Após o grupo ter visto o farol do carro e o mesmo avançar, eles se separaram atendendo o pedido de Lucy. Stefan, James, Lizzie e Tom foram para um lado da rua, enquanto Lucy, Liam e Ariel foram para o outro.

O grupo de Stefan entrou em um prédio residencial. O local não tinha nenhuma iluminação e as únicas pessoas que tinham lanterna eram Lucy e Liam, que estavam do outro lado da rua. James disse para que todos se posicionassem em fila indiana e que colocasse uma mão sobre o ombro do companheiro que estivesse na frente, o ex-lenhador estava liderando a fila e andando devagar dentro do primeiro andar do prédio.

Assim que a visão dos sobreviventes se acostumaram com a escuridão, eles soltaram o ombro do companheiro e caminhavam livremente pelo prédio. O grupo de Stefan já tinha subido três andares e exploravam os lares abandonados em busca de armas e luz. Lizzie estava em uma cozinha e abrindo vários armários e olhando todas as prateleiras do local, até que encontrou uma garrafa plástica de álcool.

– Achei álcool! – Disse Lizzie.

Ela foi até a sala de jantar, quebrou uma perna de uma cadeira de madeira, pegou um pano velho do chão e amarrou o mesmo sobre a ponta da madeira, molhou o pano com álcool e deixou o item no chão. Lizzie respirou fundo, apontou sua arma e atirou no chão há poucos centímetros do lado da estaca, fazendo com que a faísca da bala que se chocou no chão espirrasse pro pano molhado de álcool e acendesse uma tocha.

– Bem pensado, Lizzie – Disse Jim.

Após dizer isso, James se movimentou para fazer outra tocha aproveitando o fogo da primeira. Agora o grupo de Stefan também tinha luz.

O grupo de Lucy estava escondido dentro de uma loja de bugigangas. O prédio e a loja ficavam na rua em que o carro surgiu.

O motorista do carro apertou a buzina e não soltou por cerca de um minuto, e isso era um sinal para o outro carro se aproximar. Quando o motorista parou de buzinar, ele e os quatro passageiros desceram do veículo e todos eles estavam trajados com uma armadura militar e armados com uma shotgun.

Lucy esticou o pescoço pra janela da loja e viu os inimigos muito bem equipados e preparados para o combate. Ela suspirou e disse com um tom de voz sem esperança e com medo:

– Estamos mortos.

O grupo de Stefan olhava pela janela de um apartamento do terceiro andar do prédio, e também viram como o pessoal do carro estava bem equipados. Uma grande chance que eles tinham para vencer a batalha era James, Lizzie e Stefan acertar um inimigo cada, e depois eliminar os outros dois sem que eles conseguissem correr e escapar. Porém eles tinham problemas, um deles era que Tom não tinha arma, outro era que dois dos cinco inimigos estavam usando capacete, e o último e pior problema, era que eles poucas munições.

– Temos que tentar acertar eles ou iremos todos morrer – Disse Lizzie.

– Tem razão – Disse Stefan – Vamos nessa.

James abriu a janela e ele, Stefan e Lizzie se prepararam para atirar, eles estavam com os três inimigos sem capacete na mira. Os cinco inimigos andavam pela rua procurando o grupo que tinham visto graças ao farol do carro. James fazia a contagem regressiva para ele e seus dois amigos atirarem ao mesmo tempo, mas antes da contagem acabar, um disparo é ouvido e um dos inimigos dá alguns passos para trás, indicando que o mesmo tinha sido atingido por alguém do grupo de Lucy e a armadura tinha absorvido o dano da bala que seria letal.

Isso fez com que o plano de Lizzie fosse por água abaixo, porque esse inimigo que foi atingido estava na mira dela e ela não conseguiu eliminá-lo. Porém, para sorte deles, James e Stefan conseguiram atirar nos dois que estavam em suas respectivas miras, eliminando dois dos cinco inimigos. Lizzie tentou atirar na cabeça do inimigo que foi atingido, usando o restante da sua munição, mas não teve sucesso.

– Merda! O que você fez, Ariel?! Você estava armada?! Sua mentirosa filho da puta! – Berrou Lucy.

– Tentei salvar nossas vidas! – Respondeu a judia.

– Você é burra?! Você não viu que eles estão com armadura?! – Berrou novamente, e esses berros eram ouvidos pelos homens que estavam na rua.

De fato a Ariel não tinha visto que os homens estavam com armadura. A judia tinha visto um inimigo se aproximando da loja, e o milésimo de segundo que ela viu o homem antes de atirar não permitiu que ela visse a armadura do rapaz. Ariel agiu por impulso e medo.

– Temos que sair daqui agora e essa loja não tem saída pelos fundos! – Alertou Liam.

