P.O.V. Alec.

Não faço ideia de como isso é remotamente possível.

—Vampiros estão mortos. Nós estamos mortos, como posso ter uma filha?

—Você não tem. Ainda.

Disse andando pelos corredores, raspando suas longas unhas nas paredes de pedra do Castelo de São Marcus.

—Século após século esse lugar não mudou. As mesmas paredes de pedra frias, os mesmos móveis velhos e poeirentos, os mesmos uniformes horrorosos. E até mesmo o mesmo brasão.

Disse tirando o colar. Que estava escondido entre as vestes.

—Daqui á quinhentos e sessenta e quatro anos, esse Castelo vai estar igual, esses uniformes vão ser exatamente iguais, o brasão, os guardas. O mundo vai mudar... radicalmente, mas os Volturi não. E este é o problema.

—Quinhentos e sessenta e quatro anos?

—Sim. Eu não nasci ainda. E nem a minha mãe. Eu só vim para este lugar detestável para conseguir minha passagem de volta pra casa. Porque pelo o que me consta... você ainda não é o meu pai. Ainda é fantoche dos três idiotas mortos.

Ela marchou até a biblioteca e passou pelas armadilhas, cantando, batendo palmas e dançando. Uma música infantil.

—É uma música interessante.

—Minha mãe inventou. Ela me ensinou a passar por estas armadilhas sem eu saber.

Ela começou a fuçar nas estantes, nas prateleiras.

—Isso é tudo muito bom, mas não é o que eu preciso. Eu preciso de um grimório e aqui só tem clássicos da literatura e os registros do Clã Volturi.

—Gri... o que?

—É um livro mágico de feitiços. Eu sei que o grimório da vovó tá aqui em algum lugar, mas eu não consigo encontrar. Talvez é porque estou procurando do jeito errado, no lugar errado. O querido Mestre Aro tem uma biblioteca secreta. E eu... sei onde fica. Quando era criança, depois da mamãe ter chacinado os três imbecis com a sua ajuda e a da tia Jane, acabei tropeçando naquela coisa.

Ela saiu e foi para a suíte privativa do Mestre Aro. E moveu um porta tocha o que abriu uma passagem. Ela pegou a tocha e caminhou pelo corredor. E no fim dele havia uma infindável biblioteca.

—É disso que eu to falando. Posso sentir toda a magia. Infelizmente, tenho quase certeza de que todas essas pobres bruxas foram mortas para que o Mestre conseguisse o que sempre quis, a força que sempre o moveu. Poder. Mas, como ele era burro. Ele jamais pensou que grimórios precisam de bruxas para funcionar e como vocês não o são...

Ela riu. E usou algum tipo de encantamento para localizar o livro que queria.

—Aqui. O grimório da vovó. Henry.

—O que?

—Henry!

Minha filha cujo nome eu ainda não sei foi correndo e começou a dar um pau nos guardas.

—Vocês não vão fazer nada com ele! Ele é meu amigo. Se não quiserem ser cadáveres com os cérebros derretidos, fiquem bem longe do Henry!

Ela defendeu o humano.

—Porque defender o humano?

—Porque ele é meu amigo. Não devia ter vindo aqui Henry, não é seguro. É o lugar menos seguro em que você poderia estar.

Agora vou embora.

—Estou indo embora e você não pode voltar pra cá Henry. Nunca mais.

—Então, me leve com você.

—Não posso. Veja bem, o futuro é mutável. Altamente mutável, se eu te levar comigo vou alterar drasticamente a linha do tempo. Casamentos que nunca vão acontecer, crianças que nunca vão nascer. Te levar comigo seria como impedir que o Titanic colida com o Iceberg.

O que?

—É um navio. Uma nau a vapor que vai sair no seu passeio inaugural e vai colidir com um Iceberg e naufragar. Milhares de mundanos vão morrer. Afogados, congelados... não faz diferença.

—Eu não ligo. Eu afundaria mil naus por você.

P.O.V. Medusa.

Parece-me que sou um monstro afinal.

—Que merda. Parece que eu sou um monstro afinal. Não é á toa que a mamãe me chamou de Medusa.

—Medusa? Como o monstro grego?

—Um monstro? Medusa já foi bela, tão bela que tentou Poseidon o Deus Grego dos mares. Que a possuiu no chão frio do templo, contra sua vontade. Medusa rezou á Deusa Atena por conforto, mas a Deusa a puniu por um crime que ela não cometeu. Ela foi pega entre forças que ela nem conseguia compreender. A cidade de Atenas onde ficava o templo onde Medusa foi usada como um peão. Poseidon e Atena competiram para qual deles seria o Deus patrono da cidade e Atena ganhou. Isso deixou Poseidon furioso e ele descontou em Medusa. Os dois descontaram. E a transformaram num monstro.

Ela respirou fundo.

—Bem, agora é hora de ir. Tchau pai, vejo você no futuro.

Usei o feitiço e infelizmente, trouxe um passageiro comigo.