Peg me deixou em frente a casa de Jared e Ian e foi embora. Antes de tocar a campainha revisei meu plano de aula e decidi se iria falar formalmente ou não com Jared, isso ne fez ficar parada na frente da casa deles como uma louca olhando para porta. Finalmente decidi bater na porta, mas não foi preciso, Jared provavelmente me viu da janela de seu quarto e veio abrir a porta, o que me fez ficar vermelha, agora ele me acharia louca.

–Olá, Jared.-Disse formalmente.

–E ai Mel?-Perguntou Jared me abraçando.

Jared me abraçando? Acho que ele quer me machucar, não demonstrar carinho. Meus braços estavam caídos, esperando pela dor, mas ele estava mesmo me abraçando, quando percebi, passei meus braços por seu corpo, exatamente como ele estava fazendo comigo. Jared era aconchegante, seus braços eram quentes, de um jeito que me aquecia, o contato com seu corpo me fez bem. Acho que não estávamos bem, porque quando nos afastamos estávamos tontos, como se o corpo um do outro tivesse um "gosto" bom demais para suportarmos. Nos olhamos por um tempo até que voltei a realidade, ainda era Jared.

–Vamos?-Perguntei respirando com um pouco de dificuldade.

–Sim.-Disse Jared um pouco confuso, eu acho.

Entramos na casa de Jared, que era imensa e fomos até uma biblioteca, que provavelmente era um dos menores cômodos da casa, mesmo sendo gigante, livros e mais livros enfeitavam estantes por todo canto, livros muito almejados por mim.

–Você leu todos? -Eu perguntei procurando algum título conhecido.

–Alguns, a maioria são dos meus pais. -Disse ele dando de ombros.

–Quais são os seus?-Perguntei me virando para ele.

Ele apontou para uma estante pequena, que abrigava cerca de 150 livros, dessa vez achei títulos conhecidos.

–Não leio tanto quanto você, na verdade nem leio mais.-Disse ele tentando justificar os poucos livros.

–Mas todos são ótimos e aqui tem um livro que não conheço. Borboletas pretas.

Ele ficou um pouco incomodado quando disse o nome do livro.

–É porque esse não é publicado. -Disse ele.

–Seu pai ou sua mãe escreveu? -Perguntei curiosa.

–Na verdade, eu escrevi. -Disse ele desconfortável.

–Sério? -Perguntei arregalando os olhos. -Isso é ótimo! Estou dando aula para um escritor. -Eu disse entusiasmada.

–Isso foi só um passa tempo, é péssimo. -Ele disse tentando acabar com minha felicidade, não conseguiu.

–Eu quero ler. Prometo que devolvo em ótimo estado! -Disse dando ênfase no "ótimo".

–Você não vai gostar. -Ele disse sério.

–Eu duvido! Por favor me empreste, Jared.-Disse fazendo biquinho.

Ele pensou por um momento e sua expressão se fechou.

–Promete que não vai contar a ninguém sobre o meu desastre literário? -Perguntou Jared ainda sério.

–Prometo!-Exclamei.

Ele pegou o livro na estante e entregou para mim com um sorriso, que eu retribui com outro sorriso.

Depois disso estudamos um pouco e percebi que Jared sabia tudo e que era inteligente, suas notas baixas eram apenas rebeldia.

Olhei o relógio e percebi que já estava ali a mais de um hora.

–Tenho que ir.-Disse fechando o caderno.

–É.-Ele disse mudando de expressão, uma que não identifiquei.

Jared me ajudou a arrumar o material e me levou até a porta.

–Até segunda. -Ele disse a uma distância segura de mim.

–Tchau. -Eu disse acenando ao mesmo tempo em que me afastava.

Fiquei olhando para ele até que já estava a mais ou menos dez metros de seu corpo, e então finalmente virei para frente e fui em direção a minha casa.

Por todo caminho até minha casa eu só pensava em meu abraço com Jared, foi constrangedor, mas ao mesmo tempo foi perfeito.

Teria que ficar o final de semana todo esperando por segunda, para poder falar com Jared, tortura. O bom nisso é que teria tempo suficiente para ler seu livro. Quando percebi já estava na porta de casa.

–Peregrina? -Perguntou minha mãe de algum cômodo de minha casa.

–Melanie. -Eu gritei em resposta. -Cade Peg?

–Está em um encontro, segundo ela é o irmão de seu aluno.-Respondeu mamãe, agora sua voz estava mais próxima.

–Faz sentido. -Disse para eu mesma.