Little Angel

Capítulo 18 - Filhote


Alec acordou no susto quando sentiu a cama afundando, e inconscientemente já procurou sua aljava, que obviamente não estava nas suas costas, ou sequer no quarto.

Relaxou quando ouviu a conversa de Magnus com um bichinho de pelúcia.

— Por que está conversando com um objeto inanimado?

Magnus o olhou feio e abraçou o menino que estava em seu colo e fungava.

— O Fofinho teve um pesadelo. Estou dizendo para ele que mesmo as pessoas mais fortes têm pesadelos de vez em quando.

— O Fofinho teve um pesadelo? - perguntou sem entender.

— Sim, Alexander. E o Jace, muito corajoso, veio trazer o amigo aqui para que ele não ficasse mais com medo.

Só então caiu a ficha de Alec quando viu o menino. Jace tinha tido um pesadelo, e veio até Magnus procurar proteção. Não pôde evitar a pontada de inveja que sentiu por não ter sido ele o procurado.

— Ah sim, é normal ter pesadelos, e também a sentir medo. Fofinho não precisa ter vergonha disso. Ele está com a família dele, e família se ajuda.

Jace enxugou o rosto novamente e fungou, se aconchegando no peito do feiticeiro, de modo que conseguisse escutar seu batimento cardíaco.

— Eu sei, por isso eu trouxe ele pro papai. - O menino falou meio embolado e virou abraçando Magnus.

Alec ficou surpreso de Magnus não comentar nada sobre ser chamado assim. De novo. Podia jurar que no dia anterior, Jace o tinha chamado assim também.

— Que tal tomarmos café da manhã, filhote?

— Não me deixa. - O menino respondeu, abraçando ainda mais o feiticeiro. Abraçou tanto que parecia um pequeno macaco pendurado na mãe.

Magnus sorriu e trocou olhares com o namorado.

— Deve ter sido um senhor pesadelo que o Fofinho teve. Quer me contar o que foi, filhote? - tentou convencer o menino a lhe contar. — Não consigo te ouvir assim. - Falou quando o menino resmungou contra o seu peito.

Jace então negou com a cabeça e se encolheu contra ele.

Alec, se sentindo um intruso, se ofereceu para fazer o café e só assim conseguiram sair da cama.

Obviamente, que Magnus sabendo das aptidões culinárias do namorado, deixou-o tomando conta somente do chá e conjurou um delicioso café da manhã para os três.

— Aqui está, filhote.

— Obrigado, papai. - O menino respondeu, de cabeça baixa e num tom baixo, mas Alec o ouviu perfeitamente.

Não aguentando mais, decidiu tirar aquilo a limpo.

— Há quanto tempo ele passou a te chamar de pai?

— Quem?

— O Jace. - Alec apontou para o menino, um tanto exasperado. — Não que eu me importe, é claro. Ele definitivamente precisa de um, e eu sou o irmão. Então…

— Você também é meu irmão? Quantos irmãos eu tenho? - Jace perguntou confuso.

— De quando você era grande, filhote. Foram criados juntos. - Respondeu para o menino que virou para Alec e lhe deu um sorriso. — E não seja bobo, Alexander. Ele não me chama de pai.

— Claro que chama. Te chamou ontem, chamou hoje cedo e agora pouco.

— Imagina, eu teria percebido.

— Talvez não tenha porque já se acostumou.

— Não seja bobo.

— Você chama ou não ele de pai, Jace?

— Não. - Respondeu, fazendo Magnus rir. — Eu chamo de papai. - E continuou a comer.

O feiticeiro ainda parecia não se dar conta do que ocorria, mesmo com o menino admitindo.

— Ele deve estar com saudades do coiso. - Dispensou como sem importância.

Jace o olhou sem entender.

— Quem é coiso?

— Valentim, filhote. - Explicou. — Michael Wayland? - Usou o nome falso pelo qual Valentim se apresentou ao menino anos atrás quando viu a expressão confusa dele.

— O seu pai, Jace. - Alec disse.

— Ele é o meu papai! - Jace respondeu um tanto irritado ao apontar para Magnus. — Não é?

