Pov’s Ally
Meu coração estava batendo a mil e eu podia sentir que minhas mãos estavam começando a suar.
Enxuguei-as em minhas pernas e engoli em seco. Meus pensamentos se resumiam a apenas tentar manter a calma e nada mais. Ainda um pouco tensa me levantei sobre o lençol, sacudi a areia em minha roupa e ergui cabeça.Tentei ao máximo esconder as minhas mãos tremulas atrás do meu corpo e por fim virei meu rosto lentamente para a direção de onde vinha o ruído.
Minha primeira reação foi arregalar os olhos e a segunda foi gritar ao ver um homem de aproximadamente cinqüenta anos de idade sangrando a poucos metros de mim. Suas roupas estavam em maior parte queimadas e seus lábios tremiam.
Não pensei em mais nada e apenas corri apavorada por entre galhos caídos e coqueiros retorcidos. Estava escuro o que dificultou minha passagem e o pior de tudo é a incerteza do que fazer. Talvez eu devesse ajudá-lo se é que ainda existe algum jeito para ele e perguntar o porquê de estar em uma ilha abandonada ou até mesmo terminar de matá-lo por talvez ser um contrabandista que freqüenta essa ilha á anos,mas em nenhuma hipótese correr de um homem que esta em desvantagem.
No entanto não tinha mais o que fazer. Eu já estava subindo os degraus da cabana quando me arrependi de ter escolhido pedir ajuda a Austin. Não tinha como voltar atrás.
—Austin. -Gritei. Eu estava ofegante e com a respiração entrecortada.
—O que é?-Ele perguntou frio como uma pedra. Parecia nem estar abalado com o fato de minha perna estar sangrando ou com a minha voz tremula.
Eu devia simplesmente virar as costas e ir embora, mas seria infantilidade minha tentar achar uma solução do que fazer com aquele homem sozinha.
—Tem um homem lá fora. -Apontei involuntariamente para fora da cabana. —Ele... Ele esta sangrando e eu não faço a mínima idéia de como veio parar aqui. -Minha voz estava rouca e cansada por causa da correria.
—Porque haveria um homem lá fora?Não faz nem uma hora que estava lamentando o fato de ninguém vir nos resgatar aqui nessa ilha e nas condições em que estamos acho que você ainda não percebeu que isso aqui é uma ilha abandonada. -Fez pouco caso ainda apoiado na janela.
—Escuta aqui. -Caminhei a passos lentos até ele. —Eu acho que você não entendeu bem. -Ri ironicamente.
—Isso aqui é sangue. -Forcei sua mão contra minha perna.
—E eu não me cortei propositalmente apenas para ter a atenção de um estúpido igual você então se eu estou dizendo que tem um homem prestes a morrer nessa ilha é porque é verdade e se você não é capaz de ajudá-lo eu não me importo, mas não use minhas palavras contra mim. -Cuspi em sua cara.
Ele respirou fundo e me analisou por alguns segundos. Meu coração estava batendo rápido demais e o loiro sabia disso.
—Onde ele esta?-Perguntou seco.
—Se não iria ligar que me dissesse de uma vez. -Me virei para ir embora, porém o toque suave dos seus dedos em meu braço fez com que eu recuasse.
—Onde ele esta, Ally?-Questionou um pouco mais suave.
Eu devia simplesmente o ignorar, mas não tinha muitas opções.
—Me acompanhe. -Tirei a sua mão de perto de mim e caminhei para fora da cabana. Tudo ainda estava da forma que eu me lembrava de pouco horas atrás.
***
—Ele estava armado?-Austin perguntou quebrando o silêncio. Já estávamos caminhando há uns sete minutos sem dizermos absolutamente nada e eu realmente estava gostando daquilo.
—Não tive muito tempo para olhar para suas mãos, mas creio que não. -Respondi tirando um pedaço de galho da minha passagem.
—O que você acha que pode ter sido?-Voltou a puxar assunto.
Revirei os olhos e cerrei os dentes.
—Porque esta tão interessado assim?Há menos de quinze minutos nem sequer acreditou em mim.
Já estávamos perto de onde encontrei o homem.
—Nos conhecemos há uma semana Ally, não sei do que você é capaz.-Eu estava a sua frente e dei graças a Deus por isso porque se estivesse ao menos ao seu lado eu teria lhe dado um soco.
E por isso apenas gargalhei bem alto.
—Não sei do que você é capaz?-Imitei sua voz. —Isso é sério?Se pensava que eu não seria de confiança então que tivesse me deixado morrer afogada.Ninguém iria desconfiar de você.
—Não me diga que estava falando a verdade esse tempo todo Ally. –Ele disse quase rindo.
—Por quê?Você estava mentindo?-Me virei bruscamente e por não perceber que ele estava tão perto assim meu corpo colidiu com o seu peito e se não fosse por suas mãos em minha cintura eu teria caído em uma das rochas da cachoeira.
—Porque eu mentiria pra você?Posso te contar o meu pior segredo e ainda assim me sentir bem com isso até porque sei que depois que sairmos daqui nunca mais iremos precisar ver um ao outro. -Seus lábios estavam próximos demais dos meus e isso não era algo bom. Não acredito que já beijei esse homem.
—Se pensa dessa forma então porque não confia em mim?-Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.
—Quando falei que um diria iramos sair daqui você confiou em mim?-Me respondeu com outra pergunta.
Afastei meu rosto do seu e me virei novamente.
—Vamos, é logo ali. -Apontei para um coqueiro que estava a aproximadamente dois metros de distância da gente.
Meu estomago revirou quando a imagem do homem voltou a tomar conta da minha mente. Ele agora estava caído de bruços com os olhos vidrados e cobertos de areia. Tive que virar o rosto. Aquilo era demais para mim.
Austin, porém, correu até o desconhecido e checou seu pulso mesmo sabendo que era tarde demais.
—Ele disse alguma coisa?-Perguntou checando todos os bolsos do homem.
—Não. Eu apenas ouvi passos e quando olhei pra trás ele estava vindo em minha direção, parecia querer ajuda. -Respondi ainda admirando a lua acima de mim. Ela era a única coisa que iluminava o local.
—Ally. -Austin me chamou. Seus olhos se arregalaram e ele passou as mãos pelo cabelo, parecia estar nervoso.
—O que foi?-Indaguei assustada.
—Ele era um piloto. -Disse com um passaporte encharcado de sangue em sua mão.
—O que?-Meu coração quase saiu pela boca.
—Merda. -Austin jogou o passaporte com força contra um tronco de um coqueiro.
—Ele estava atrás da gente?-Meus olhos começaram a esquentar.
—Não sei. -O loiro cruzou os braços e analisou todo o corpo do homem desconhecido. —Talvez fosse um vôo comum, mas de qualquer forma não foi bem sucedido. -Bufou.
Aproximei-me dele.
—Vamos voltar. Talvez... -Senti uma de suas mãos cobrirem minha boca e a outra segurar meus braços e me arrastar para trás de um coqueiro.
Joguei meu cotovelo para trás e acertei seu abdômen, porém Austin era mais forte do que eu e logo agarrou minhas mãos e as prendeu atrás do meu corpo.
—Shh. -Disse em meu ouvido. —Se o avião caiu ele com certeza não era o único a estar nele e se não estava sozinho isso significa que as outras pessoas com certeza caíram junto a ele o que quer dizer que te viram, o viram morrer e não fizeram absolutamente nada.Conclusão,estamos sendo observados. -Sussurrou em meu ouvido.