Livro 2: Água

Gelo, Gelo e Mais Gelo - Parte 3


Já havia se passado dez minutos desde que Sokka saiu em um cão polar do local da avalanche e acabara de chegar à aldeia. Ele procurou Aang em toda a parte e só o encontrou quando chegou a um celeiro, onde estava Appa, um bisão fêmea e sete filhotinhos.

– Aang. – falou Sokka e veio correndo na direção do rapaz.

– A Kyon teve filhote. – Ele acariciava o seu amigo bisão. – o Appa é papai.

– Não temos tempo para o Appa. – O animal rosnou. – Katara e Mayumi estão em perigo.

– O que? - Aang e Sokka subiram no bisão.

– Te explico no caminho.

– Ypi, Ypi. – Todos começaram a voar o mais rápido que conseguiram enquanto Sokka explicara o que aconteceu a Aang. O jovem guerreiro viu o local da avalanche e eles desceram. Imediatamente Aang entrou em estado Avatar e começou a voar no local, respirou profundamente, inflou seus pulmões o máximo que conseguiu e então assoprou. A neve se espalhou para todos os cantos, mas não havia nem sinal de Katara e muito menos de Mayumi.

– Elas estavam aqui. – falou Sokka.

– Talvez estejam mais fundo. – Aang assoprou outra vez e novamente nem sinal das meninas.

– O que aconteceu aqui? – falou Sokka.

– Assim que você saiu... – começou um senhor a falar, ele estava no grupo de caça quando a avalanche ocorreu. -... Alguns homens apareceram e as retiraram da neve, eles as colocaram em uma espécie de carroça e as levaram para lá. – ele apontou para uma fumaça que parecia sair de uma fogueira.

– Obrigado. – falou Aang e subiu novamente em Appa. Sokka foi logo atrás. – Ypi Ypi.

...

Mayumi se contorceu na cama e respirou profundamente. Sentia uma dor forte nos ombros, mas não era nada que ela não suportasse. Tentou se lembrar do que havia acontecido e quando finalmente se lembrou que a avalanche a havia atingido e também a Katara, ela abriu os olhos assustada.

– Shhhh... Está tudo bem. – falou uma voz masculina incrivelmente doce e sensual. As vistas da jovem foram desembaçando e finalmente tudo tomou foco. – Você foi pega por uma avalanche, mas agora está segura.

O homem era extremamente cativante. Seus olhos eram de uma cor azul cobalto incrivelmente vivido e sua pele não era tão bronzeada quanto a de Katara e nem tão branca quando a de Mayumi. Sua boca era bem desenhada e seu nariz bem afilado. Os cabelos eram castanhos escuros e estavam presos iguais aos do Sokka, a única diferença era que ao invés de ser raspado do lado, era todo por um.

– Quem é você? E onde estou? – perguntou ela e engoliu uma sopa quente que o homem lhe forçou a beber.

– Eu me chamo Jun, sou da tribo da água do norte. Sou o líder de outros vinte guerreiros e fomos enviados para ajudar a reerguer a tribo do sul. Você está no nosso acampamento.

– Katara...

– A outra garota? – perguntou Jun e Mayumi assentiu. – Ela está bem, acordou tem poucos minutos e está lá fora tomando um ar. – A jovem fez menção de levantar, mas o rapaz não permitiu. – É melhor você ficar deitada até eu terminar de ver se está tudo certo com você.

Jun envolveu suas mãos na água, usando a dobra e começou a passar pelo corpo de Mayumi, porém sem tocá-la.

– Você é um dominador. – falou ela e sorriu.

– Sim! Fui aluno do mestre Paku, antes dele vir para cá. – Ele ficou serio e depois acabou o que estava fazendo. – Prontinho, você está liberada.

– Obrigada. – falou ela e se sentou. – Eu sou Mayumi, moro na aldeia.

– É um prazer te conhecer, Mayumi. – ele estendeu a mão e apertou a da jovem. – Seremos vizinhos então.

Por alguns minutos eles ficaram se olhando e então, ela se levantou e mesmo ameaçando cair, saiu da tenda.

Umi. – falou Katara e a abraçou. Mayumi sentiu dor e gemeu. – Você está bem?

– Sim, acho que sim, e você?

– Eu estou bem também, só um arranhão. – Ela mostrou um corte na testa, próximo do cabelo. – Ainda bem que conseguimos fazer aquela bolha ao nosso redor, se não, estaríamos mortas.

– Verdade. – ela olhou ao redor e reparou em todos os homens da tribo da água do norte. – Só tem homens aqui?

– Só. São os guerreiros que papai falou que viriam. – Mayumi ficou observando o acampamento até que se lembrou.

– Sokka.

– Ele estava longe, não foi atingido.

– Mas deve estar super preocupado conosco.

– Não se preocupem, eu mandei um de meus dominadores para avisar a sua aldeia. Logo estarão aqui. – no momento que Jun se calou, Appa se aproximou do acampamento e desceu.

– Katara. – Aang e Sokka desceram do bisão e correram na direção das meninas. – Eu pensei que algo ruim tivesse acontecido. – falou Aang e a abraçou.

– Estamos bem. – falou ela.

– Eu pensei que tinha perdido minhas irmãs. – Sokka abraçou Mayumi

– Você me considera sua irmã? – A jovem sorriu e retribuiu o abraço.

– Claro. – ele olhou as meninas. – São vocês que cuidam de mim. Isso faz com que você também seja minha irmã.

– Oh... – Mayumi sorriu e observou os homens encarando o grupo com curiosidade.

– É o avatar. – falou um dos homens e todos se aproximaram.

– Sim e quem são vocês? – Aang pegou o planador e apontou para os homens.

– Somos da tribo da água do norte e viemos para auxiliar a nossa tribo irmã. – falou Jun. – Estávamos próximos quando vimos o deslizamento e fomos socorrer. Um grupo de dominadores fez com que a neve saísse de cima das meninas e as trouxemos para cá para se recuperarem.

– Serei eternamente grato. – falou Aang e o reverenciou. – Você salvou minha noiva e a nossa melhor amiga.

– Não por isso. É o nosso dever. – ele sorriu e observou Mayumi que ficou vermelha.

– É melhor a gente ir. – falou Sokka.

– Nós também iremos logo em seguida. Apenas desarmaremos o acampamento e nos apresentaremos ao seu chefe.

– Hakoda, meu pai. – falou Katara.

– Se quiserem, poderemos dar uma mãozinha, assim será mais rápido. – falou Aang e se pôs em frente a Jun.

– Seria maravilhoso.

– Vamos Sokka, vamos ajudar a desarmar as barracas.

– Eu vou com vocês. – Katara saiu correndo.

– Você ainda está um pouco ferida, é melhor entrar e descansar. – Mayumi sorriu e concordou com a cabeça. – Gosta de chá?

– Adoro chá. – ela encarou Jun e sorriu e assim como ela, ele retribuiu com seu mais belo sorriso. Seus dentes eram perfeitos e bem alvos. A boca vermelha por causa do frio entrou em contraste e Mayumi se perdeu encarando o rapaz.

Zuko havia escolhido a vida dele e havia chegado a hora de Mayumi escolher a dela. Algo lá no fundo de seu coração, apontou Jun como a pessoa certa para fazê-la esquecer de Zuko, para sempre. Ela iria dar uma chance a isso.