Pov’s Ally

Minhas pálpebras ainda latejavam quando acordei a luta para eu conseguir abrir os olhos era intensa, além de ser efeito da picada ainda por cima tinha o sol que insistia adentrar o quarto, com tudo o que ocorreu ontem à noite nem nos lembramos de fechar a janela.

Depois de muito tentar ao fim consegui manter meus olhos abertos por um tempo favorável, tudo ao meu redor girava, a janela parecia ter se multiplicado e eu não sabia dizer exatamente qual era a verdadeira.

Minha cabeça parece querer explodir a qualquer momento e tenho o leve pressentimento de que meu ombro deve estar inchado.

Braços fortes me envolviam, Austin. Ele havia sido tão cuidadoso comigo ontem, se não fosse pelo loiro eu não estaria aqui... Na verdade eu não teria nem chegado à ilha, quando sairmos daqui preciso me lembrar de agradecer ele.

Tentei ao máximo não me mexer, à noite para ele também não foi nenhum pouco fácil.

Com o máximo de cuidado possível eu tentei me desvencilhar de seus braços, os coloquei sobre seu próprio corpo, com cautela consegui me sentar na cama de frente para a janela que estava praticamente escancarada. Minhas mãos atrás de mim sobre a cama me davam um total apoio para não me desequilibrar, ainda estou um pouco fraca. Mexi meu pescoço de um lado para o outro e segundos depois pôde ser audível os estalos que tomaram conta do quarto e uma sensação de alívio por parte do meu corpo.

Com os pés já fixos no chão frio e carrancudo da cabana eu estava prestes a me levantar quando uma voz atrás de mim chamou minha atenção.

—Se pensa que eu ainda estou dormindo tenha certeza de que estou acordado há mais tempo que você. -Mesmo com sua recente afirmação ainda era possível compreender que sua voz estava um pouco sonolenta.

—Há quanto tempo esta acordado?-Me virei para poder encará-lo melhor.

—Digamos que desde antes de o sol nascer. -Um sorriso simples brotou de seus lábios.

Fiz o mesmo.

—Desculpa, não queria ter te deixado preocupado. -Corei um pouco e abaixei minha cabeça um pouco envergonhada.

—Você não teve culpa, eu que realmente tenho a mania de me importar com as pessoas mais do que deveria. -Por algum motivo tive a impressão de que ele não estava falando de mim, havia algo por trás daquela frase.

—Nós ainda estamos falando sobre o ocorrido de ontem à noite?-Tentei quebrar o clima.

Ele riu discretamente.

—Talvez. -Deu de ombros mordendo os lábios inferiores.

—Você ainda gosta dela, não é?-Perguntei com um sorriso involuntário em meu rosto.

Ele deu leves batidinhas na cama e eu entendi que ele queria que eu voltasse a me deitar e assim o fiz.

—Não sei bem se gostar é a palavra certa no momento, acho que magoa é o suficiente. -Ele me envolveu em seus braços e eu me aconcheguei melhor em seu peito.

—Mas para sentir magoa de alguém antes nós precisamos sentir um certo carinho.-O vento do mar soprou sobre o nosso quarto e meu cabelos o acompanharam em um balanço calmo.

—Ainda estamos falando sobre minha ex noiva?-Ele usou minhas próprias palavras contra eu mesma, cachorro.

—Acho que estamos falando de tudo em geral. Sabe eu acho que não é possível você se magoar com uma pessoa que nem ao menos conhece.-Dei de ombros.

Assim como ontem, hoje ele voltou a fazer cafuné em meus cabelos e eu apenas fechei os olhos aproveitando o momento.

—É meio difícil esquecer alguém que por tanto tempo esteve ao nosso lado, não é? –Suspirou lentamente e uma pontada de desapontamento veio junto a sua voz.

—Sim. Não deveríamos nos preocupar tanto com as pessoas, no fundo elas só se importam consigo mesmas. -Dizer essas palavras em voz alta foi como uma faca em meu coração.

—Eu já te disse que ele não te merece, não disse?-Suas palavras não saíram com um tom de autoridade nem nada do tipo, mas sim de uma forma compreensível e terna.

—Disse. -Dei um sorriso de orelha a orelha. —E você sabe que ela também não te merece, não sabe?-Virei meu rosto para encará-lo, seus olhos estavam fixos em algum canto qualquer do quarto e assim que percebeu os meus sobre os seus ele deu um breve sorriso.

—Sim eu sei. -Piscou para mim, estou tentando entender o que essa pequena forma de carinho queria dizer, no entanto não sei se obterei sucesso com essa busca.