Os olhos do menino se encheram de lágrimas e seu queixo começou a tremer quando nenhum dos dois adultos confirmou o que ele disse.

Quando Madzie perguntou se Magnus era seu pai, ele achou que fosse. Magnus cuidava dele com todo o carinho, tinha arrumado um quarto para ele. O seu primeiro quarto! E fazia comidas gostosas, e via filme, e dava banho. Eram coisas que pais faziam. Madzie mesmo disse isso, e Madzie era grande já. Ela sabia das coisas.

Mas talvez ela não soubesse de tudo porque Magnus era grande também. Mais que ela.

Talvez Magnus não quisesse ser seu pai. Talvez só estivesse mesmo cuidando porque ninguém mais queria. Nem sua mãe o queria, por que um estranho deveria querer?

Sentiu como se um buraco tivesse se aberto no peito e uma bola se alojado na garganta.

Era o seu pesadelo acontecendo na vida real.

Não querendo ver o final, com Magnus o expulsando de lá, Jace correu.

— Jonathan! - Magnus chamou o menino quando ele saiu correndo.

Alec segurou seu braço quando ele fez menção de ir atrás do menino.

— Dê um espaço para ele.

— Ele é uma criança, Alexander.

— Uma criança criada pelo Valentim. Ele deve estar confuso. Não estou dizendo para não ir conversar com ele, só para dar um tempo para que se acalme.

Mesmo não gostando muito da ideia, Magnus acatou o pedido.

Jace tinha corrido para o quarto de Simon e se escondido com o vampiro nas horas que se seguiram, e nenhum dos dois o viu ou ouviu. Simon parecia estar dando conta em acalmar o menino.

— O que foi isso? - Alec comentou quando uma luz brilhante ofuscou seus olhos.

— O que, Alexander? - Magnus, que vinha da cozinha, perguntou.

— Você não viu?

— Viu o quê? - O feiticeiro parecia um tanto distraído. — O almoço está pronto.

Alec viu e não comentou nada ao ver que era espaguete, o prato preferido de Jace.

— Quer que eu o chame?

— Não, pode deixar. Poderia arrumar a mesa? - pediu antes de ir em direção ao quarto de Simon.

Estava ansioso. Suas mãos suavam. Era um tanto ridículo estar tão nervoso para conversar com o menino, mas estava. E por um bom motivo.

Tinha pensado muito em como falar, e evitar se sentir ridículo, mas o fato era que realmente queria propor oficializar tudo.

Jocelyn tinha morrido. Valentim era um lunático, e com contrato ou sem contrato, Magnus não queria deixá-lo. Tinha se afeiçoado ao menino.

Tinha criado Raphael, mas Raphael era um adolescente. Claro que o considerava como um pai, e às vezes até o chamava assim, mas Raphael nunca deixou suas raízes, nunca realmente virou seu herdeiro, nunca levou seu nome.

E ele gostaria muito que Jonathan fizesse isso. Ele era mais jovem, e precisava de atenção e carinho. Seria bom para os dois.

Respirou fundo e bateu à porta.

— Sinto interromper, meninos, mas o almoço está pronto - Magnus chamou da porta, sem abrir muito para evitar que entrasse luz e ferisse o vampiro.

— Ele não está aqui, Magnus. - Simon comentou.

— Podia jurar que estava aqui ainda.

— Não, ele ficou um tempinho aqui, mas depois saiu. Eu achei que ele estava com vocês.

— Não, ele não falou com a gente depois que veio para cá.

— Já deu uma olhada no quarto dele?

Magnus sentiu algo ruim e nem sequer respondeu, e foi correndo para o quarto do menino.

Não havia sinal dele ali.

Foi até o seu quarto, e também não havia sinal dele.

Quando abriu a porta do quarto de seu pai, seu coração se apertou mais ainda.

Asmodeus largou o diário que lia na cama, e se levantou diante da expressão estranha do filho.

Magnus não explicou nada e saiu alucinado pela casa, vasculhando cada canto à procura do menino.

Não o achou em lugar algum.

— O que está acontecendo? - Asmodeus perguntou.

