P.O.V. Kenneth.

Eu consegui convencê-la a ir para Viena. Como ela é tola.

Ou pelo menos eu achei que fosse.

—Kenneth! Meu filho. Trouxe o que pedi?

—Trouxe algo melhor.

—Melhor?

—Uma bruxa da antiga linhagem de Asheron que é uma Grimm e carrega o meu filho.

Finalmente a criança nasceu. Amara.

Então a barriga de aluguel era dispensável ou assim eu pensei. Por noites e noites essa luz azul ficava aparecendo. E matava vários membros da guarda.

—O que é isso? É a criança?

Estávamos em reunião, quando as portas são abertas e alguém encapuzado, definitivamente uma mulher. Soubemos graças aos saltos batendo no chão, entra pela porta.

—Quem é você?

—Eu sabia que vocês iriam fazer uma cagada descomunal, só não imaginava que o que vocês fizessem colocaria até mesmo suas próprias vidas em risco.

—Quem é você?

Perguntou meu pai.

—Eu pretendo fazer minha viajem até esse lugar valer o esforço.

Ela tirou o capuz.

—Ah, Melinda.

—É. Seus Reais metidos e burros.

—Sabe que queremos te matar não sabe?

—Eu estou á par, mas vocês não podem. Porque vocês abriram a porta e vão ouvir cada palavra que eu tenho pra dizer, porque no presente momento eu sou a única coisa que está entre vocês e a Hollow.

—Hollow?

—A luz azul que mata os seus guardas. Agora cala a boca e escuta. E então, como vai ser? Vocês vão me matar, deixar a Hollow passar de vez e acabar com o mundo todo? Eu garanto que vocês vão morrer gritando na mão dela.

—Isso é uma armadilha.

—Pare de falar.

—Com prazer.

—Continue.

—Vocês querem derrotar a Hollow e eu também. As minhas ancestrais também. Mas, primeiro precisam saber o que estão enfrentando.

—E o que estamos enfrentando?

—A história começa três mil anos antes de Viena ser fundada. Duas tribos rivais decidiram combinar seu poder, eles pensaram que se unindo em paz iram entram em uma era de harmonia. Um casamento foi arranjado, dois bruxos poderosos se uniram para criar um Coven unificado.

—Deixa eu adivinhar? Algo deu errado.

—Esse casamento gerou uma criança. E por nove meses os anciões da tribo visitaram a mãe, usando sua magia para conceder á criança grande poder, esperando que o recém nascido se tornasse um símbolo de paz e prosperidade. Mas, eles não faziam a menor ideia do que estavam trazendo para o mundo.

—E?

—Ela foi nomeada Tamara. E logo ficou mais do que claro que ela era mais forte do que qualquer um poderia ter imaginado e que tinha uma terrível fome por mais poder ainda assim. E foi assim que a Hollow nasceu.

—É uma bela história, mas como matamos a coisa?

—Você não compreendeu. Você não pode. Nenhum de vocês pode. Vocês é que precisam de mim, não o contrário.

—De você? Do que está falando?

—Tudo começa e termina na linhagem.

—Foi a única coisa que funcionou contra ela. Quando seu mau se tornou muito grande para suportar, as tribos se uniram contra ela. Os anciões das tribos conseguiram capturá-la usando nós místicos. Mas, mesmo com todo aquele poder... Tamara era muito forte. A morte pareceu ser a única solução. Quatro dos mais fortes anciões usaram parte do seu poder num machado. Quando a arma ficou pronta eles decidiram que aquela que lhe deu a vida, deveria tirar-lhe a vida.

—Mas, você disse que não podemos matá-la.

—Vocês não.

Ela abaixou a blusa mostrando a marca no ombro direito.

—Eu carrego a marca do antigo sangue de Asheron, o Udjat. Ela também e a mãe dela também. Infelizmente, foi a minha linhagem que começou tudo e só a minha linhagem pode terminar. É por isso que ela está caçando Amunets.

—Amunets?

—O meu sobrenome de verdade é Amunet. A Hollow tem medo de mim, ela me quer morta e se eu morrer só vai haver uma outra Amunet.

—Amara.

—Sim. E Amara ainda é bebê. Apesar de ser poderosa, ela não sabe ler, escrever ou recitar feitiços. Eu vim pra esse lugar abominável e me cerquei de reais estúpidos e traidores pra proteger a minha filha. Se a Hollow fosse matar apenas vocês, eu realmente não me importaria, mas ela vai devastar tudo no caminho! Tudo!

Ela se aproximou do Rei até ficarem á centímetros de distância.

—Eu não acredito que você pensou que poderia controlá-la. Você tá ficando esclerosado, velho. Você acha que pode controlar o Diabo também?

Ela deu um sorrisinho sacana pra ele e se afastou.

—E como você vai matar essa Hollow?

—Vou fazer uma arma. E como você abriu a porta para que ela passasse, você vai fechá-la.

—Como?

—Assim.

Ela moveu a mão e o pescoço do meu pai foi quebrado.

—Imbecil. Aquele que abre a porta, serve de chave e de fechadura. Agora a porta tá fechada. Infelizmente, a Hollow já está deste lado.

—Então porque matar aquele que abriu a porta?

—Porque colocar ela de volta não vai funcionar. Não podemos colocá-la de volta. Já que a sua família de idiotas matou todos os bruxos anciãos de Viena! E em breve esse seu hábito de consumir tudo e todos á sua volta desenfreadamente vai consumir vocês também!

Quando eu cheguei no quarto ela estava derretendo um metal e colocando numa forma.

Ela estava fazendo uma espada. Colocou a lâmina no cabo e a afundou na água com gelo.

—Fala pequeno Príncipe. Quando você fabrica uma espada, o que é mais importante? Fogo ou gelo?

—Fogo.

—Jura?

Ela fundiu um pouco do metal e o fundiu, fez uma faquinha. Então, golpeou a cômoda com a faquinha que se quebrou.

—Esquente demais e a lâmina quebra, esfrie demais e ela perde o corte. Fogo e gelo. Combinados. Nem quente demais, nem frio demais. Agora, o último ingrediente.

Dava para ver a luz da lua cheia entrando pela janela.

Ela apertou a lâmina com a mão, fazendo um corte na própria mão.

—Ai.

Então ela parou. Enfaixou a mão e pegou Amara no colo.

—Culpe a família do papai por isso.

Ela fez um corte na mão de Amara com a lâmina.

—Eu sei. Shh. Verita serum.

—Verita serum.

Depois que os cortes se curaram ela lançou um feitiço na espada.

—Gemini!

Melissa colocou o dedo na espada e ela se duplicou.

—Finite encantatem. Pega!

Eu agarrei a espada e ela começou a me atacar logo de cara. Ela era uma excelente espadachim. E foi uma briga violenta. E no fim ela cruzou as espadas no meu pescoço.

—Fraco. Mentiroso. Traidor. Não nega que é um Real. Eu vou embora daqui, aqui é o ponto zero. Eu vou embora e vou levar a Amara comigo. Se você tentar fugir, ela vai te caçar, se tentar se esconder, ela vai te achar e se tentar correr, ela vai te pegar.

Ela soltou as espadas. Jogou uma no chão, colocou a outra numa caixa de chumbo, colocou uma pulseira no braço de Amara, pegou-a no colo e saiu.

—Boa sorte.