Ele olhou em todo o redor da loja e realmente não tinha outra porta além da de entrada. Mesmo sabendo que só tinha a porta de entrada, Liam continuava olhando a loja por inteiro, até que viu uma saída pelo teto, pois a loja não tinha telhado e sim uma laje em cima dela, e um alçapão que dava acesso para laje.

– Ali! Uma saída! Rápido! – Disse Liam, apontando para o alçapão. Ele empurrou um balcão da loja para que eles pudessem subir e alcançar o alçapão.

Mas eles não tiveram tempo para escapar da loja, apenas Lucy conseguiu, pois o inimigo que foi atingido por Ariel entrou no local e deu um tiro de shotgun à queima-roupa em Liam, que teve seu corpo divido em dois. A judia se abaixou e se escondeu atrás do balcão, e pra sorte dela o homem que acabara de matar Liam não a viu ali por causa da escuridão.

Lucy, que estava com raiva de Ariel por ter mentido pra ela, olhou diretamente nos olhos da judia e fechou o alçapão, a deixando ali pra morrer. Porém, Lucy imaginava que o homem tinha visto a Ariel ali e fechar o alçapão seria o mesmo de fechar o caixão de Ariel.

O homem viu o alçapão sendo fechado e saiu da loja, deixando Ariel viva, para subir na laje. Ele não subiu por dentro da loja porque por fora era mais fácil e rápido, além de que o balcão que Lucy usou para subir estava repleto de sangue do Liam. Quando o homem chegou na laje, a Lucy já não estava mais lá.

A garota desceu da laje pra um beco que tinha ao lado da loja, e ela se escondeu dentro de um latão de lixo, imaginando que o homem também fosse descer pelo beco e correr o beco inteiro até chegar na outra rua. Porém, o homem não desceu da laje pro beco, ele voltou pra rua onde o carro estava.

– Matei uma pessoa, mas outra pessoa conseguiu escapar e não sei pra onde ela fugiu – Disse o homem que matou Liam.

– Muito bem, Scott. É um a menos... daqui a pouco nós termina de matar o restante.

Quando o homem terminou de falar com Scott, o mesmo viu o seu amigo levando um tiro na cabeça. Ele olhou pra cima e viu que James estava apontando sua arma pela janela do prédio. Esse tempo todo o homem havia pensado que os tiros que mataram seus outros dois amigos vieram da loja também, por isso ele não saiu da rua. Enquanto James esperou esse tempo para que Scott, o último homem sem capacete, parasse de mover para matá-lo.

– Agora só falta os de capacete – Disse James – Vamos subir alguns andares e tentar pegar eles de surpresa!

O homem que conversou com Scott voltou pro carro junto com o outro homem de capacete, e isso quebrava totalmente o plano de James. O homem que estava no volante manobrou o carro para o beco onde Lucy estava escondida, eles pararam o carro ali mesmo e voltaram a buzinar para chamar o outro carro com seus amigos, além de chamar a atenção dos mordedores.

Lucy ouviu a buzina e abriu a tampa do lixo onde estava escondida e viu a traseira do carro. Ela saiu de dentro do latão de lixo e se escondeu atrás dele, uma vez ou outra ela olhava pro carro pra ver se os dois homens saíssem pra ela tentar matá-los.

Os primeiros infectados resolveram finalmente aparecer e participar dessa batalha. Lucy teve que se afastar do carro e se aproximar dos infectados para que os homens não vissem os infectados se aproximando. A garota eliminou três mortos-vivos e viu que o quarto, e consequentemente o mais próximo, estava um pouco distante, então ela teve tempo para revistar os defuntos.

Os motivos dos homens que estavam dentro do carro não terem visto a movimentação de Lucy atrás do veículo foi porque: as lanternas traseiras do carro estavam queimadas e a escuridão do beco, pois mesmo se os dois olhassem pelo retrovisor eles não iriam ver nada.

A garota ria após ter terminado de revistar os defuntos, os risos podiam ser ouvidos pelos homens que estavam dentro do carro, mas isso não preocupava Lucy pois ela tinha achado uma granada no cinto militar de um dos mortos. Ela acendeu sua lanterna e iluminou o carro, tirou o pino da granada e jogou a mesma de baixo do carro.

Os dois homens conseguiram abrir a porta do carro, mas antes que conseguissem correr e fugir, a granada explodiu e logo em seguida o carro também explodiu, os matando instantaneamente.

Lucy continuava rindo enquanto olhava a explosão e o fogo consumindo o carro. Esse momento de riso e comemoração de vitória foi a distração que Lucy não podia ter, pois o mordedor que a garota ignorou chegou até ela e segurou a camiseta dela com as duas mãos pútridas.

