Living in Hell - Fanfic Interativa

Capítulo 33 - Caminhos Encruzilhados II


Mark, Ariel, Stefan e todos os outros ainda estavam na casa em que Harry, Nadin e cia sofreram o ataque de Charles e seus companheiros canibais. Mark simplesmente não acreditava que seus amigos não estavam mais lá, e isso o deixava irritado, na verdade, Mark se sentia traído e mesmo não sabendo o que realmente aconteceu ali, ele achava seus amigos estavam errados por terem partido.

De fato, Mark não sabia que James e Benjamin haviam sido gravemente feridos e que se eles tivessem permanecido no local, os dois provavelmente teriam morrido. Só que Mark não pensava nessa possibilidade. Desde que Matthew abusou sexualmente de Ariel na sua frente, Mark estava sentindo ódio e por causa disso não raciocinava direito.

– Filhos da puta! Eles foram embora e nos abandonaram aqui – Disse Mark, respirando fundo repleto de raiva.

– Temos que seguir em frente e tentar a sorte de encontrá-los – Disse Ariel, ao lado do ex-militar. Ela percebeu que seu namorado estava nervoso e por isso tentou acalmá-lo, segurando a mão dele.

– Não pretendo encontrá-los novamente – Voltou a dizer Mark, soltando a mão de Ariel e se afastando – Eles levaram todo o suprimento da casa e a picape não está aqui! Estamos fodidos mesmo, puta que pariu – Mark passou sua mão direita sobre a sua barba, e sem pensar duas vezes começou a caminhar, se afastando da casa.

Ariel olhou pro resto do pessoal e suspirou, fez sinal com a cabeça e seguiu Mark. O ex-militar não sabia pra onde ir e o que fazer em seguida, ele realmente estava perdido e o ódio que ele sentia impossibilitava dele pensar em algum plano ou de escutar alguma sugestão de Ariel ou qualquer outra pessoa do grupo.

O grupo todo deu apenas dez passos quando foram surpreendidos por um mordedor que surgiu atrás de uma árvore e pegou Jones de surpresa. O rapaz tentou se proteger no reflexo, mas o que ele fez foi colocar sua mão perto da boca do infectado, e o resultado não podia ser diferente, Jones foi mordido. Antes que ele pudesse se defender e eliminar o mordedor, o mesmo cravou suas unhas na barriga de Jones e o arranhou, enquanto dava outra mordida no rapaz, dessa vez a mordida foi no ombro.

– Não! – Gritou Lizzie, desesperada. A garota sacou sua arma e atirou na cabeça do infectado, só que foi tarde demais – Não... não...

– Jones! Que merda! – Gritou John, também desesperado – Droga! – Ao ver que seu amigo sofreu uma mordida no ombro, lágrimas saíram de seus olhos e escorreram pelo rosto.

Jones era um grande amigo de John, apesar dos dois terem se conhecido durante o apocalipse, eles se aproximaram bastante e sobreviveram esse tempo todo juntos. Mesmo John ter servido o exército e ter acostumado e perder amigos no campo de batalha, ele não conseguiu conter as lágrimas. A forma de canalizar essa tristeza, for trocar esse sentimento por outro, e o sentimento escolhido foi o ódio. John pegou sua faca, se abaixou e começou a desferir vários golpes no mordedor, que já havia sido eliminado pelo o tiro de Lizzie, mas mesmo assim John esquartejou o corpo do mordedor.

– Calma John, não precisa fazer isso – Disse Jones, tentando acalmar o seu amigo.

Ao ouvir isso, John largou sua faca e a deixou cair sobre o chão coberto de neve, e também passou a chorar ainda mais. John se levantou e abraçou o seu amigo com força, Jones sorriu de canto e retribuiu o abraço. Stefan, Bernard, Ariel e Lizzie ficaram em silêncio, apenas observando essa cena triste.

– Eu não quero me transformar, John – Voltou a dizer Jones, se afastando um pouco do amigo e colocando sua mão mordida sobre o ombro, também mordido.

– Você não vai se transformar! – John mentiu para si mesmo – Você não pode, por favor! – O ex-militar permanecia chorando e desesperado com a situação – Por favor, Jones, resista!

– Você sabe como isso funciona – Disse Jones, de forma tranquila – Você lembra o que aconteceu com Gordon e Tiffany, né? – Perguntou, se referindo a antigos amigos que foram mordidos no passado.

