Living in Hell - Fanfic Interativa

Capítulo 34 - Caminhos Encruzilhados III


Se passaram três semanas desde que Dave perdeu a memória e seus amigos, principalmente Nadin e Harry, o ajudaram com esse momento difícil. Ambos explicaram com muita dificuldade, e desconfiança do texano, tudo o que aconteceu e o que estava acontecendo. Claro que Dave não iria acreditar em um apocalipse zumbi, mas quando ele disse que estava rodeado de malucos e saiu da casa, viu uma criatura há poucos metros de distância e se não fosse por Harry, o texano com certeza seria mordido.

A partir desse momento Dave passou a acreditar e a confiar no grupo de Nadin e Harry. Ele podia continuar não acreditando e desconfiando deles, mas o texano foi sensato em pensar que se Harry fosse um maluco e um inimigo, ele não iria salvar sua vida. E para confirmar esse pensamento que Dave tinha de Harry, o ex-professor levou o texano até sua picape e pegou uma foto que o texano tinha da sua família no porta-luvas, além de uma lista de suprimentos com as palavras: "Dave, estamos bem na questão da água, precisamos de comida urgente pois nosso estoque está quase acabando", na sequência a lista de comida e medicamentos, e no final tinha a assinatura de Harry.

Harry também disse para Dave que ele havia contado algumas histórias da sua família para o grupo, e para acabar com qualquer desconfiança do texano, Harry contou algumas das histórias que Dave havia contado, além de citar os nomes dos pais e irmãos de Dave. Então depois desse acontecimento, o texano passou a confiar totalmente em Harry e também no grupo, mas para que isso acontecesse de fato, Harry e Nadin tiveram que batalhar para conquistar a confiança de Dave. Pois antes de todos esses fatores e provas, Dave não iria passar a confiar neles de uma hora para a outra, por isso demorou alguns dias para Dave se sentir a vontade com seus amigos.

A memória dele não voltou, mas por sorte ele não perdeu muita parte dela. Dave falou que lembra de muitas coisas da sua família, infância e adolescência, da morte da sua mãe e até as coisas que aprendeu na faculdade. O fato é que Dave perdeu a memória de alguns dias antes do apocalipse começar até o dia que bateu a cabeça, ou seja, ele não se lembrava de absolutamente nada do que viveu e passou durante o apocalipse, além de não lembrar dos noticiários de TV e rádio anunciando o caos, e da fuga que ele fez quando morava na fazenda.

O inverno estava chegando ao seu fim e a primavera se aproximava. Por isso a neve que tinha no chão e telhados das casas estavam derretendo aos poucos, o sol aparecia mais vezes no céu e a temperatura aumentava a cada dia que passava. Além da mudança climática, os infectados também tiveram uma mudança, mudança de comportamento, e agora com o fim do inverno os infectados se locomoviam mais rápido e também estavam com mais fome do que nunca, pelo simples fato de que eles não tinham muitos alvos para atacarem, pois além dos humanos que estavam se protegendo do frio em casas quentes, os animais também se abrigaram em algum local quente e longe dos infectados.

Com essas três semanas que se passaram, Benjamin e James haviam se recuperado completamente e estavam fazendo atividades para ajudar o grupo normalmente, e a barriga de Wendy estava ainda maior, completando o seu nono mês e muito próximo do parto, e isso preocupava Harry, pois ninguém ali tinha conhecimento médico e não faziam ideia de como fazer um parto. Ao contrário do ex-professor, Wendy estava tranquila e ansiosa para dar à luz ao seu primeiro filho ou filha.

– Precisamos levar a Wendy para algum hospital aqui da cidade – Disse Harry, na sala de estar, sentado no sofá – Quero que corra tudo bem com ela e com o bebê durante o parto, não quero perder minha mulher e nem o meu filho.

– Harry, fique calmo e relaxa – Disse Nadin, sentada ao lado dele – É perigoso tirá-la da casa e procurar um hospital... mesmo se ela for na picape, pode acontecer alguma coisa e no pior dos casos... você sabe.

– Mas nós não temos nenhum equipamento médico, e não sabemos o que fazer durante um parto – Harry continuava agitado e preocupado. Wendy estava do outro lado de Harry, apenas sorrindo feliz com a preocupação do seu namorado.

