Lives

Capítulo 32


Capítulo 32

- Pronto, meu filho. – Sra. Jackson ajeitou a camisa de Michael. - O motorista já está nos esperando. – Michael parecia distante. Kathe indagou: - Está tudo bem, Michael?

Michael piscou algumas vezes antes de responder:

- Oh, está sim, mãe.

- Seus filhos estão ansiosos por vê-lo!

- Estou com tanta saudade!

No corredor, encontraram o Dr. Willian.

- Oh, vejo que está muito bem, Sr. Jackson. – Sorriu ao apertar a mão do astro. – Fico muito feliz.

- Como não estar? Tive um grande profissional ao meu lado.

- O senhor é muito gentil. Mas deve agradecer também a Dra. Peterson. Ela fez um valoroso trabalho.

Michael sorriu.

- E onde está ela?

- Dra. Peterson está...

Kathe interrompeu:

- Ela está afastada da medicina, Michael. Até que a justiça seja feita.

- Como? – Perguntou Michael, confuso.

- Conversaremos sobre isso no caminho, filho. Há muito o que cuidarmos agora.

O astro foi recebido por sua legião de fãs na saída.

O celular de Sarah chamou vezes seguidas. Ela não atendeu. O visor piscava deixando claro de quem era a chamada. Arremessou o fone para o banco de trás do automóvel. Suas lágrimas pareciam se misturar com as gotas de chuva que batiam em seu pára-brisas, deixando a visão mais embaçada.
Por que tudo isso está acontecendo?, ela se perguntava. Estava em alta velocidade naquela estrada com cheiro de borracha quente úmida. E podia ouvir – ou pensava estar ouvindo – os flashs das câmeras tentando registrar sua melhor imagem de “homicida ou ‘falsa médica’”.

Parou na Street North Carolwood, 100. O céu ainda caia sobre a cidade. Peterson atravessou a rua vagarosamente, sem se importar com o encharcar de suas vestes. Já nem sabia se aceitariam sua entrada naquela mansão. Mas ousou a tentativa. Chamou pelo interfone e falou com George.

Michael colocou o telefone de volta ao gancho, tornando a se sentar na poltrona quando Prince e Dowall surgiram.
Dowall deixou alguns degustes e saiu. Prince foi até o pai e lhe beijou o rosto.

- Está tudo bem, pai?

Michael ergueu os olhos, querendo ocultar o que sentia. Mas era impossível.

- Prince...

George apareceu avisando sobre a visita. Não sabia se devia deixá-la entrar. Michael se levantou atravessando o segurança e voando para o portão de entrada.

Sarah viu aquela figura correr até ela, com as gotas grossas lhe batendo no rosto e escorrendo pelos caracóis dos cabelos, deixando alguns a grudar no pele e pesar sobre os ombros.
Michael apertou a grade do portão e fitou-a por um breve segundo. Apontou para o porteiro para que abrisse imediatamente. Agarrou-a. Apertou-a contra o seu peito de vestes molhadas. Encheu as mãos com os cabelos de Sarah.
Ela levantou a face para olhá-lo. Jackson lhe afastou os fios do rosto vendo suas lágrimas mesclarem com a chuva raivosa. Peterson aproximou-se hesitante dos lábios úmidos e avermelhados de Jackson. Beijou-o calidamente. Prince surgiu no exato instante.

Sarah abriu os olhos preguiçosamente, e se afastou dos lábios de Michael, vagarosamente, absorvendo o sabor único de seu beijo ao ver o garoto estático alguns metros afastado do portão.

- Oh, meu Deus! Prince!

Michael virou-se.

- Filho! Filho espere!

Prince correu de volta a casa sem olhar para o pai.

- Eu sabia! Eu sabia! – Vociferava Prince ao subir as escadas marmoreadas feito um jato. – Ela não! Ela não!

- Prince, filho! – Chamou Michael, desesperado. Virou-se a Sarah, ofegante. – Espere aqui, por favor.

Paft! A porta do quarto tremeu ao bater violentamente. O garoto se arremessou na cama. Logo ouviu Michael chamar o seu nome.

- Não! Saia daqui! Não quero falar com você! – Berrou Prince, choroso.

- Prince, por favor... – Implorou Jackson.

Jackson encontrou Sarah com as mãos espalmadas no rosto, aparentemente exausta.

- Tome, vista essa camisa. Você está encharcada!

Sarah olhou para ele com a camisa nas mãos, prestativo.

- É muito gentil. Mas não necessita, eu já estou de saída... – Sarah olhou para baixo, pensando. – E seu filho? Oh, Michael, eu lamento... Eu não devi...

Ele a calou ao tocar os dedos delicadamente nos lábios dela.

- Shhh... Nem ouse pensar ou falar isso. – Ele se agachou próximo à ela e pôs sobre as mãos dela a camisa. – Vista.

- Michael...

- Sarah, faça isso. Não quero que adoeça. Acho que já bastou eu. – Michael revirou os olhos. – Temos que conversar, e não será nada rápido.

- Não pode estar acontecendo. – Era Prince, plantado em frente ao casal. – Pai, o que há com você? Ela tentou te matar! – Ele quase gritou. – Será que não percebe?

Sarah e Michael estavam descrentes no que ouviam.

- Pelo jeito será preciso que você entre em coma novamente para que acorde! – Prince alargou os passos em direção a porta. Virou-se. – Eu pensei que fosse morrer! Morrer! Sabe o que é isso? Sabe o medo que eu senti? E só de pensar que foi por causa dessa... dessa... – Respirou fundo. - Desculpe, mas eu não aceito, pai. Eu não aceito. Joseph estava certo, não passa de uma interesseira como todas as outras! – Saiu correndo. – Eu não quero uma mãe! – Berrou. – Eu não quero!

Michael se levantou, atordoado.

- Eu vou já falar com ele. Não posso acreditar no que ele disse!

Sarah agarrou o braço dele.

- Não. Deixe-o.

- Prestou atenção no que ele insinuou? Prince terá que se desculpar! Não foi esse tipo de educação que eu ensinei.

- Michael, por favor, esqueça. Ele está confuso. E não está errado de ter essa reação. Ele disse o que pensa. Não deve culpá-lo por isso.

Jackson se deixou cair no sofá, espalmando as mãos no rosto.

- Eu não aceito. Não acredito que Joseph disso aquilo ao meu filho!

- Posso ser bem sincera? Eu não duvido.

Médica... Não deve passar de uma vagabunda atrás de um trouxa que lhe sustente. Médica!, recordou do insulto de Joseph.

- Por que diz isso? – Michael ergueu uma das sobrancelhas. – Por caso meu pai lhe disse algo? Se ele disse... Joseph ouvirá umas agora mesmo e... – Se remexeu para tirar o celular do bolso.

- Michael...

- Chega Sarah. Sabe o que é passar anos só ouvindo e nunca poder responder? Eu cansei. Sou independente. E não permitirei que ele faça o mesmo com você.

Peterson pulou do sofá arrancando o celular das mãos de Jackson.

- Para, Michael! Me escute! Não quero que faça nada. – Sarah voltou a se sentar. Os olhos percorrendo o desenho de gesso do teto. – Ele ainda pedirá desculpas a mim e a você. – Mirou Michael. - Acredite.