Gelo, Gelo e Mais Gelo - Parte 4 - FINAL

A noite havia chegado rapidamente e todos na aldeia já estavam dormindo. Os novos moradores se instalaram por todo o local usando apenas algumas barracas, para passar a noite. No dia seguinte, construiriam os iglus e os instalariam conforme mereciam.

Aang e Katara já haviam se recolhido em suas casas. Sokka havia conversado um tempo com Yue e também já estava deitado, já Mayumi acordou assustada de um pesadelo.

Ela se sentou na cama e por um tempo ficou parada, retomando o fôlego. Se levantou e se vestiu, não com aquela roupa de frio tradicional, porque por incrível que pareça, a noite estava quente.

Enrolou-se em um cobertor apenas para se proteger da brisa e saiu de sua casa, se aproximou de um monte que dava para ver todo o oceano e se sentou. Começou a fazer pequenas esculturas de gelo. Fez Aang, Katara, Sokka, Suki, Toph, que ela não via há um bom tempo e também Haru, por fim criou Zuko. Ela observou a pequena estatua de gelo e finalmente desabou a chorar.

– Ex-namorado? – perguntou Jun e Mayumi fez com que a estatua derretesse.

– Não é ninguém, não mais. – ela enxugou as lágrimas e se abraçou ainda mais no cobertor.

– Eu posso? – perguntou ele.

– Claro. – ela se afastou e ele se sentou ao seu lado.

– Não tivemos muita chance de conversar hoje cedo. – ele sorriu. – Então você também é uma dobradora?

– Sim e não imagina o que eu passei por ser uma. – falou Mayumi e respirou profundamente.

– Acho que sua história não pode ser pior que a minha. – falou ele. – Eu passei os últimos seis anos da guerra preso em Zanghai. Fui capturado quando precisei ir até Ba Sing Se.

– Não brinca, é sério? – falou a jovem e sorriu. Jun concordou com a cabeça. - Eu passei os últimos quatro anos da guerra nessa prisão.

– Por isso você me era familiar.

– Nossa, que mundo pequeno.

– Do tamanho de uma ervilha. – Os dois sorriram. – Então, como você foi pega?

– Desculpe, não quero falar sobre isso.

– Eu sinto muito, não quis ser indiscreto.

– Não se preocupe, você não foi. – ela respirou fundo. – é apenas que essa história não é agradável. Por causa disso tive que abandonar minha nação e nunca mais voltar lá.

– Mas você não é daqui? Da tribo da água do sul?

– Não, nasci na nação do fogo.

– Uau, nasceu no território inimigo.

– Para você ver como o destino é cruel de vez em quando.

– E porque nunca mais voltou lá? A guerra já acabou.

– A guerra pode ter acabado Jun, mas enquanto tiver pessoas com a mente fechada, ela nunca estará realmente terminada. – Mayumi abaixou a cabeça. – As pessoas da minha terra natal, são exatamente assim. Acham-se superiores por causa do elemento que dominam e acreditam que podem impor autoridade por causa disso.

– Mesmo com o senhor do fogo Zuko tendo posto fim a guerra? – Mayumi tremeu ao ouvir aquele nome.

– Mesmo assim. – respondeu ela sem vontade. – Talvez eu nunca mais volte lá, mesmo sentindo muita falta de minha mãe e meu irmão.

– Eu sinto muito. – Jun tocou nas costas de Mayumi e ela se arrepiou.

– Obrigada. – respondeu ela e corou. – É melhor a gente ir dormir.

– Você pode ir, eu estou de guarda esta noite.

– Guarda? Para que?

– Nunca se sabe. – falou ele e sorriu. – Boa noite Mayumi.

– Boa noite Jun.

Mayumi sorriu e deu as costas para o rapaz e começou a seguir de retorno a sua casa, mas para que ela chegasse lá, ela tinha que passar pela casa de Aang. Ela caminhava despreocupada até que viu uma silhueta sair pela janela da casa do jovem avatar, ela correu em direção ao vulto e lançou uma rajada de água que congelou a pessoa no lugar. Ao dar a volta ela se depara com Katara.

– Dá para me soltar? – falou ela com as mãos presas e Mayumi a liberou.

– Desculpa Katara, eu pensei que fosse alguém que tivesse invadido a casa do Aang... Espera, o que você fazia lá há essa hora? – Katara corou de vergonha.

– Bem, nós... Estávamos...

– Oh meu Deus, desculpa, eu não queria me meter. – Mayumi ficou envergonhada por um segundo, mas logo caiu na gargalhada.

– Pare com isso Mayumi, estou ficando sem jeito.

– É que eu nunca imaginei que... Deixa para lá, ele é seu noivo.

– Não conte para ninguém que me viu saindo da casa dele a essa hora, ta?

– Por mim tudo bem, vocês são adultos.

– É sério Mayumi, não sei o que papai e o Sokka fariam.

– O que eles poderia fazer? Obrigar vocês a casarem? – ironizou Mayumi com o fato dos dois já estarem noivos.

– Só não conta, por favor.

– Pode ficar tranqüila, mas eu teria mais cuidado da próxima vez. – falou a jovem do fogo e sorriu. Katara sorriu de volta e ia seguindo seu caminho de volta para a sua casa. – Katara?

– Sim.

– Você acha que eu deveria dar uma chance a outra pessoa? Quero dizer, você sabe que eu amo o Zuko, mas eu deveria tentar esquecê-lo com outra pessoa?

– De quem estamos falando?

– De ninguém.

– Espere, é do Jun. Você gostou dele?

– Tá, ele é um fofo e muito lindo, mas não sei se seria o correto...

– Porque não, ele é solteiro e você também. Os dois sãos dominadores de água e formam um lindo casal.

– Não se esqueça de dizer que ficamos na mesma prisão, por mais de quatro anos.

– Sério? Ele também estava em Zanghai?

– Acredita nisso?

– Vocês foram feito um para o outro, finalmente você achou alguém. – Katara abraçou Mayumi. – Como sua professora e melhor amiga, eu digo que você realmente deve investir no Jun. Esquece o Zuko.

– “Esquecer o Zuko”, é fácil falar.

– Eu sinto muito, só quis dizer que você merece alguém melhor. O Zuko teve a chance de ter você e, no entanto, ele escolheu a Mai.

– Obrigada por me lembrar disso.

– Ele foi um idiota, sabia? Eu e o Aang falávamos exatamente disso hoje pela manhã. Se eu fosse ele, certamente escolheria você.

– Essa conversa está ficando estranha. – Mayumi e Katara sorriram.

– Dê uma chance a um novo amor, garanto que logo você estará livre de Zuko.

– Obrigada Katara. – As jovens se abraçaram. – Você está com o cheiro do Aang.

– Ah, vai dormir. – falou Katara e as duas seguiram seus caminhos.

Falar em esquecer o Zuko era fácil, difícil seria o caminho até lá, mas o mais importante Mayumi havia feito, deu o primeiro passo.