– Antigamente o povo não tinha hospital e faziam partos em casa mesmo. Você não precisa ficar tão preocupado desse jeito, vai dar tudo certo – Nadin olhava fixamente nos olhos de Harry, tentando acalmar o rapaz – Eu já tive dois filhos, então de alguma forma eu tenho um pouco de experiência em parto. Eu vou ajudar a Wendy da melhor maneira possível, e a Serena vai me ajudar no parto também.

– Podem contar comigo – Disse Serena, vindo da cozinha trazendo uma bandeja com enlatados variados – Já escolheram o nome da criança? Quero dizer, como não temos ultrassom para sabermos o sexo do bebê, imagino que vocês já tenham preparado um nome masculino e outro feminino – Completou, enquanto servia Nadin, Wendy e Harry.

– Ainda não escolhemos um nome para ele ou ela – Disse Wendy, pegando dois enlatados – Harry e eu pensamos em vários nomes, mas ainda não decidimos.

Nadin e Serena comeram seu enlatado e Harry comeu só a metade do seu e deu o restante para Wendy, mesmo ela recusando e dizendo que dois eram suficientes, o ex-professor insistiu e deu a metade do seu alimento para Wendy.

Desde que Dave perdeu a memória, Harry passou a se alimentar menos, tudo o que ele comia ele dava um pouco para Wendy, e ela na maioria das vezes recusava e ele insistia. Harry não se importava em passar fome e consequentemente perder peso para alimentar melhor a sua mulher grávida.

James, Benjamin e Thomas se encarregaram todos os dias de eliminarem alguns mordedores que passavam ali na rua para que eles não se acumulassem no local, pois a primavera não tinha chegado de fato, apesar de estar bem próxima. Mesmo com a temperatura subindo a cada dia que passava, grande parte dos mordedores ainda não estavam se movendo normalmente como se movem na primavera, verão e outono, e por isso, se não eliminarem os mordedores, eles iriam se acumular na frente da casa, e isso não seria nada agradável.

Depois de eliminarem os mordedores, os três rapazes colocavam os corpos na caçamba da picape de Dave os levavam para aproximadamente cem metros de distância da casa para queimá-los ou apenas jogá-los no meio da rua para não ter vários corpos na rua em que eles viviam.

– Ei, olhem isso! – Disse Thomas, carregando um objeto em seus braços. Ele, James e Benjamin estavam despejando os corpos da picape.

– O que é isso? – Perguntou Benjamin – Um lança-chamas! – Respondeu ele mesmo – Onde achou isso, garoto? – Perguntou novamente.

– Ali dentro daquela loja – Apontou para uma loja que vendia produtos para agricultura e pecuária – Legal, né? Podemos usar para queimar os corpos.

– Não – Disse James – Podemos fazer um uso melhor disso.

– Por exemplo? – Perguntou Thomas.

– Podemos usar para nos defender de uma horda ou algo do tipo. Me passa isso pra cá – Disse James, pegando o lança-chamas das mãos de Tom – Hmm... o combustível dele é gás e não álcool.

– Como sabe disso? – Perguntou Ben, depois de tirar o último corpo da picape.

– Pelo peso e porque estava em uma loja de produtos agrícola – Respondeu James – Os agricultores usam lança-chamas de gás propano ou gás natural, pois são mais seguros – Explicou.

– Interessante. Mas agora vamos voltar, já está escurecendo.

Os três entraram na picape e voltaram pra casa. Logo a noite chegou, todos estavam na casa conversando. Ben, Jim, Dave, Tom e Nadin estavam na sala; Harry, Wendy, Serena e Emily em um quarto.

Horas depois o grupo decidiram ir dormir e Harry se responsabilizou para fazer a vigia naquela dia. Com pouco tempo todo mundo estava dormindo e Harry estava acordado sozinho na sala de estar, sentado no sofá com o corpo inclinado, quase deitado sobre o braço do sofá, lendo um livro.

A sala estava iluminada por velas e as ondas de calor da pequena chama fazia as sombras do cômodo se mover, e isso fazia com que Harry sentisse sono. Então ele resolveu parar de ler para não forçar muito a vista e acabar dormindo, deixou o livro em uma mesinha que tinha do lado do sofá e ficou sentado, apoiou seus cotovelos nas coxas e colocou as mãos sobre o rosto. Harry estava sentindo um cansaço e fraqueza que apareceu do nada, seus batimentos cardíacos aceleraram e isso estava deixando o ex-professor preocupado.

