POV MILYES

– Senhorita, pode vir morar aqui quando quiser, com seu marido. - Diz minha tataravó olhando para mim e para Carter com afeto. Quase reviro os olhos.

– Fico bastante agradecida, senhora Genebra. - Falo tocando-lhe as mãos enrugadas.

– Bom agora é melhor vocês voltarem para o teatro, pois é noite. - Diz ela sorrindo.

– Foi muito gratificante o nosso passeio. - Fala Carter.

– Que boa Darling. - Ela diz e ele beija sua mão. Franceses.

Despedimo-nos e vamos em direção ao teatro.

– Sabem quantos anos ela tem?- Carter pergunta quando dobramos a esquina para o teatro.

– Não. - Respondo. A única coisa que consigo pensar é em Erik.

– Você não tem família no futuro não é? - Carter pergunta me tirando do eixo. Odeio falar de minha vida.

– Sim. - Respondo e ando mais rápido, o deixando para trás. Mas ele logo me alcança.

– Me conta um pouco, só um pouco. - Ele diz me parando no meio do caminho, com o frio ricochetando nossos rostos.

– E... Eu não quero contar! - Exclamo irritada, o tirando do caminho e andando novamente. Depois de um tempo, ele não fala nada só fica ao meu lado. Meu passado é totalmente recluso, até para mim.

Chegamos ao teatro e tudo parece bem calmo. Todos estão de luto. O fantasma causa muito terror, mas, nada se compara ao terror que causaram a ele. Para manter as aparências, Carter me toma pela mão, mas, não gosto disso. Onde deve estar o Erik?

– Não está calmo demais?- Pergunta Carter, tirando-me de meus devaneios. Olho para todos os lados e percebo que não há ninguém, nem mesmo os ajudantes de palco. E não passam das 18h00min horas da noite.

– Você vai ao salão e eu vou ao camarim das bailarinas. -Falo e ele assenti e nos separamos. É bem difícil correr de vestido.

Assim que chego no camarim, vejo a porta entre aberta. Assim que abro, vejo minha mochila em cima do leito e ao lado, um vestido vermelho, creio eu. Me aproximo e vejo o vestido, simples mas de camurça, sem mangas e por cima uma máscara preta de detalhes brilhantes e sofisticados.

–Você gostou?- A voz atrás de mim pergunta me assustando. Viro-me e me deparo com Erik com sua habitual vestimenta e sua mascara branca que cobre a metade de seu rosto. Perco-me em seu olhar.

– É... É para mim?-Pergunto apontando para as peças na cama. Ele só assenti e abaixa a cabeça. Franzo o cenho. - Hm.. E para que?- Pergunto. E é a vez dele franzir o cenho.

– Para o baile.- Ele fala como se fosse uma coisa óbvia. - Não vai ao baile, senhorita? -Ele pergunta e se aproxima. Não me movo.

–E..Eu não sei.- Falo séria. Como ele pode ser tão cético no que faz? Ele me olha...me olha... e depois se aproxima mais um pouco, não saio do lugar, mas, também não tiro a expressão séria e tensa.

– Eu... - Ele para no meio da frase. E eu me irrito.

– Você o quê? - Pergunto com raiva. Ele me olha impassível.

– Desculpe-me eu ofende a senhorita?- Pergunta ele agora bem mais perto de mim.

– Não Sr. Erik. - Falo irônica ,mas, ele não percebe.

– Pelo menos, gostou do vestido?- Pergunta ele. Suspiro confusa com suas atitudes, olho para o vestido e depois para ele.

– Sim, é gracioso. - Falo sorrindo forçadamente.

– Milyes..- Ele diz meu nome, o que me deixa sem fôlego. - Eu acho que está sendo, difícil para você, viver no passado. - Fala ele. Suspiro mais uma vez e sento na cama. Ele para a minha frente, se apoiando na mesa ao lado.

– Sim... Mas, não tenho para quem voltar. - Falo, lembrando-me das perdas.

– Não? Como não?- Pergunta ele curioso.

– Erik, você não sabe a sorte que tem de viver nesse mundo, onde não há ainda, guerras, corrupção, fome, miséria, tecnologia destrutiva... - Falo lembrando-me de tudo que houve no futuro.

– No seu mundo há tudo isso?- Pergunta ele.

– Sim e muito mais.- Falo.

– Por quê?- Pergunta confuso.

– Bom...Eu acho que ao passar dos séculos as pessoas começaram a desviar de seus caminhos trilhados.....a não se reconhecer. Ser humano é uma dadiva, mas, que o próprio ser humano nunca vai compreender. - Falo tristemente. Ele me olha fascinado, de um jeito que não consigo entender.

– O passado, não é tão maravilhoso. - Fala ele em sarcasmo.

– Nenhum lugar é.- Falo. O vejo se aproximar de mim e se ajoelha, ficando próximo ao meu rosto. Já que Erik em pé, pode ser considerado um monstro de tão alto.

Nossos olhares se fundem.

