mim se quebrar e comecei a andar com passos pesados em sua direção. Percebi que o Syaoran tentou me segurar pelo braço, mas eu me soltei. O Kurogane só ria. Cheguei a frente ao Fay e comecei a puxar sua orelha, fazendo-o iniciar gritinhos gays. Rum, nem é macho que nem o Kurogane.

Aira: Olha aqui seu mimado idiota. – enfiei as unhas em sua pele. Ele fechou os olhos. – Primeiro você decide que não quer tentar nada, e agora vem com essa? Eu fico com quem eu quiser! Você não manda em mim e nem tem influência sobre mim... pelo menos não mais. – o soltei e saí andando (pra onde eu não sei, mas tem de haver saída triunfal após uma briga). Só que... eu continuei andando sem saber pra onde ir, até que fui baixando o ritmo e deixei o Syaoran me alcançar. Passei o braço pelos seus ombros (deixando-o vermelho. Ai, que moe) e cochichei.

Aira: Sabe Syaoran, não que eu não saiba ou algo assim mas... onde nós estamos? – ele começou a rir e eu me censurei. “Não que eu não saiba”? Que merda de frase foi essa?

Syaoran: Na casa do presidente, Aira-san.

Aira: Como assim “san”? Cadê o “chan”? Por que só a Yana pode? Ya desu! Zuruii! – inflei as bochechas e ele riu fofamente. Sorri. Ele começou a dizer que eu era incrível para ligar mais para o sufixo com o qual ele me chamava ao invés de estar na casa do presidente. Sim, eu sei que sou diva, please bitch. Demo... – Você já falou com eles Syao-chan? – ele me olhou de esguelha e sussurrou “ch-chan?...” Tehe. Quem mandou ser moe.

Syaoran: Na verdade nós só estamos nos dirigindo para a sala da casa para tratar dos assuntos agora. Você tinha batido a cabeça fortemente contra uma árvore e por isso tivemos de tratar de um ferimento sério que tinha aberto. O presidente gentilmente nos abrigou contra o frio e nos aceitou em sua casa, ajudando-a. – ele olhou pra baixo. – Foi tudo minha culpa, desculpe-me. Se eu não tivesse sido tão irresponsável... – agarrei pelo pescoço, que começou a tossir.

Aira: Que nada, foi divertido. Isso me lembra... o que aconteceu com o seu cabelo? – olhei para a sua cabeça e vi O HORROR. ESTAVA. FALTANDO. UMA. PARTE. Socorro! O que fizeram com o seu lindo e perfeito cabelo bagunçado e vitoriano salvador de Airas peitudas sendo atacadas por um Kurogane safado? Ele só riu e disse que cresceria rápido se essa fosse a minha preocupação. Que divoso! Moe de mais! Kyun!

Mas quando eu ia voltar a ter uma conversa fútil com ele aquele velhinho de antes apareceu. Fechei a cara e segurei o Syaoran com mais força. Mas o *jiji parecia desesperado.

Jiji-san: Vocês são aqueles que estão hospedados na casa do Dr. Kyle não é? – sorrimos gentilmente (pelo menos eu e o Syaoran, provavelmente o Kuro ta reclamando do Mokona ali atrás) e o Fay foi á nossa frente e tirou o chapéu (PORQUE ELE FICA SEXY ATÉ FAZENDO ISSO?!!) respeitosamente.

Fay: Como vai? Desculpe-nos por não termos conversado apropriadamente com o Senhor antes, estávamos preocupados com a nossa amiga. – ele estava preocupado? – ele sorriu e nós entramos na sala, nos acomodando em um sofá fofinho. Uma empregada sorridente entrou no aposento trazendo um bule com chá e xícaras de porcelana. Tomei um pouco. Pensando bem, a Yana não comeu nada antes de sair correndo e desaparecer... Comecei a bater o pé impacientemente.

Jiji-san: Vinte e uma crianças desaparecidas... – ele juntou as mãos e apoiou a cabeça nelas, suspirando. O Kurogane estava em pé atrás de mim, resmungando e estralando os dedos. O Syaoran respirava freneticamente. O Fay estava sentado a certa distância de mim no mesmo sofá. Mordi o lábio inferior.

Fay: Não há qualquer pista?

Jiji-san: Nada... até agora. Muitos anos atrás a nossa colheita ficou instável. Não está tão boa quanto antes. Não apenas isso, as crianças estão sumindo mesmo que os adultos as avisem. Igual à lenda de 300 anos atrás...

Syaoran: Quando as crianças começaram a desaparecer?

