O dia parecia não passar. As aulas estavam sendo eternas. Estava quase desistindo de lutar contra o tempo quando o sinal finalmente tocou. Levantei e sai o mais rápido que consegui da sala. Fui ao banheiro checar se estava em um estado decente. Ao entrar e me olhar no espelho levei um susto. O tempo de New Jersey fez com que meu cabelo ficasse um pouco ondulado e meus olhos pareciam mais claro. Mas o que era aquilo? Me aproximei do espelho pensando que a imagem ia sumir e eu ia ver a verdadeira eu, mas não.. Assustada, porém animada, chequei minha maquiagem, dei uma ajeitada nas minhas roupas e fui encontrar meu 'par'.

Ao chegar na porta encontrei-o com um garoto alto e loiro. Ele estava de costas para mim então não conseguia ver seu rosto. Ao me ver Richard abriu aquele sorriso e eu podia jurar que senti as minhas pernas tremerem enquanto respondia aquele sorriso.

– Ai está você! - ele veio me dar uma abraço recepitivo. Meu Deus! Ao me dar um abraço eu consegui sentir seus braços e músculos.. - Eer.. Jon esta é Rosie, Rosie, Jon! - ele me apresentou ao amigo e foi a primeira vez que vi seu rosto. Jon era loiro, alto, tinha olhos azuis, era forte e era o tipo perfeito de garoto!

– Oi! - respondi tentando não passar toda a minha animação para ele através da minha voz ou reação.

– Oi! - ele sorriu de volta. O sorriso dele tinha um efeito muito parecido com o do Richie. - Hey Richie, você não me disse que tinha companhia de uma garota tão linda, senão não deixaria você sair, pegaria para mim e não devolvia mais. - Os dois riram. Dei uma risadinha sem graça. Algo dentro de mim estava pedindo para ter os dois mas eu me controlei. Mas que raios estava acontecendo comigo? Eu nem conhecia esses garotos e já estava morrendo de vontade de pular em seus pescoços e encher-los de beijos! Rosie, Rosie, se controle. Voltei a realidade quando Richard colocou seu braço em minha cintura e falou ao Jon:

– Pena que ela está comigo, não é mesmo Rosie? - ele sorriu enquanto tudo o que fiz foi olhar com uma cara de perdida pra ele. Com ele? Pera ae! - Acho melhor irmos logo tomar nosso café. Te encontro em casa mais tarde Jon?

– Fechado. - ele trocaram um aperto de mão. Jon olhou para mim e completou: - Foi bom te conhecer Rosie, quem sabe se você largar o bobão ai a gente não possa sair, certo? - eu sorri.

– Certo. - Respondi enquanto estava sendo guiada por Richard até o carro dele. O carro dele não era lá grande coisa mas o que esperar dessa cidade não? Ele abriu a porta para mim e eu entrei. Quando ele deu a volta e entrou no carro eu perguntei:

– Eu estou com você? Mesmo? - eu o encarei e ri. - Você me chama pra tomar um café e já me monopoliza, é isso mesmo? - Lancei um olhar interrogativo pra ele. Richard riu.

– É melhor já ir avisando ao Jon. Se ao menos você soubesse o quanto ele é mulherengo. - Nós dois rimos.

– Então você está evitando que eu saia com seu amigo por que você tem planos para mim? - não podia acreditar que isso saiu de meus lábios. Senti minhas bochechas corarem enquanto Richard me analisava. Ele abriu um sorriso.

– Claro minha Rosie. Mas melhor falarmos disso depois, não? - Eu ainda estava muito sem graça e gelei.

– Certo.. - pqp você é muito otária Rosie, assustou o cara! - Então Richard, o que..

– Richie.. - disse interrompendo-me.

– Certo, Richie. - sorri para ele. - O que você e o Jon vão fazer na sua casa hoje? - perguntei curiosa.

– Nada demais, só umas coisas de homens.

– Tipo? - me atrevi a perguntar mais.

– Você é uma pessoa muito curiosa Rosie. - Ele olhou para mim e sorriu. - Temos uma banda. Vamos treinar e tentar escrever umas músicas novas.