— Cadê o Jace? - Alec perguntou, estranhando a demora dos dois.

Magnus sentiu o sangue sumir de seu rosto quando se deu conta de que o menino não estava em lugar algum.

— Sumiu.

— Como sumiu?

— Não sei, não o achei em lugar algum.

— Alguém passou pelas suas barreiras? - Asmodeus perguntou, mexendo as mãos, checando a magia que protegia a casa.

— Não, eu não senti nada. Nenhum porta foi aberta. Nenhum portal.

— Ele não pode ter simplesmente sumido. - Alec comentou.

— Achou? - Simon veio totalmente coberto com uma grossa manta até o ambiente claro pelo sol. Era evidente que estava preocupado.

Asmodeus os olhou e foi até a varanda, olhando para baixo.

Antes que qualquer um deles pudesse perguntar algo, ele pulou.

Não demorou para que eles o seguissem.

Quando saíram do portal, viram o anjo caído ao lado de uma minúscula marca de sangue.

Era tão pequena e superficial que se não estivessem procurando por algo, dificilmente a veriam.

— Achoouu allfvo? - Simon perguntou, com a voz totalmente abafada pela grossa coberta que o protegia.

— Aqui. - Magnus conjurou um guarda-chuva preto enorme para o vampiro, para que ele se protegesse melhor do sol.

— Valeu. - Ele agradeceu, ainda com o corpo quase todo coberto, mas com a boca descoberta. — E então? - perguntou novamente, cheirando o ar. — Isso é sangue?

— É. - Asmodeus respondeu, se levantando e olhando ao redor.

— Ele caiu? - Alec perguntou horrorizado, segurando Magnus que tinha a mão no peito.

O anjo caído então viu algo interessante no chão e pegou.

— Eu acho que ele voou. - Falou ao inspecionar a pequena pena que achou.

A pena era pequena e extremamente alva. Ela parecia brilhar. Era linda.

— Como assim voou?! Ele não tem asas!

— Anjos tem asas, filho.

— Se ele voou, por que tem sangue no chão?

— Não disse que ele voou bem. - Deu de ombros e colocou a asa no bolso, e começou a caminhar em direção ao prédio.

Simon o seguiu.

— Não está preocupado?

— Não.

— Não vai ajudar a procurá-lo?

— Não, não acho que ele queira ser encontrado.

— Ele é uma criança.

Isso fez com que ele parasse e sorrisse.

— Primeira vez que verei um anjo criança. Tomara que as asas não tenham sumido já. - Comentou com Simon enquanto os dois entravam no prédio, totalmente ignorando o filho e o genro.

— Não tem anjos crianças no céu?

— Não, fomos criados adultos já.

— E os querubins?

— Anões.

— Tá zoando. - Simon falou, fazendo Asmodeus rir.

***

Jace estava ficando com frio.

Seu casaco tinha ficado em casa e estava descalço.

Não era como se tivesse planejado aquilo, mas quem é que planeja e se prepara para cair de um terraço?

Foi um acidente.

Num segundo estava lá brincando com os gatos no parapeito do terraço, e no instante seguinte estava caindo.

E de repente não estava mais.

Não tinha ideia do que lhe salvara, mas aterrissou no chão como uma pluma.

Só não tinha ideia de onde estava.

Os prédios eram parecidos demais e ele só lembrava como chegar no instituto, e lá era o último lugar que queria ir porque as pessoas eram más. Então, virou para o lado contrário e começou a andar. Seria mais seguro ficar longe de lá.

Abraçou o corpo, tentando se manter mais quentinho e fungou. Quem sabe para onde fosse achasse alguém que quisesse ser seu pai.

***

— Acalme-se, Magnus. Já mandei ordem para a alcatéia sair procurando pela cidade.

— Si, papa. Os filhos da noite estão todos atrás do menino.

— Como se isso fosse acalmar alguém. - Simon comentou mordaz e Luke concordou.

— Ao contrário de você que coloca sua própria família em perigo, eu protejo a minha. Ele será achado são e salvo. - Raphael disse, colocando a mão no ombro de Magnus, que a apertou.

— Isso se Camille não o atacar primeiro.