Jiji-san: Desde uns dois meses atrás. Uma criança saiu para recolher frutas e não retornou. Desde então, ou uma some ou três crianças somem ao mesmo tempo. Os adultos já avisaram-nas muitas vezes para não saírem com estranhos depois de escurecer. – olhei para trás e vi o Mokona se mexendo pelas costas do Kurogane, que parecia agoniado. Segurei uma risada. O Syaoran me deu olhadela acusadora e eu me calei. – Mas não há nada de estranho. As crianças simplesmente desaparecem no ar. – porque isso não é nada estranho né meu fio. – Este é o livro que conta a história deste país. Nele está escrita a lenda da Princesa Emeraude em detalhes. Eu o li muitas vezes, mas não encontrei nenhuma pista sobre o incidente de agora. Depois que vocês terminarem de ler o livro, por favor, deixem esta vila imediatamente. – ele fechou os olhos e pareceu ficar 10 anos mais velho. – Antes que aconteça o inevitável. – o Kurogane deu uma risadinha e cruzou os braços como se não fosse a lugar algum.

Syaoran: Muito obrigado, mas existem coisas que precisamos fazer. – o Jiji olhou preocupado para o Syaoran.

Jiji: Desculpe, eu quase me esqueci de que duas de suas companheiras desapareceram. – ele deu um sorriso. – Mas ao invés de procurar por elas como nós todos da vila temos feito por nossas crianças há tempos, acho melhor vocês se retirarem da cidade antes de criarem mais algum tumulto. – olhei com raiva pra ele e joguei a xícara de chá pro lado, fazendo com que o Kurogane quase caísse para pega-la. Fui em frente ao Jiji, que me olhava amedrontado. Cheguei bem perto dele e sussurrei.

Aira: Olhe aqui seu velhinho metido, não me venha dizendo o que eu devo ou não fazer. Que bom pra você se acha que a Yana é só um estorvo, um tumulto na sua vidinha. Obrigada por tentar nos ajudar, mas você já fez o bastante. Não pode nos falar para abandonar nossos amigos. E se eu quiser ficar nesta cidade aqui pra sempre? E se eu abrir um comércio de sopa na rua? O que você pode fazer? Me matar? Fingir ser bonzinho que nem a todos a quem eu já conheci? Pois saiba que eu não irei abandonar a única pessoa verdadeira e boa que já me entendeu e que me acolheu. Não deixarei que você um velhote me diga o que fazer. Afinal, o que o senhor poderia exercer contra mim? Me matar? – cheguei mais perto de seu ouvido, que tremia. – Pois quem sabe eu mesma o mate.

Fay: Pare com isso, Aira! – me virei na direção da voz, vendo um Fay com olhos sombrios me encarando.

Aira: Ora, você quer que eu deixe...

Fay: Não importa! Você não precisa agir assim com ele!

Aira: Mas eu...

Fay: É por isso que as pessoas acabam te odiando! Por ser tão idiota! – todos engoliram em seco. Senti meus olhos ficarem molhados.

Aira: Então eu sempre devo manter a calma? PORQUE EU NUNCA POSSO AGIR COMO VOCÊS? Eu sempre tenho de consolar a todos e ficar feliz, agora perder a paciência por um velho metido estar me dizendo coisas inenarráveis eu não posso? Só vocês podem dar uma de loucos por aí? Desabafar? Por que eu sou diferente? – mordi o lábio inferior. – Bem, não importa mais. – e fui andando em direção á porta. Ele suspirou.

Fay: Aira? Aira aonde você está indo? – saí correndo, tentando esquecer a voz dele. Cheguei ao portão principal e saí correndo na neve, começando a chorar. Senti minhas pernas bambearem e eu me deixei cair de joelhos. Ouvi o Fay gritando meu nome e virei o rosto pra trás. – Aira, sinceramente, o que acha que está fazendo vindo aqui fora nesse frio? – ele suspirou e parou pra descansar. Me olhou com as bochechas rosadas. – Ficamos todos preocupados lá dentro por culpa de seu machucado ainda não ter cicatrizado. Não faça essas coisas imprudentes. – ui, porque agora ele é O prudente né. Ele pareceu ler os meus pensamentos e revirou os olhos. Veio até mim e estendeu a mão, mas eu a recusei. Encarei-o com raiva.

Aira: Você acha que pode vir aqui e agir como se fosse meu amigo? Já esqueceu de tudo o que você me fez passar? –nesse momento (eu já estava pegando na mão dele pra levantar) ele recolheu mão e colocou-a no rosto, parecendo irritado. Veio para cima de mim e me deu tapa na testa com força.

Fay: O que VOCÊ passou? O que uma garota do seu tipo sabe sobre sofrimento? Até a Yana, que parece a menina mais retardada e feliz que já conheci, parece ter sofrido mais que você. Não adianta vir com aquelas mentiras de que a sua irmã imaginária morreu mas não morreu e sim sumiu ou sei lá... Eu conheço a dor! Eu convivo com ela todos os dias! Ela faz parte de mim! E aí eu vou e me apaixono por uma garota que me aparece e parece gostar de mim... finalmente alguém que realmente me ama... ela vem e me diz para não ficar com ela! Eu passava todos os dias pensando que havia uma única felicidade na minha vida. Essa felicidade se resumia a poder a rir e conversar com essa garota. Mas mais uma vez novamente, como está predestinado pra mim, ela não me deixou, quando eu finalmente tinha pensado que iríamos poder ficar juntos... E ainda por cima, depois de me dispensar, ficou tentando me seduzir cada momento, me fazendo sofrer ainda mais... você não sabe o que eu sofri... e ainda vem ME culpar? Aira, desde o primeiro momento em que você riu comigo em uma das minhas bobeiras eu pensei: nossa, essa é das minhas. – ri um pouco apesar de não conseguir parar de chorar. – a cada momento que nós passávamos juntos, eu escondia o que eu sentia atrás de nossas brincadeiras. Mas você me deixou e não tentou vir atrás quando eu fui embora! Desculpe, mas eu cansei disso. – ele tirou o olhar do meu. - Eu não posso mais ficar com você.