Ele se levantou e caminhou até a cozinha, pegou uma garrafa d'água e bebeu tudo de uma vez só, pensando que isso iria fazer ele melhorar. Mas ao contrário disso, ele começou a ter problemas respiratórios, mal estar e náusea. Harry respirava ofegante e não conseguia pedir por ajuda, ele apoiou suas mãos sobre o balcão da cozinha, sua visão ficou turva e ele transpirava bastante, logo ficou com dor de cabeça e sonolência. Sintomas de anemia. Harry resistiu o máximo que pôde mas não conseguiu vencer essa luta e acabou desmaiando.

Horas depois Harry acordou no chão da cozinha, ainda era noite e ninguém do grupo tinha acordado, pois se alguém tivesse acordado obviamente iria acordar o ex-professor e perguntar o que tinha acontecido. De todos os sintomas que ele teve, os únicos que permaneceram foram o cansaço e fraqueza, mesmo depois dele ter passado algumas horas desmaiado, Harry se levantou e caminhou até sala, onde ouviu um barulho estranho.

Era grunhidos, muito grunhidos. E esses grunhidos vinham do lado de fora, onde tinha vários infectados na rua, andando. Centenas de infectados estavam na frente de onde o grupo estava vivendo, Harry puxou a cortina da janela e olhou pra rua. Ao ver a horda de infectados, Harry soltou um gemido baixo de susto.

E para o azar de Harry, um infectado ouviu o gemido e olhou pra janela e viu o rosto do ex-professor ali. Então, esse infectado começou a arranhar a janela e esse ato chamou a atenção dos outros infectados, que também foram até a janela e porta da sala de estar da casa e começaram a arranhar e dar alguns baques.

– Merda – Sussurrou Harry, e correu até os quartos para acordar todos – Pessoal, acordem! Tem vários mordedores do lado de fora e eles estão tentando entrar aqui! – Harry falava alto e desesperadamente, ofegante – Temos que sair daqui agora mesmo ou iremos todos morrer!

Todos acordaram assustados e se levantaram rapidamente, com exceção de Wendy que tinha uma barriga enorme pra carregar, e apesar de Harry estar se sentindo cansado e fraco, ele a ajudou. Harry fazia um esforço enorme e isso fazia com que ele ficasse próximo de desmaiar novamente.

Todo o grupo saiu da casa pela porta dos fundos, com Dave, Tom e Serena com lanternas para iluminar o caminho que iam percorrer. O local estava tão infestado que mesmo eles saindo pela porta dos fundos, lá tinha infectados também.

A visão de Harry voltou a ficar turva, então soltou a Wendy e pediu para que James a levasse. Logo o ex-professor caiu de joelhos no chão, James acolheu Wendy e a protegeu de infectados que se aproximavam usando o lança-chamas. O ex-lenhador não viu que Harry tinha caído no chão e por isso não o ajudou, e isso resultou em um infectado, que não tinha as pernas e estava se arrastando no chão, se aproximar de Harry e agarrar o tornozelo do mesmo.

A boca do infectado estava há poucos centímetros da carne de Harry, quando o infectado ia fazer o movimento de fechar a mandíbula e morder sua presa, Tom deu um tiro certeiro no crânio do infectado, salvando a vida de Harry pela segunda vez.

– Você está bem? – Perguntou enquanto ajudava Harry a se levantar. O ex-professor apenas assentiu.

Tom caminhava carregando seu amigo e atirando nos infectados que se aproximava. Harry olhou para Wendy e viu que ela estava segura, junto com Emily, ambas sendo protegidas por James, e ao ver isso, Harry sorriu e desistiu de lutar, desmaiando novamente.

– HARRY! – Gritou Tom, e isso chamou a atenção de todos. Wendy gritou desesperada ao ver seu namorado nos braços de Tom.

Dave se moveu rapidamente e ajudou Tom e levantar o ex-professor novamente. Os dois passaram os braços de Harry em seus ombros, fazendo com o corpo dele ficasse pendurado no meio dos dois, e então Dave e Tom caminharam para longe dos infectados que se aproximava.