Dessa vez John ficou quieto e não disse nada, ele sabia que seu amigo iria se transformar cedo ou tarde, e quando se transformasse seria um perigo. John lembrou que quando Gordon foi mordido e depois de horas se transformou, o mesmo mordeu outro amigo de grupo dele, um rapaz chamado Louis.

John passou seu antebraço direito sobre seu rosto, limpando as lágrimas. Ele respirou fundo e conseguiu parar de chorar, John continuou em silêncio enquanto olhava para Jones, este que sorria e retribuía o olhar.

– Cuide do Tom e da Serena, eu sei que você é capaz – Disse Jones, ainda sorrindo – Pra ser sincero, acho que você seria um líder melhor do que eu por causa da sua experiência militar. Não sei porque você recusou essa posição de líder... talvez porque eu sou um pouco mais velho que você – Jones desfez o sorriso e completou de forma séria: – Mas agora você é o líder, e tenho certeza que você saberá guiar o Tom e a Serena. Pode ir, eu vou ficar por aqui e acabar com meu sofrimento.

John apenas assentiu, manteve-se firme para não cair nas lágrimas novamente. Jones verificou quantas munições tinha em sua arma e viu que tinha apenas uma, e seria essa munição que ele iria usar para tirar a sua vida.

Jones esperou que John e cia fossem embora para então sentar no chão e apoiar suas costas na árvore que surgiu o mordedor que o pegou de surpresa, Jones abaixou a cabeça e algumas lágrimas também saíram de seus olhos, ele não queria chorar na frente do seu amigo que já estava sofrendo o bastante. Jones olhou para o mordedor, a criatura que tirou a sua vida, e essa criatura era Charles, o líder dos canibais, Jones encostou a arma na sua cabeça, um pouco a cima da sua orelha, e então, por fim, puxou o gatilho e tirou sua própria vida.

– Descanse em paz, amigo – John sussurrou para si mesmo, após ouvir o disparo.

– Cadê o Mark? – Perguntou Ariel, olhando para os lados.

Mark não tinha parado quando Jones foi mordido, ele nem olhou para atrás, ignorou completamente a situação e continuou caminhando. Ariel e nenhuma outra pessoa tinha percebido isso, e isso resultado no desaparecimento do ex-militar.

– MARK! – Ariel berrou o mais alto que pôde, e antes que desse outro berro, ela foi impedida por Lizzie.

– Não grite! – Alertou – Não queremos que outros infectados e humanos apareça por aqui, estamos quase sem recursos para lutar.

Ariel escutou o que Lizzie disse e não gritou novamente, mas ela começou a correr em uma direção aleatória, torcendo para ser a mesma direção que Mark caminhou. Para que o grupo não se separasse ainda mais, todos eles correram atrás de Ariel, seguindo a judia.

– Esperem! – Disse Bernard, parando de correr – Olha isso, são pegadas – Apontou para o chão e olhou para Ariel – Acha que pode ser dele?

– Espero que sim. Vamos! – Disse ela, mudando o rumo que corria e passando a seguir o rastro de pegadas na neve.

Todo o grupo seguiu Ariel, que acompanhava as pegadas que tinham na neve. Depois de alguns minutos caminhando, o grupo chegou em uma cidade e as pegadas não existiam mais, por causa do vento que as cobriu. Se Ariel e cia não encontrassem Mark naquela cidade, ou se aquelas pegadas não fossem dele, as chances do grupo encontrar Mark novamente era praticamente zero.

A cidade era grande e deserta, cheia de casas, prédios e estabelecimentos abandonados há muito tempo atrás. Havia alguns infectados andando pelas ruas mais lentamente que o comum, a maioria dos infectados estavam parados em pé ou sentados e encostados em alguma parede ou carro abandonado. O frio fazia com que eles ficassem daquele jeito, e outro motivo para isso era a falta de alimento, pois no inverno seria difícil algum ser vivo andar por esse tipo de cidade.

– Temos que procurar o Mark – Disse Ariel, olhando todas as casas, estabelecimentos e prédios que a cidade tinha – Mas o problema é que não podemos nos separar... já perdemos o Jones e estamos em pouco número – Agora ela olhava para Lizzie, Stefan, John e Bernard, e esse era o seu pequeno grupo – Vamos continuar juntos, fiquem atentos.

