Pov’s Ally

Não acreditei quando Austin disse que havia uma caranguejeira em meu ombro, ele devia estar apenas querendo se aproveitar da situação. Se tivesse mesmo aquela coisa asquerosa em meu ombro eu sentiria.

—Você acha que eu vou mesmo acreditar nessas suas idiotices Austin?Poupe-me. - O empurrei para frente dando espaço para que eu passasse. Esse foi o meu maior erro.

Senti como se todos os meus músculos estivessem se quebrando em mil pedaços. Minhas pernas começaram a fraquejar e eu já não as sentia mais.

—ALLY!! –Austin gritou vindo ao meu encontro. Se não fosse por ele eu iria cair não apenas no chão, mas sim na ponta da janela, podendo até me causar algum estrago maior.

Suas mãos foram parar em minha cintura, não consegui mover muito os meus braços para me recostar melhor, todo o meu corpo doía. Austin vendo isso apenas me ajeitou melhor em seus braços, me carregou em estilo noiva até a cama me deitando na mesma logo em seguida.

—Eu disse pra você ficar quieta Ally, você é muito teimosa mulher. –E4le checava a minha temperatura com as costas de sua mão.

Continuei calada, o que parecia só piorar a situação, eu queria gritar de dor, mas me segurei.

—Você esta suando frio, preciso de algum pano pra molhar no lago, a sua febre precisa ir embora o quanto antes. –Ele procurava por todo o quarto algum pano para molhá-lo, o de sua calça não serviria, pois o pano era muito grosso. Seus olhos pousaram em minha camisa, ou melhor, sua camisa. Ele me encarava com uma expressão do tipo que queria minha permissão para rasgá-la.

Não o impedi de nada, sua mão direita veio em direção aminha barriga, deslizando até o cós da mesma, meu corpo todo estremeceu involuntariamente e por incrível que pareça não foi de dor e sim por conta de um arrepio que me veio à espinha quando Austin arrancou uma parte de minha camisa com agilidade sem nenhum pingo de cautela.

Com o pequeno pedaço de pano em sua mão ele saiu do quarto, ou melhor, da casa, sem dizer uma única palavra.

Eu sentia gotas de suor escorrendo por todo o meu corpo, minha cabeça latejava de dor, o quarto parecia ter se duplicado e a janela ao meu lado parecia ter criado vida própria, pois sempre que eu a olhava via de um lado para o outro.

Austin não demorou muito para voltar com o mesmo pano que antes habitava minha camisa só que agora molhado e a água parecia estar escaldada.

Ele se aproximou da cama, sentando-se perto de mim.

—O pano esta muito quente e eu preciso que se você sentir vontade de gritar não o faça,isso pode causar tontura e enjôo ,então caso queira extravasar sua dor por favor aperte a minha mãe. –Ele explicava tudo nos mínimos detalhes, me estendendo a mão direita para que eu a apertasse caso fosse necessário. Assenti com cabeça.

Com a mão esquerda ele pousou o pano sobre minha testa, de imediato minha primeira reação foi arquear meu corpo para frente, mordi os lábios tentando amenizar o choque e só então senti ao tocando minha mão, era a de Austin ele entrelaçou nossos dedos e eu os apertava com toda a minha força, por um momento cheguei a pensar que quebraria sua mão, enquanto Austin não parecia estar sentindo nada, ele estava mais concentrado em passar todo o líquido quente sobre minha testa, o pano estava tão escaldante que eu podia ver fumaça saindo por entre o pano. Ele desceu o pano para minha bochecha, o pano deslizava sobre minha pele levemente, no entanto eu ainda podia sentir o choque percorrer não só o meu rosto como também o meu corpo. Depois de percorrer o pano por todo o meu rosto ele o desceu para o meu pescoço, Austin sempre muito atento ao que fazia.