Aira: Dame desu! – me arrastei, agarrando-me aos seus pés. – Onegai... Kitte yo! – ele ficou calado. – Watashi, mo shiteru. – respirei fundo. – Eu sei que eu o não o mereço Fay. Como nunca mereci pessoas boas. Sei que você não tem motivos para continuar sendo ao menos meu amigo mas... Demo nee... ikenai de kudasai! – comecei a chorar mais forte, e tentei falar, a voz saiu ranhosa. – Onegai! Yurushiste yo!

Fay: Você nunca me amou Aira! Todas essas vezes você só me usou! Por que eu deveria perdoar alguém hipócrita como você? Não tem mais volta. Não tem meio. – segurei minhas lágrimas. De novo não. Por favor. A cena não pode se repetir. Não diga essas coisas por favor. Não me machuque mais... eu já não aguento.

Aira: Doushitara ii no? – respirei fundo, mas as lágrimas não pararam. – Doosureba iin dayo? Datte, watashi mo, wakannai. – minha voz começou a sair esganiçada e eu não liguei. Fiquei de joelhos e olhei em seus olhos tristes.

Fay: Não há nada que você possa fazer para se desculpar. Não tem volta. Não tem um motivo. Ou será que você vai tentar me subornar e seduzir? Me dê algum motivo!

Aira: Datte... dakara... – gritei em meio ao choro. – Fay no koto suki! – ele arregalou os olhos e eu me agarrei as suas pernas. Não o deixarei ir. – Daisuki da! Aishiteru kara! Watashi a mo.... KOISHITERU DAKARA!! – virei meu rosto pra cima e fechei os olhos. – Dakara... soba ni ite! – ouvi ele chorando e senti uma angústia. Eu só o machuco.... – Onegaii... Ikenai day... – mas antes de eu terminar a frase, ele tapou a minha boca. Me beijando. Continuei a chorar e o beijei de volta, agarrando-me em suas costas. Mo... ikenaii de.... o Fay parou o beijo e me sorriu, com os olhos fechados.

Fay: Não diga mais nada... – ele me deu um beijo suave e demorado. Não diga mais nada.

Bom, depois disso o Syaoran foi ler o livro, eles ficaram se beijando e depois o Fay embebedou todo mundo. Fim!

Com a sua agitação febril
Até o mais puro dos votos
Tornou-se pecado
Um passado unido, se tudo
For apagado em pedaços

Yana

Eu estava super feliz pensando que finalmente iria rechaçar aquela Douradinha idiota quando ela começou a gritar e a correr na minha direção.

Sakura: Yana, dame!!!!! – e se tacou em cima de mim. AH QUE NOJO!!!!

Yana: Saia de perto humana! Desgruda! Eu sei o que você quer! Eu não irei permitir! Socorro, tem uma humana fofuretes em cima de mim! SOCORRO!!!! – comecei a me debater mas ela continuou me firmando no chão. – Eu vou te morder humana! Irei me deliciar em seu sangue até que você grite por perdão por ter encostado em mim! – senti as lágrimas da Pura Dourada respingarem em meu antebraço. Comecei a gritar ao sentir minha pele queimar.

Sakura: Mo, hitori de wa nai Yana-chan. – ela chorou em cima do meu rosto e eu comecei a gritar. Mais uma vez.... os puros... Sakura-chan?... não podem vencer!... porque está tão embaçada? Onde... onde eu estou? – Você tem a todos nós. Não precisa suportar tudo sozinha. Você tem a nós. Você não está sozinha. Não está. Mesmo que todos vão embora, eu continuarei ao seu lado Yana-chan. Sempre ao seu lado. – Os puros... não... preciso me... Sakura!

Yana: Estava tudo tão escuro Sakura-chan... só haviam gritos, e vocês morriam em frente aos meus olhos em um replay sem fim... Não me deixe mais sozinha, por favor... Eu... me desculpe... eu... – senti lágrimas escorrendo sem parar, a minha visão ainda embaçada, escura. Os gritos ainda nítidos. Senti os seus braços me rodearem com carinho, passando gentilmente a mão no meu cabelo.

Sakura: Não precisa se desculpar por nada. Eu não quero que você se desculpe. Eu não quero que você mude. Kono mama de ii. Ii desu yo. Ii. – comecei a soluçar e chorar mais forte e a abracei.