Enquanto isso, o grupo de Stefan ainda estava no prédio e todos viram a explosão do carro, e as chamas pós explosão iluminava praticamente a rua inteira, e essa iluminação mostrava que havia uma horda na esquina da rua em que eles estavam.

– Droga! Temos que sair daqui o mais rápido possível! – Disse Tom, ao ver a horda de infectados.

– Não podemos! Não temos tempo, se descermos do prédio e tentarmos fugir, com certeza seremos pegos por aquelas coisas – Disse James, também olhando a horda tomando a rua em que eles estavam.

– E agora, o que vamos fazer?! – Perguntou Lizzie, olhando para James.

– A primeira coisa é fazer uma barreira com objetos em um corredor ou na escada mesmo, para que nenhum infectado suba até nós! – Respondeu James, retribuindo o olhar – E depois vamos subir pra laje desse prédio.

Lizzie assentiu, acompanhada de Tom e Stefan. Todos eles saíram do apartamento carregando mesas, cadeiras, sofás e todos os tipos de objetos que tivesse um tamanho adequado para formar uma barreira.

Assim que a barreira estava pronta, James caminhava na frente de todos enquanto Lizzie era a última da fila, justamente os dois que tinham uma tocha para iluminar a escuridão dos corredores e andares do prédio em que estavam.

Quando estava faltando apenas três andares para eles chegarem na laje do prédio, um infectado pegou todos de surpresa saindo de um apartamento e agarrando o braço esquerdo de Stefan, que não teve reflexo suficiente para reagir e caiu no chão com o infectado em cima dele. A ação foi tão rápida que Stefan nem teve tempo para pegar sua arma ou faca para se proteger, e a boca do infectado estava há poucos centímetros do pescoço do ex-empreendedor. Stefan colocou sua mão direita sobre a cabeça do mordedor e tentava o empurrar, porém a pele e a carne podre da testa do infectado estava deslizando pela sua própria cabeça e pela mão de Stefan, fazendo os ossos do crânio do morto-vivo aparecer.

Lizzie estava sem munição e Tom desarmado, então restava apenas o James para salvar a vida de Stefan. E assim foi feito. James teve agilidade e reflexo para soltar a arma que segurava em uma das mãos, e puxar a faca da bainha com a mesma mão para executar o infectado. James preferiu não arriscar dar um tiro e acidentalmente acertar Stefan, além de fazer barulho, caso tivesse outros infectados por perto.

– Obrigado, cara... – Sussurrou Stefan, ofegante.

James apenas assentiu, em seguida ele tirou o corpo do infectado de cima de Stefan e o ajudou a se levantar. Jim olhava nos fundos dos olhos de Stefan, e pôde ver que o ex-empreendedor estava assustado, obviamente, e realmente estava agradecido e aliviado por James ter salvo a sua vida, pela segunda vez.

– Vamos – Disse Jim, após ter guardado sua faca na bainha novamente e pegado sua arma do chão.

Jim continuou guiando o caminho para o restante do grupo até finalmente chegarem no último andar, porém, quando eles chegaram lá, a porta que dava acesso à laje estava fechada e trancada. O texano tentou girar a maçaneta e abrir a porta inutilmente, ele iluminou a fechadura e viu que a chave não estava ali, e em nenhum lugar perto daquela porta.

James passou a tocha para Stefan e disse que ia dar trancos na porta até arrombá-la. Ele virou seu corpo de lado para porta e começou a dar pancadas fortes com o ombro direito nela, quando que na sétima pancada a porta cedeu e James perdeu o equilíbrio e caiu em cima da mesma. O ex-lenhador se levantou rapidamente e cambaleando imaginando que teria algum infectado ali na laje, mas não tinha nenhum. Pelo contrário, tinha um ser humano vivo ali.

Quando Stefan e Lizzie se aproximaram de James, a tocha que os dois seguravam iluminou o vivo que estava ali, sentado sobre a laje e com as costas apoiada na mureta. Com a iluminação, os quatro puderam ver a aparência do rapaz.

Pele negra, cabelo preto e liso, seus olhos são heterocromáticos, possui os lábios carnudos, sua altura é baixa com um pouco menos de um metro e setenta, seu porte físico é médio, e não possui barba no rosto. Ele veste uma camiseta social preta de manga comprida, calça jeans rasgado e surrada de cor cinza, usa um pingente no pescoço, e aparentemente está desarmado.

Ele estava dormindo até o momento que James arrombou a porta e que as tochas o iluminou. O rapaz ia se levantar mas foi impedido por James que apontou sua arma em sua direção, e então o rapaz ficou ali sentado na laje e encostado sobre a mureta com as mãos levantadas e quieto. Seu nome é Devon Joseph.