Acordei com os gritos de minha mãe me dizendo que iria chegar atrasada na aula, como se eu estivesse muito preocupada com isso. Não queria levantar da cama. Será que eu conseguiria me fingir de morta e fazer minha mãe acreditar em mim? Ah! Eu tinha feito o possível para esquecer essa parte de minha vida, minha vida em Jersey. Para mim essa 'vida' não existia! Semana passada eu estava indo pra aula em meu carro de ressaca e agora eu estava me levantando da cama para ir para a "Sayreville War Memorial High School" escola onde ninguém faz porra nenhuma e a vida é monótona. Dava pra acreditar nisso? Quando minha mãe veio de novo bater em minha porta eu fui obrigada a levantar. Ela então me deu um papel todo escrito e algum dinheiro. Disse para que lesse o papel que ela precisava sair a procura de trabalho. Começei então a ler a carta:

" 11 de Abril de 1983

Rosie,

Segue abaixo as orientações para que você consiga

chegar na escola por conta própria. O primeiro passso

é pegar o ônibus número 647 com destino ao centro e

– pera! Ela disse ÔNIBUS?

você deve descer no quarteirão em que tem um terreno

vazio. Você também pode perguntar ao cobrador o

local certo pra descer, ou então você pode "

Joguei o papel pro lado da minha mochila. Não ia acabar de ler. Fui então ter meu momento de humana e já aproveitei para me maquiar. Fui então escolher minha roupa. O tempo não estava lá muito bom. Peguei uma calça jeans, uma bota de cowboy e uma blusa simples. Quando estava saindo peguei a minha jaqueta de couro que estava na minha cadeira e fui descendo as escadas em direção a cozinha para comer algo. Comi e andei 3 quarteirões até o ponto de ônibus mais perto. O ônibus 647 demorou 20 minutos para passar para a minha maior alegria. Entrei então no ônibus e me peguei pensando sobre toda aquela mudança que estava acontecendo.. Já estava com saudades de minhas amigas lindas e Jack.. queria ter me despedido melhor dele.

Quando dei por mim já tinha passado o ponto e tive que descer no próximo. Andei 6 quarteirões até a escola e chega bem atrasada, pode-se dizer. Passei então na secretária para pegar meus horário e entrei então na sala. Todos já tinham entrado, fazendo com que todos parassem e ficassem olhando para mim enquanto eu entrava na classe. Me sentei no fundo e no único lugar vago. Escutei uns burburinhos até que meu professor me fez levantar para me apresentar para a sala. Nem preciso dizer que quase morri, não? Enfim acabada a aula eu estava tentando fugir quando esbarrei em alguém que passava pela porta naquele exato momento. Parecia-me familiar.

– Você! - ele riu - O que você faz aqui?

– Desculpa, você é..? - perguntei confusa.

– Richard, o cara da pizza.

– AH! - senti um alívio por não ser algum amigo de infância - Richard da pizza.. Não sabia que você.. er.. ainda estava no colegial. - ele riu.

– E eu não sabia que você estudava aqui.

– Ah não, hoje é só o meu primeiro dia.

– Terceiro ano né? Boas memórias..

– Memórias? - ele riu.

– Estou no quarto e último ano. - disse ele. - Sabe o que seria um prazer? Levar essa novata do terceiro para tomar alguma coisa comigo, aceita? - Parei para pensar. Olhei ao meu redor. Richard era um cara bonito e além do mais não havia nada melhor para se fazer nessa cidade. Eu estava em depressão, com sono e o que eu menos queria era ter que voltar pra casa e ficar olhando para o teto.

– Encontro com você na porta de entrada assim que acabarem as aulas.

– Combinado! - ele disse sorrindo enquanto eu saia andando.