– Sério? Uma banda! UOU isso parece ser demais! Mesmo! Posso ver um ensaio de vocês algum dia? - Se eu antes tinha me derretido por um sorriso de Richard, que dizer, Richie, eu não tinha tido uma razão verdadeira para isso. Richie abriu o sorriso mais lindo que o universo já vera quando eu perguntei isso e eu podia jurar que se eu não estivesse sentada eu teria despencado no chão.

– Mas é claro que sim! Isso seria maravilhoso! Bom, agora vamos nos concentrar no agora. Conheço um café muito bom que aposto quer você vai amar.

– Você não conhece nada de mim Richie.. - retruquei.

– Mas eu sei que você vai amar mesmo assim. Me dê uma chance.

E assim fomos a caminho do café.


–------------------------------------------------------------------------------


Ao chegar no café fiquei surpresa. O café era na ponta de uma montanha que dava para o mar. Era lindo. Estava realmente impressionada. Saímos do carro e fomos entrando no café. Pegamos uma mesa e nos sentamos. Richie já havia se precipitado dizendo que 'era por conta da casa' e que 'era uma prazer levar uma pessoa tão linda com ele'. Richie pediu dois cafés e uma porção de waffles que certamente eu ia atacar. Ficamos lá conversando por um bom tempo. Richie me fazia rir e eu estava me sentindo muito bem ao seu lado. O dia começou a escurecer e então fomos lá para fora. Estavámos sentados literalmente em cima do carro dele, nos apoiando no vidro dianteiro. Richie estava com os braços ao redor de mim e eu com minha cabeça em seus ombros enquanto pensava no nada e em tudo.

Richie viu que eu estava muito pensativa porém não me interrompeu, deixando com que eu continuasse a sonhar mais um pouco, quando me surpreendeu com uma pergunta.

– Rosie, por que você está aqui nessa cidade? - olhei com uma cara de espantada e ele deve ter pensando que foi grosso porque tentou reformular a pergunta. O problema mesmo foi o fato de eu ter sido pega de surpresa. Olhei para o sol descendo e respirei fundo.

– Você quer saber por que eu voltei para cá? - ele levantou a sombrancelha. - Sim, sim, eu nasci aqui. Vivi aqui até meus 7 anos. Meu pai havia sido promovido a presidente de uma empresa e nós nos mudamos para New York. Aprendi a viver lá. Tinha amigos, um otário que eu chamava de namorado, uma escola minha, sabe, uma vida.. Foi quando minha vida virou de cabeça para baixo. - respirei tentando controlar as lágrimas que insistiam em sair de meus olhos. - Meu pai perdeu o emprego e minha mãe nunca havia trabalhado. Não havia mais como ficar em NY então viemos morar na casa da minha avó materna, enquanto meu irmão ficou em NY já que estava na faculdade e não morava conosco. A sorte dele é que ele tem uma bolsa de esportes porque joga beisebol, senão estaria aqui comigo. - ele me apertou.

– Rosie, eu vou estar aqui pra tudo. - Eu sorri.

– Sabe, pensei que aqui seria o último lugar que eu iria gostar de estar mas você fez com que pelo menos esse dia fosse melhor e valesse a pena. - arrisquei olhar para ele por um minuto. Richie estava me olhando porém havia algo em seus olhos.

– Rosie querida, você fez com que eu tivesse a melhor tarde em anos! Você conseguiu fazer com que esse grandalhão aqui ficasse vidrado em você em apenas uma tarde.. é como se você tivesse algum poder.. - ele sorriu e eu tive que sorrir também. - Se você me permitir gostaria de ajudar os seus dias a passarem mais rápidos e serem menos doloridos.

– Obrigada Richie. - Disse sorrindo e apoiei minha cabeça de novo em seu ombro enquanto ele beijava minha cabeça. E ficamos lá por um bom tempo. Até Richie lembrar que tinha prometido encontrar Jon e me deu uma carona até minha casa. Ao chegar eu olhei para ele e o dei um beijo. Richie ficou sem reação.

– Obrigada. - eu disse. Dessa vez ele viu os sentimentos em meu olhar e me puxou de volta pra ele. Dessa vez para um beijo longo no qual eu realmente consegui sentir a textura de seu lábio no meu. Quando ele parou ele sorriu e disse:

– É um prazer. - Sai do carro e fiquei olhando enquanto ele se afastava. O mais improvável tinha acontecido: algo havia feito com que meu coração começasse a gostar daquela cidade.