— E de quem seria a culpa disso? - Raphael rosnou para Simon.

— Parem os dois. Não é hora para isso. - Magnus ralhou com os dois que se encolheram. Era raro ouvir um tom ríspido vindo do feiticeiro.

Magnus se virou para a porta quando sentiu energias se aproximando da porta.

— Alguma coisa? - perguntou assim que Alec cruzou a porta.

Ele só suspirou e negou com a cabeça.

— Nem sinal dele. Os rastreamentos não funcionam.

— Vou tentar de novo. - Magnus levantou, indo pegar outra roupa do menino, tentando um rastreamento com um feitiço diferente.

— Não vai funcionar, ele não quer ser achado. - Asmodeus comentou, ao virar uma página do diário que lia.

— Poderia ajudar. - Raphael reclamou.

— Poderia, mas tudo tem um pagamento. - Respondeu, fechando o diário. — Pronto para me dar sua imortalidade?

— Dios mio. - Falou, fazendo o sinal da cruz e se afastando do demônio.

— Mas pode achá-lo? Eu pago que precisar. - Alec disse, indo na direção do demônio, que levantou os olhos, encarando-o.

— Você não tem nada que eu queira. - E continuou lendo, como se a conversa não tivesse ocorrido.

— Magnus! - Alec o chamou, apontando para o sogro.

— Esqueça dele. Ele não irá ajudar. Ele segue umas regras estúpidas.

— Isso não é hora de regras! - Isabelle, que até então estava calada, falou.

— Elas não são minhas regras, querida. São do meu Pai. - Apontou para cima. — E mesmo eu, com meu poder incrível não posso quebrá-las. O que devia ser um alívio para vocês, já que se dependesse de mim, eu já teria dominado esse plano e queimado quase todos vivos.

— E que regra é essa?

— Livre arbítrio, minha cara. Livre arbítrio, a coisa mais chata já inventada. Ele decidiu se afastar de vocês, ele não quer se encontrado, então ele não será até que sinta que quer voltar. Simples assim. - Explicou, como se eles tivessem quatro aninhos. — E nenhum de vocês com sangue de anjo conseguirá encontrá-lo porque estão presos pelas mesmas regras que eu.

— Eu não tenho sangue de anjo. - Magnus retrucou.

Asmodeus só o olhou nada impressionado.

— Sério?

— Seríssimo. Você é um demônio.

— Um demônio maior! - Corrigiu, um tanto irritado e ofendido. — Um príncipe do inferno! - Completou levantando um dedo.

— Um anjo caído.

— Exatamente. - Concordou apontando para Simon. — Não me coloque no mesmo patamar que esses demônios ridículos que uso para alimentar meus dragões. Você é meu filho, quer goste ou não, e o meu sangue de anjo caído corre nas suas veias e te dá toda a sua magia. Ela não vem do nada. - Esbravejou, pegando o diário e saindo da sala.

— E o que sugere então? Que eu eu simplesmente espere ele voltar ou morrer de fome e frio na rua?

— Espere ele ficar com fome e ele vai querer ser encontrado. E use alguém sem sangue de anjo para procurá-lo. - Respondeu como se fosse a resposta mais óbvia, e realmente era.

— Acho que ele ficou ofendido. - Simon comentou, ao ouvir a porta do quarto de Asmodeus ser batida com força. — Poxa, ele é um cara legal.

— Você é um idiota. - Raphael o ofendeu e foi até seu pai. — Fique tranquilo. Logo ele estará de volta. Assim que tiver notícias, eu entro em contato. - E saiu numa velocidade impressionante.

— Vou até o distrito ver se algo entrou nos registros. Não se preocupe, logo ele estará de volta. - Luke falou, cumprimentou a todos e se retirou.

— E agora? - Isabelle perguntou. Ainda estava pálida do ataque que sofrera durante sua possessão e era evidente que não estava na sua melhor forma.

— Podemos procurá-lo pelas ruas, como os mundanos fazem. Mostrar fotos.

Magnus fechou os olhos e puxou uma memória, transformando-a em foto. Com um movimento de mãos, ela se multiplicou em três. Entregou uma para cada e saíram.