—Merecemos coisa melhor. -Estufei o peito orgulhosa de mim mesma.

Ele deu uma gargalhada gostosa e me encarou com um semblante de divertimento.

—Correção, somos melhores.

Depois desse pequeno diálogo o silêncio deu sinal de vida sobre nós, o barulho do mar era a única coisa audível tanto para mim quanto para o loiro.

Decidi então me levantar, preciso de um banho e comer, por falar em comido já faz quase um dia que eu estou sem digerir absolutamente nada, isso vai da merda.

Novamente com os pés fixos no chão, tomei impulso e me levantei o um segundo senti minhas pernas fraquejarem, fechei meus olhos rapidamente tentando suprimir esse pensamento e em fim estava de pé.

—Você quer ajuda?-Austin indagou se sentando na cama e se espreguiçando logo em seguida.

—Não. Eu estou bem. -Caminhei até a janela e em meio aos coqueiros pude privilegiar a bela vista para o mar, as ondas sem fim o preenchiam e o cheiro de maresia adentrou minhas narinas e eu fechei os olhos aproveitando o momento. O vento sobrava meus cabelos o deixando com um ar mais leve e meu peito fazia movimentos lentos e calmos, inspirando toda aquela calmaria presente.

—Vou dar uma volta. -Falei ainda na mesma posição de segundos atrás.

—Não seria melhor comer primeiro?Você esta a mais de um dia ser fazer nenhuma refeição. -Mesmo de costas apenas com seu tom de voz era possível notar uma ponta de preocupação vindo dela.

—Não se preocupe, não irei demorar. -E sai da cabana em passos lentos.

Cinzas da fogueira improvisada ainda se situam em frente à cabana. O vento me atingiu em cheio fazendo com que a camisa de Austin presa em meu corpo esvoaçasse um pouco.

Desci os pequenos degraus a minha frente, o barulho de madeira rangendo atingiu em cheio meus ouvidos como se me avisassem que a qualquer momento ele partiria ao meio.

A areia estava mais quente do que nunca e o sol de imediato entrou em contato com a minha pele, um câncer de pele parece estar mais próximo do que nunca.

Ainda deslizando sobre a areia lentamente fui até o pequeno lago, parece que terei um encontro com ele durante todos os dias da minha estadia nessa ilha.

Sua água cristalina movia involuntariamente entre si, as rochas ao seu redor mais úmidas do que nunca e os coqueiros a cada momento mais vivos.

Já de pé em uma das rochas, comecei a desabotoar a camisa em meu corpo, botão por botão e aos poucos o pano um pouco sujo e fino deslizou sobre mim, parando em meus pés, o afastai levemente e sem pensar em mais nada apenas pulei, o contato gélido das águas com meu corpo me fez sorrir, minhas mãos brincavam com todo o meu corpo e eu me senti mais viva do que nunca.

Minutos foram poucos, pois na verdade mais parecia que eu estava ali a horas do que há poucos minutos.

A água conseguia levar consigo todas as preocupações e confusões que minha cabeça insistia formar e eu estava adorando aquilo.

O biquíni ainda em meu corpo começou a causar certo desconforto, eu estava livre, não havia ninguém ao meu redor, Austin ainda deve estar na cabana e esta ilha é deserta.

Não cogitei mais nada e apenas fiz o que meus instintos mandaram. Levei minhas mãos até minhas costas e desatei calmamente a parte de cima do fino tecido que cobria meus seios. Depois de ter arrancado ele de meu corpo o joguei em algum lugar em cima das rochas, agora minhas mãos pairaram sobre a parte de baixo do biquíni ainda com a mesma leveza de antes repeti o mesmo processo e segundos depois eu já estava completamente nua e a única coisa que poderia me observar eram as águas que me banhavam com uma delicadeza que deveria ser estudada.

Voltei a nadar fazendo movimentos circulares por todo o lago, com meus olhos fechados eu ainda podia sentir o sol me observando por completa.

Dei mais um mergulho indo até o fundo do lago e com uma das minhas mãos toquei a areia maciça que o habitava, mais uma vez sorri e emergi abrindo os olhos logo em seguida.

Minhas pupilas caíram sobre a rocha que antes situava se meu biquíni a camisa de Austin, no entanto agora apenas a última se encontra. Meu biquíni desapareceu e minha calma parece que também.

Não consegui me mover nenhum centímetro. Saber que eu estava sendo observada naquele momento não parecia ser a melhor coisa do mundo. Senti que estava sendo observada e meus olhos rolaram por todo o lado e quando me virei por completo para analisar a situação em que eu havia me metido não acreditei quando vi o loiro a poucos metros de mim.