E então ela tomou a frente, liderando o grupo e guiando o caminho que eles iriam seguir. A missão de achar o Mark naquela cidade era do mesmo nível de achar uma agulha em um palheiro. Mas mesmo assim Ariel não iria desistir até encontrar o seu namorado, vivo ou morto.

A noite já estava chegando e o grupo continua procurando por Mark nas casas e estabelecimentos, eliminando os prédios, pois a judia imaginava que Mark não iria ficar em um prédio, mas imaginava que ele iria procurar por suprimentos nos estabelecimentos e uma casa simples para dormir.

– Ouviram isso? – Perguntou John, fazendo um sinal com a mão para que o grupo fizesse silêncio – Parece que o barulho veio dessa casa – Apontou.

– John e Stefan, vocês entram por aquela porta – Disse Ariel, apontando pra uma porta – Eu e Lizzie vamos por essa aqui, e Bernard fica aqui fora pra nos dar cobertura – Ela olhou pro grupo e todos assentiram concordando com o plano.

A judia caminhou lentamente e silenciosamente em direção da porta, e Lizzie vinha logo atrás dela, ambas com suas armas na mão e prontas para atirar, caso fosse necessário. John e Stefan entraram na casa por outra porta, com o ex-empreendedor na frente. Bernard ficou do lado de fora da casa, olhando para todos os lados e com sua arma na mão também, preparado para qualquer situação.

A casa tinha dois andares e era grande, onde as duas garotas estavam não dava para ver os dois rapazes, por causa da escuridão e também por causa do tamanho da casa. O barulho vinha do andar de cima, e por isso Stefan pegou sua lanterna e acendeu a mesma, apontando para todos os lados da casa abandonada e escura. Todas as janelas da residência estavam fechadas, e por isso ali dentro era mais quieto do que lá fora, que ventava e tinha os infectados grunhindo, e por causa das janelas fechadas, o local estava escuro como breu.

Stefan iluminou aonde estavam as duas garotas, e então apontou a luz da sua lanterna pra escada que dava acesso pro andar de cima da residência. Lizzie e Ariel entenderam o sinal e então subiram a escada, logo Stefan vinha atrás das duas e ele pediu para que John ficasse escondido em um lugar perto da escada, para caso as garotas e ele fosse surpreendidos, o grupo ainda teria um elemento surpresa dentro da casa, além do Bernard que estava do lado de fora.

Quando Ariel entrou em um quarto do andar de cima, ela viu a figura de um homem em pé e mexendo em um tipo de criado mudo. O quarto estava parcialmente iluminado por apenas duas velas, e essa iluminação não era o suficiente para Ariel reconhecer o homem, além de que o homem estava de costas pra porta em que Ariel entrou.

– Levante as mãos, agora! – Ordenou a judia. O homem levantou as mãos e se virou, revelando sua identidade, era o namorado de Ariel – MARK! – Gritou ela, aliviada e feliz por ver o ex-militar.

Ela correu em direção de Mark e o abraçou com força, e ele continuou com as mãos levantadas e não retribuiu o abraço da garota. Stefan e Lizzie entraram no quarto, Ariel se afastou um pouco de Mark, e o rosto do ex-militar foi iluminado pela lanterna de Stefan, que pediu para John chamar o Bernard. Stefan desligou sua lanterna e encostou seu corpo na parede do quarto, e ficou em silêncio ao lado de Lizzie, apenas observando a cena.

– Porque você não esperou por nós? – Perguntou Ariel, olhando o seu namorado – O Jones foi mordido e nós ficamos um tempo com ele para que John pudesse se despedir.

– Foi mordido? Que pena – Respondeu de forma fria.

– Você não viu ou ouviu nada? – Voltou a perguntar, indignada. Mark apenas balançou a cabeça negativamente e não disse nada – Porque você continuou andando e não esperou?

– Não sei – Respondeu friamente de novo.

Ao ouvir essa resposta, Ariel sentiu uma raiva tomar o seu corpo e uma vontade enorme de bater no Mark, mas ela respirou fundo e se controlou, pelo motivo de ter medo de perder o Mark como namorado, e porque o ex-militar é bem maior e mais forte do que ela, e isso poderia ser ruim. Ariel pensou que se Mark brigou com Stefan, com ela podia ser igual.

