Pov’s Ally

Não pensei em mais nada e apenas mergulhe na água novamente. Eu não seria capaz de encarar Austin, não assim.

Talvez parecesse bobo, mas era o único esconderijo que eu tinha no momento o que também dificultou um pouco as coisas.

Meus pulmões então começaram a queimar e só então lembrei que não sou uma sereia e sobrevivo à base de oxigênio.

Contra gosto emergir novamente, agora tentando cobrir meus seios, não queremos que outro incidente aconteça.

Austin ainda me encarava, porém, agora estava sem expressão enquanto esperava pacientemente eu tentar me cobrir com minhas próprias mãos.

—Já acabou Ally?-O tédio pairava em sua voz.

Franzi a testa.

—Acabei?Acabei o que?-Só então percebi que meus dentes tremiam assim como todo o resto do meu corpo. Eu estava totalmente arrepiada, com frio.

Meu biquíni ainda não tinha dado sinal de vida.

—O banho?-Respondeu como se fosse o óbvio. —Depois de ontem não acho bom você ficar exposta por muito tempo ao sol, apenas por alguns dias como prevenção. Achei que você estava demorando muito e quis saber se estava tudo bem.

Meu queixo caiu. Ele parecia nem ter ligado para o fato de eu estar totalmente nua a sua frente.

—Bom eu já estou acabando. Daqui a pouco chego à cabana. -Respondi ainda um pouco desconcertada.

Com a cabeça ele assentiu e me deixou sozinha mais uma com meus próprios pensamentos.

Sai rapidamente do lago e fui em direção a camisa de Austin.

A vesti de qualquer jeito enquanto meus olhos trabalhavam em procurar em meio a todas aquelas pedras meu biquíni, até no laginho pensei na hipótese e nada.

Voltei para a cabana com a camisa de Austin totalmente grudada ao meu corpo, mostrando mais do que devia.

Austin estava do lado de fora da casa, tentando cozinhar alguma coisa que não sei ao certo o que era.

Ele viu o quanto sua roupa estava transparente ao meu corpo, no entanto, não disse nada. Apenas continuou seu serviço.

—Er... Se precisar de mim estarei lá dentro, ok?-A intensidade com que o vento soprou me fez abraçar meu próprio corpo e percebi que ainda estava com frio.

Mais uma vez ele apenas assentiu.

Fui direto para o quarto. Eu até poderia voltar para a cama, mas ainda estou ensopada.

A janela parecia uma boa então deixando uma poça onde passava fui até ela.

Os coqueiros balançavam ferozmente, as ondas se agitavam umas nas outras, chocando-se entre si.

Não precisava ser muito inteligente para saber que não iria demorar muito para cair um temporal.

***

O barulho da chuva fazia todo o meu corpo relaxar. Pingos de água vindo da janela me acertavam em cheio de onde eu estava na cama,a rajada de vento estava muito forte e eu nem me importei,estava me divertindo com a água.

Era um sossego para minha cabeça e o fato de as poucas gotas de água entrar em contanto com meu corpo só contribuiu para que minhas pálpebras aos poucos fossem se fechando.

Estava quase pegando no sono quando Austin adentrou o quarto com uma folha de bananeira nas mãos.

—Pensei que você talvez quisesse comer. -Seu sorriso de canto me fez suspirar de alegria.

—Eu só quero dormir um pouco. Acho que é efeito da picada. -Esfreguei meus olhos.

—Nem vem. Já tivemos problemas sobre você comer ontem, não quero ter hoje e acho melhor você aproveitar porque hoje tem o que escolher. -Disse se deitando ao meu lado na cama e só então pude perceber que na folha havia varias amoras e pitangas. Sorri com isso.

—Valeu Austin. -Agradeci pegando uma pitanga.

—Se eu fosse você optaria pela amora. -Disse agarrando uma e direcionando a minha boca.

Apenas a abri para aproveitar aquela fruta que há anos eu não me lembrava o sabor.

—Uma delicia. -Lambi o lábio superior enquanto saboreava a amora.

Os olhos de Austin desceram aos meus lábios.

—Mais uma?-Perguntou estendendo outra amora.

—Por favor. -Ri comigo mesma.

De novo ele me deu a amora na boca. Estava tão empolgada com a fruta que não notei quando mordi a ponta do seu dedo junto.

—Me desculpe. -Agilizei enquanto terminava de mastigar a amora.

—Sem problema algum. -Gargalhou enquanto brincava com a folha verde escuro em uma de suas mãos.

—Agora vamos testar a pitanga. -Voltei a rir.

Com minhas mãos ágeis agarrei uma e coloquei em sua boca.

Ele fechou os olhos para apreciar enquanto eu devorava outra amora.

—Perfeita. -Admitiu enquanto comia mais uma.

Decidi então experimentar a pitanga, realmente estava muito boa, porém, a amora era mil vezes melhor.

—Porque você não provou a amora. -Joguei uma em sua boca e ele se acomodou melhor ao meu lado na cama.

—Hum. -Seus olhos ainda estavam fechados e ele balançou a cabeça em sinal negativo.

—Ainda prefiro à primeira. -Disse e sem aviso nenhum colocou em minha boca uma pitanga, eu já havia experimentado, mas não custava nada repetir a dose.

—Não mesmo. -Neguei com a cabeça.

Eu olhei para ele e assim caímos na gargalhada.

—Sabe o que é melhor do que amora e pitanga?-Perguntou enquanto apoiava a cabeça em seu cotovelo na cama. Um sorriso voltou a tomar conta dos seus lábios.

Virei à cabeça totalmente em sua direção e percebi que estávamos a centímetros um do outro.

Sua respiração estava quente e totalmente entre cortada, talvez por conta das gargalhadas.

—Não. O que?-Sussurrei sorrindo. Eu ainda estava muito ofegando.

—Os dois juntos.

A surpresa tomou conta de todo o meu corpo quando senti os lábios de Austin em contato com os meus.