– A sua dor, é minha dor. Sei que perdeu o que mais amava e foi rejeitada pela vida assim como eu...- Ele diz e sem mais nem menos coloca a mão enluvada em meu rosto . - Finalmente achei alguém que eu possa me sentir, um pouco humano. Mesmo que esse fio de humanidade seja a compartilhamento da dor mútua.- Ele diz com os olhos ficando vermelho o que me assusta e me emociona. - Nós encontraremos a felicidade. Eu com Christine, e você com o... Carter. - Ele diz, Com Christine. A vontade que Tejo é de chorar, como é possível achar alguém tão parecido com você e não poder ficar com ele? Porque minha vida sempre foi assim? Por quê?

Sem mais nem menos, Afasto a mão de Erik de meu rosto e levanto. O deixando ajoelhado.

– Carter e eu somos apenas bons amigos e parceiros em nossa missão. - Falo e me viro para encara-lo, agora ele estando em pé. - E minha felicidade, acabou a muito tempo. - Falo fria. Ele me olha assustado.

Mile, estão todos no...– Carter chega e para sua frase no ar, encarando a mim e a Erik, bem sério.

– Onde eles estão?- Pergunto, virando-me para Carter.

– Estão na praça, está tendo uma comemoração. - Fala ele olhando estreito para Erik atrás de mim.

– Boa noite. - Exclama Erik, passando pelo espelho atrás de mim. Logo ficamos sozinhos.

– Vou dormir. - Falo desprendendo o cabelo.

– Ele lhe deu um vestido e uma máscara?- Pergunta apontando para cama.

– Sim.- Falo cansada. E ele só assente, sem dizer mais nada.

ERIK POV

Chegou em meu lar sombrio, pensando assustado, no quanto me pareço com Milyes. Minha felicidade acabou a muito tempo, ela disse. A minha felicidade depende de meu anjo da música, que me faz sofrer a cada dia com o pomposo visconde. Como eu a amo, minha musa, minha dadiva divina, Meus anjo, Minha Christine. Ter sua estatua, é como um santuário. Só de pensar que ela está com o maldito visconde na praça, deixa-me pleno de ciúmes e ódio. Ela não percebe que fiz tudo aquilo por ela? A tornei prima donna novamente, dei- lhe prestígio e agora, lhe darei mais um sucesso, para torna-lhe uma rainha. E assim ela verá o quanto a amo.

Vê-lá cantando com o maldito visconde , doloroso.

Deito-me em meu leito e tiro a máscara, para que minhas lágrimas caiam livremente.

Say you'll share with me ,One love, one lifetime Lead me, save me from my solitude . - A dor me consome sempre que penso, que não a terei ao meu lado.

As lágrimas de dor e horror por minha própria aparência, por minha alma obscura, levam-me para o mais profundo dos sonhos...

"Minha felicidade acabou a muito tempo...."

A voz aveludada de dor de Milyes ressalta em meu pensamento. Tudo está escuro, escuro como minha alma.

"Erik, não sabe a sorte de viver nesse mundo...."

Outra vez a voz de Milyes, agora se torna mais perto.

Sinto um toque sútil em meu ombro esquerdo. Viro-me e uma mulher de cabelos negros, sorri para mim.

– Olá Erik.- Fala a moça, sua voz ecoa em meus pensamentos.

– Olá, quem es tu?- Pergunto e ela sorri novamente. Suas vestes são brancas, que dá um contraste divino aos seus cabelos negros longos e seus olhos verdes.

– Uma amiga de muitas vidas. - Ela diz sorrindo. A olho totalmente confuso. Ela realmente me parece familiar, mas, não sei quem ela é.

– A senhorita me parece familiar, mas, não sei de onde. - Falo a analisando.

– Vamos mudar de assunto não?- Fala ela. O que me deixa ainda mais confuso.

– Não compreendo senhorita. - Falo e ela assenti , só sabe balançar a cabeça como se compreendesse tudo a sua volta.

– Tenho que ajuda-lhe a entender, Erik. - Ela diz. E eu assunto confuso.

– O que?- Pergunto. E sem ao mesmo me dar contra, vejo que estamos sentados em lonas brancas.

– O que sente quando está com Christine Daae?- Pergunta a moça. Franzo o cenho ainda mais confuso. Porque ela me pergunta isso.

– Não sei como explicar, ela é um anjo divino, uma musa para minhas músicas e meu...

– Então... A vê como uma musa?- Ela pergunta. Sim! Minha musa...

– Sim. Ela é minha salvação. - Falo.

– E a Milyes? - Ela pergunta sorrindo. E fico irritado.

– Quem é você? Como sabe sobre mim? Porque estou sonhando com você...?

– Acalme-se, Erik!- Ela exclama levantando-se.

– Eu quero acordar, agora!- Grito e minha voz ecoam sob a escuridão.

– E você irá, mas, só quando consegui aceitar que quem manda é o seu coração e só assim você terá o que sempre quis....– A moça começa a desaparecer.