– Você está bem? Me deixou preocupada – Disse Ariel, segurando uma mão de Mark.

– Estou ótimo, não precisa se preocupar comigo – Disse Mark, soltando a mão de Ariel e voltando a ficar de costas pra ela e a mexer no criado mudo.

– Qual é o seu problema?! – Explodiu Ariel, segurando o braço de Mark e o puxando pra ficar de frente pra ela novamente – Você está agindo muito estranho ultimamente!

– Me solta! – Vociferou Mark, pegando no pulso de Ariel e fazendo a garota soltar seu braço – Me deixa em paz, que merda! – Disse com a voz alta, colocando suas mãos nos ombros da garota e a empurrando com força.

Ariel não esperava que Mark fizesse isso e foi pega de surpresa, quando foi empurrada, ela tropeçou em seus próprios pés e caiu de costas no chão. Logo a judia se levantou, virou de costas pro Mark e saiu do quarto, chorando. Stefan viu que a garota estava chorando e sentiu o mesmo que ela alguns segundos atrás, uma raiva tomou seu corpo e vontade de bater no ex-militar, mas ao contrário de Ariel, Stefan não se controlou e foi pra cima de Mark.

Mark estava de costas e mexendo no criado mudo, e isso foi uma oportunidade ótima de Stefan começar a briga com ampla vantagem. O ex-empreendedor deu um soco forte na nuca do ex-militar, que com o impacto bateu de cara na parede e já ficou grogue, então Stefan aproveitou a oportunidade e deu um soco forte na boca do estômago de Mark, que perdeu o ar, caiu de joelhos no chão com suas mãos na barriga e sua respiração ficou ofegante. Stefan projetou um chute com sua força máxima no rosto de Mark, mas foi impedido por Lizzie, que segurou a blusa do rapaz e o puxou para trás, o fazendo cair no chão.

– Parem de brigar! Merda! – Gritou Lizzie, se colocando entre os dois. Mark ainda estava grogue e por isso não se moveu, enquanto Stefan se levantou e encarou Lizzie – Que foi? Vai bater em mim também? – Perguntou com um tom de voz desafiador.

A expressão séria e cheia de raiva de Stefan mudou completamente quando ouviu a pergunta de Lizzie. Ele sussurrou um pedido de desculpas pra garota e saiu do quarto, arrependido. Lizzie continuou no quarto com Mark, o ajudou a se levantar e o colocou na cama.

Os olhos de todos os sobreviventes dentro daquela casa se acostumou com a escuridão do local, e por isso todos eles conseguiam enxergar onde estavam pisando e pra onde estavam andando.

Stefan entrou em outro quarto do segundo andar e lá estava Ariel, secando suas lágrimas. Ele ia sair do cômodo, mas a garota pediu para que ele ficasse e então ele atendeu o pedido da judia. Stefan caminhou até a cama onde Ariel estava e sentou na beirada da mesma, ficou em silêncio apenas olhando pra garota.

– Me desculpa por ter apontado uma arma na sua cabeça – Disse Ariel, soluçando – Eu... Faz tempo que eu estava de olho no Mark, sabe? – Ela continuava chorando e secando suas lágrimas – Sempre quis ser a namorada dele, mas depois do que aconteceu com nós aquele dia ele mudou completamente e está desse jeito... Não sei o que fazer – Ela respirou fundo e também olhou nos olhos de Stefan – Quando vocês estavam brigando, naquele momento eu só queria proteger a pessoa que eu amava, entende? Se eu soubesse que o Mark iria ficar desse jeito, eu não teria defendido ele e não teria apontado uma arma na sua cabeça. Me desculpa, de verdade.

– Tudo bem, eu te entendo completamente e acho que faria o mesmo se estivesse no seu lugar. Eu desculpo você – Disse Stefan, segurando uma mão de Ariel e a apertando em forma de carinho – Você ouviu o que aconteceu no quarto depois que você saiu?

– Sim. Vocês brigaram de novo, né? – Ariel soltou um riso baixo e curto – Ouvi... Dessa vez eu não fui lá te ameaçar com uma arma porque sei que o Mark está merecendo uns socos – Riu novamente e também apertou carinhosamente a mão de Stefan – Obrigada, eu acho – Ariel soltou a mão de Stefan pra secar as últimas lágrimas que saíram de seus olhos.