O pano fervente em contato com o meu pescoço estava de algum modo me acalmando tanto que suspirei levemente depois do feito,Austin desceu mais um pouco o pano até um pouco acima dos meus seios cobertos apenas por meu biquíni e uma parte da camisa de Austin,seus olhos estavam fixados em meus seios,posso estar tonta,mas isso estava um pouco claro,porém Austin foi o tempo inteiro super profissional o que me surpreendeu um pouco,ele subiu novamente o pano agora para o meu ombro especificadamente no que recentemente havia recebido uma picada,apertei novamente a mão de Austin por conta do contato do pano com o ferimento,fechei os olhos involuntariamente,Austin pressionou o pano sobre o local e por um momento pensei que aquilo fosse de propósito.Um minuto se passou e o pano ainda estava em meu ombro no entanto logo o contato quente sobre o meu corpo desapareceu fazendo eu abri os olhos novamente,Austin havia acabado de colocar o pano agora morno no chão ao seu lado.

Sua mão que ainda estava junto a minha acabou sendo levada junto, Austin levantou-se da cama e ao contrário do que eu pensei que seria ele ir de novo para o lado de fora da casa e ficar por lá mesmo, o loiro me surpreendeu caminhando ao redor da cama até ficar totalmente do outro lado da cama sentando-se logo em seguida.

—Sei que tudo isso começou por causa da merda dessa cama, mas eu não vou deixar você sozinha nesse estado. –Se acomodou melhor na cama, deitando-se por completo na mesma.

Depois desse diálogo apenas por parte dele, eu voltei a encarar o teto a minha frente, o vento gélido invadiu o quarto pela janela e eu senti um arrepio, mas não um arrepio relaxante nem nada do tipo e sim um arrepio gélido me fazendo tremer os dentes involuntariamente, todo o meu corpo se arrepiou e principalmente na parte do busto, por conta da água recém quente ainda estar em meu pescoço, em cima do seio e ombro. Não reclamei de nada, mas não posso dizer que aquilo não estava me incomodando. Virei-me de conchinha para o lado da janela, esfregando meus braços um no outro no intuito de diminuir o frio e repeti esse movimento várias vezes até sentir braços fortes atrás de mim me impedindo de continuar.

Sem nem ao menos pedir permissão Austin me abraçou por trás, agora com suas mãos me esquentando ele descia e subia suas mãos por toda extensão dos meus braços o que adiantou um pouco admito.

—Tente relaxar, ficar tensa pode causar mais dores em seu corpo. –Ele sussurrou em meu ouvido.

Não tentei tirar ele de perto de mim, isso seria praticamente impossível, então apenas o deixei continuar com o pequeno carinho em meus braços.

Não sei se foi o momento de fragilidade ou por eu não estar cogitando nada totalmente certo, mas eu me senti segura em seus braços. Ele fazia cafuné em meus cabelos e eu quase chorei de emoção, sério eu amo cafuné, é uma das poucas coisas que existe nesse mundo que me acalma e Austin acertou em cheio.

Aos poucos mus olhos pareciam querer fechar e eu não fui contra eles, estava quase adormecendo quando algo em minha mente insistia em me avisar que eu precisava dizer aquilo e eu tinha certeza de que se não dissesse não conseguiria dormir em paz.

—Austin? –O chamei baixinho com medo de ele estar prestes a adormecer.

—Sim?-Sua voz estava serena como a luz do luar que eu podia ver perfeitamente da janela assassina a minha frente.

—Obrigada por ter praticamente salvo a minha vida... Pela segunda vez. –Dei um pequeno sorriso.

— Além dessas, estarei aqui para salvar as próximas. –Brincou enquanto ria levemente. —Agora dorme morena, você precisa disso. –Não me incomodei com o recém apelido que eu havia recebido, até que gostei. Austin deu um beijo em minha testa para logo em seguida voltar a fazer cafuné em minha nuca. Não ouve beijos, mãos bobas, nem nada do tipo apenas um inocente cafuné assim eu adormeci em seus braços...