***

Gretel estava realmente de péssimo humor. Como se não bastasse ter que sair caçando shadowhunters pela cidade como um cachorro, esse shadowhunter era ainda Jace Morgenstern, o rapaz que a sequestrou a mando do pai.

O cara era um babaca. Metido até não poder mais e um lambe botas do pai.

Ficou feliz quando soube que ele também sofria nas mãos do louco do Valentim, mas infelizmente tinha sido resgatado pelos shadowhunters.

Ela ter sido também resgatada foi só uma mera coincidência, porque os shadowhunters não estavam preocupados nem com ela nem com qualquer outro prisioneiro daquele navio. O interesse deles era somente no grande herdeiro Morgenstern.

Não entendia o porquê de tanta preocupação com ele, já que tinha a fama de ser o melhor shadowhunter daquela geração. Uma fama tão grande quanto seu ego.

Rosnou quando sentiu novamente o cheiro na roupa de criança. Ele devia ser algum tipo de doente se tinha tantas roupas de criança assim. Algum pedófilo nojento ou algo assim, que todos protegiam por conta da sua fama.

Talvez pudesse matá-lo e dizer que já o encontrou assim, ou talvez até matá-lo e esconder o corpo. Com certeza estaria fazendo um favor ao mundo tirando um pedófilo das ruas.

Parou quando sentiu o cheiro que estava procurando no ar. Fungou para checar e teve certeza. Bateu as patas no chão antes de arrancar na direção do cheiro.

Estancou quando viu um menino minúsculo sentado encolhido no chão e os dois se encararam.

Jace riu quando ela enfiou o focinho no seu pescoço e o cheirou.

Era ele mesmo. O maldito shadowhunter tinha conseguido de algum jeito ser transformado em uma criança.

Ela rosnou quando ele tentou se aproximar, e o mordeu quando ele tentou acariciá-la.

O menino se afastou um pouco e puxou o braço contra o peito.

Ela estranhou quando ele não chorou, como uma criança normalmente faria. Parecia acostumado à dor.

E Gretel não pôde evitar se sentir um pouco culpada quando ele rasgou um pedaço da camiseta e fez um curativo no pequeno braço que sangrava.

Jace voltou a sentar, e tremia ainda mais do que antes. A diferença agora é que ele parecia um pouco mais miserável.

Ela se sentou nas patas traseiras e ficou observando-o. Ele pareceu se importar no começo e a olhava de soslaio, mas relaxou depois de um tempo.

Quando a fome apertou, ele começou a andar por ali, e foi fuçar no lixo de um restaurante. Ela o puxou pela blusa quando ele quase caiu dentro da lata que era muito maior que ele.

— Sai daqui, moleque! - Um funcionário do restaurante partiu para cima dele quando o viu roubando um pão velho da lata.

O homem suado e com avental imundo puxou o menino pela camiseta e o jogou no chão com violência, mas não conseguiu fazer nada mais que isso porque quando tentou de novo Gretel se colocou entre os dois e rosnou para o homem grosseiro que quase infartou quando viu o tamanho do animal que o ameaçava.

Quando o homem se afastou, ela se virou para o menino que a observava surpreso. Ela então virou-lhe as costas e se afastou novamente.

E ele começou a andar novamente. Devagar, como se a esperasse.

Jace roía o pão velho bem devagar apesar da óbvia fome que era audível para qualquer um nas proximidades.

Ela estancou quando um pedaço lhe foi oferecido com o mesmo braço que ela tinha mordido antes.

Ele estava faminto, mas ainda assim dividiu a pouca comida que encontrou. Ela cheirou a comida e empurrou a mão dele bruscamente com seu focinho.

— Ei! - Ele reclamou quando o pedaço de pão caiu no chão.

Gretel então mordeu o pão que o menino ainda tinha na outra mão e largou no chão também. Em seguida mordeu sua roupa e começou a arrastá-lo pela rua em direção ao Jade Wolf.

Não porque estava com pena, mas porque estava com fome e não queria comer lixo.

Trazer o menino junto era um mero detalhe.