Nadin, Serena e Benjamin estavam atirando em infectados com o auxílio da luz da lanterna de Serena, os três caminhando um perto do outro, cada um cobrindo as costas do outro para não serem surpreendidos. Além das lanternas, as ruas tinham um pouco de iluminação dos postes que não estavam queimados, que eram pouquíssimos.

A paquistanesa pisou em falso da calçada para o asfalto da rua e acabou torcendo seu tornozelo e caindo no chão, onde tinha três mordedores muito perto dela. Ben teve ótimo reflexo e puxou Nadin pelo pulso, a levantando novamente antes de ser mordida quando estava caída sentada no chão, porém os mordedores ainda estavam perto dela e Benjamin percebeu que ela não escaparia, então trocou de lugar com a muçulmana.

E o resultado não podia ser outro, Benjamin foi mordido nas costas pelos três infectados. Ele ainda estava segurando a mão da sua mulher quando foi mordido, e ela tentava puxar desesperadamente a mão de Benjamin para salvá-lo, mas já era tarde demais.

– BENJAMIN! NÃO! – Berrou ela.

– Obrigado – Disse Benjamin – Obrigado por ter salvado minha vida quando levei um tiro. Agora eu que salvei sua vida... Peço desculpas por não ter sido eficiente e ter te salvado mantendo minha vida, igual você fez – Benjamin gemia de dor a cada mordida. Ao contrário de Nadin, que não soltava e apertava a mão dele, Benjamin teve que soltar a mão da sua mulher para que ela pudesse sair dali com vida – Vá, por favor. Sobreviva, não desista. Te conhecer e ter sido seu homem foi uma das melhores coisas que me aconteceu. Amo você, Nadin!

E essas foram as últimas palavras de Benjamin, que não resistiu as dores das mordidas e acabou morrendo e sendo devorado pelos três infectados, logo por mais infectados que se juntaram para se alimentar também.

Nadin não acreditava no que tinha acontecido, ela chorava copiosamente, estava desesperada e perdida. Serena teve que ajudar a muçulmana a andar e se afastar dos mordedores, e também teve que ajudar no sentido emocional.

Depois dessa intensa batalha, o grupo conseguiu fugir dos mordedores correndo para outro lugar dentro da cidade, que provavelmente era o centro. Apesar de terem perdido Benjamin para os mortos-vivos, Harry com anemia e desmaiado, e Nadin com o tornozelo machucado e com o coração destruído, o restante do grupo estava bem e salvo.

A parte da cidade em que o grupo andava estava um pouco melhor iluminada e não tinha nenhum morto-vivo sequer, o local era um deserto. O grupo entrou em um shopping enorme, provavelmente o maior daquela cidade, os corredores tinha algumas luzes piscando bem fraco, e isso, além das lanternas, iluminavam o local para que o grupo pudesse caminhar.

Nadin não falou nenhuma palavra desde a tragédia, e caminhava sozinha com seu tornozelo machucado, recusando a ajuda de Serena. Harry ainda desmaiado era carregado por Tom e Dave. James continuava protegendo Wendy e Emily como uma águia.

– Todos vocês, parem onde estão! – Disse uma voz masculina, grave e rouca – Coloquem suas armas no chão, por favor – Pediu educadamente. E então o dono da voz surgiu das sombras, porém estava mascarado – Não queremos problemas, então não fazem nenhuma besteira, por favor. Tem mais quatro pessoas escondidas e elas não hesitarão em atirar se for necessário.

O grupo obedeceu, todos colocaram suas armas de fogo e armas branca no chão e se afastaram delas. O homem, ainda mascarado, se aproximou das armas mas não as pegou, ele apenas ficou em silêncio e observando todas as pessoas do grupo, principalmente Harry pendurado sobre os ombros de Dave e Tom.

Como as mentes do grupo, Harry desmaiado e Nadin não se sentindo bem, não podiam pensar em algo, ninguém ousou em improvisar um plano na hora pois poderia resultar na morte de todos ali, então todo mundo ficou parado e quieto, completamente submissos a esse homem misterioso.

E para piorar a situação, Wendy soltou um gemido alto de repente, ela colocou suas mãos sobre a barriga, que estava tendo contrações, ou seja, o bebê iria nascer em breve.