– Senhor..?- Uma voz rouca fina me acorda em um sobressalto, antes de ver a pessoa a minha frente, em segundos cubro meu rosto e procuro a minha máscara. Assim que a coloco com muita dificuldade, viro-me para a menina a minha frente com roupas de bailarina.

Levanto-me em um pulo, assustando-a.

– O que fazes aqui? E como entrou? - Pergunto ameaçadoramente.

– D-d-desculpe... Minha mãe estava lhe procurando, senhor. - Fala ela de cabeça baixa.

– Para quê?- Pergunto. E olha-me ainda com medo.

– Para lhe entregar sua fantasia... - Ela diz e sem eu perceber, tira de trás um embrulho. E estende-o para mim. Tomo de suas mãos pequenas bruscamente, fazendo-a recuar.

– Agora vá! - Exclama e a mesma corre para onde veio.

Sento-me na cama e desembrulho e vejo a minha fantasia que lhe mandei completar com algumas coisas. E só consigo pensar, no baile e em como estará Milyes com o vestido que lhes dei.

POV MILEYS

Acordo bem disposta, pois hoje, o teatro estará uma confusão só faltam dois dias para o famoso baile, onde os mesmos acham que vai conseguir, tirar a má fama da Ópera, por conta de Erik.

Erik. Ele me fez um belo vestido, mas, será que eu irei nesse baile? Eu tenho que focar em voltar para a minha época e salvar a humanidade. Como? Carter não sabe, muito menos eu, se antes de Erber, a viagem no tempo era impossível, já que o tempo é relativo, imagine nessa época, onde ninguém sabe o que é um celular?

Carter odeia saber que eu me preocupo com Erik, por ele, Erik já estaria morto, como na estória original.

MILYES! - Meg entra com tudo no camarim, alarmada e se senta ao meu lado, onde estou me arrumando.

– O que tens menina?- Pergunto colocando a mão ao peito por conta fo susto. Cada vez mais me adapto nesse século, isso é estranho.

– E-eu eu o vi! - Ela exclama apertando meu braço. Ela está falando de Erik.

– O fantasma?- Pergunto, fingindo surpresa e ela assenti

– Sim! Ele vai ao baile!- Ela exclama.

– E Christine já sabe?- Pergunto.

– Não, mas... Devo avisa...

– Não!- Exclamo fazendo-a sentar novamente. - Deixe que ela descubra no dia, sim?- Falo gentilmente e ela me olha confusa.

– Por quê?- Pergunta ela e eu reviro os olhos.

– Não está vendo que ele quer fazer, uma entrada triunfal?- Falo. - E Christine como sabe tem uma boca... - Falo entre os dentes, odeio Christine!

– Sim, Sim... Tens razão. - Fala ela. Não faz sentido o que eu disse, mas... Meg acha que por eu ser mais velha sei o que digo.

– Ótimo, agora me ajude com meu cabelo e vamos ajudar a todos com os preparativos. - Falo e ela arruma meu cabelo em um coque com a frente caindo sobe meu rosto.

Logo depois saímos do camarim e vamos ao salão para ornamentação, o lugar estava cheio de pessoas com varias coisas nas mãos e a cozinha maravilhosa do teatro, parecia uma feira. Meg não ficava em um lugar só, nem mesmo eu, ajudava em tudo que podia. Como é bom trabalhar normalmente, sorrindo, sem medo de dar tudo errado e de matar alguém.

– Milyes! – Ouço meu nome sendo chamado e me viro, para um Carter todo destrambelhado. – Ainda bem que te encontrei. Ouvi um grande boato. – Fala ele .

– Que boato? – Pergunto franzindo o cenho e limpando minhas mãos no avental.

– Parece que as pessoas estão falando que mais um visitante como nós está aqui. – Ele diz eufórico e preocupado. Arregalo os olhos surpresa.

– Isso é muito ruim? – Falo e ele me olha impassível.

POV ERIK

O teatro estava um caos, o que me dá tempo de criar minha entrada triunfal no baile.

– Erik! – Ouço o meu nome e viro-me, deparando com Antoniete.

– O que há? – Pergunto com raiva.

– Queria saber se irá mesmo ao baile.- Ela pergunta e eu reviro os olhos.

– Eu lhe disse não? – Falo irritado.

– Sim, mas, gostaria que mudasse de ideia. – Fala ela.

– Porque eu faria isso? – Exclamo alto.

– Erik, amanhã estará toda a guarda da cidade, por sua causa. – Fala ela.

– Eu não me importo. Eu sei me cuidar. – Falo , virando-me de volta para o minha mascara.

– Erik... Tome cuidado. – Fala e percebo ela se virar e ir embora.

No mesmo lugar onde Antoniete vai embora, uma grande luz aparece e a força é grande e me joga longe, e tudo fica escuro.

– Senhor?- Ouço uma voz rouca, assim que abro os olhos, vejo um homem muito estranho a minha frente, de cabelos grisalhos e um óculos estranho.

– Q-quem é você? – Pergunto me levantando devagar. Estou vulnerável na frente de um estranho e isso não é nada bom.

– Meu nome é Erber Clousor!